Léger – COMPOTEIRA DE PERAS

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor normando Fernand Léger (1881 – 1955) iniciou seus estudos num colégio de Argentan, cidade onde nascera. De lá foi para uma escola religiosa em Tinchebray. Com a morte de seu pai, um criador de gado, ficou sob a responsabilidade da mãe e de um tio que, ao notarem sua queda para o desenho, enviaram-no para a cidade de Caen, onde viria a estudar arquitetura que, sob seu ponto de vista, era mais importante do que a pintura.

Léger seguiu para Paris quando contava com 19 anos de idade, indo trabalhar num estúdio de arquitetura como desenhista. Ao ser recusado como aluno pela Escola de Belas-artes, passou a estudar na Escola de Artes Decorativas. Infelizmente não existem trabalhos deixados pelo artista referentes a tal período, pois ele destruiu tudo que obrara até 1905. E mais uma vez Cézanne teve fundamental importância na vida de um artista. Léger encantou-se com seu trabalho, sendo-lhe fiel até o final de sua vida.

A composição intitulada Compoteira de Peras é uma obra do artista, um dos protagonistas da pintura contemporânea, sendo o criador daquilo que se chamou “maquinismo pictórico”, pois tudo em sua obra adquiria o aspecto de aparelhos mecânicos. Sobre a mesa da cozinha são visto inúmeros objetos, dentre eles a compoteira, à esquerda, com três peras verdes. Este quadro encontra-se no acervo do MASP desde 1948.

Ficha técnica
Ano: 1923
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 80 x 100 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Views: 2

TRANSTORNOS MENTAIS E RELIGIÃO

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

Se pensarmos no homem primitivo, esse vai construir a casualidade das doenças diretamente ligada às divindades: sejam deuses ou demônios. Achavam que as doenças ocorriam como forma de punição, tanto que ofereciam oferendas para acalmar a “ira” dos deuses. (Dr. Pérsio Ribeiro Gomes de Deus)

 O psiquiatra e mestre em Ciências das Religiões, Dr. Pérsio Ribeiro Gomes de Deus, especializado nas relações entre religiosidade e saúde, chama a atenção para o fato de que “antes de a psiquiatria ter reconhecido os estados da bipolaridade, por exemplo, podemos encontrar inúmeros relatos desta forma de doença, como a que está escrita na Bíblia com respeito ao Rei Saul de Israel que alternava períodos de extrema depressão e períodos de euforia, inclusive com ideias paranoides. Davi, o salmista, era chamado para, com sua música, acalmar os períodos de tristeza do rei Saul”.

Não ficou totalmente no passado a ideia de que a doença, principalmente as mentais, era um castigo dos deuses. Até hoje é possível deparar com pessoas mal informadas que ainda pensam assim, pois tal visão exerceu influência sobre todo o pensamento judaico cristão, sendo propagada com intensidade. A própria Bíblia, na parte referente aos Salmos de Davi, reforça a ligação entre pecado e doença, como afirma o salmo 31: “compadece-te de mim, Senhor, porque me sinto atribulado; de tristeza os meus olhos se consomem, e a minha alma e o meu corpo. Gasta-se a minha vida na tristeza e os meus anos em gemidos, debilita-se minha força, por causa dos meu pecado”.

A ligação entre pecado e doença, principalmente as de origem mental, somente veio a amainar depois do Renascimento, quando foram redescobertos os ensinamentos de Hipócrates, referentes a cerca de 400 anos a.C., período em que esse mestre grego já empregava termos como “mania” e “melancolia”, ao descrever fases de alterações de comportamento. Os estudiosos da época começaram a perceber que a doença poderia não ser de procedência espiritual como imaginavam. Foi a partir desse momento que nasceram as bases do desenvolvimento da medicina atual para o bem da humanidade.

