TODA AÇÃO HUMANA MEXE COM O COSMO

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Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos mostra como nossas reações interferem no Universo.

Os psicanalistas poderiam fazer graves acusações aos moralistas tradicionais, adeptos desta moral que Chauchard chama de “legalismo desencarnado”, cheia de “deve-se fazer” e “deve-se evitar”. Poderiam dizer: “Vocês moralistas estão crucificando os indivíduos que, imbuídos de restrições e deveres, partidos de um superego forjado pela religiosidade, pelos costumes, pelos conselhos dos pais, dos professores, dos mentores, entram em conflito interno com os impulsos naturais, ocasionando prejuízos à saúde. Será que não arranjam uma forma um pouco menos perigosa de cumprir o dever, de pautar-se pelo bem e evitar o mal?” (Hermógenes, em Sabedoria).

A moral que Chauchard e Teilhard reclamam e nisto têm a companhia dos psicanalistas é, posso dizer sem receio, a moral Yogui. “Por ter colocado seu eu ideal no eixo do Divino, o yoguin situa-se assim, naturalmente, no ponto de convergência do útil pessoal com a lei moral. É uma ética de um psicanalista e não de um moralista, de um observador e não de um juiz” (Choisy opus cit). Por ser natural, inteligente, libertadora e não frustradora, é que a moral yogui é considerada pela ilustre psicanalista Choisy “a que melhor convém aos discípulos de Freud”. A moral yogui começa com vivência e sabedoria filosófica, com o conhecimento do Universo, do indivíduo e desse em suas relações com o Universo, consigo e com Deus.

O fundamental não é a noção do bem e do mal. As ações que o yoguin evita são as que o afastam de seu sâdhana, isto é, de seu caminhar para a Meta ou Realização Espiritual. Sua natureza essencial de ser humano e chispa divina predestina-o ao Encontro redentor (Yoga). Quando ele vive em harmonia com as leis próprias de sua natureza, isto é, quando cumpre seu dharma, goza o bem, a saúde e a felicidade. Ao contrário, todos seus desvios (adharma) representam o mal, o sofrimento, a servidão e a doença. Se bem que haja tantos dharmas quantos os homens existentes, aí a relatividade da moral, há, no entanto, um dharma ou lei universal (bem absoluto) para todos os homens. Chama-se suddha dharma ou sanâtana dharma e é coerente com a natureza essencial e divina da espécie humana.

O grande neurofisiologista Chauchard, dentro de sua forma de falar, também se refere àquilo que o Yoga chama de suddhadharma que, como vimos, consiste em viver em harmonia com a Lei natural, com a natureza essencial do ser humano. Ele acha que “É falso pensar que cada um é livre para inventar a própria Moral, como se não houvesse valores comuns que dependem do fato de que sendo como somos, seres humanos, devemos conformar-nos à natureza humana”. A causa de adharma ou dos desvios do caminho para o Absoluto é o egoísmo, mantido pela ignorância, pela ilusão de que somos tão somente indivíduos separados uns dos outros, indiferentes aos outros, e buscando a felicidade mesmo à custa da dos outros. A isto a moral tradicional chamaria de pecado.

A palavra pecado não recebe custo na moral yogui. O pecador é apenas um ser interiorizado pela ignorância e pela doença. O que se opõe ao pecado não é a virtude, mas a saúde, a sabedoria ou a verdade. O castigo ao pecador é o retardo ou recuo em seu caminhar redentor para a realização espiritual. O pecador não é objeto de ressentimento, mas de comiseração e ajuda. E a melhor forma de ajudá-lo é primeiro compreendê-lo, depois lhe dar tratamento e afinal ensiná-lo a libertar-se do ahamkara (egoísmo). A libertação é cura. A cura é um processo de torná-lo mais santo e, portanto, mais são. A moral yogui cuida do bem. Mas não se preocupa com o mal ou com o diabo. É moral à base da compreensão que visa a restaurar a paz, a segurança psicológica do pecador, vale dizer – do sofredor.

