ALERTA PARA UM NOVO ANO

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Autoria de Lu Dias Carvalhoideias

As ideias governam os homens. As ideias comandam o planeta quer para o bem quer para o mal. Não há como diminuir o poder das doutrinas na vida humana, por mais estapafúrdias que elas possam parecer às pessoas dotadas de autocrítica. A humanidade é dividida em facções ou ideologias e vive de acordo com as doutrinas que abraça.  O que nos leva a abraçar uma ideia em vez de outra? Sem dúvida existem inúmeras razões. Dentre essas, algumas estão no nosso passado, outras voltadas para os nossos interesses pessoais, enquanto outras permanecem veladas – consciente ou inconscientemente – no nosso cotidiano.

Mesmo que a curto prazo certas ideias pareçam inofensivas, a longo prazo podem ser nefastas e trazer grandes transtornos para o planeta onde vivemos, pois, na verdade, não são as massas que escolhem seus caminhos e os da Terra – embora sejam levadas a acreditar que assim o seja.  Elas são manipuladas pelos “grandes” de modo a aceitar esta ou aquela opinião, como se delas fosse gerada, mas que vem de uma minoria que comanda os destinos da nossa maltratada Terra. Não é à toa que os fortes sempre arranjam justificativas para dominar os mais fracos em quase todos os lugares do mundo e em todos os tempos da história humana. Pouquíssimas vezes, o povo tomou as rédeas da história.

Voltando ao passado, quantos indivíduos foram queimados vivos ou mortos em paredões? Quantos não foram alvejados pelas costas, apenas por terem defendido ideias que contrariavam a cúpula do poder de uma determinada época? A suposta divindade das ideias ainda continua a habitar a mente humana em nosso século, quer nos traga benefícios ou malefícios, ora atuando como aranha assassina, ora agindo como raio de luz a iluminar a humanidade. O mais triste é que as aranhas vêm proliferando cada vez mais, pois a falta de ética motivada pela  busca de poder e pela ganância humana encobre os raios de luz, gerando a escuridão, onde se alastram os aracnídeos. A ganância humana e a sede de poder são as bestas do Apocalipse de nossos dias, pois cegam o homem e tornam-no indiferente aos problemas de seus irmãos e aos do planeta tão judiado e mortificado. Pobre Mãe Terra!

Um grande perigo ronda o mundo contemporâneo em razão da alta tecnologia que lhe imprime um caráter de extrema urgência e rapidez. Tudo é tão veloz que corremos o risco de absorver ideias irrefletidamente, levando nosso pensamento crítico ao embotamento ou nos deixando guiar pelos “donos da verdade”. Estamos sendo vitimados pelo vírus da estupidez, fruto desta velocidade doentia e da cegueira ególatra. Mal estamos a notar o que jaz um pouquinho além de nosso umbigo. Nosso ego e estupidez inflam cada vez mais. Nem mesmo sabemos por que corremos tanto ou aonde queremos chegar. Não mais temos tempo nem para nós próprios – como seres humanos – e muito menos para o outro e menos ainda para a nossa casa sagrada – o planeta Terra –, enquanto o tempo nos consome vorazmente.

Haja ideias e tão poucas boas ações! Quão tolos somos! Que os Céus tenham piedade de nós.

Nota: imagem copiada de www.gercontreinamentos.com.br 

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RECEITA DE ANO NOVO

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Autoria de Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo/ cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,/
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido/ (mal vivido talvez ou sem sentido)/ para você ganhar um ano/ não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,/ mas novo nas sementinhas do vir a ser;/ novo até no coração das coisas menos percebidas/ (a começar pelo seu interior)/ novo, espontâneo, que de tão perfeito/ nem se nota,/ mas com ele se come, se passeia,/ se ama, se compreende, se trabalha,/ você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,/ não precisa expedir nem receber mensagens/ (planta recebe mensagens?/ passa telegramas?)

