Autoria de LuDiasBH
O reino anda cada vez mais de joelhos, principalmente após a ida do rei ao império do Tio Sam. O soberano babou tanto na gravata do poderoso magnata das bandas de lá que seus súditos acharam que ele colocou seu próprio reino na bacia das almas. Mesmo os conterrâneos afixados naquelas terras – e também responsáveis por levar o rei ao poder – sentiram-se muito ofendidos com as bravatas de seu monarca e com o asco que mostrou sentir por seus vassalos que ali ralam até 15 horas diárias para ganhar o pão que o diabo amassou. O acompanhante e príncipe real – num ataque de grandeza e prepotência -, excessivamente embevecido com o fato de desfilar ao lado do pai pelo tapete vermelho do salão do poderoso rei topetudo, chamou seus compatriotas – ali residentes – de “vergonha”, deixando-os em maus lencóis. O moçoilo encontrava-se literalmente deslumbrado, arrebatado, encachaçado pela riqueza e poder daquele reino. Melhor faria por sua gente se tivesse botado a boca no saco.
Deixando de lado os salamaleques e rapapés do rei, príncipe e staff para com o soberano topetudo das bandas de lá – sem falar na entrega de riquezas – o que fez mesmo com que as gentes de cá botassem a mão na cabeça foi o chamego do rei tupiniquim com o seu astrólogo e mentor que há muito vem caindo de pau nos dirigentes militares do reino subdesenvolvido – certo grupo “C”, segundo ele. Se o desmiolado já não tinha papas na língua, o contato com seu rei deu-lhe garantias para destravá-la por inteiro, botando fogo na canjica. Assim, o aluado senhor dos astros chamou o general – segunda autoridade do reino – de “cara de idiota”, deixando seus conterrâneos pasmos com sua audácia. O cabeça de arroz – imbuído de ares de embaixador – julgava-se um verdadeiro Barão do Rio Branco, principalmente depois de ficar a tiracolo de seu rei – a quem jurava ter colocado no trono – nas terras do Tio Sam. Chegou até mesmo a receber um brinde de seu monarca tupiniquim que lhe encheu a bola – “… ao líder da revolução liberal no Brasil!”. Que cagada federal!
Os vassalos do reino tupiniquim acompanhavam cabisbaixos e nauseabundos a submissão de seu rei ao monarca topetudo. Matutavam um velho ditado muito conhecido em suas terras que ensinava que “Quem muito se abaixa, mostra a bunda”. Era exatamente isso o que acontecia. O rei não estava sem roupa – ao contrário, encontrava-se finamente vestido -, como conta uma antiga história, mas mostrava a bunda para o topetudo e seu staff – ainda que não literalmente. Aquilo fazia até lagosta corar de vergonha. Será que os dirigentes do reino tupiniquim não tinham um pingo de vergonha na cara? A bem da verdade, não! Estavam por demais enfeitiçados, babosos, coiós e embeiçados com o reino visitado. O vexame era constrangedor! As manchetes da mídia nacional e estrangeira estampavam a falta de decoro e amor próprio. Enquanto isso, o monarca topetudo cantava de sereia, a fim de retirar do reino “sem colhão” a última gota de sêmem, digo, vergonha. Nesse casamento de ocasião, a noiva tupiniquim não ganhou dote algum. Voltou desvirginada, com uma mão na frente e outra atrás – para vergonha de todos e pobreza do reino.
E o grupo “C”? Eis um questionamento que esta repórter também se faz. Através de sua capacidade observativa, ela conclui que existe algo escondido atrás da aparente calma da segunda autoridade real, diante daquilo que faria qualquer ser humano escumar de raiva. Por se tratar de uma pessoa circunspeta e respeitável aos olhos do reino, sua aparente indiferença esconde algo prestes a vir à tona. Ninguém em sã consciência – e muito menos uma autoridade pública – aceita tanta zombaria e esculacho, ainda que vindos de alguém tão patético, mas que não deixa de ser uma cascavel de vereda, sem nenhum compromisso com a ética, a respeitabilidade e o bom senso. O seu contato íntimo com o rei que não o chama à responsabilidade – ainda que tal sujeito meta o pau no segundo homem de seu reino – somente avoluma o seu desregramento, como se aureolado se encontrasse, acima do bem e do mal. Se esta minha conclusão for vã, não estando o general nem aí para as malquerências do desmiolado e seus seguidores, vendo-o apenas como um “desequilibrado”, devo dizer que o reino encontra-se destrambelhado – com um cego guiando outro cego – enquanto o povo chama urubu de meu louro e cospe marimbondo, só lhe restando clamar aos céus para que envie o dilúvio o mais rápido possível.
Nota:
imagem copiada de Pinterest.
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Lu
Belíssimo texto! Representa o momento cômico que vivemos, para não dizer trágico. De um presidente mentecapto com ministérios preenchidos por lunáticos e pessoas com ficha suja não tem como 3sperar nada de positivo, certamente continuará sendo um desastre.
Hernando
O reino corre velozmente para o precipício. Estamos todos numa canoa furada. Que os céus tenham piedade de nós.
Beijos,
Lu
Lu
Uma delícia o seu texto, apesar da tragédia absoluta que ora vivemos. O tal astrólogo guiando o soberano realmente é “Um cego guiando outro cego”. Sua história me fez lembrar “A cegueira” de José Saramago.
Parabéns e um grande abraço,
Luiz Cruz
Luiz
Que triste sina a nossa. Como diz um velho refrão: Nós merecemos!
Abraços,
Lu
Lu
Aqui de Portugal temos visto que os brasileiros têm andado de joelhos. Vocês não merecem isso!
Abraços
Rui
A escolha foi da maioria da população que agora tem de padecer e carregar uma grande vergonha nas costas.
Abraços,
Lu