FRITURAS – O PONTO DE FUMAÇA

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria do Dr. Telmo Diniz

opodefu

Sempre que vamos fazer alguma fritura, geralmente temos dúvidas sobre qual seria o melhor óleo para usarmos na cozinha. Para tanto, primeiramente, devemos ter noção do que chamamos de “ponto de fumaça”, ou seja, quando você aquece um determinado óleo ou gordura e vê aquela fumacinha aparecendo. Em princípio, parece que isso não é tão importante. Entretanto, o texto de hoje irá mostrar que ficar longe desta fumacinha fará bem a sua saúde.

Antes de falar do ponto de fumaça, é importante esclarecer que nosso organismo necessita das gorduras para o metabolismo como um todo. Elas são as responsáveis em absorver a vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K); são importantes para a estrutura de uma série de hormônios esteroidais e contém também as chamadas “boas gorduras”, conhecidas pelos ômegas 3, 6 e 9.

Um aspecto importante das gorduras é a sua habilidade em esquentar a uma temperatura relativamente alta sem ferver. É isso o que vai fazer o alimento dourar e cozinhar (ou fritar) mais rapidamente. No entanto, se aquecida a uma temperatura maior do que pode suportar, ela irá queimar. Este é o alerta para o cozinheiro – o ponto de fumaça. Nesse ponto, o alimento irá absorver grande quantidade de gordura e, aliado à degradação sofrida pelo óleo, irá trazer prejuízos a nossa saúde, afetando também o sabor do mesmo (ficará com gosto de queimado). Várias das substâncias liberadas (os aldeídos, a acroleína, os peróxidos, etc.) durante este processo são altamente carcinogênicas.

Para proceder com as frituras, o critério de escolha do óleo deve ser o ponto de fumaça, que deve ser alto. Quanto mais alto o ponto de fumaça, menor a degradação do óleo durante o processo de fritura. A temperatura ideal para a fritura por imersão é de no máximo 180°, e a maioria dos óleos vegetais tem ponto de fumaça mais alto que isso. Na grande parte dos domicílios, não possuímos o termômetro para acompanhar as frituras. Portanto, olho no ponto de fumaça.

O óleo de soja, por ter um ponto de fumaça mais alto (240ºC) e o custo acessível, é a escolha de primeira opção para o dia a dia. O óleo de algodão e amendoim, por terem sabor bem particular e custo elevado, não é uma boa opção para a maioria das pessoas. O azeite de oliva também não é boa indicação para as frituras, pois tem um ponto de fumaça baixo (170ºC), sendo mais bem indicado para a finalização de pratos e tempero de saladas. Pelo mesmo motivo, margarina e manteiga não são indicadas para frituras, pois têm o ponto de fumaça mais baixo (190ºC).

Para finalizar, algumas dicas: quanto maior a temperatura e o tempo de aquecimento do óleo, mais prejudicial para a saúde. Então, um tempo de fritura rápido sem ponto de fumaça é o ideal. Caso não possa medir a temperatura durante o processo, fique de olho na fumacinha. Não reutilize o óleo de fritura e também não jogue no ralo da pia. Vá reservando em um recipiente plástico e, quando estiver cheio, leve a um ponto de coleta específico em seu bairro. Caso não tenha um, está na hora certa de pedir a seu candidato a prefeito ou a vereador políticas específicas para uma coleta seletiva.

Nota: Velha Fritando Ovos, obra de Diego Velázquez, 1618

Views: 4

Fra Angelico – A COROAÇÃO DA VIRGEM II

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

 Fra Angelico (1384–1455) é um dos mais importantes mestres entre o final do período Gótico e o chamado Proto-Renascimento. Ele foi inicialmente miniaturista, mas em contato com a efervescência da arte em Florença, responsável por liderar toda a Europa Renascentista, começou a pintar nos seus momentos de descanso, após cumprimento de seus deveres religiosos. Aos poucos seu nome passou a figurar entre os grandes pintores da época, chegando a ser recomendado à família Médici como “um dos melhores de Florença”. À reputação de religioso humilde e devoto juntou-se a de excelente pintor de arte sacra, cujas obras, segundo as pessoas de seu tempo, pareciam ser pintadas por anjos, tamanha era a paz e a quietude que transmitiam.