Nenhum de nossos pensamentos, desejos e ações, por mais insignificantes que nos pareçam, deixa de mexer com o cosmo. A toda hora, sem que o saibamos, estamos rabiscando as páginas do livro da Vida Universal e por isto somos responsáveis. Toda expressão nossa de vida é karman (ação sobre o cosmo) e por ela responderemos. Os resultados são infalivelmente nossos. Nosso karman passado é a causa do que hoje somos, do que hoje sofremos ou gozamos. As consequências de nossas ações nos alcançam imediatamente ou depois, mas sempre nos alcançam e não há lugar que nos esconda ou proteja. Você pode me perdoar um mal que eu lhe tenha feito, mas “a natureza, jamais nos perdoa”, lembra John Kulmann. Esta é a inflexível lei do karma.

A ação imoral é aquela que nos faz sofrer. A ação moral é a que nos torna mais chegados à suprema bem-aventurança (Ananda), ao próprio Deus. O adharma (karman que nos prejudica) não se refere propriamente ao mal, no sentido comum do termo, mas à ação imprópria e desviada da Lei. Ferir, mentir, roubar, difamar, trair é tão funesto como beber água contaminada. Pelas mesmas razões, perdoar, ajudar, amar, servir, fazer pelos outros aquilo que queremos que nos façam é dharma (karman positivo) – doador de vida, bem-estar, alegria, paz, segurança, liberdade, amplitude, plenitude e divinização.

De tudo isto, podemos concluir que a moral Yogui é a mais terapêutica e, embora vetusta em sua origem, é de extraordinária atualidade, pois corresponde aos anseios da mais moderna psicologia profunda e da neurofisiologia mais rigorosamente científica. Ela não o condena pelas fraquezas, mas o ajuda a fortalecer-se; não o obriga a ser bom, quando suas condições não lhe permitem, mas o ajuda a tornar-se bom e, assim, livrar-se de suas limitações, responsáveis por seus tormentos.

*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF no Google.

Nota: imagem copiada de icm teresina

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Nattier – MADAME DE CAUMARTIN COMO HEBE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Jean-Marc Nattier (1685 – 1766), filho do pintor Marc Nattier, teve seu pai como primeiro mestre. Presume-se que tenha sido aluno de Jean Jouvenet. Posteriormente veio a trabalhar com o pai, copiando os dois pinturas de antigos mestres. Trabalhou na Academia de Paris como pintor de história. Embora tenha trabalhado com pinturas históricas, sua fama deveu-se à criação de retratos da sociedade francesa da época.

A composição intitulada Madame Caumartin como Hebe é uma obra do pintor que, como dito acima, destacou-se muito no gênero do retrato.  Ao apresentar o modelo retratado como se fora uma figura mitológica, o artista, assim como Étienne-Maurice Falconet fez na escultura, acabou por criar uma espécie de retrato alegórico.

Na composição, a jovem mulher é apresentada como sendo Hebe, deusa grega da eterna juventude, filha dos deuses Hera e Zeus, consagrada aos trabalhos domésticos, sendo, portanto, retratada com uma jarra de vinho e uma tigela. Ela parece estar sentada num sofá de nuvens. Este quadro gozou de grande popularidade no século XVIII, tendo sido pintado em outras versões, para os clientes ricos do artista.

A mulher, com suas bochechas rosadas, encontra-se sentada de frente para o observador, como se o encarasse. Traja um vestido branco decotado que deixa sua pele alva à vista. Uma flor amarela encima o laço, enquanto um cinto de pérolas marca a cintura. Sobre o vestido ela usa um volumoso manto azul-esverdeado. Seu cabelo dourado, em formato de um longo cacho, cai-lhe pelo ombro direito.  Um arranjo de pérolas e flores ornamenta-lhe a cabeça. À sua esquerda repousa uma águia com as asas levantadas.

Ficha técnica
Ano: 1764
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 102,5 x 81,5 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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A CORAGEM DE SER DIFERENTE

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Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos fala sobre a necessidade de sermos autênticos.

O viciado já não se lembra em que reuniãozinha social – para mostrar-se igual aos outros – cretinamente bebeu seu primeiro gole, sentindo abominável o gosto, mas tendo de aparentar que estava gostando (segundo a moda). O tabagista de hoje, baixado ao hospital para operar o pulmão, não se recorda daquele dia na infância em que, para parecer adulto e igual aos outros, deu as primeiras baforadas num cigarro que um colega lhe dera. Pode ser dito o mesmo em relação àquele que se degradou com as ‘”bolinhas” ou cigarros de maconha.