Não precisa/ fazer lista de boas intenções/ para arquivá-las na gaveta./ Não precisa chorar arrependido/ pelas besteiras consumidas/ nem parvamente acreditar/ que por decreto de esperança/ a partir de janeiro as coisas mudem/ e seja tudo claridade,/ recompensa,/ justiça entre os homens e as nações,/ liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,/ direitos respeitados, começando/ pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo/ que mereça este nome,/ você, meu caro, tem de merecê-lo,/ tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,/ mas tente, experimente, consciente./ É dentro de você que o Ano Novo/ cochila e espera desde sempre.

  

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Mestre Bertram de Minden – A CRIAÇÃO DOS ANIMAIS…

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

Existem pouquíssimas informações sobre o Mestre Bertam de Mindem (c.1340 – 1414/15) – pintor alemão gótico. Presume-se que, além de pintor, ele também foi talhador de madeira, mas não se sabe ao certo onde aprendeu sua arte. Notícias sobre ele são documentadas pela primeira vez na cidade de Hamburgo/Alemanha, onde veio a tornar-se um dos mais importantes mestres da cidade, assim como do norte da Alemanha.

A composição intitulada A Criação dos Animais do Altar de Grabow é uma obra do artista. Faz parte de um dos mais importantes retábulos do século XIV. Trata-se de um dos painéis situados no lado interno da asa interna esquerda do retábulo de Grabow. Representa a criação dos animais. A figura do Criador – inclinada para frente – ocupa o centro da tela, circundado por duas filas verticais de suas criaturas. A ponta de seu manto, quase tocando o cavalo, reflete a mesma postura de sua mão direita.

O fundo dourado da tela é todo trabalhado com elementos decorativos. É possível notar que à esquerda, sobre uma rocha, encontram-se os mamíferos e à direita, disposto uns acima dos outros estão os peixes e as aves, como se tivessem sido recortados e ali colados. Animais selvagens – a exemplo da raposa mordendo o pescoço da ovelha – e mansos estão juntos. Duas aves também são vistas, à direita, acima do coelho, como se numa árvore tivessem pousadas.

Ficha técnica
Ano: c. 1379 – 1383
Técnica mista sobre madeira
Dimensões: 180 x 720 cm
Localização: Hamburger Kunsthalle, Hamburgo, Alemanha

Fontes de pesquisa
https://www.artbible.info/art/large/560.html
Gotico/ Editora Taschen

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A VIDA É UMA TRAVESSIA

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Autoria de Edward Chaddad

Sempre que buscamos olhar para o nosso entorno, evitamos que o cérebro seja preenchido pelas nossas preocupações que semeiam os maus pensamentos e que nos levam à depressão. Não somos uma ilha!

Todos nós temos muitos problemas em nossa vida, os quais devemos enfrentar com coragem.  Não devemos perder noites de sono para pensar em como agir diante dos desafios. Viver o “dia de hoje” sempre é o melhor caminho.  Devemos buscar sempre pensar, dialogar e refletir em como iremos enfrentar o agora. É importante resolver as questões imediatas, buscar preparar o futuro, economizando e construindo outros degraus de nossa escada vindoura, mas o importante é solucionar os problemas e situações presentes que nos trouxeram o nascer do sol.

Nosso cérebro deve estar  preocupado com o entorno: trabalho, a busca de solução profissional para outras pessoas, a lida diária com afazeres domésticos, a saúde de toda a nossa família, a educação de nossos filhos. Em caso de doenças há preocupação, mas é preciso enfrentá-la sem ficar ruminando pensamentos ruins.

A vida é uma travessia. Muitas vezes iremos sentir medo e tomar sustos, não entendendo os fatos que estão acontecendo, porém, mesmo diante do quadro cinzento que em alguns momentos vislumbramos, temos que ter esperança. Temos que sonhar. As palavras amigas ajudam sempre, é claro. Mas a reflexão é muito importante para nos levar à razão.

Mesmo que o caminho seja espinhoso, com muitas pedras a serem removidas, devemos caminhar, contemplando o nosso entorno, seguindo o exemplo do povo mais humilde e trabalhador que enfrenta diariamente graves problemas como a fome, a ausência de atendimento à saúde, mesmo educação pública e qualquer tipo de assistência social. Os problemas existem, mas e tantas outras pessoas que vivem à margem da sociedade?