O avanço da Ciência no estudo dos transtornos mentais foi tornando a ligação entre pecado e doença cada vez mais obsoleta. Infelizmente, ainda em pleno século XXI, é possível encontrar religiões que persistem em reafirmar tal ligação, no intuito de prender seus fieis pelo temor, principalmente de olho no “dízimo”. Há inclusive dirigentes religiosos que impedem até mesmo o uso de medicamentos e de tratamentos psicoterápicos sob a alegação de que “quem cura é a fé em Deus”. Quem quiser ter uma amostragem de tal atemorização e falta de conhecimento (ou até maldade mesmo) basta assistir a certos programas religiosos pela televisão ou pelo rádio. Trata-se de um caso de polícia que deveria ser coibido com rigor, pois tais comportamentos atingem principalmente as pessoas mais humildes. Em vez de ajudá-las a minorar o sofrimento ocasionado pelo transtorno mental, algumas religiões agigantam-no sem dó ou piedade, no intuito de gerar lucros com a miséria do outro.

Nota: A Crucificação, obra do artista espanhol Pablo Picasso.

Fonte de pesquisa
Grandes Temas do Conhecimento – Psicologia/ Mythos Editora

Views: 1

Guido Reni – LUCRÉCIA

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Guido Reni (1575 – 1642) foi aluno do artista holandês Denis Calvaert que vivia próximo a Bolonha, vindo depois a trabalhar com seu mestre. Também frequentou a Academia dos Carracci, em Bolonha, onde viveu o resto de sua vida, embora tenha feito viagens a Roma, Ravena e Nápoles. Após a morte de Annibale Carracci, ele veio a tornar-se mestre da pintura barroca em Bolonha. Sua obra é composta por afrescos, narrativas mitológicas, retábulos e retratos.

A composição denominada Lucrécia, também conhecida como O Suicídio de Lucrécia, é uma obra do artista. Durante os séculos XVI e XVII esta temática foi altamente recorrente no campo das artes. Ao contrário das inúmeras telas do pintor com este mesmo tema, esta Lucrécia apresenta-se abatida, terna e sentimental, sem a coragem que demonstra em outros de seus trabalhos. Ela está mais parecida com a imagem de uma santa martirizada.

A jovem Lucrécia, numa representação de meio corpo, encontra-se sentada, seminua, com os pequenos seios à vista, diante de um cortinado e ao lado de um móvel. Como adorno, ela traz apenas brincos e um enfeite nos cabelos. A maior parte de seu corpo, que se inclina para a esquerda, ocupa o lado direito da tela. Sua pele branca está marcada por um pequeno corte abaixo dos seios e algumas gotas de sangue. A cabeça, voltada para cima sugere que esteja a fitar algo.

Uma túnica branca envolve a parte esquerda do corpo de Lucrécia, transpassando-lhe a cintura e colocando em destaque seu ferimento. Sua mão esquerda segura a túnica, como se ela quisesse dar mais visibilidade à ferida. Na mão direita, assentada sobre o colo coberto com um tecido azul, está a adaga responsável pelo ferimento.

Esta obra encontra-se em solo brasileiro, tendo sido doada ao MASP, em 1958, pelo príncipe Lubomirski e sua esposa.

 Nota: Lucrécia foi uma dama romana, filha de um dos prefeitos de Roma (Espúrio Lucrécio) e mulher de Lúcio Tarquínio Colatino. Segundo os historiadores da época, ela foi abusada sexualmente por Sexto, filho de Tarquínio, o Soberbo, suicidando-se após contar ao pai e ao marido o que lhe acontecera e pedir vingança.

 Ficha técnica
Ano: c.1625/1640
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 113 x 90 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Views: 8

Cézanne – ROCHEDOS EM L’ ESTAQUE

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

Aqui há belíssimas vistas, porém, isto não é suficiente para oferecer o motivo. Todavia, quando o sol pousa, subindo um pouco, há uma bela vista de Marselha e das ilhas ao fundo, tudo envolvido na luz do crepúsculo, dando um belo efeito decorativo. (Cézanne)

 Cézanne concebeu a pintura como pesquisa pura e desinteressada, semelhante à do cientista ou do filósofo. (Giulio Argan)

O pintor francês Paul Cézanne (1839 – 1906) era filho do exportador de chapéus Louis-Auguste Cézanne que depois se tornou banqueiro e de Anne-Elisabeth-Honorine Aubert, tendo nascido na pequena cidade de Aix-en-Provence. Teve duas irmãs, Marie e Anne, nutrindo uma relação mais forte com a primeira que sempre tomava o seu lado, em relação ao autoritarismo do pai. Cézanne e Marie nasceram quando seus pais ainda mantinham uma relação secreta.

