O CANGAÇO DE LAMPIÃO

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria do Prof. Rodolpho Caniato

Talvez o assunto do cangaço e as bárbaras proezas de “Lampião” tenham sido mais insistentes e frequentes durante minha infância no Rio. Era muito frequente o comentário sobre as tentativas das “volantes” em capturar o “bando” que atemorizava e, muitas vezes, barbarizava especialmente os fazendeiros do Nordeste.

Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião”, com sua companheira Maria Bonita sempre escapavam e levavam “a melhor” no confronto com as patrulhas do exército. Isso trazia não só intranquilidade como deixava visível a miséria do Nordeste. Lampião, para muitos, era uma espécie de “Robin Hood” tropical diante da pobreza e degradação nordestina na época dos grandes fazendeiros, os “coronéis”.

Esses episódios trágicos contribuíram para pôr em evidência a pobreza, a violência e a miséria reinantes numa grande região do Brasil, o Nordeste. Foram muitos anos de escaramuças entre o bando de “cangaceiros” e as “volantes”. Lampião e seu bando sempre levavam “a melhor”.

Finalmente uma patrulha, graças a uma delação, conseguiu emboscar e derrotar o grupo de Lampião.  Toda a liderança do grupo foi morta e decapitada. Lembro-me da fotografia de jornal em que apareceram todas as cabeças, cortadas e expostas numa tábua como “prateleira”, de Lampião, Maria Bonita e de seus “cangaceiros”. Era um golpe fatal no cangaço que havia aterrorizado o Nordeste durante as primeiras décadas do século XX. Essa foi uma, sem dúvida a principal e mais chocante, das notícias que vi e de que me lembro, pouco antes que nossa mudança deixasse, por anos, o Rio de Janeiro, em 1938.

Nota: Extraído do livro “Corrupira”, ainda inédito, do autor.

Imagem: Cangaceiro, obra de Portinari

Views: 0

Francis Bacon – TRÊS ESTUDOS DE LUCIEN FREUD

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

saba12

É uma verdadeira obra-prima e uma das mais excepcionais pinturas leiloadas nesta geração. Um ícone incontestável do século XX, que marca o relacionamento de Bacon e Freud, em homenagem ao parentesco criativo e emocional entre os dois artistas. (Francis Outred de Christie)

A obra conhecida como Três Estudos de Lucian Freud encontra-se entre as 50 pinturas mais famosas do mundo. Trata-se da mais importante composição do pintor britânico figurativo Francis Bacon, cujo trabalho é tido como corajoso, austero e algumas vezes grotesco. Sua fama deveu-se, sobretudo, ao preço exorbitante pela qual foi vendida em 2013 (142,4 milhões de dólares), batendo o recorde de obras de arte leiloadas até então.

Três Estudos de Lucian Freud é um tríptico composto por telas do mesmo tamanho e emolduradas individualmente, que retrata o pintor Lucian Freud (neto de Sigmund Freud), grande amigo de Bacon, tendo um exercido grande influência sobre o outro. Os três painéis foram trabalhados ao mesmo tempo, mas foram vendidos separadamente em meados de 1970, após o tríptico ser exposto no Grand Palais/Paris (1971-1972), para tristeza do artista, que dizia que ficavam “sem sentido, a menos que um estivesse unido aos outros dois painéis.”. Mas em 1999 o trabalho voltou à sua forma original.

Na composição, o artista distorce as formas nos três painéis, usando um estilo abstrato. Lucian Freud é pintado em posições ligeiramente diferenciadas, sentado numa cadeira de madeira, com fundo entrelaçado de palhinha, dentro de uma gaiola. O fundo das três composições é alaranjado e o chão manchado de marrom, cor que prevalece com mais intensidade no primeiro painel e que vai evanescendo até quase desaparecer no terceiro. Atrás de cada cadeira vê-se uma cabeceira de cama. Francis Bacon revela uma gama de emoções em seu tríptico, como angústia, medo, violência, inquietude, etc.

Os colecionadores da China, Rússia e Oriente Médio têm elevado o valor das obras contemporâneas às alturas. Cada leilão bate o recorde de valor de obras anteriores. A pergunta que nos vem à cabeça é: Como há gente com tanto dinheiro? Essa demonstração de riqueza e vaidade chega a ser um desrespeito aos demais viventes do planeta Terra, pois  uma obra de arte não pode valer tanto.

Ficha técnica
Ano: 1969
Técnica: pintura a óleo
Dimensões:198 x 147,5 cm
Localização: Coleção particular

Fontes de pesquisa
https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/estudos-de-freud-de-francis-bacon
https://en.wikipedia.org/wiki/Three_Studies_of_Lucian_Freud

Views: 14

TRANSTORNOS MENTAIS E EXTREMISMO RELIGIOSO

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Ster Nascimento*

      

Ah, se eu tivesse encontrado este cantinho há mais tempo!

Sofri boa parte da minha vida com a ansiedade. Há 6 anos travo uma luta intensa com a síndrome do pânico (SP). Venho de uma família religiosa que sempre atribuiu meus problemas à “falta de Deus” e às  “coisas espirituais”. Mal sabiam eles, que foi essa criação exageradamente religiosa que engatilhou a maioria das minhas crises. Medo do “mal”, de não estar “protegida por Deus”, de “perder a minha alma”, de “coisas sobrenaturais”. Lembro-me de que, por quase um ano, quando me encontrava na pior fase do pânico, quando via uma igreja, cruzava a rua, com medo de passar por perto. Até hoje, quando estou dentro de um templo religioso, sinto minhas mãos suarem e a pressão cair, e fico alarmada o tempo inteiro. E quando alguém lê ou fala algo referente ao sobrenatural, pronto! O gatilho é acionado, e a crise começa imediatamente.