A composição intitulada Coroação da Virgem é uma obra-prima do pintor e miniaturista italiano. O artista que realizou várias obras com este tema representa a Virgem Maria sendo coroada por seu Filho como Rainha do Céu. Mãe e Filho encontram-se sob uma magnífica cobertura sustentada por colunas, assentada sobre vários degraus de mármore, rodeados por anjos musicistas. Atrás dos anjos e nos patamares inferiores estão os santos, acompanhando a coroação.  Alguns são vistos de costas para o observador.

Alguns dos santos podem ser reconhecidos em razão de seus atributos, como Santa Catarina de Alexandria que traz a roda de seu martírio diante de si; Santa Maria Madalena com o frasco de unguento; Santa Inês com o cordeiro; e São Nicolau de Bari com mitra de bispo e báculo (sua capa, voltada para o observador, traz imagens da Paixão de Cristo), dentre outros.

Fra Angelico contou nesta pintura com a ajuda de seus assistentes, principalmente no lado direito. As cores da obra, que tem a predominância do azul, dão-lhe grande luminosidade. Os azulejos do piso são pintados, levando em conta a perspectiva geométrica. Um límpido céu azul claro serve de fundo. Abaixo da pintura maior encontra-se uma plataforma (preddela) com cenas que retratam os milagres de São Domingos, sendo que na parte central foi pintada a ressurreição de Cristo.

Nota: São conhecidos dois quadros da “Coroação da Virgem” pintados por Fra Angelico. O outro (anterior a este) encontra-se na Galeria Uffizi em Florença/Itália. Esta obra foi levada para a França em consequência dos saques das Guerras Napoleônicas e ali permanece sob a alegação de que seu tamanho dificulta o transporte para a Itália.

Ficha técnica
Ano: c. 1430/35
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 209 x 206 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Ed. Könemann
Renascimento/ Editora Taschen
khristianos.blogspot.com

Views: 3

NÓS QUEREMOS MAIS E MAIS!

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

O ser humano foi programado para querer tudo. É por isso que nunca se mostra satisfeito com o que tem. Mal consegue realizar um desejo, outro maior se põe a caminho. Seus circuitos cerebrais foram programados para funcionar assim. O neurologista Wolfram Schultz realizou uma pesquisa com macacos que mostra que esses animais não são muito diferentes dos humanos no que diz respeito aos desejos. A princípio ele os recompensava com maçãs, mas seus neurônios, que antes percebiam essa fruta como uma iguaria, passaram a não mostrar nenhum sinal de contentamento. Os macacos passaram a querer passas, ou seja, eles queriam algo mais. O que prova que os desejos, uma vez realizados, passam a não mais dar prazer até mesmo aos bichos.

Se os símios não mais se sentiam contentes com as maçãs, imaginem o que acontece com o ser humano vivendo num mundo de infinitas tentações em que o dinheiro pode comprar praticamente tudo. Nunca se teve tanta facilidade para se resvalar para os excessos como nos dias de hoje nas sociedades mais ricas. Esta é a razão do aumento da obesidade mórbida em países ricos como os Estados Unidos, onde mais de 50% de sua população encontra-se bem acima do peso. Os chamados “fast-foods”, antes pedidos em tamanho médio, agora são comprados em tamanho gigante. O organismo dos obesos não mais se contenta com porções menores, acostumados que está às grandes. Embora passageiro, somente o excesso de alimento ocasiona prazer aos obesos, como podemos ver em programas como “Quilos Mortais” que mostram todo o drama da obesidade mórbida.

Sabedores de que fomos programados para obter mais e mais – ainda que a alegria promovida por um desejo realizado logo se dissipa – mais difícil se torna a vida das pessoas sem emprego ou com um mínimo de poder de compra. A mídia, principalmente a televisão, excita os desejos, lançando nos lares um sem conta de propaganda de produtos, na maioria das vezes sem utilidade ou nocivos à saúde, mas que despertam a vontade de obtê-los nos espectadores . Quanto menor for a capacidade de racionalizar da pessoa, mais se verá consumida pelo desejo de comprar mais e mais, sem levar em conta o fato de necessitar ou não daquele produto.