A composição denominada Rochedos em L’Estaque é uma obra do artista e encontra-se em solo brasileiro. Faz parte do acervo MASP desde 1953. Trata-se de uma maravilhosa tela, uma das obras-primas do pintor, executada nas cercanias do vilarejo, onde ele viveu durante muito tempo.  Retrata as rochas com seus fortes volumes, vistos de baixo para cima. Sobre elas encontram-se uma escassa vegetação. É possível ao observador captar o peso e a aspereza dos rochedos que contrastam com o pedaço de mar azulado a perder-se no horizonte, sob um céu de um suave azul.

O vilarejo montanhoso de L’Estaque (sul da França) e seus arredores serviram de morada e de inspiração para muitos pintores impressionistas e pós-impressionistas, tendo Paul Cézanne imortalizado o lugar com inúmeras composições. Ele aproveitava a mudanças das estações, nas quais estavam embutidas as transformações da luz diurna, para pintar várias partes da aldeia. A casa que lhe serviu de moradia e refúgio durante a guerra de 1870 oferecia-lhe uma majestosa vista, propiciando-lhe trabalhar com a luz e a sombra. Assim, ele a descreveu: “Há umas rochas que começam atrás da minha casa e pinheiros…”.

Ficha técnica
Ano: 1882 a 1885
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 73 x 91 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Views: 5

Van Gogh – NATUREZA MORTA COM FLORES

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

A arte é o homem acrescentado à natureza: a natureza, a realidade, mas com um significado, um personagem, que o artista traz e ao qual ele dá expressão, que ele libera, emancipa, ilumina. (Van Gogh)

 O genial pintor holandês Vincent van Gogh (1853 – 1890) é, sem sombra de dúvidas, um dos grandes nomes da pintura universal. Mas não é fácil falar sobre ele, pois suas paixões e sentimentos estão ligados à arte de tal forma que não é possível ater-se ao seu trabalho sem mergulhar na nobreza de sua alma impregnada de nobres ideais, aos quais se entregou, a ponto de sacrificar a própria vida, pois nele tudo funcionava como um todo indivisível e exacerbante ao extremo. Contudo, a sua genialidade artística só foi reconhecida após sua morte. Mesmo tendo pintado 879 quadros em menos de uma década, só conseguiu vender um, A Vinha Vermelha, por um valor insignificante. Atualmente, seus quadros estão entre os mais caros do mercado das grandes obras de arte.

A composição denominada Natureza-Morta com Flores ou ainda Natureza-Morta com Prato, Vaso e Flores é uma obra da primeira fase do pintor, ainda sem o arrebatamento que seu trabalho traria anos depois, quando se tornaria repleto de luminosidade e de formas perturbadoras que viriam, após sua morte, a encantar o mundo das artes.

O quadro apresenta um grande prato de cerâmica, tendo à frente um vaso azul. Um segundo vaso está virado próximo a um livro. Flores diversas espalham-se pelo local. Esta obra faz parte do acervo do MASP desde 1954.

Ficha técnica
Ano: 1884/1885
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 54 x 45 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Views: 8

ALERTA: TRANST. MENTAIS X CUIDADOS MÉDICOS

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Elaine Santos

Lu, quanto tempo! Eu continuo lendo todos os comentários novos e às vezes revejo os antigos, para me lembrar de que mais pessoas estão na mesma situação que eu. Nesse tempo que fiquei longe, muitas coisas aconteceram comigo: troquei de remédios três vezes, passei pelo neurologista e quase perdi minha vida pelo descaso dos médicos consultados.

Estava tomando o oxalato de escitalopram e melhorando aos poucos, mas de janeiro para cá comecei a ter alguns sintomas diferentes que começaram a atrapalhar a minha rotina. Fui piorando aos poucos. Passei por uma médica que trocou meu antidepressivo, achando que podia ser efeito do oxalato de escitalopram. Tomei o novo remédio durante um mês (não me lembro do nome), mas me sentia muito mal, cada vez pior. Já não andava direito e estava perdendo o movimento das pernas. Voltei à médica que o mudou para cloridrato de sertralina e mandou-me procurar um neurologista e assim fiz. Expliquei-lhe como estava me sentindo: fraqueza, formigamentos que me atrapalhavam andar (eu já arrastava a perna direita) e outros sintomas mais. Ele apenas disse que era estresse e me deu um remédio pra dormir que nem mesmo fez efeito.