Uma das coisas que combatem a depressão é agir em busca de efetivar nossos ideais de vida, tanto na parte social como na educacional para auxiliar os mais necessitados. Além disso, é preciso ter um grande amor pelos animais e sempre os socorrermos. Tudo isso preenche a nossa mente, eliminando os espaços vazios que poderiam ser preenchidos pela tristeza que não cede, pelo desencanto e pela depressão, tão comuns aos dias de hoje. Eis uma grande razão para não nos deixarmos tomar pelo desânimo. Temos que ter força e, com Deus no coração, seguirmos nosso caminho, nossa travessia de vida, com esperança sempre, sonhos, muitos sonhos…

Uma atividade altruísta nos auxilia a nunca ficarmos deprimidos. Quando conseguimos ajudar alguém e ver a alegria estampada em seu rosto, isso se torna contagiante, legando-nos um sentimento de felicidade e bem-estar. Este é um remédio importante que todos nós devemos buscar, pois nos afasta da depressão que, assim,  não encontra lugar em nosso cérebro. A atividade não nos permite o vazio gerado pela ociosidade. A única parada é o sono que vem repor a energia gasta no trabalho diário.

Não quero dizer que nada nos atinge como seres humanos. Muitas vezes chegamos a beirar a depressão nos momentos mais tristes e na chegada de notícias desagradáveis, o que é humano. Mas dias após os fatos, devemos trabalhar e desenvolver nossas atividades diárias, sem tempo para nos arruinarmos emocionalmente, pois sempre é preciso tocar a vida para frente.

O egoísmo nunca deve encontrar condições de instalar-se em nós. Temos que pensar em nossa família e na vida em nosso entorno. Há muito o que fazer para não deixar o cérebro vazio. É evidente que o ego nos acompanha em todas as nossas decisões, pois somos ele, mas dele nos esquecemos quando a tarefa tem finalidades que busquem o próximo. Podemos nos livrar de pensamentos e sentimentos ruins, quando atuamos externamente, sem deixarmos espaço para o vazio gerado pela ociosidade.

Nota: ilustra o texto uma obra de Aldemir Martins, Marinha.

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Fra Filippo Lippi – ADORAÇÃO NA FLORESTA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Lippi remove toda uma série de detalhes narrativos que teriam estado presentes em um presépio padrão – ele cria um conjunto de mistérios e os preserva. (Luke Syson)

 O pintor italiano Fra Fillipo Lippi (c.1406-1469) – também conhecido apenas como Lippo Lippi – perdeu seus pais quando ainda era criança, indo morar com uma tia que, por ser muito pobre, internou-o num mosteiro carmelita vizinho, portanto, ele entrou para a ordem do Carmelo quando era ainda muito criança e, ao que parece, contra a sua vontade. Vivendo no Mosteiro de Santa Maria del Carmine (Florença/Itália), onde teve a oportunidade de acompanhar os artistas Masolino e Masaccio que ali trabalhavam na pintura de afrescos. O contato com esses dois grandes artistas viria a influenciá-lo grandemente, como mostram seus trabalhos iniciais.

A delicada composição intitulada Adoração na Floresta é uma obra do artista, sendo tida como uma de suas mais primorosas obras e uma das mais finas do período. Foi inspirada nos ensinamentos de santa Brígida da Suécia – uma santa medieval – cujas visões mostravam Jesus chegando ao mundo como homem, entre pedras.

A Virgem Mãe, em primeiro plano, encontra-se ajoelhada, com as mãos em postura de oração, sobre um carpete verde salpicado de delicadas flores, diante de seu Menino nu, recém-nascido, que ali se encontra deitado – ponto focal da obra. Seu rosto delicado, direcionado ao filho, mostra certa tristeza, como se ela antevisse seu futuro. As dobraduras de seu rígido manto azul, enfeitado com ouro na barra, são extraordinárias. Há uma explosão de dourado na composição.

