Se o Ano Novo era um tempo de festa para seus senhores, era uma época de muito serviço para os escravos, pois a eles cabia todo o trabalho na arrumação da casa, no passar das roupas novas, na preparação da comilança e na entrega dos presentes. Enquanto os convivas regalavam-se na sala de jantar, na cozinha só se ouvia o barulho das panelas e o lavar das louças e cristais.
Os escravos eram os responsáveis por levar os presentes: leitões, galinhas, patos e marrecos, entre outras dádivas, aos presenteados. Também eram vistos carregando caixotes de vinho e caixas de açúcar. Quando o presenteado era de alta posição, assim como o doador, criados de libré iam à frente de escravos enviados com colchas da Índia, aparelhos de porcelana da China, baixelas de prata, cavalos de montaria e outras dádivas. Quando se tratava de famílias menos ricas, seus escravos, normalmente mulheres ou garotos, transportavam, a mando de seus donos, pão de ló, bolo inglês, pastelão e outras guloseimas, dentro de salvas, cobertas com uma gaze colorida, encimada por um pequeno buquê de flores artificiais, dentro do qual se encontrava um cartão ou um escrito do presenteiro.
Além de todos os tipos de presentes mencionados, a Bahia tinha um hábito estranho e desumano para os dias de hoje: doava escravo como presente de Ano Bom. Normalmente era um meninote ou uma menina, ou ainda um casal de escravos novos. Assim escreve o escritor Mello Moraes Filho (1844-1919), em seu livro Festas e Tradições Populares do Brasil:
“…não causava espanto entrarem por uma casa dois negros de casaca de portinholas com vivos amarelos ou vermelhos, de chapéu oleado com galão, calça curta e um pau no ombro, acompanhando o portador de uma carta na qual se lia:
… Como uma lembrança de Ano Bom, ofereço-lhe essa parelha de negros de cadeia, pedindo desculpa de não ser cousa suficiente…”
O Dia de Ano Bom era também a época em que os escravos mais suavam a camisa de algodão barato, carregando as cadeirinhas, meio de transporte da época, com seus senhores, familiares e visitantes, para cima e para baixo, já que tal dia era dedicado à visitação. A diversão era tão incomum aos escravos que o escritor, acima citado, escreveu:
“Os escravos, que nunca foram estranhos às alegrias e desgraças de nosso lar, ganhavam festas, tinha folga, divertiam-se também.”
Quão abominável era a escravidão!
Nota: Imagem copiada de http://educador.brasilescola.com
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Ei, Lu!
Finda a escravidão conhecida. Os negros ainda sofrem muito com trabalhos indignos e a descriminação. Também sabemos que há diversos tipos de escravidão. Enquanto a ambição for maior que o amor isto não tem fim.
Bjos.
Pat
É verdade!
A escravidão ainda continua nos dias de hoje.
Não acredito que ela vá desaparecer um dia.
A ambição, para a maioria dos homens, sempre será maior do que o amor.
Beijos,
Lu
Lu
É inconcebível que a escravidão tenha durado tanto tempo num país que se dizia cristão, a mancha mais triste de nossa história. Dar gente como presente, que coisa medonha. E aquela gente não saía das igrejas.
Abraços
Nel
Nel
Eu também penso como você.
O coração da gente chega a doer ao pensar em tanta maldade.
Como aquela gente sofreu.
Presentear com gente é mesmo um crime hediondo.
E tudo parecia tão normal!
Abraços,
Lu