Em todos estes casos, o início é sempre sob a persuasão dos outros; e sob a imitação, isto é, filiação à moda. Na origem, todos os “iniciados” já eram pessoas comumente chamadas “fracas de espírito”, ou seja, os de personalidade e mente amorfas, vidas inconscientes que buscam segurança, aceitação e prestígio no meio em que vivem, renunciando consequentemente ao dever de serem autênticas. O medo de ser diferente, leva o fraco a imitar os do grupo.

Quando o grupo é de gente viciada, o resultado é viciar-se. Mas, se você conhecer e sentir a inexpugnável fortaleza e o tesouro de paz e ventura que há em si, nunca buscará sua segurança nos integrantes de seu grupo e terá a sábia coragem de ser diferente. Só os que são diferentes têm condições de não apenas se sobrepor, mas de liderar. Se você quiser continuar senhor de si e ganhar condições de ajudar os outros, negue-se à vulgarização, tendo a coragem de ser diferente.

É provável que a vulgaridade não entenda nem perdoe alguém que se nega a vulgarizar-se, mas você deve lembrar-se de que os raros autênticos são indispensáveis para servirem de esteio, de pontos de apoio, de orientação ao homem comum, escorregadiço e amorfo. Não queira ser igual em troca de ser aceito. Não ceda ao alcoolismo, ao tabagismo, aos narcóticos, às noitadas de dissipação. Revele sua maturidade, recusando-se, sem ofender aos vulgares, a segui-los em suas “normais” reuniões de vício. Isto é o que eu quis dizer ao sugerir que não deixe cair a semente daninha em seu quintal.

Não capitule. Não se esqueça do preceito hindu: “Semeie um ato e colherás um hábito. Semeia um hábito e colherás um caráter. Semeie um caráter e colherás um destino”.

*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF.

Nota: obra do pintor brasileiro Aldemir Martins

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Weyden – SÃO LUCAS DESENHANDO…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

 

O pintor flamengo Rogier van der Weyden (c. 1400/? – 1464) é outro grande artista nórdico de quem se sabe pouca coisa. Nasceu na cidade de Tournai, região sul de Flandres. Estudou pintura com o mestre Robert Campin, um dos mais renomados mestres da cidade. Seu aprendizado consistia em copiar esculturas e portais de igrejas, conhecimento que muito o favoreceu em sua pintura. Fez parte da corporação de ofício dos pintores de Bruxelas, sendo posteriormente nomeado pintor oficial da cidade, onde ornamentou o Palácio Municipal com quadros alusivos às lendas medievais e à vida do Imperador Trajano. Mas em 1695, durante o cerco à cidade, as telas foram queimadas por soldados franceses. Foi muito influenciado por Jan van Eyck.

A famosa composição religiosa intitulada São Lucas Pintando a Virgem é obra do artista. Presume-se que tenha sido criada como um retábulo. Existem três cópias desta pintura, pelo menos, pois o mestre era tão admirado que artistas menores copiavam-no. A pintura mostra São Lucas (padroeiro dos artistas) retratando a Virgem Maria. Exames de refletografia infravermelha revelaram que este painel (Boston) foi realmente executado pelo artista. Wayden usou como cenário uma luxuosa casa burguesa da época, onde apresenta uma Virgem humanizada, sem os expressivos sinais de divindade.

A Virgem encontra-se à esquerda, sentada sobre um banco de madeira, como se fosse um trono, como prova de sua humildade. Acima de Maria uma peça de brocado vermelho pende das vigas, desce e passa por trás dela. No seu colo encontra-se o seu Menino, nu, sobre um pequeno lençol branco, sendo alimentado. Com a mão esquerda a Virgem segura o filho e com a direita dá-lhe o peito, enquanto o observa com grande amor. O pequeno Jesus fita o teto e traz a mãozinha esquerda em postura de bênção.

São Lucas, ajoelhado diante da Virgem, usa uma vestimenta vermelha. Ainda que não traga sinais que atestem a divindade do trio, existe um grande simbolismo na obra:

  • No braço do banco estão entalhados Adão e Eva nus, cuja simbologia é a queda da humanidade, razão pela qual se deu o nascimento do Salvador.
  • A abertura do pórtico em três partes simboliza a Trindade, assim como a janelinha circular, acima do pórtico.
  • O jardim fechado (hortus conclusus) ao fundo simboliza a pureza da Virgem.
  • Na escrivaninha (situada atrás de São Lucas), abaixo da janela, há um livro aberto, símbolo de São Lucas Evangelista.
  • Um boi, símbolo apocalíptico de São Lucas, aparece debaixo da escrivaninha.

