Filme – O FILME DA MINHA VIDA

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Autoria de Glaucia Pinheiro

Sinopse:

O filme é situado na década de 1960, na Serra Gaúcha, no sul do Brasil. O jovem Tony Terranova (Johnny Massaro), filho de um francês com uma brasileira, decide retornar a Remanso, na Serra Gaúcha, sua cidade natal, depois de passar um tempo estudando na capital. Ao ali chegar, ele descobre que Nicolas (Vincent Cassel), seu pai, voltou para a França, sob a alegação de que sente falta de seus amigos e de seu país de origem, deixando para trás ele e sua mãe Sofia (Ondina Clais). Tony acaba se tornando professor, e vê-se em meio aos conflitos e inexperiências juvenis, pois a vida perfeita, que pensava ter, mudara totalmente.

O Filme da Minha Vida é um longa-metragem, dirigido e estrelado por Selton Mello. Trata-se de uma adaptação do livro Um Pai de Cinema, do chileno Antonio Skármet (autor de O Carteiro e o Poeta). Narra uma sucessão de acontecimentos na vida de Tony Terranova, mas que acaba contribuindo para o seu amadurecimento. O jovem torna-se professor de francês no colégio da cidade, e vê-se envolvido com seus alunos adolescentes. Ele faz do amor e do cinema seus objetivos de vida, mas, quando a verdade sobre seu pai surge, sente que é preciso trilhar seus próprios caminhos, ou seja, assumir sua própria vida.

O filme é um primor de história, com cenas e diálogos construídos com sutilezas e delicadezas, para tocar a alma do espectador. O enredo envolve relações familiares e afetivas, desde a separação de um pai até o encontro de um amor, passando pela descoberta do sexo e pela frustração com os amigos. Mostra que a vida, ainda que bela, é muitas vezes difícil de ser vivida. Além de ser um primor de história, o filme ainda traz um belíssimo cenário e uma contagiante trilha sonora.

O personagem de Selton Mello (Paco) é secundário, mas é, sem dúvida, o mais tocante. Ele se encontra sempre ao lado, participando sem participar, querendo viver uma vida que não alcança, esbarrando entre a ética, o ingênuo e o mal. Transitando entre a humanidade e a bestialidade que habita em todos nós. 

O garoto Tony (Johnny Massaro), que protagoniza o filme, preenche a tela com o seu olhar, expressão viva das emoções que alegram e/ou atormentam. A presença  do ator dispensa palavras em vários momentos. É uma delícia a mais, e não pressentimos o politicamente correto atravessar nossas emoções, apesar de o filme se passar em uma época em que isto não era ainda tão enfatizado.

Outros temas são delicadamente abordados, como o tempo que não passa no relógio e, às vezes, também parece que para na vida. A pergunta que o personagem de Selton Mello faz no filme ainda ecoa em meus ouvidos e invade meus pensamentos: “Eu sou um homem ou um porco?” O que nos distancia e nos separa de sermos porcos? Apenas a humanidade tangível e intangível de cada um de nós!

O filme viaja mais pela fantasia do que propriamente pela noção de realidade. O final parece ingênuo e insatisfatório, mas achei coerente com a proposta de leveza no pensar e menos seriedade na ordem dos conflitos, como um tempo para respirar diante de tamanha realidade opressiva.

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