Scorel – DESCANSO DURANTE A FUGA PRO EGITO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor, engenheiro e arquiteto holandês Jan van Scorel (1495 – 1562) estudou com o mestre Cornelis Willemsz, na sua oficina. Fez muitas viagens, chegando até Rodes e Roma, onde se tornou sucessor de Rafael Sanzio, ao ser nomeado pelo Papa Adriano VI, ficando responsável pela coleção papal de arte antiga. Retornou à Holanda anos mais tarde, vindo a morar em Haarlem e Utrecht. Contudo, ele voltou a viajar, chegando até à França, onde recebeu uma educação humanista. Dentre as suas obras estão, principalmente, retábulos e retratos.  Sua pintura difere-se pela riqueza das cores e por uma forma composicional nítida.

A composição denominada Descanso durante a Fuga para o Egito é uma obra maneirista do pintor, executada, provavelmente, durante sua primeira visita à Itália, ou logo após sua volta a seu país de origem. É possível notar a influência da arte renascentista italiana sobre o pintor holandês. O Menino foi copiado de Michelangelo e a massa piramidal composta pela Virgem lembra a obra “Caridade” de Andrea del Sarto. A paisagem, no relacionamento com os personagens, também contém influências da arte italiana.

A cena, que acontece ao ar livre, apresenta a Sagrada Família descansando da longa viagem que faz ao Egito, para fugir de seus perseguidores. A Virgem Maria, em primeiro plano, está sentada sobre uma rocha, com seu Menino, nu, ao colo. Ambos formam uma pirâmide. Seus cabelos dourados estão trançados e presos. Ela usa uma blusa vermelha, amarrada abaixo do seio e nas mangas, e uma saia estampada. Traz no colo uma manta colorida, onde estava enrolado o filho. A sua figura volumosa toma quase a metade da tela.

Por se tratar da fuga da Sagrada Família para o Egito, conclui-se que seja José, em segundo plano, em busca de alimento, com uma veste atípica, que deixa partes de seu corpo à vista. Três outras pessoas são vistas à distância, assim como os restos de edificações clássicas em meio à vegetação, sob um céu brumoso.

Ficha técnica
Ano: c. 1519 a 1524
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 57,8 x 74,5 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Könemann

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Tiepolo – APOLO PERSEGUINDO DAFNE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Giovanni Battista Tiepolo (1696–1770) trabalhou com a ornamentação de igrejas e palácios da aristocracia de Veneza. Pintor renomado, cuja arte contribuiu para o engrandecimento da pintura italiana do século XVIII, fez trabalho para as cortes francesa, inglesa, espanhola e russa. Seus filhos Domenico, Lorenzo e Giovanni também eram pintores.

A composição intitulada Apolo Perseguindo Dafne é uma das obras mitológicas de Tiepolo que, como as demais, tornou-se muito popular. Ela vem diretamente das “Metamorfoses” de Ovídio que narra a paixão de Apolo, deus da juventude e da luz, pela ninfa Dafne, filha do rio-deus Peneu e seguidora da deusa Diana. O deus Apolo apaixona-se pela ninfa, depois de ser atingido pela seta de ouro de Cupido, após irritar o pequeno deus com a sua arrogância. Em contrapartida, o deus do amor atingiu a ninfa com uma flecha de chumbo, para que essa tivesse aversão pelo apaixonado.

A cena dramática, intensa e cheia de movimentos, que se passa debaixo de um pinheiro, narra o momento em que Dafne, fugindo de Apolo, encontra seu pai. Ela lhe pede para acabar com seu sofrimento. Peneu, para proteger a filha, lança-lhe um feitiço. Embora os dois se encontrem de costas um para o outro, ele gira seu corpo para protegê-la. A ninfa começa a transformar-se numa árvore (loureiro), como mostram seus antebraços e mãos já engalhados e sua perna esquerda já transformada num tronco. Escondido atrás do manto branco da ninfa e de seu pai está Cupido, que observa atentamente o resultado de sua travessura. O impulso do corpo de Apollo para frente, enquanto corre, como mostra o movimento de sua perna direita, parece ser o responsável para que Dafne incline-se para trás, amedrontada.

