Froment – MOISÉS E A SARÇA ARDENTE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Nicolas Froment (c.1430 – 1485) foi um dos mais renomados pintores do sul da França na segunda metade do século XV, responsável por pintar retábulos, murais, miniaturas e cenários para teatro. Em Avinhão trabalhou a serviço do rei René d’Anjou. Presume-se que tenha visitado a Itália. Os primeiros trabalhos do artista mostram influência dos Países Baixos.

A composição intitulada Moisés e a Sarça Ardente é uma obra da maturidade do artista, encomendada pelo rei René de Provença. Pertencia originalmente a um tríptico, sendo sua parte central. A cena é inspirada numa passagem do Antigo Testamento. Aqui é a Virgem Maria, trazendo seu Menino ao colo, quem aparece a Moisés, sentada no meio de uma sarça ardente – e não Deus. Isso prova o quanto era cultuada a Mãe de Jesus na Idade Média.

O Menino Jesus traz um espelho oval na mão esquerda, onde refletem a sua figura e a de sua mãe. O que parece ser um grande camafeu a atar as roupas do anjo traz a cena que mostra Adão, Eva e a serpente no Jardim do Éden (Pecado Original). Trata-se de outra referência à Virgem, representante da nova Eva (“Ave” significa “Eva” invertido). Pequenas chamas levantam-se como línguas de fogo do emaranhado de arbustos que se queima, mas não é consumido. Várias flores ali presentes simbolizam a virgindade de Maria.

Moisés encontra-se sentado próximo ao seu cão pastor, guardando o rebanho de seu sogro Jetro, quando é tomado por aquela visão grandiosa. Sua mão direita está levantada para proteger os olhos contra tamanha luminosidade. Um anjo, trazendo na mão direita um cetro, aparece à sua frente para ordenar-lhe que retire seu calçado, pois aquele é um solo sagrado. Um de seus pés já se encontra descalço, enquanto sua mão esquerda retira o outro calçado.

A sarça encontra-se sobre um pequeno rochedo que divide a tela em três partes que não guardam muita relação entre si no que diz respeito a motivos e perspectivas. A união de vários elementos incomuns lado a lado é uma característica do simbolismo medieval.Ao fundo descortina-se a paisagem de uma cidade, vista à esquerda e à direita do rochedo. O caracol, presente próximo ao pé descalço de Moisés, simboliza a eternidade. Os 12 troncos que formam a sarça ardente, composto por três tipos de plantas, representam as 12 tribos de Jacó.

Ficha técnica
Ano: c. 1475/76
Técnica mista sobre madeira
Dimensões: 305 x 225 cm
Localização: Catedral de Saint-Sauveur, Aix-en-Provence, França

Fontes de pesquisa
Gotico/ Editora Taschen
1000 obras primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.wga.hu/html/f/froment/burning.html

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