Fui ficando tão doente, ao ponto de não conseguir sair da cama de tanta fraqueza. Todos os médicos consultados diziam que a causa era o Transtorno do Pânico. Contudo, um mês atrás, eu acordei tão mal que pedi pra me levarem ao pronto-socorro. A médica que me atendeu pediu logo um exame de sangue e constatou que eu estava com uma anemia gravíssima. Fui para a Santa Casa, onde precisei fazer transfusão de sangue imediatamente e voltei no mesmo dia para casa. No dia seguinte, porém, fui internada de novo para fazer outra transfusão e tratar uma grave pneumonia. O médico da equipe me olhou e disse que meu caso era muito difícil de reverter, pois meu estado era gravíssimo. Eu já estava pensando 53 quilos (pesava 67 antes), não comia uma refeição completa há quase um mês, mas apenas frutas. Mal conseguia ficar de pé.

Graças a Deus, por ter um convênio, os médicos da Santa Casa conseguiram salvar a minha vida (o SUS não aceitou o meu caso). Foram cinco bolsas de sangue no total, muito sofrimento, inúmeras picadas de injeção em diversos lugares, um mielograma muito dolorido e traumatizante, mas estou aqui, viva. Nesse tempo, eu tive que parar de tomar a sertralina, pois ela se misturava aos outros remédios e me fazia muito mal.

Hoje já faz um mês que não tomo nada. Encontro-me bem, trabalhando, mas perdi o semestre da faculdade por causa da doença. Sempre tive anemia crônica, mas nunca tinha passado por isso. Durante todo o tempo, eu ficava acreditando que todos os sintomas eram relativos ao transtorno do pânico e, por isso, quase perdi a vida. Só então percebi o quanto é grande o descaso e a incompetência dos médicos ao lidar com pessoas que tomam antidepressivos. É uma verdadeira falta de responsabilidade, de respeito e de amor ao paciente. Eles são incapazes de pedir exames físicos, achando que tudo diz respeito à mente. Se tivessem me pedido exames de sangue no começo, eu não teria passado por todo esse pesadelo.

Este meu texto tem como objetivo alertar as pessoas que sofrem de transtornos mentais. Elas precisam parar de ter vergonha e se esconder, para que possam ser atendidas com dignidade. Não podemos ser tratados de qualquer jeito, só porque temos uma doença  mental. Precisamos ser respeitados e não mandados para casa com um calmante por um médico que nem sequer olha na nossa cara. Precisamos exigir que eles também voltem o olhar para o nosso corpo como um todo, trabalhando com outras possibilidades em razão de alguns sintomas que surgem, não agregando tudo ao antidepressivo ou à síndrome mental. Precisam pedir um hemograma vez ou outra, conhecer um pouco do histórico de vida de cada paciente. Não há como ter uma mente sã num corpo doente. A medicina não pode ser tão esquartejada (dividida em compartimentos específicos) a ponto de comprometer a vida do paciente.

Eu quase perdi a minha vida por causa de uma anemia perniciosa, ou seja, por falta de vitamina B12. Quase deixei minha família e minha garotinha de três anos. Foram sete dias internada e sofrendo muito. Tudo teria sido resolvido com um simples exame de sangue. Ainda não descobriram o problema das minhas pernas, ainda estou com limitações para me locomover, mas estou viva e em tratamento, fazendo mais exames. Creio que logo tudo irá estar bem. Quanto ao antidepressivo, segundo a médica, tenho que tratar do corpo primeiro e depois da mente. Talvez eu volte ao oxalato escitalopram ou talvez nem precise mais dele, pois a falta de vitamina B12 causa tudo o que eu sentia, mas isso é somente ela quem decidirá. Agora só peço a Deus saúde e que tudo volte ao normal.

Lu, eu lhe agradeço pelo carinho de sempre.

Nota: Criança Doente, obra de Evard Munch

Views: 1