Autoria de Lu Dias Carvalho
A composição Morro da Mangueira é uma obra do compositor, cantor e pintor brasileiro Heitor dos Prazeres. O artista optou pela arte naïf, também conhecida como arte primitiva ou ingênua. Esta foi uma das últimas pinturas do artista, que viria a morrer no ano seguinte.
No quadro, o artista retrata o Morro da Mangueira, morro que se localiza na cidade do Rio de Janeiro, e com o qual tinha enorme ligação afetiva. Heitor mostra como as pessoas, empurradas do centro do Rio de Janeiro para a periferia, a princípio ocuparam a base dos morros, para depois subirem através de suas encostas, como vimos aqui. As casas, pintadas de diferentes cores, e muito unidas entre si, dão um colorido majestoso ao morro. Ainda se pode ver parte de seu cume e de sua encosta verdejante à esquerda.
Em primeiro plano, uma rua asfaltada compõe toda a parte inferior horizontal do quadro. Nela se encontram vários personagens. No meio da rua estão três mulheres com seus vestidos rodados. Uma delas, a de vestido cor-de-rosa, carrega uma lata com água na cabeça, e encontra-se de frente para o observador, enquanto as outras duas, uma de amarelo, com uma bacia na cabeça, e a outra de verde, com uma lata na mão, estão de costas para o observador. Parte de um quarta mulher é vista na lateral esquerda da rua, com seu vestido vermelho de bolinhas. Essas mulheres retratam a vida difícil que levavam, pois era preciso descer o morro em busca de água.
Somente dois veículos encontram-se na rua, o que explicita as condições precárias dos moradores do morro. Um deles é um caminhão cheio de caixas, conduzido por um negro, tendo dois outros na carroceria, o que comprova que o trabalho duro era feito por eles. Um negro de bicicleta, com sua camisa branca listrada de preto, segue o veículo. Contrapondo à denúncia feita em relação ao primeiro veículo, um automóvel de passeio, em sentido contrário, é conduzido por um casal de brancos que olha curiosamente para as pessoas. No meio da rua, onde ficam os postes de energia, dois garotos observam o movimento.
Na calçada estão inúmeras figuras, formadas por homens, mulheres e crianças, possivelmente esperando a passagem dos veículos para atravessarem a rua. Ali também se encontram postes com fios e lâmpadas. Um segundo morro acinzentado aparece à direita. Também não é possivel deixar de descrever a grande quantidade de roupas coloridas secando nos quintais e alpendres das casas.
Ficha técnica
Ano: 1965
Dimensões: 97,5 x 131 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo da Coleção Roberto Marinho, Brasil.
Fonte de pesquisa
Heitor dos Prazeres/ Coleção Folha
Views: 52