Dafne, com seu corpo nu impregnado de luz, é modelada com grande beleza em meio à atmosfera de uma tarde quente, numa paisagem paradisíaca. Apolo veste um manto dourado, com o Sol por trás de sua cabeça, formando um halo. Ele aponta o dedo indicador da mão direita para Dafne, enquanto traz na esquerda sua aljava. O grande pote tombado, jorrando  água, tendo o deus rio com um braço descansando sobre ele, faz parte da iconografia de Peneus, assim como a pá e o buraco escavado no solo.

Tiepolo fez várias versões do mito Daphne e Apolo, mas este é considerado o mais dinâmico, belo e original.

Ficha técnica
Ano: c.1765/66

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 68,5 x 87 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://soundcloud.com/nationalgalleryofart/440-tiepolo-aebb89fe-ee1a-4762

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PRESÉPIOS – 300 ANOS DA CIDADE DE TIRADENTES

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Autoria de Luiz Cruz

                   

 Por volta de 1702, a primeira ocupação da região do Rio das Mortes foi o Arraial de Santo Antônio, logo fortalecido pelos recursos advindos das atividades auríferas.  Após a instalação do Arraial de Nossa Senhora do Pilar – o Arraial Novo, Santo Antônio passou a ser chamado de Arraial Velho.  Em 19 de janeiro de 1718, o local foi promovido à categoria de vila com o topônimo São José, vindo a ser mais conhecida como São José do Rio das Mortes e em seguida São José del-Rei.  Em 07 de outubro de 1860, obteve nova promoção, com o nome de “cidade e município de São José del-Rei”. Após a proclamação da República, através do Decreto Nº 3, de 6 de dezembro de 1889, passou a ser chamada de “município e cidade de Tiradentes”. Ao longo do século XVIII, a categoria “vila” equivalia ao título de cidade, portanto, em 2018, a localidade completa 300 anos de emancipação política e administrativa.

Para celebrar a efeméride, o Centro Cultural Yves Alves-CCYA realiza a exposição Presépios – 300 Anos da Cidade de Tiradentes. O CCYA recebeu como doação o presépio do artista Antônio Ferreira Gomes (1895-1978). Esse era um dos presépios mais emblemáticos da cidade. O artista e sua esposa, Dona Anésia, sempre o montavam na sala de visitas da casa, na Rua Direita, 111. Esse ritual se iniciava em novembro, com a plantação de arroz e alpiste em latinhas de goiabada, sardinha e outras. Nos primeiros dias de dezembro, após as primeiras chuvas, o casal e a meninada subiam a Serra de São José, com os balaios, para buscar enfeites: musgos, bromélias, líquens, murta e areia branca. A armação do presépio atraia a atenção de muitos e ao ficar pronto causava deslumbramento a todos. À noite recebia visitas de grupos de Folias de Reis. Era uma grande mobilização e um encantamento!

O Presépio de Antônio Gomes é de cerâmica, algumas peças cozidas e outras em barro cru. Ele copiou as principais do antigo presépio de Antônio Veloso (do século XVIII) e acrescentou outras de sua criação, como o flautista, a paralítica, a camponesa, o pedidor de esmolas e o pescador, colocadas junto às peças tradicionais, no cenário emoldurado por uma serra feita com pó de minério e ao fundo uma paisagem com edificações antigas, pintada sobre tecido.

Antônio Gomes foi um artista de muitas habilidades: santeiro, restaurador, pintor, fogueteiro, pedreiro, sapateiro, agricultor – aquela pessoa que se interessava por tudo e por todos. Como fogueteiro coloria os céus com fogos de artifícios em todas festas e fazia o “Judas” que era arrebentado no Domingo de Aleluia, após a leitura do “Testamento”, que deixava  coisas inusitadas para o povo. Sofrera um acidente em sua foguetaria que teve consequência para o resto da vida, mas mesmo com problemas na coluna vertebral, sempre enfrentou longas jornadas de trabalho e procurava atender a todos que o procuravam por suas habilidades peculiares. Após sua morte e a de Dona Anésia, o Presépio foi vendido para o casal Dalma e Yves, que o emprestou para ser armado em diversos locais. Depois, a família o doou para o CCYA, onde tem sido montado todos os anos. Como se trata do presépio mais tradicional da cidade, por iniciativa do Conselho Municipal de Políticas Culturais e Patrimônio foi restaurado pela Anima Conservação e Restauro e será tombado pela municipalidade como patrimônio cultural.

