Autoria de Lu Dias Carvalho
O pintor mexicano Diego Rivera (1886-1957) nasceu em Guanajuato, cidade que se situa entre as montanhas cinzentas do norte do México, e que ganhou vida em razão da descoberta da prata pelos colonizadores espanhóis e alemães, naquela região. É preciso saber que essa cidade, em seu passado colonial, convivia com a opulência e o fausto, e também com a injustiça e a penúria, para entender a vida de Rivera. Aquele tipo de ambiente social dividido entre a ostentação e a humilhação deixou marcas profundas na vida do artista e, consequentemente no seu trabalho artístico.
Diego Rivera era filho de um editor de jornal de tendência política ultraliberal. Era uma época difícil, com greve dos mineiros, revoltados com as condições humilhantes em que viviam, assistindo ao luxo ascendente de uns poucos, que usufruiam das riquezas extraídas da terra, por suas mãos calejadas. Aliado a isso, a questão política com os Estados Unidos, que ficou com quase metade do território mexicano, estava sempre em ebulição. Portanto, não é de causar supresa que tudo isso tenha ganhado vida na pintura do futuro artista.
Aos cinco anos de idade, o garoto já mostrava um dom natural para a pintura. Os pais, cientes de seu talento, passaram a incentivá-lo. E dez anos depois, já morando na cidade do México, o pequeno Rivera vai estudar na Academia de San Carlos (hoje Escola Nacional de Artes Plásticas), a convite de Don José María Velasco, renomado professor de artes plásticas e um dos primeiros pintores impressionistas da América Latina, que vê futuro nas garatujas do menino.
Os ensinamentos dados a Rivera estão de acordo com o que se apreende na Europa: cópias de obras clássicas e aulas teóricas sobre Arte. Mas ao estudante não agrada aquela obra feita para agradar os milionários e os críticos vaidosos. Ele a acha feia. Por isso, nas cópias a carvão de vasos gregos, frisos ou vasos com flores, ele modifica os modelos, que funcionam apenas como ponto de partida para algo diferente, imbuído de sua visão pessoal, o que deixa seus professores alarmados. Assim é que uma reunião é feita pelo corpo docente para estudar a postura daquele aluno desafiador, que se nega a apreender através de cópias fieis, a majestosa pintura “herdada” da Espanha, a mãe-pátria.
Antes de Diego Rivera, o artista José Guadalupe Posada, exímio gravador, responsável por introduzir os tipos populares mexicanos, como os índigenas, em sua obra, já se revoltara contra o tipo de arte ensinada. Por isso, era visto pela Academia como um artista degenerado, um talento jogado fora. Os professores advertiam Rivera sobre a possibilidade de ficar como ele. Mas ele não se deixou convencer, rompendo com o tradicioalismo da academia, aos 16 anos de idade. E cinco anos depois já montava sua primeira exposição, em razão da qual ganha uma bolsa de estudos para a Academia de Barcelona, de onde sairam nomes como Picasso, Gris, Miró e Salvador Dalí, o que deixa o ainda garoto muito excitado, pois iria travar conhecimento com a modernidade. Da Espanha, Rivera viaja para outros países europeus (França, Holanda, Bélgica, Inglaterra e Itália), aumentando seus conhecimentos e enriquecendo sua obra.
Nota: autorretrato do pintor.
Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural
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