Autoria de Lu Dias Carvalho
A tendência de Paul Klee era um insulto à verdadeira arte, uma degradação do bom gosto e da saúde mental da população. (Relatórios policiais nazistas sobre Klee)
Paul Klee, mesmo tendo nascido na Suíça e crescido nesse país, era considerado alemão como seu pai. Ao deixar a Alemanha, em razão da perseguição nazista, e já estando na Suíça há cinco anos consecutivos, podia pedir ao governo sueco a sua naturalização. Mas foi com surpresa que viu seu direito negado. Uma das principais desculpas dizia respeito à sua arte.
A Suíça dos anos 30 era muito diferente da que vemos hoje. Tratava-se de um país ultra conservador, dirigido por um grande grupo denominado Partido Nacional-Socialista, que enxergava na arte moderna as ideias políticas de esquerda, admirada apenas por uma minoria. Tanto é que a Exposição Nacional de Arte, em Berna, excluiu a presença de nomes como Paul Klee , Jean Hans Arp e Charles Le Corbusier, três grandes nomes internacionalmente mais representativos da arte moderna naquele país. O jornal Luzerner assim se manifestou:
“Como é do conhecimento geral, a Nationale de Berna tem a particularidade de privilegiar o Realismo. Despreza os sonhadores como os surrealistas ou os construtores adeptos da arte abstrata. Estes ‘renegados’, estes revolucionários da Arte, viam-se agora reunidos para formar uma frente comum na exposição de Zurique.”.
A vida nos anos seguintes ainda foi mais difícil para Klee, que foi submetido a uma intensa vigilância, em razão do viés político e cultural que viam em sua arte. Juntamente com outros artistas, foi submetido a interrogatórios policiais. Certo funcionário da polícia classificou seu trabalho de “arte degenerada”. Aliado a isso, ainda diziam que os comerciantes judeus de arte estimulavam o trabalho do artista, apenas por razãos meramente comerciais. E na exposição denominada “Entartete Kunst” (Arte Degenerada), as obras de Klee foram tidas como trabalhos de doentes mentais. E somente a duras penas, o artista conseguiu ser naturalizado cidadão suíço. De sua obra foram confiscados, de coleções públicas, 102 trabalhos, tidos como “arte degenerada”.
Nota: Angústia, 1934, obra de Paul Klee
Fontes de pesquisa
Paul Klee/ Taschen
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