A floresta ao fundo é densa e escura, apresentando muitos pinheiros cortados e toras empilhadas. Não existem as figuras tradicionais que aludem ao nascimento de Jesus Cristo, como gruta, estábulo, vaca, burro, pastores, reis magos e José. Algumas flores silvestres possuem cinco pétalas numa alusão às Cinco Chagas que Jesus receberá em sua crucificação. Um pintassilgo – ave que se alimenta da semente do espinheiro – pousado no chão, próximo aos pés do pequeno Jesus, faz menção à coroa de espinhos que Cristo usará no futuro. À direita vê-se uma ave de pescoço longo.

Na parte superior, marcando o meio da tela, encontra-se Deus Pai com os olhos voltados para o Menino. Abaixo dele está o Espírito Santo em forma de uma pomba branca que emana seus sete raios em direção à criança, cujo rostinho está direcionado para o observador. O pequeno João Batista, à esquerda, vestido com sua roupa de pele de animal, acima da qual usa um manto avermelhado, traz na mão direita a cruz – seu tradicional atributo – e um pergaminho com a inscrição: “Eis o Cordeiro de Deus”. Seus olhos estão direcionados para fora do quadro. Acima de João, ajoelhado, está o monge Bernard de Clairvaux – fundador da Ordem Cisterciense e um grande adorador da Virgem – com os olhos baixos, em postura de oração.

Esta obra traz uma complexa iconografia da Trindade, da Virgem Maria e de São João Batista, diferentemente de outras obras sobre a Natividade. O artista assinou seu nome na parte inferior da pintura, à esquerda, no machado que jaz próximo à raiz da árvore cortada.

O artista, no fim de sua carreira, criou inúmeras obras de adoração com características fantasiosas semelhantes a esta que foi criada sob a encomenda de um dos homens mais ricos da Renascença de Florença – o banqueiro Cosimo de Medice, mas durante a Segunda Guerra Mundial, Hitler exigiu que ficasse escondida junto ao ouro nazista e às joias subtraídas das vítimas dos campos de concentração. Foi resgatada, levada para os Estados Unidos e depois devolvida ao seu país de origem.

Ficha técnica
Ano: c. 1459
Técnica: têmpera sobre choupo
Dimensões: 126,7 x 115,3 cm
Localização: Staatliche Museen zu Berlin, Berlim, Alemanha

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Ed. Könemann
Renascimento/ Editora Taschen
https://en.wikipedia.org/wiki/Adoration_in_the_Forest_(Lippi)

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OS PRESÉPIOS DE NATAL

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Nada me encantava mais do que passar o Natal na cidadezinha onde viviam meus avós. Mal entrava dezembro, já começava a azucrinar meus pais para que me dessem a data exata de nossa viagem. Se a demora era muita, implorava para que me deixassem ir à frente, coisa que nunca acontecia, mas que não me custava tentar.

Não pensem os leitores que o meu desassossego devia-se à comilança que se instalava naquele mês, ou para ficar encarapitada com os primos nas árvores frutíferas do pomar ou à beira do forno de biscoitos, provando cada leva que saía fumegando, ou ainda em volta dos tachos de cobre borbulhantes de doces em profusão e das mais diferentes qualidades. O meu encantamento estava bem além do paladar. A minha fascinação desmedida era pelos presépios. Ia desde a hora em que se preparava o material até o momento em que eram armados e o ritual que se seguia.

Primeiro preparavam-se as rochas. Folhas de jornal eram dispersas pelo chão e sobre elas era passado um grude feito de farinha de mandioca, usando uma brocha de pintar casa. Imediatamente vinham com o carvão e a malacacheta (mica) moídos e jogados sobre as folhas. Algumas pessoas, em vez de carvão, costumavam usar borra de café. A diferença ficava apenas na cor das rochas: com carvão ficavam bem pretinhas, com borra de café ficavam ocras. O mais importante era a malacacheta que dava o toque final às supostas pedras que ficavam faiscando como se verdadeiras fossem. Depois de lambuzadas, as folhas eram colocadas ao sol. Devia-se ter o cuidado de revirá-las de um lado para o outro, para que ficassem bem secas e resistentes.