Outros presépios curiosos existiram em Tiradentes e chamavam a atenção pela singularidade. Um deles era o de Antônio Veloso, na Rua Padre Toledo, 13. Com as peças em terracota, ficava o ano todo montado na sala. O da família Lopes da Cruz, na Rua Padre Toledo, 106, passava o ano inteiro armado na alcova e destacava-se pela quantidade de peças, inclusive de casinhas, sobrados e capelas. Muitas delas eram de papelão e havia peças em  celuloide, bem leves e fininhas. Até o presente diversas famílias tiradentinas mantém a tradição de montar os presépios, inaugurá-los no dia 8 de dezembro e desmontá-los somente depois do dia 20 de janeiro, após as visitas das Folias de São Sebastião.

A exposição Presépios – 300 Anos da Cidade de Tiradentes tem curadoria de Luiz Cruz e Pepe de Córdoba e apresenta o Presépio de Antônio Gomes restaurado e outras obras do século XVIII ao XXI referentes ao tema. Será inaugurada no dia 8 de dezembro e ficará até o dia 22 de dezembro, quando o CCYA terá recesso. Depois retornará de 6 a 14 de janeiro. A exposição celebra os 300 anos da cidade e comemora, também, os 20 anos de atividades do Centro Cultural Yves Alves. Além da exposição, outros presépios são montados na cidade, na Matriz de Santo Antônio, no Santuário da Santíssima Trindade e nas capelas de Nossa Senhora do Rosário, de São João Evangelista, de Nossa Senhora das Mercês e no Museu da Liturgia.

*Professor, sócio-fundador e presidente do Conselho Deliberativo do CCYA

Créditos:
Realização: Centro Cultural Yves Alves

Luiz Cruz e  Pepe de Córdoba
Pesquisa, texto, e fotografia: Luiz Cruz
Fotografias dos pastores do Presépio de Aleijadinho, acervo Museu da Inconfidência: Eugênio Sávio
Montagem: Luiz Cruz, Pepe de Córdoba e Alberto Lopes
Equipe do CCYA: Gláucia Vitor, Regina Carvalho, Eliseu Cruz, Alberto Lopes, Ricardo Ribeiro, Gina Valéria, Haydee Trindade, Nathália V. Souza

Apoio: Centro Cultural SESIMINAS Yves Alves, Conselho Municipal de Políticas Culturais e Patrimônio, Paróquia de Santo Antônio, Arquiconfraria da Santíssima Trindade, Anima Conservação e Restauro, IPHAN, UFMG, ICBO, Renato Diniz, Alexandre Mascarenha, Família Costa, Antiquário Nobre Decadência, Solar da Ponte, Nícia Braga, Luciana Braga Giovannini, Dorothé Lenner, Bolão Divino, Ulisses Passarelli, Sérgio Carvalho, Jango Silva, Lucas Silva, Rita Gomes,  Brasileirinho, João Elias, Felipe Callipo

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Gainsborough – MASTER JOHN HEATHCOTE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada Master John Heathcote é uma obra-prima do pintor inglês Thomas Gainsborough, em que fica patente o virtuosismo técnico alcançado por ele em sua arte. Trata-se de uma obra de sua maturidade artística e nela fica evidente a influência de Anthony van Dick, artista que ele tanto admirava.

Antes de tudo, é preciso que o leitor saiba que se trata de um retrato de um garoto e não de uma menina, em razão de sua vestimenta, comum a uma época em que meninos e meninas vestiam do mesmo jeito até os seis anos de idade.

