Recontado por Lu Dias Carvalho
A bela jovem Silas jamais se deixava sucumbir pelos ardores de seus pretendentes. Ao contrário, sentia-se incomodada por eles, o que a levava à gruta de Galateia, uma ninfa do mar, para contar-lhe sobre tais arroubos. Mas certo dia, a ninfa desabafou com ela, dizendo-lhe que sua sorte ainda era mais cruel, pois, enquanto ela podia fugir dos perseguidores humanos, ela só conseguia fugir do ardor apaixonado dos ciclopes dirigindo-se para as profundezas marítimas. Silas compreendeu que algo maior encontrava-se por trás das lágrimas de Galateia, e pediu-lhe que contasse sua história.
A jovem ninfa começou então a falar de Ácis, filho de Fauno e de uma Náiade. Os dois amavam-se desde jovenzinhos, mas os ciclopes não a deixavam em paz, em busca de sua companhia, especialmente Polifemo, por quem nutria um grande ódio. Ele era um gigante violento e irrefreável, que vivia a aterrorizar os bosques, que provocava até mesmo o poderoso Júpiter, o deus dos deuses. E para piorar o seu tormento, aquele ser abominável acabou por conhecer o amor e suas paixões, escolhendo-a como motivo de sua avassaladora obcecação. Não mais se preocupava com seus rebanhos ou com as embarcações que aportavam, trazendo estrangeiros ingênuos, e até procurou se enfeitar para agradá-la. Ela só se sentia em paz quando se encontrava nas profundezas abissais do oceano. Mas precisava voltar até a terra, pois era ali que se encontrava seu grande amor – Ácis.
De uma feita – continuou Galateia a contar sua história – estava ela com Ácis, quando Polifemo subiu num rochedo e, com seu gigantesco instrumento feito de tubos, começou a cantar seu amor por ela e sua beleza, também a censurando por sua indiferença e dureza de coração. Nesse momento, ela e Ácis encontravam-se abrigados sob um rochedo. Como o ciclope acabasse com a sua cantoria, ela e seu amado não mais se preocuparam com ele. Adentrando-se no bosque, porém, Polifemo encontrou-a ao lado de Ácis. Aterrorizada, ela mergulhou nas águas, enquanto o jovem corria desesperado, gritando por ela e pelos pais, tendo o monstro a seu encalço. Ele então, arrancou um pedaço de um rochedo e desferiu-o contra Ácis, esmigalhando-o.
O sangue de Ácis transformou-se num rio que tem o seu nome.
Nota: Polifemo y Galatea, afresco de Aníbal Carracci
Fontes de Pesquisa
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Mitologia/ LM
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