Mestres da Pintura – WASSILY KANDINSKY

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Kandinsky, como muitos de seus amigos pintores alemães, era realmente um místico, detestava os valores do progresso e da ciência, e anelava por uma regeneração do mundo através de uma nova arte de puro intimismo. (E.H. Gombrich)

A história da pintura moderna começa com Wassily Kandinsky. Em sua exploração da cor pura e sua aspiração de elevar a pintura à condição de música, ele expandiu as possibilidades da arte para sempre (David Gariff).

Não conheço nada de mais real que a pintura de Kandinsky. E nada de mais verdadeiro e belo. Uma pintura dele não dá uma imagem de vida terrestre. É a própria vida. (Galka Scheyer)

Se arte de Kandinsky conquista um público sempre maior, isso se deve ao fato de que ela não é somente experiência ou uma conquista no campo formal, mas também uma experiência poética e uma aventura humana. (Charles Estienne).

Em geral, a cor é um meio para exercer uma influência direta na alma. (Kandinsky)

O pintor russo, gravurista e teórico de arte e um dos fundadores do abstracionismo, Wassaly Kandinsky (1866 – 1944), nasceu em Moscou, em meio a uma próspera família de burgueses, sendo seu pai um rico comerciante de chá. Sua avó era de origem alemã, tendo lhe ensinado o alemão como primeiro idioma. Quando tinha cinco anos de idade, ele teve que lidar com a separação dos pais, ficando sob os cuidados de sua tia Elizaveta Ticheeva, responsável por sua educação. Ela não apenas propiciou o contato do futuro artista com a espiritualidade como lhe transmitiu conhecimentos musicais e o fez conhecer os contos russos, que possibilitaram sua relação com as lendas e tradições do povo russo. Inicialmente, Kandinsky foi direcionado para a música, embora também tenha recebido aulas de desenho. Estudou no Instituto Humanista de Odessa. Após a conclusão do ensino médio, optou pelas faculdades de Direito e Economia Política.

Quando se encontrava em São Petersburgo, Kandinsky visitou o museu Hermitage, onde se encantou com a força e a beleza de um quadro de Rembrandt. Ao visitar, em Moscou, uma exposição de pintura impressionista francesa, ficou profundamente impressionado com as telas de montes de feno do pintor Claude Monet. Também o impressionou a ópera de Richard Wagner, Lohengrin. Foi nesse momento que percebeu que a força da cor era suficiente para atingir seu efeito, sem necessitar do objeto, e que era possível expressar os sons através das cores e das formas. Apaixonado pela arte, abriu mão de ser professor de Economia Nacional, na Universidade de Dorpat, para se dedicar a ela.

Kandinsky mudou-se para Munique com o objetivo de estudar arte. Ali, foi aluno de Anton Azbé e de Franz Von Stuk e foi colega de Paul Klee. Também foi amigo de Franz Marc, pintor alemão expressionista. Tornou-se o líder de um grupo de artista em Munique, autodenominado Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), levando o expressionismo alemão à sua segunda fase. Para esse grupo, a atividade artística morava na necessidade interior, sem nenhuma preocupação com os objetos externos, daí a necessidade de uma contemplação profunda e do uso da sensibilidade criativa. A arte desse grupo buscava o metafísico, o transcendental, a pura espiritualidade. Contudo, os criadores do Der Blaue Reiter eram artistas pensadores, cuja inspiração se submetia ao controle racional. Assim como a França anteriormente, a Alemanha passou a ocupar um lugar de honra em relação à arte. Mas a subida do nazismo ao poder pôs um fim abrupto ao trabalho dos pintores.

Kandinsky era profundamente ligado à espiritualidade. Para ele, a arte estava estreitamente ligada à religião e, portanto, tinha como objetivo fazer vibrar as cordas mais profundas da alma. A volúpia, o amor e a ansiedade não passavam de “coisas materiais”, emoções vulgares que não deveriam estar presentes na arte. Para isso, era preciso que a pintura se libertasse dos objetos materiais, mas ele não foi inicialmente um pintor abstrato, caminho que foi preparado ao longo de muitos anos de trabalho, só ganhando vida quando o artista já tinha 45 anos de idade. Anteriormente à sua mudança, seus quadros traziam personagens, muitos deles evocavam as lendas russas e o romantismo da Idade Média.

Para muitos críticos, a revolução que Kandinsky provocou na pintura foi a mais radical desde a Renascença. Para ele, a música e a pintura eram basicamente a mesma coisa. Acreditava que o artista poderia expressar a sua subjetividade usando apenas a cor e a forma, sem se preocupar com o objeto e a perspectiva, pois o exterior não importa, é na espiritualidade que se firma a obra, portanto, a pintura deveria servir a uma necessidade interior. Kandinsky explicava que as cores possuíam vida própria: podiam ser frias ou quentes, lisas ou rugosas, duras ou macias, escuras ou claras. Explicava, por exemplo, que a tensão entre o azul e o amarelo significava os extremos da espiritualidade e da paixão que eram relaxados com a mistura entre as duas cores, resultando no verde, a cor da calma. As formas também possuíam caráter e tom intrínsecos. O círculo, por exemplo, representava a perfeição ou a totalidade e um triângulo de pé representava a energia. O mesmo acontecia com as linhas, de acordo com a sua representação: se horizontais representavam calma, se dirigidas para cima, representavam alegria e, se dirigidas para baixo, significavam tristeza.

Muito se tem discutido se foi Kandinsky o criador da pintura abstrata que dominou o cenário artístico por meio século, mas não é possível ignorar que os demais artistas, tidos como criadores do abstracionismo, ficaram apenas no estágio experimental, ou ficaram no aspecto meramente ornamental, sem se valerem de uma teoria lógica, ao contrário do artista russo. Além de seu interesse pela pintura, a ponto de se encontrar entre os pintores mais importantes no desenvolvimento da abstração no século XX, ele também transitou pela música, economia, etnologia e ciência naturais. Kandinsky morreu aos 78 anos de idade, vitimado por um derrame cerebral.

Dentre as várias influências sofridas pelo pintor estão: a arte russa, o compositor e pintor Arnold Choenberg, a Teosofia, a Música, a Bauhaus (escola de arte alemã), etc.

Fontes de pesquisa:
Kandinsky/Coleção Folha
Kandinsky/Abril Coleções
Pintores mais influentes…/Editora Girassol
Arte do século XX/ Taschen

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