O pórtico aberto, por onde entra a luz, permite visualizar a cidade situada às margens de um largo rio.  Duas figuras (um homem e uma mulher) estão de pé na ponte, voltados para o rio.

Ficha técnica
Ano: c.1435 – 1440
Técnica: óleo e têmpera sobre painel
Dimensões: 137,5 x 111 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.mfa.org/collections/object/saint-luke-drawing-the-virgin-31035
http://utpictura18.univ-montp3.fr/GenerateurNotice.php?numnotice=A6263

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TEMPO, TRABALHO E TÉDIO

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Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto, retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos fala sobre o sentimento de inutilidade e o valor do trabalho.

É doença muito triste o sentir-se inútil e incapaz para o trabalho. Desde a infância me ensinaram que a “preguiça é a mãe de todos os vícios”. Quem se sente sem o que fazer de bom e criador, usa muito facilmente o tempo disponível para pensar, sentir e agir para o mal, isto é, viver contrário à saúde e à paz. Tempo vago à disposição de mente impura é um perigo para o indivíduo e para a coletividade. Ao contrário, quem não desperdiça tempo, usando-o para pensar, sentir e fazer algo construtivo, não tem tempo para as doenças e para o tédio.

Tenho conhecimento de pessoas que, aproveitando-se de direitos à aposentadoria quando ainda moças e válidas, tornaram-se neuróticas, graças ao vazio que tomou conta de suas vidas. Verdadeiramente caíram vítimas da corrupção da mente. Neste caso, o tratamento mais adequado é a ergoterapia, isto é, tratamento pelo trabalho. Foi o que aconselhei a um amigo que, em várias oportunidades, lastimava-se dizendo que estava se aproximando o dia de aposentar-se e que se via amedrontado com a inutilidade e estagnação em que já vivia e que iriam aumentar. O tédio já era insuportável. Falou-me em suicídio.

Em resposta, disse a esse amigo que perderia o direito de fazer tantas queixas, de falar de sua angústia, se, no dia seguinte, não começasse a fazer algo. Não por si mesmo, mas pelos outros. Não com a atitude mental de quem toma uma poção amarga, mas fazer algo por alguém necessitado e fazer tudo com renúncia de qualquer remuneração e com alegria íntima, sem esperar compensação, mesmo que fosse sua melhora, sem esperar pagamento ou título de benemérito, nem da ação ou Karma Yoga, que significa união com Deus, através do trabalho no mundo. A ação só é redentora quando praticada num estado de não eu. Sem visar os resultados. Com seva, já o vimos. O Karma Yogui não se julga o autor das obras. Vive como instrumento nas mãos do verdadeiro obreiro: Deus. Para uma pessoa aposentada, com uma boa pensão e família criada, não necessitada de remuneração, o Karma Yoga não é difícil. Tal não é o caso de quem precisa ganhar subsistência.

A remuneração por serviços profissionais é direito de todos e não se pode rejeitar. Mas, mesmo os profissionais têm como, a certas horas e em certas circunstâncias, prestar serviços a Deus na pessoa do próximo. E como isto é terapêutico! Como faz bem! Os que não veem na vida outro objetivo senão o trabalhar para satisfazer sua aquisitite (doença que, obsessivamente, leva-nos a juntar sempre mais), aqueles que se matam para crescer, merecer, ganhar e mais ganhar, acabam adoecendo, não só por excesso de fadiga, mas adoecem também de traumatizante decepção, pois as riquezas, tão esforçadamente acumuladas, não o livram da decrepitude e da morte.  Essas pessoas se esquecem de que mortalha não tem bolsos.