Quer dizer então que o ser humano é um escravo de seus desejos? Isso vai depender de como ele se comporta diante de tais impulsos. O biofísico Stefan Klein explica: “Não estamos atados aos desejos, basta adotarmos uma atitude um pouco mais crítica em relação ao nosso circuito de expectativa que é controlado pela dopamina. Ao contrário dos macacos, somos capazes disso. O desejo nem sempre conduz ao prazer. Desejar e gostar são duas coisas diferentes”.

Nota: imagem copiada de https://pixabay.com/pt/vectors/carrinho-de-compras-

Views: 0

Mestres da Pintura – RENÉ MAGRITTE

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

 Autoria de Lu Dias Carvalho

Possuía alguma habilidade técnica da arte de pintar e, no meu isolamento, levei a cabo experiências que eram conscientemente diferentes de tudo quanto conhecia na pintura. Experimentei o prazer da liberdade ao pintar os quadros menos convencionais. (René Magritte)

 Magritte era basicamente um pintor de ideias, um pintor de pensamentos visíveis, mais do que de assuntos. (Marcel Paquet)

 Magritte acreditava que o pensamento consciente é que conduz a uma ideia, e a ideia é o que importa na pintura. (Stephen Farthing)

O desenhista, ilustrador e pintor belga René François Ghislain Magritte (1898 – 1967) era filho de Léopold Magritte – alfaiate e comerciante têxtil – e Régina. Sua mãe, que já tentara tirar a própria vida noutras vezes, suicidou-se quando ele tinha 14 anos de idade, deixando-lhe profundas cicatrizes. Ingressou ainda muito novo na Académie Royale des Beaux-Arts/Bruxelas (1916 a 1918), ali permanecendo apenas dois anos, pois achava as aulas improdutivas e pouco inspiradoras. Foi nessa época que conheceu Georgette Berger – que também estudava arte – com quem viria a se casar. Ela se tornaria – além de esposa – sua modelo e musa.

Magritte começou a pintar aos 12 anos de idade. Suas primeiras pinturas – datadas de cerca de 1915 – eram de estilo impressionista. Já as que ele criou durante os anos de 1918 a 1924 receberam influência do Futurismo e do Cubismo figurativo de Metzinger. Ele era um homem agnóstico, taciturno e aparentemente tímido que cultivava opiniões políticas de esquerda.  Sua primeira pintura surrealista, intitulada “O Jóquei Perdido”, foi criada em 1926.

O artista trabalhou numa fábrica de papel de parede, foi designer de cartazes e anúncios antes de ser contratado pela Galerie la Centaure. Tal contrato permitiu-lhe trabalhar em tempo integral com a pintura, vindo a tornar-se um dos principais artistas surrealistas de seu país, dono de imagens espirituosas e instigantes. Na maioria das vezes ele inseria objetos comuns num contexto incomum, desafiando a percepção do observador em sua realidade pré-condicionada. Suas estranhas justaposições desafiavam o espectador, exigindo que considerássemos novamente as propriedades dos elementos cotidianos do mundo ao  redor.

A primeira exposição de Magritte como pintor profissional aconteceu em 1927 em Bruxelas. As críticas desfavoráveis, contudo, deixaram o artista deprimido, levando-o a mudar-se para o subúrbio de Paris naquele mesmo ano. Tornou-se amigo de André Breton e inseriu-se no grupo de pintores surrealistas, ali criando suas famosas obras. Tal período foi de grande importância para sua carreira, pois, ao conviver com aquele grupo,  passou a expor seu trabalho junto ao deles. Tornou-se também amigo de Salvador Dalí e Marcel Duchamp, dentre outros. Viveu em Paris durante três anos, tornando-se um dos principais membros do movimento surrealista.