O garotinho encontra-se em primeiro plano, ao ar livre, de frente para o observador. Seu rosto risonho e angelical apresenta olhos verdes, bochechas e lábios vermelhos. Os cabelos dourados formam cachos nas pontas. Seu vestido branco, finamente trabalhado, desce até os pés, deixando uma ponta de seu sapato vermelho à vista. Uma larga faixa de cetim azul, amarrada à cintura, forma um enorme laço à esquerda, com as pontas tocando a barra do vestido. Na mão direita traz um delicado buquê de flores miúdas.

Atrás do pequeno John Heathcote, ao fundo, desenrola-se uma paisagem simples e rústica, mas cheia de leveza.

Imaginemos, hoje, um menino sendo retratado usando um vestido decotado, laços e sapatos vermelhos e, além disso, trazendo um ramalhete de flores… Como os tempos mudam!

Ficha técnica
Ano: 1770

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 127 x 101 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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A MAGIA DAS PEDRAS BRANCAS

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Autoria de Beto, O Livreiro dos Araçás

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Para descansar não há nada melhor do que uns dias na praia. Não digo aqueles de alta temporada, pois nessa época é provável que a pessoa volte mais cansada do que foi. Sei que essa questão de gosto é individual. Para alguns uma semana de compras em país estrangeiro é deleite garantido, para outros é o contato com as matas fechadas, outros ainda relaxam enquanto visitam museus dos mais diversos tipos. Cada um tem sua preferência. Quem irá dizer o que realmente nos faz bem, senão nós mesmos?

A última vez em que estive na praia, fiz a coisa que mais gosto, que é caminhar descalço na areia. Ah como é bom caminhar na areia! Os pés tocando o solo, descarregando nosso corpo das vibrações negativas. Caminhando, comecei a pensar nas pessoas que amo. A maioria estava longe e me deu uma vontade muito grande de estar perto delas. Imediatamente me pus a pegar do chão pedrinhas brancas. Por que brancas? Escolhi as de cor branca por simples analogia à cor da paz e da pureza. E, diante de tanta variedade de pedras, haveria de fazer uma escolha, porque senão juntaria uma pedreira. Fui caminhando e agachando a cada pedra “preciosa” que encontrava e colocando-as em um saquinho de plástico. Levaria comigo quantas fosse capaz de recolher.

Há algum tempo, um livro me ensinou que não existe nada, mas nadinha, mais precioso do que o poder da gratidão. É certo que se deve almejar sempre algo mais ou melhor, mas, por outro lado, não conseguiremos isso maldizendo a vida que possuímos, as coisas materiais que temos, reclamando das pessoas em torno de nós. Um dos autores desse livro queria dedicar um ou dois minutos de seu dia para agradecer por tudo aquilo que a vida lhe entregara, mas, com o atropelo da rotina, quase sempre se esquecia. Um dia, olhando uma gaveta, achou uma velha pedrinha que sua filha, quando ainda era uma criança, deu-lhe como presente. Sorriu com satisfação. Era uma lembrança boa.

O autor agradeceu pelos filhos perfeitos que possuía. Pegou a pedra na mão e teve uma brilhante ideia: “Vou levar esta pedrinha comigo, em meu bolso, todos os dias”. Todas as manhãs a rotina se cumpria, junto a sua carteira, aliança, celular, lá estava sua pedrinha. Ao pegá-la, agradecia em pensamento tudo aquilo que fazia parte de sua vida. À noite, quando chegava em casa, repetia o ritual ao contrário, pois ao esvaziar os bolsos estava lá o “lembrete” simbolizado pela pedra. E, novamente, fazia seus agradecimentos.

Esse livro diz que se há alguma coisa de extrema relevância em nossos pensamentos é a força da gratidão. Após tomar conhecimento, adorei a ideia e fiz o mesmo. Interessante lembrar que tinha guardado uma pedrinha que minha filha Maria me deu, então automaticamente passei a adotar tal procedimento. E, enquanto caminhava na praia, tive a ideia de levar “pedrinhas da gratidão” a todos os que me são caros, pois, juntamente com um papel escrito, entenderiam os motivos que me levaram a presentear meus amigos e familiares com simples pedras brancas.

