Autoria de Lu Dias Carvalho
O Hinduísmo é a principal religião da Índia, professada por mais de 80% dos indianos. Sua importância é tamanha, que se usa o termo “hindu” (seguidor do hinduísmo) com o mesmo significado de “indiano”. Trata-se de uma mistura de vários tipos de crenças e diversos estilos de vida, originários das várias tradições étnicas que habitam a Índia. O Hinduismo é conhecido há mais de 3.000 anos a.C., e não possui fundador. Seus livros sagrados são os Vedas e os Upanishads. Ocupa o patamar da terceira maior religião do mundo (depois do Cristianismo e do Islamismo), em relação ao número de seguidores, e está disseminado, principalmente, pela Índia, Nepal, Paquistão, Sri Lanka e Indonésia.
Fundamentos básicos do Hinduísmo:
1- Cada pessoa possui um espírito (atman), que é uma força perene e indestrutível. Sua trajetória depende das ações de cada um, de acordo com a Lei do Carma, onde a toda ação corresponde uma reação.
2- Até atingir a libertação final (moksha), o indivíduo passa continuamente por mortes e renascimentos, cujo ciclo é chamado de Roda de Samsara, da qual só sai após atingir a Iluminação.
3- Os rituais compõem-se de dois elementos principais: Darshan, que é a meditação/ contemplação da divindade, e o Puja (oferenda).
4- A alimentação vegetariana é um de seus pontos principais, pois é livre da impureza (morte/sangue), Todo alimento deve ser antes oferecido aos deuses, não se pode ofertar algo que seja “sujo”.
5- O mais importante mantra é o OM, (sílaba sagrada) que representa o próprio nome de Deus, sendo a semente de todos os mantras e o princípio da criação, pois dele derivou toda a matéria.
As preces são entoadas como cânticos no idioma sânscrito (língua morta), que deu origem ao hindi e a um grande número de dialetos praticados na Índia. Recebem o nome de mantras, que são dirigidos a diversas divindades, ou estimulam qualidades pessoais. Em geral, são entoados 108 vezes e, para sua contagem é utilizado o japa-mala (colar de contas), confeccionado em sândalo ou com sementes de rudraksha (árvores consideradas de bom augúrio). O Hinduísmo enxerga o nascimento de um indivíduo, dentro de uma determinada casta, como resultante de um Carma que ele está a cumprir, pelo que fez nas vidas anteriores. Quanto mais se sobe na hierarquia das castas, maiores responsabilidades o hindu passa a ter. As castas são as seguintes:
1- Brâmanes – é a casta superior, composta por filósofos e educadores que têm uma vida dedicada aos estudos e obrigações sociais.
2- Kshatriya – casta composta por administradores e soldados.
3- Vaishya – casta composta por comerciantes e pastores.
4- Sudras – casta composta por artesãos e trabalhadores braçais.
Os Intocáveis (ou Dalits) não fazem parte de nenhuma casta, cabendo a eles os serviços considerados sujos pela cultura indiana.
Os brâmanes são os únicos responsáveis pelos rituais religiosos hindus, assumindo as posições de destaques nos seus templos, uma vez que a cobrança da roda da vida é maior para os mais habilitados.
Antigamente, o sistema de castas era seguido como lei, mas depois que Mahatma Gandhi contestou-o, em nome dos direitos humanos, a mobilidade social começou a dar alguns frágeis passos no país.
O Hinduísmo é uma religião politeísta (presença de vários deuses). Dentre as suas principais divindades encontram-se:
Brahma – representante da força criadora do Universo, a alma universal.
Matsya – responsável por ter salvado a humanidade da destruíção.
Vishnu – responsável pela manutenção do Universo, também conhecido como “o preservador”.
Ganesha – responsável pela prosperidade, inteligência, intelecto e a capacidade de superar obstáculos. É representado como um ser com corpo de homem e cabeça de elefante. Simboliza a união entre o masculino e o feminino (ou os princípios Shiva e Shakti), pois sua tromba é uma forma fálica e a boca é a forma receptora.
Shiva – deus supremo, também visto como “o destruidor”. Representa o princípio masculino. É o deus da morte, da destruição e das transformações profundas. Sua atuação é fundamental, pois do caos que promove é que nasce a nova vida.
Os sadhus são tidos como homens “santos”, que renunciam ao mundo e vagueiam em busca de sabedoria e iluminação. São devotos de Shiva e costumam andar seminus com os cabelos compridos e emaranhados. Dedicam-se à prática da ioga, que seria uma expressão da dança de Shiva.
Na visão hinduísta, a vida é um eterno retorno, que gira em volta de ciclos homocêntricos, terminando com a iluminação. Portanto, os hindus não veem os problemas da existência como castigo ou pecado, mas como uma chance de a alma amadurecer, para chegar à iluminação, posição alcançada por poucos. De modo que as várias facetas existenciais são tidas como transitórias. Uma das principais características do Hinduísmo é a sua capacidade de absorver novos elementos,pois tanto a influência muçulmana quanto a cristã já se fazem presentes nos dias de hoje, levando-o a se dividir em várias correntes.
Somente diante do conhecimento da crença hinduísta podemos compreender a posição de servilismo e submissão em que se encontram os dalits. Tudo aceitam como um meio de alcançar, no próximo retorno, uma vida melhor. A revolta impediria o amadurecimento espiritual, assim prega a religião hinduísta.
Nota: Imagem retirada de http://photos.merinews.com
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