As criações artísticas de Magritte tanto se inclinavam para o surrealismo realista como para o realismo mágico, contudo, elas se encontravam em maior número dentro do realismo mágico, pois o artista gostava de explorar objetos do cotidiano, retratando-os em contextos inusitados, assim como cenas familiares e pessoas, dando-lhes uma visão bem diferente da encontrada na realidade, oferecendo ao observador representações impactantes. E suas estranhas posições levam o observador a repensar as propriedades das coisas ao seu redor. O artista era, portanto, dono de um grande senso de humor. Os objetos alcançavam em sua arte os contextos mais inesperados. Gostava de usar jogos de duplicação e seus arranjos eram muitas vezes bizarros.

O artista belga encontrou na pintura metafísica de Giorgio de Chirico a linguagem poética que tanto buscava. Ao ficar conhecendo a reprodução de “The Song of Love” de Chirico (obra criada em 1914), Magritte ficou extremamente emocionado, a ponto de dizer: “é um dos momentos mais emocionantes de minha vida: meus olhos viram o pensamento pela primeira vez”. Em 1929 René Magritte expós na Goeman Gallery em Paris juntamente com Salvador Dalí, Jean Arp, Chirico, Max Ernst, Juan Miró, Picabia, Picasso e Yves Tanguy.

Magritte voltou para a Bélgica em 1930. Fez exposição nos Estados Unidos e na Inglaterra.  O artista, cujas imagens influenciaram a art pop, minimalista e conceitual, morreu em 1967, aos 68 anos de idade, vitimado por um câncer.

Fontes de pesquisa
Magritte/ Editora Taschen
https://en.m.wikipedia.org/wiki/René_Magritte

Views: 0

Signorelli – OS CONDENADOS AO INFERNO

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Luca Signorelli (c.1445 – 1523) provavelmente teve como primeiro mestre Piero dela Francesca, conforme atestam suas obras iniciais que são muito parecidas com o estilo de Piero. Também estudou com Antonio del Pollaiuolo e Andrea del Verrocchio que tiveram grande influência no seu desenvolvimento artístico. Normalmente suas figuras possuem uma pose geométrica estilizada. Nutria grande predileção por representar as figuras nuas, mas em movimento, lembrando a escultura de sua época. Era um mestre na representação de pormenores exatos do corpo humano.

A composição intitulada Os Condenados ao Inferno é uma obra do artista que retrata com intensa dramaticidade o desespero de uma massa de humanos, numa das cenas representativas do Juízo Final (Evangelho de Mateus, 25: 31-46). Ele foi muito influenciado pelos sermões do monge Savanarola, sendo que sua pintura, ao abordar tal temática, causava grande impacto nos observadores, à época.

A paisagem ao fundo é minúscula, sendo toda a atenção voltada para o emaranhado de figuras humanas de contornos firmes e silhuetas definidas nas mais diferentes posturas. Signorelli explora uma infinidade de atitudes e posições do corpo humano. Nenhuma das figuras possui o mesmo rosto e a mesma posição. Todos os corpos mostram músculos bem definidos.

Para diferir homens e mulheres dos demônios torturadores, o artista deu cores fortes aos últimos. Os corpos dos humanos estão nus e contorcidos em gestos que exprimem grande desespero. Alguns estão sendo puxados, outros amarrados, dentre outros tipos de tortura física. À esquerda, um corpo feminino voa em direção a um poço de fogo, enquanto outros são engolidos pelas chamas. Um demônio voa com uma mulher em suas costas, enquanto outro persegue duas outras.

No céu os três arcanjos – Miguel, Rafael e Gabriel – trajando suas armaduras e de pé sobre pequenas nuvens, observam o trabalho dos demônios desinteressadamente, um indicativo de que mais nada adiantava fazer. Um deles traz a espada desembanhada. Os demônios em voo olham-nos visivelmente amedrontados.

Nota: Toda a capela de San Brizio foi usada para mostrar o Juízo Final, sendo o tema dividido em seis grandes cenas.

