Mit. – A PAIXÃO DE APOLO POR DAFNE

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Recontado por Lu Dias Carvalho

dafne

A Terra ficou, durante muitos anos após a passagem do dilúvio enviado pelos deuses, cheia de lodo e lama, o que lhe trouxe muita fertilidade, mas também a presença de seres indesejáveis. Dentre as maléficas aparições encontrava-se uma pavorosa serpente de nome Píton. A nova raça de pessoas, com seus rebanhos, teve que se abrigar nas cavernas do Monte Parnaso, tamanho era o horror que sentia daquela fera.

O deus Apolo tomou para si a função de matar aquele animal, que vinha infernizando a humanidade. E assim o fez, matando-o com suas setas. Em comemoração a tão importante feito, o deus vitorioso criou os jogos píticos, em que o vencedor nas provas de coragem, força e velocidade era coroado com uma grinalda de folhas.

Ainda orgulhoso de seu feito, Apolo, ao ver Cupido (filho de Vênus) brincando com seu arco e setas, chamou a sua atenção por brincar com armas tão perigosas, pois elas lhe pertenciam, devendo o menino contentar apenas com a tocha. Mas Cupido argumentou que, se as setas do deus podiam ferir todas as coisas, as dele eram muito mais possantes, pois poderiam feri-lo. Como carregava duas flechas, uma de ouro (para atrair o amor) e uma de chumbo (para afugentar o amor), ele feriu Apolo com a primeira e a ninfa Dafne (filha do rio-deus-Peneu) com a segunda.

Apolo foi tomado de uma grande paixão pela ninfa, que passou a nutrir por ele um desamor na mesma proporção. Dafne odiava a ideia de casar-se, embora muitos pretendentes buscassem-na, enamorados. Nem sequer pensava em Cupido ou Himeneu (o deus grego do casamento). O próprio pai, Peneu, já havia atendido ao pedido da filha de nunca se casar. Ela gostava de passear pelos bosques, e fora num desses passeios, que o pequenino deus flechara-a, para desespero seu, enfatizando ainda mais o seu desgosto pelo casamento.

O deus do canto e da lira estava inconsolável por não possuir a bela Dafne. Não queria apenas vê-la, mas tê-la em seus braços como sua. Mas ela fugiu amedrontada, com ele em seu encalço. Ele temia que Dafne viesse a machucar-se nas pedras, ao correr tão assustada. Gritava-lhe, dizendo que era filho do poderoso Júpiter, e, que só queria lhe dar o seu amor. Dizia-lhe, em súplicas, que uma flecha mais poderosa do que a dele havia acertado seu coração. E que nada poderia curá-lo, embora fosse o deus da medicina e conhecesse as plantas medicinais, senão o amor dela. Movido pela força do amor, ele conseguiu alcançá-la pelos cabelos. E ela, quase exaurida, pediu ajuda ao pai.

Ao ouvir os rogos desesperados da filha, o pai transformou-a numa árvore. O deus Apolo abraçou-se aos ramos daquela árvore e, entre lágrimas, beijou-a com ardor. Mas esses se desviaram de seus lábios. Ele então compreendeu que Dafne jamais seria sua. Decidiu então que ela seria a sua planta predileta. E que faria sua coroa daquelas folhas, com elas adornaria sua lira e aljava, e coroaria os romanos vitoriosos em suas conquistas, quando desfilassem em direção ao Capitólio. E que aquela árvore seria eternamente jovem, como ele, e suas folhas jamais perderiam o verdor. E assim aconteceu.

Nota: Apolo e Dafne é uma das esculturas mais famosas de Gian Lorenzo Bernini.

Fontes de Pesquisa
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Mitologia/ LM

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