Autoria de Lu Dias Carvalho
Paolo Veronese começa a fazer-se conhecer como raro na sua profissão e também pela sua doce maneira de conversar e tratar com as pessoas. (Sansovino)
Teve pensamentos generosos, jamais usou recursos ilícitos para obter algum trabalho, observou sempre suas promessas. Parcimonioso nas despesas, viveu longe do luxo e dirigiu suas ações com muita prudência. (Ridolfi, historiador do século XVII)
Nós, pintores, podemo-nos permitir as mesmas liberdades que tomam os poetas e os loucos. (Veronese)
O pintor italiano Paolo Caliari (1528-1588), mais conhecido pelo nome de Paolo Veronese, ou simplesmente Veronese, como lhe chamavam os amigos, é tido como um dos grandes artistas de Veneza. Nasceu na cidade de Verona, que era uma província de Veneza, à época. Foi educado em sua cidade natal, sendo seu pai, o cortador de pedras Gabriel Caliari, o seu primeiro mestre, ensinando-lhe a modelar o barro. Mas ao perceber o talento do filho para o desenho, enviou-o para o pintor Antonio Badile, aluno de Ticiano. Veronese tornou-se grande amigo do pintor Battista Zelotti, que também estudara com Ticiano. Com ele foi tentar a sorte em Siena. Naquela cidade, os dois amigos tiveram a sorte de arranjar serviço com um nobre, que lhes confiou a ornamentação de seu palácio. Esse trabalho foi muito importante para Veronese, pois aprendeu com o amigo importantes lições sobre o uso da cor e da composição, ensinadas pelo mestre Ticiano.
Veronese e Zelotti foram chamados, dois anos depois, para ajudarem na decoração do Palácio Ducal. Ao primeiro artista coube os tetos das salas do “Conselho dos Dez” e dos “Três Chefes”. Nesse trabalho, ele deixou patente seu valor como colorista. Em razão disso, o pintor passou a ser muito requisitado pelos venezianos, vindo a morar definitivamente naquela cidade. Como era uma pessoa de temperamento dócil e íntegro, sua fama tornou-se cada vez maior. Ao trabalhar para os monges do Convento de São Sebastião, numa série de cinco pinturas sobre o “Coroamento da Virgem”, ele os deixou tão satisfeitos, que acabou por receber a incumbência de ornamentar toda a igreja. A seguir foi incumbido de decorar a biblioteca de São Marcos, que fora projetada por Jacopo Sansovino, famoso arquiteto. Como prêmio pelo trabalho executado, ganhou um colar de ouro.
O pintor tornou-se imensamente procurado para pintar retratos, quadros religiosos, afrescos, retábulos e narrativas mitológicas. Seu trabalho tornava-se cada vez mais poético e suas cores harmoniosas. Foi convidado a visitar Roma, onde travou contato com a obra de Rafael, permanecendo um ano na cidade. De volta a Veneza, foi incumbido de decorar a Villa Barbaro, em Maser, que teve como arquiteto o reconhecido Andrea Palladio. A Varonese foram confiados os afrescos, tendo ele plena liberdade na escolha dos temas. O artista fez um trabalho de mestre. Recorreu à técnica chamada de “trompe l’oil”, através da qual é possível obter efeitos encantadores, recurso que seria muito usado na pintura barroca do século XVIII. Terminada a decoração, o talento de Veronese atingiu as alturas.
O artista casou-se com Helena Badile, filha de seu antigo professor de pintura, e com ela teve quatro filhos, dois deles tornam-se artistas como ele. Morreu oito dias depois de contrair uma febre alta, aos 60 anos de idade. Seu corpo foi sepultado na Igreja de São Sebastião, que ele havia decorado quase toda. O seu irmão Denedetto e os filhos Carlo e Gabriel deram continuidade a seu trabalho, assinando como “Herdeiros de Paolo”.
Fontes de pesquisa
Veronese/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
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