Ficha técnica
Ano: 1499-1503
Técnica: afresco
Dimensões: 670 cm (largura total)
Localização: Cappella di San Brizio, Orvieto, Itália

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Ed. Könemann
Renascimento/ Editora Taschen
https://www.khanacademy.org/humanities/renaissance-reformation/early-renaissance1/painting-in-florence/a/signorelli-the-damned-cast-into-hell
https://www.khanacademy.org/humanities/renaissance-reformation/early-renaissance1/painting-in-florence/a/signorelli-the-damned-cast-into-hell
https://bloggingtheodicy.wordpress.com/2011/05/11/signorellis-damned-cast-into-hell/

Views: 31

Friedrich – CAMINHANTE SOBRE UM MAR…

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

A arte é finita, finitos são o conhecimento e a capacidade de todos os artistas. (Caspar David Friedrich)

 Caspar David Friedrich foi um dos maiores pintores do sublime no paisagismo romântico. (Antony Mason)

 Fecha teu olho corpóreo para que possas antes ver tua pintura com o olho do espírito. Então traz para a luz do dia o que viste na escuridão, para que a obra possa repercutir nos outros de fora para dentro. (Friedrich)

O pintor e escritor romântico alemão Caspar David Friedrich (1774 – 1840) era filho de um fabricante de sabão e velas. Estudou com Jens Juel, dentre outros, na Academia de Copenhague. A seguir foi trabalhar em Dresden como pintor de cenografia, onde se tornou amigo de muitos pintores do movimento romântico alemão, entre os quais se encontravam Georg Friedrich Kersting e Carl Gustave Carus. Ali retomou a pintura em tela. Foi membro da Academia de Berlim e da de Dresden.

Friedrich apreciava pintar paisagens, contudo, sem se ater a uma construção objetiva das mesmas. Em vez de criar uma representação objetiva da natureza em seus trabalhos,  procurou inserir em suas obras pensamentos e percepções metafísicas experimentadas por ele – um artista contemplativo. É tido como o criador da pintura paisagística alemã. Nutria uma grande reverência pela natureza. Acreditava que ela era dona de um poder grandioso e generosamente permitia ao homem dela desfrutar, mas com reverência.

A composição intitulada Caminhante sobre um Mar de Bruma – também conhecida como Viajante Observa um Mar de Bruma ou Andarilho Acima da Névoa ou ainda Montanhista em uma Paisagem de Neblina – é uma obra-prima do artista contemplativo que gostava de retratar a dramaticidade da natureza. Esta pintura é tida como uma das obras mais representativas do Romantismo. Nos últimos dois séculos a imagem transformou-se num ícone cultural. Tem sido dito que sua pintura traz embutido em si um significado simbólico, embora esse esteja muitas vezes imperceptível. Baseando-se nesta concepção, a pintura acima poderia simbolizar a decaída da esperança na Europa em razão das guerras napoleônicas.

A solitária figura humana – ampliada no que diz respeito à cena – de costas para o observador, encontra-se em primeiro plano, observando a paisagem alpina que se desenrola à sua frente. Parte do céu está coberta por nuvens. Ao fundo, próximo ao horizonte, o céu começa a mostrar-se luminoso.

O homem está vestido com um casaco verde-escuro sobre uma camisa verde-claro e botas. Encontra-se de pé, ereto, sobre um monte de escuras rochas escarpadas. Seu olhar ultrapassa o mar de brumas para se fixar ao longe, onde se erguem montanhas azuladas, semicobertas pelo nevoeiro que começa a dissolver-se. Ele segura uma bengala, apoiada na rocha, com a mão direita. Seus cabelos dourados estão revoltos pelo vento.

Friedrich apresenta aqui uma constante em seu trabalho que era o ato de contrastar espaços próximos e distantes. Entre a figura humana e o distante pico ele criou um denso mar de névoa que deixa alguns rochedos sobressaírem-se aqui e acolá, repassando um clima de grande mistério e trazendo uma sensação de isolamento, perda e infinito. A presença do homem é paradoxal, pois ao mesmo tempo em que mostra seu domínio sobre a paisagem, também deixa claro a sua insignificância – como ser humano – em meio a ela. Ele parece reverenciar a natureza, mas também deixa impressa a sua solidão.

Ficha técnica
Ano: 1817/18
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 98,4 x 74,8 cm
Localização: Hamburguer Kunsthalle, Hamburgo, Alemanha

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Ed. Könemann
Romantismo/ Editora Taschen
https://www.artsy.net/article/artsy-editorial-unraveling-mysteries-caspar-david-friedrichs-

Views: 30