Começamos esta conversa dizendo que a vadiagem é causa de doença. Chegou a hora de dizer também que a exacerbação no trabalho profissional não o é menos. O trabalho pode preservara saúde, pode curar, mas também enfermar. Tudo depende de como e quanto se trabalha. Trabalhe muito, produza muito, mas sem se esgotar, nem comprometer o tempo destinado à família, à recreação e ao serviço de Deus. Trabalhe com persistência, gostando do que faz, sentindo a importância do que faz. (Todo trabalho é valioso e necessário.) Seja justo no preço e honesto na performance. Faça o melhor que puder, não importa que seu trabalho seja humilde. Trabalho nunca é humilhante, a não ser aos olhos do ignorante. Quem é mais credor de respeito e de gratidão: o lixeiro perfeito ou o ministro corrupto?

Nunca se desespere, se uma infeliz situação o reduzir à invalidez. Se não puder trabalhar, aproveite todas as horas de solidão e medite, ou faça seus exercícios espirituais, procurando a comunhão com o Divino, seja pela oração, seja pelo estudo. O ócio só chega a ser deletério para a alma imatura. Quem sabe da Onipresença, nunca se sente só, mesmo que se encontre paralítico num hospital e esquecido dos amigos e abandonado pelos filhos e irmãos. Na solidão, o sábio cresce em poder espiritual. No ócio, o tolo se estiola e esvazia. Mas o sábio sabe tirar do ócio a quietude e o silêncio necessários a escutar a voz de Deus. Trabalhe. Viva. Transforme-se. Enriqueça-se espiritualmente, cumprindo sua missão nesta vida. Nunca se contente com o parasitar.

*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF no Google (ver na página 259 do livro a descrição de várias técnicas de relaxamento).

Nota: O Lavrador de Café, obra de Cândido Portinari

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Giovanni Bellini – A VIRGEM COM O MENINO…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Giovanni Bellini (c.1430 – 1516) nasceu em Veneza numa família de artistas. Era também conhecido pelo apelido de Giambellino. Seu irmão mais velho, Gentile Bellini, era também pintor.  Teve o pai – o respeitado pintor Jacopo Bellini, responsável por levar o Renascimento a Veneza – como primeiro mestre, que se dedicou intensamente a transformar seus dois filhos em importantes pintores. Giovanni tornou-se depois aluno de Andrea Mantegna, seu cunhado, que influenciaria grandemente sua arte. O foco de seu trabalho foi Veneza, onde teve sua própria oficina, sendo nomeado pintor oficial da cidade. Teve como aluno Ticiano, Giorgione, Lorenzo Lotto, entre outros grandes nomes da pintura.

A composição A Virgem com o Menino de Pé Abraçando a Mãe e também conhecida como A Madona e o Menino Jesus é uma obra do artista. Ela se encontra em solo brasileiro, sendo um dos quadros mais importantes do MASP. É também conhecida como “Madona Willys” em razão do nome de seu penúltimo dono (John N. Willys). Foi doada ao MASP por Walther Moreira Salles em 1957. Esta obra já recebeu inúmeras interpretações e dela foram feitas muitas cópias.

A Virgem, ocupando a parte central da tela, é mostrada em meio corpo, em posição frontal, vestida com uma túnica vermelha e, sobre ela, um manto azul com debruns  dourados que lhe cobre todo o corpo. Seus grandes olhos estão voltados para baixo, olhando à sua direita, como se estivesse em profunda reflexão ou observando algo. Um fino véu branco desce-lhe da cabeça em direção ao peito. Em seus braços está seu Menino. Sua mão direita envolve-o debaixo do braço e a esquerda segura seus pezinhos. Mãe e Filho formam uma pirâmide.

O Menino Jesus, nu, encontra-se de pé sobre um parapeito de madeira que separa a cena do observador. Traz o pescoço caído um pouco para trás e envolve o pescoço da mãe com um abraço, como se quisesse voltar seu rosto para ele. Sua barriguinha é protuberante e seus cabelos ralos.  Dois singelos halos circundam a cabeça de mãe e filho.

Uma cortina verde (ou painel) que parece descer do céu, encontra-se atrás da Virgem e do Menino, cobrindo parte de uma delicada paisagem em tons de verde e azul-claro. Um grande céu azul com nuvens brancas, que formam uma linha horizontal, toma grande parte da composição. No parapeito está a inscrição “JOANNES BELLINVS”, nome do artista. Embora muito simples, a obra é delicada e comovente, com ricas vibrações de claro-escuro e pastosa luminosidade, já prenunciando os próximos rumos em direção ao tonalismo de Giorgione.

Ficha técnica
Ano: c.1488
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 75 x 59 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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