Já no caminho de volta, pensei na cena: eu dando uma pedra para cada um. Fiquei com vergonha. Naquele momento pensei: as pessoas não vão entender o meu presente, algumas prefeririam camisetas, bonés, ou qualquer coisa que se possa usar sobre o corpo. Desisti da ideia, pensando que alguns iriam dizer que fiz isso simplesmente por economia… Penso que muitos não entenderiam o que imaginei.

Muito mais importante do que um presente que proporcione o uso é oferecer um presente que provoque alguma mudança positiva nas pessoas. Mas não tive peito para isto. Ao desfazer as malas, foi deixada na estante da sala a riqueza que eu trouxera da praia: minhas pedras brancas. Fui até o tanque e as lavei para tirar o que sobrou de areia. Depois, coloquei-as em um vidro e completei com água juntamente com um produto para deixá-las mais claras. Minha tristeza foi não conseguir fazer como havia planejado, faltou-me coragem; e, por isto, eu as deixarei à espera de pessoas que valorizem as pequenas coisas.

Essas pedrinhas são muito preciosas para estarem nas mãos de pessoas que não as valorizem. Escolhi entregá-las à medida que forem sendo pedidas. Sei que muitos daqueles, para os quais peguei as pedras, irão pedi-las. Posso ter feito mau juízo de alguns, mas cada um dos que me pedir, irá me trazer uma alegria para o coração. Saberei então que estamos sintonizados na mesma rádio. Será um prazer poder dividi-las.

Beto, o Livreiro dos Araçás (Estante Virtual)
E-mail: livreirodosaracas@hotmail.com

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Mestre de Flémalle – SÃO JOÃO BATISTA COM…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada São João Batista com Henry de Werl, e também conhecida por Altar de Werl, ou ainda O Tríptico de Werl, do qual só restam as laterais, é uma obra do Mestre de Flémalle, pintor flamengo. Há um grande consenso na opinião acadêmica de que ele deve ser identificado como sendo o pintor Robert Campin (c.1375 – 1444) que foi o principal pintor de sua época, em Tournai, mas cujas imagens documentadas não sobreviveram.

Estas duas pinturas compõem o “Altar de Werl”, retábulo formado por três painéis. O painel central, infelizmente, perdeu-se através dos tempos. O artista, em sua obra, preocupa-se, sobretudo, com o cenário, sendo que cada objeto possui sua identidade própria. Várias fontes de luz iluminam o ambiente dos dois cenários aqui apresentados. Embora se tratem de um ambiente burguês, o artista não permite perder seu conteúdo religioso.

A primeira cena, apresentada pelo painel à esquerda, mostra um religioso que se encontra numa varanda, ajoelhado, rezando de frente para uma porta aberta, que dava para o painel central. Ele é um teólogo franciscano (Heinrich von Werl), doador da obra, cujo título leva o seu nome. Atrás dele está São João Batista que veste um manto vermelho. Este manto, usado sobre sua humilde vestimenta de pele de camelo, simboliza sua morte como mártir. Na mão esquerda, ele segura um livro fechado e, sobre ele, um cordeiro que simboliza Jesus Cristo. Às costas do santo, através da janela aberta, divisa-se uma bela paisagem. Um móvel, à sua esquerda, traz pendurado um espelho convexo (influência de Jan van Eyck), onde metade da cena da frente se reflete.

O outro painel, que representa a ala direita do retábulo, apresenta Santa Bárbara, sentada num banco de madeira, coberto com almofadas vermelhas, lendo um livro sagrado. Ela usa uma suntuosa vestimenta azul e dourada, coberta por um manto verde. Atrás dela, o fogo crepita na lareira, iluminando parte do ambiente. Olhando através da janela pode-se observar a cena de seu martírio que é ali retratada.

Os dois painéis sobreviventes tornaram-se famosos, sobretudo, pelo tratamento que o artista deu à forma e à luz, tendo influenciado inúmeros artistas.

Ficha técnica
Ano: 1438

Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 101 x 47 cm (ambos os painéis)
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fonte de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

http://www.cruzterrasanta.com.br/significado-e-simbolismo-de-sao-joao-batista

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