O COVID-19 NO BRASIL

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Miguel Nicolelis

Para nós, aqui no Brasil, certamente vai ser um dos maiores desafios sanitários da história. A sociedade brasileira não se deu conta do que está vindo. O que nós vamos passar nos próximos meses aqui no Brasil vai entrar nos livros de história, e as pessoas ainda não se deram conta (Nicolelis)

Estamos vivendo erros idênticos aos que aconteceram em 1918 (gripe espanhola) no mundo, é impressionante como a história se repete como farsa. A pandemia de 18 só se transformou na loucura que foi porque os governos, principalmente o dos Estados Unidos, censuraram a existência da pandemia entre os soldados, e barcos e barcos lotados de soldados levaram uma cepa para a Europa, onde ela se misturou e surgiu uma cepa muito mais letal. (Nicolelis)

O médico neurocientista Miguel Nicolelis expôs à TV 247 os reais riscos do coronavírus-19 no Brasil. Para ele, a sociedade brasileira ainda não se deu conta do perigo da pandemia e do que está por vir e alertou que esta é uma crise sanitária sem precedentes.

“Para nós, aqui no Brasil, certamente vai ser um dos maiores desafios sanitários da história. A sociedade brasileira não se deu conta do que está vindo. O que nós vamos passar nos próximos meses aqui no Brasil vai entrar nos livros de história, e as pessoas ainda não se deram conta”, disse.

Nicolelis contou que um amigo cientista norte-americano afirmou que não há adjetivos exagerados para descrever a força do surto de Covid-19. O cientista criticou também a falta de uma posição clara do governo federal, chefiado por Jair Bolsonaro. 

“Quando você vê falta de uma mensagem coerente, objetiva e direta, a falta de um comando central, de uma comissão nacional que fale diretamente ao povo brasileiro e dê claras diretrizes da situação, com transparência, autoridade, confiança, credibilidade, então você claramente vê que nós somos o próximo capítulo desta tragédia. O choque que vamos receber é algo que nunca experimentamos, em termos de demanda do sistema de saúde, em termos dos profissionais de saúde sendo expostos e começarem a ficar doentes porque não existe material de proteção suficiente. Também temo profundamente que nós não estejamos preparados para dar contas das fatalidades”.

Miguel Nicolelis lembrou que todos os países que subestimaram a capacidade do coronavírus-19 estão hoje em uma situação muito difícil. “Todos os governos que não deram bola estão pagando um preço altíssimo neste momento. Primeiro na Europa: a Itália, onde o governo totalmente ignorou os riscos; a Inglaterra, onde o número de óbitos está explodindo nesse momento e a seguir os Estados Unidos, onde o presidente Trump ignorou claramente e expôs os Estados Unidos talvez à maior tragédia sanitária da história do país. O Brasil talvez seja o último país do mundo nesse momento que não se deu conta disso”.

“Estamos no meio de uma tempestade perfeita, que foi criada por uma visão econômica que não tem base nenhuma na realidade, é uma economia de modelos matemáticos que exclui o ser humano”, alertou.

Traçando um recorte histórico, o médico ressaltou que os erros que foram cometidos durante a pandemia de gripe espanhola, em 1918, estão sendo repetidos. “Estamos vivendo erros idênticos aos que aconteceram em 1918 no mundo, é impressionante como a história se repete como farsa. A pandemia de 18 só se transformou na loucura que foi porque os governos, principalmente o dos Estados Unidos, censuraram a existência da pandemia entre os soldados, e barcos e barcos lotados de soldados levaram uma cepa para a Europa, onde ela se misturou e surgiu uma cepa muito mais letal”.

Nicolelis previu que este ciclo de surgimento de casos de coronavírus-19 no Brasil terá uma segunda onda no inverno, quando as temperaturas são mais baixas e a elas serão somados os casos de endemias como chikungunya e dengue. 

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2 comentaram em “O COVID-19 NO BRASIL

  1. Hernando Martins

    Lu

    Parabéns pelo texto desse extraordinário do sanitarista Miguel Nicolelis que com muita propriedade desnuda a realidade brasileira em relação à pandemia do novo coronavírus.

    Um ditado popular muito conhecido diz o seguinte: “A história se repete, o que muda são apenas os personagens”.

    Muitas autoridades irresponsáveis caminham na contramão da Ciência e de todos os órgãos de referência de saúde nacional e internacional como a OMS – entidade mor na indicação de protocolos a ser seguidos no sentido de minimizar os efeitos de catástrofes biológicas que acometem o planeta. Ficamos estarrecidos com atitudes descabidas do presidente Bolsonaro em relação às condutas de isolamento social,imprescindível para evitar e retardar a disseminação em massa da população que poderia causar um colapso no sistema de saúde do país.

    Temos que pautar na Ciência e nas autoridades competentes para auxiliar na condução das medidas necessárias para enfrentar esta guerra, onde não há um único tiro e o inimigo é invisível, com capacidade de mutação enorme.

    Tudo que tem acontecido serve também de reflexão para a humanidade entender que a economia é refém da ecologia, pois tudo está ligado. A vida é muito frágil e nós nao temos controle de quase nada em relação as intempéries da natureza. Como disse no passado um chefe indígena norte- americano da tribo Sioux:

    “O homem não tece a malha da vida, ele apenas faz parte dela,e o que acontece a ela, atingirá ele também, porque na natureza tudo está interligado”.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      O Nicolelis é um cientista reconhecido mundialmente, provavelmente mais fora do Brasil, pois aqui estão a cortar até mesmo as bolsas de pesquisa para a Ciência. O que não causa surpresa num governo que nega que a Terra é redonda, coisa que até uma criança do maternal sabe.

      O que realmente vemos, mesmo em meio a uma pandemia, é a promoção do capital, quando o governo quer obrigar os doentes a tomarem hidroxicloroquina, para beneficiar o laboratório de um aliado político. Nos EUA a mídia já denunciou que Trump é o dono da produção – dois únicos presidentes a darem tal substância como a salvadora da humanidade, embora a Fiocruz negue qualquer evidência.

      Só há um único caminho, como ensina você:
      “Temos que pautar na Ciência e nas autoridades competentes para auxiliar na condução das medidas necessárias para enfrentar esta guerra, onde não há um único tiro e o inimigo é invisível, com capacidade de mutação enorme.”

      Um grande abraço,

      Lu

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