Após tudo preparado, vinha a armação do presépio propriamente dita. A sustentação era feita com caixotes ou caixas de papelão. Em volta e subindo pelas paredes (normalmente o presépio era feito tomando-se o ângulo entre duas paredes) vinham as rochas que eram feitas afofando-se a folha de jornal pintada com a mão fechada por dentro, de modo a tomar o formato de uma pedra. Colocavam-nas, uma a uma, bem juntinhas, com pregos ocultos, de modo que se tinha a impressão de estar diante de um alto rochedo. No ponto mais alto era instalada a estrela D’Alva que tinha por fim guiar os três reis magos: Belchior, Baltazar e Gaspar.

A segunda parte era a mais primorosa: arranjar o local da gruta onde nasceria o Menino Jesus. Cerca de 10 dias antes, o arroz já tinha sido plantado em pequenas vasilhas de jeito que, ao armar o presépio, ele já se encontrava grandinho e verdejante. Os pequeninos vasos eram belamente organizados entre as rochas, como se o arroz ali tivesse nascido. Bacias de musgo também enfeitavam a gruta. Areia fininha e branca era colocada em toda a entrada. No meio, punha-se uma vasilha com água e dentro um espelho, dando a impressão de um lago. No suposto lago eram colocados sapos, peixes, cisnes, patos e outros bichinhos aquáticos.  Fora, na areia, espalhavam-se bois, vacas, carneiros, pombinhos e tudo o mais que fosse bicho. Alguns presépios tinham até mesmo os desconhecidos dinossauros.

A manjedoura não podia faltar no presépio, sendo uma peça de fundamental importância. Em volta dela, além dos animaizinhos, havia Maria, José, os reis magos e todos os santos que se tivesse na casa. Alguns presépios eram bem ecumênicos, pois traziam Iemanjá, Buda, Shiva, Super-Homem e outros mais. O Menino Jesus só podia ser colocado depois da Missa do Galo, ou seja, depois da meia-noite, quando a família, reunida rezava o terço e fechava a cerimônia cantando Noite Feliz. Ação que se repetia até o desmonte do presépio.

Durante o período em que os presépios ficavam montados, grupos da comunidade saíam tocando violão, acordeom e cantando de casa em casa, visitando o Menino Jesus. Após a cantoria, saudando o real dono da festa, havia um gostoso café, acompanhado de queijo, requeijão, biscoitos variados, bolos, broas, queijadinhas, beijus e pão de queijo. Para os chegados aos aperitivos, não faltava uma boa branquinha, assim como quinados e licores diversos. Da casa mais modesta à mais rica, todos eram recebidos com imensa alegria, como se formassem uma só família. Também me é impossível  esquecer das pastorinhas que animavam as noites de dezembro e início de janeiro, não apenas na cidade, mas nas roças e sítios, onde ganhavam galinhas, porcos e perus, guardados para a festa final do dia 6 de janeiro.

Quando o desmanche do presépio aproximava-se, os reis magos eram colocados de frente para a saída da gruta, ou seja, de costas para a manjedoura. Para minha tristeza, dia 6 de janeiro era o prazo para que todo aquele encantamento se evaporasse e a vida voltasse ao normal. Restava-me o consolo de que outros natais viriam pela frente. Mas era preciso esperar muito tempo. A tristeza só não era maior porque começavam os preparativos para o Ano Novo, embora eu me revoltasse com a morte de alguns dos animaizinhos representados nos presépios.  A minha cabeça de criança não conseguia entender, como podiam matar os bichinhos do Menino Jesus. Achava que Ele ficava muito triste com as pessoas. E ainda acho! Em protesto, passei a não comer carne.

Nota: Imagem copiada de http://www.flickr.com/photos/raimundoalves/2890667251

Obs.:
Este texto é dedicado aos meus queridos tios Antônio A. Pereira e Davina G. Avelino que até hoje preservam a magia do Natal, unindo toda a família em torno do presépio e a todos os meus leitores queridos, com os votos de um Feliz Natal.

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