Autoria de Lu Dias Carvalho
O pintor francês François Clouet (c.1520 -1572), também conhecido como François Janet, teve como pai o também pintor Jean Clouet, de quem foi aluno e com quem também trabalhou. A influência do estilo realista e naturalista do norte europeu, como da pintura da corte alemã, pode ser notada em seus retratos e pinturas mitológicas. Em seu trabalho o artista também adotou elementos do Maneirismo de Florença. Foi pintor da corte dos reis franceses Francis I, Henry II e Charles IX, onde era tido em alta estima.
A composição Uma Senhora em seu Banho, também conhecida como Diana de Poitiers, é uma obra do artista, como mostra sua assinatura na borda da banheira. É tida como uma obra-prima da arte renascentista francesa. Trata-se de uma obra totalmente assimétrica em que a figura principal ocupa o canto frontal direito, tendo seu antebraço tocado pela ponta do cortinado vermelho.
A modelo chegou a ser identificada como sendo Diana Poitiers, amante de Henrique II, mas tal afirmação é hoje rejeitada, dando-se sua identidade como desconhecida, alegando alguns se tratar de Mary Stuart. O retrato é típico de uma amante real, levando em conta as características aristocráticas da mulher.
A bela jovem, em primeiro plano, encontra-se nua, lindamente iluminada, sentada dentro de uma banheira forrada com um lençol branco, voltada para o observador. Ela traz a mão esquerda sobre a borda da banheira, tendo recolhido parte do lençol, deixando à vista a assinatura do pintor, logo abaixo. Sua mão direita descansa numa tábua coberta com uma toalha branca, sobre a qual se encontram uma fruteira e flores. Entre seus dedos ela traz uma flor. Seus traços são delicados. Tem os cabelos presos, tendo uma pérola a enfeitar-lhe a ampla testa branca, conforme moda da época. Seus seios são pequenos e rijos. Usa ricas joias em ouro e pérolas.
A cena acontece no canto de uma sala suntuosa, onde se vê uma lareira acesa, em segundo plano, para onde o olhar do observador é atraído, onde uma criada manipula um cântaro metálico com água quente para o banho de sua senhora. Sobre a lareira está um quadro de tapeçaria com a figura de um unicórnio que na corte simbolizava a castidade. Um garotinho, próximo à banhista, levanta o braço para pegar um cacho de uvas. E mais ao lado, uma ama de leite, com traços grosseiros, sorri, enquanto alimenta um bebê de rosto grande e corpo pequeno, muito bem enrolado. Grossas cortinas vermelhas de cetim, entreabertas, deixam à vista o restante do ambiente.
O costume de retratar mulheres, enquanto tomavam banho dentro de uma banheira, era peculiar à Escola de Fontainebleau. É possível que o nu, um tipo de Vênus, represente a beleza ideal e não uma figura feminina específica. A pintura também pode ser uma alegoria à fertilidade. Este tipo de quadro que mostra uma visão íntima da vida cotidiana era muito apreciado pela aristocracia da época.
Ficha técnica
Ano: c.1571
Técnica: óleo em carvalho
Dimensões: 92 x 81 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA
Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Renascimento/ Editora Taschen
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.46112.html
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Lu
A descrição perfeita da obra nos faz captar detalhes despercebidos.
Grande abraço
Leila
Leila
Toda pintura, principalmente as antigas, trazem uma simbologia própria, sendo necessário o seu conhecimento para intarmo-nos dos detalhes. É sempre bom contar com a sua apreciação.
Beijos,
Lu