É inacreditável como nos tornamos prisioneiros de nossa mente em razão de nossos tabus. Mais triste ainda é o fato de a maioria das pessoas não entender nada sobre o assunto. E, por desconhecerem-no ou por preconceito, acabam nos fazendo sentir piores do que nos encontramos. Isso me levou a demorar muito para começar o tratamento psiquiátrico. Eu sentia  medo de não ser compreendida. Medo de ser algo puramente espiritual, medo de estar desagradando tanto a Deus, a ponto de o mal estar sempre me rondando. Mas graças a esse mesmo Deus, que me fez compreender que Ele age através das pessoas, dos médicos e também dos medicamentos, encontrei alguém com o mesmo quadro que eu. Alguém que também foi criado com uma religiosidade conservadora e extremista, e que trazia sequelas como a minha, ou seja, o medo extremo do “mal” e as tão persistentes e desesperadoras crises de pânico! Essa pessoa esclareceu-me sobre o tratamento psiquiátrico, e como isso mudou sua vida.

Encontro-me no começo do meu tratamento! Ainda sofrendo o gostinho dos efeitos adversos. Sei que todos os antidepressivos trazem-nos. Às vezes tudo piora e os pensamentos ruins intensificam. A ansiedade parece ficar pior. Mas eu não ligo! Juro que não! Eu só não quero ter mais “medo”. Eu passo por qualquer coisa, para conseguir dobrar os meus joelhos e agradecer a Deus, sem o medo doentio que ainda me acomete. Quero poder entrar na casa dEle, sem desespero, imaginando que algo ruim possa me acontecer. Com o resto terei paciência. Eu só não aguento mais carregar este MEDO que me apavora e aprisiona.

*Dona do blog Desventuras de uma Cacheada

Views: 0

Leutze – WASHINGTON CRUZANDO O DELAWARE

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

Del
A composição Washington Cruzando o Delaware, obra do pintor Emanuel Gottlieb Leutze, que nasceu na Alemanha, mas cresceu nos Estados Unidos, é uma das mais famosas obras dos Estados Unidos da América.

A pintura mostra o General George Washington, comandante do Exército Continental, e, que viria a tornar-se o primeiro presidente dos Estados Unidos, à frente de seu exército, lutando pela libertação da então colônia inglesa, na Batalha de Treton, Nova Jersey, cruzando o rio Delaware.

O pintor Emanuel Gottlieb Leutz (1816-1868), ao voltar para a Alemanha, já adulto, com o objetivo de estimular reformistas liberais na Europa, tomou como exemplo a Revolução Americana. Pintou seu quadro usando turistas americanos e estudantes de arte como modelos. Porém, a primeira versão foi estragada pelo fogo no estúdio do pintor, sendo posteriormente restaurada. Mas durante a Segunda Guerra Mundial, num bombardeio à Alemanha, feito pelos britânicos, a obra foi destruída. O artista pintou outra versão do quadro, que passou por diversas mãos, até ser doado ao Museu Metropolitano de Arte, em Nova Iorque.

Existem na composição tons escuros, uma vez que a travessia deu-se de madrugada, contudo, há inúmeros destaques vermelhos, amarelos, verdes, etc. Os barcos, que vêm atrás do usado por George Washington, dão profundidade à pintura, e põem em destaque aquele que leva o general, à frente. Washington mostra-se altivo, olhando para longe. Ao seu lado, segurando a bandeira enrodilhada pelo vento, está o tenente James Monroe, que também viria a ser presidente dos Estados Unidos. Sentado atrás, com a mão no chapéu, está o general Edward.

Os personagens, presentes no barco em que se encontra o comandante, representam a união das colônias americanas na luta pela independência. Entre os remadores, na proa, estão um homem com uma boina escocesa, de frente para o observador, e outro de ascendência africana (de perfil). Na polpa estão os atiradores, dentre eles dois agricultores, encolhidos pelo frio, com seus chapéus largos, sendo que um deles traz a cabeça enfaixada. Um dos remadores, de frente para o observador, é muito parecido com uma mulher. Usa uma veste vermelha e cachecol escuro. Outro, de costas para o observador, é um americano nativo, sua presença tem o objetivo de lembrar a exploração dos índios pela metrópole inglesa, e também representa a união de todo o povo da colônia.

O revolucionário, assentado na proa, tem a função de quebrar o gelo para a travessia da embarcação no rio de águas revoltas e perigosas. Sua bota empurra uma grande pedra de gelo. O homem atrás, na polpa, procura manter o curso do barco com seu remo. Apesar de ser a pintura muito bonita, o artista incorreu em alguns erros históricos:

• a travessia aconteceu à noite, mas luzes fantasmas são vistas de todos os lados, e ainda se vê o sol, que projeta a sombra do primeiro remador sobre a água;
• a bandeira representada é a original do país, mas, que não existia à época, só surgindo no ano seguinte. A correta deveria ter sido a da Grand Union, padrão do Exército Continental e a primeira bandeira nacional;
• o barco retratado não corresponde ao da época, sem falar que é muito pequeno para conter 12 pessoas e armas dentro, sem afundar;
• o pintor tomou o rio Reno como modelo, que congela diferentemente do Delaware. O primeiro congela irregularmente, em pedaços, enquanto o segundo o faz por inteiro, denso;
• o rio Delaware, atualmente chamado de Washington Crossing, é bem mais estreito do que o mostrado no quadro;
• chovia durante a travessia;
• cavalos e armas, numa campanha militar, não são conduzidos em barcos, mas em balsas; o cavalo branco ainda está sendo montado, dentro do barco;
• de acordo com a situação climática, com o rio cheio de pedras de gelo, era impossível a Washington manter-se em tal postura, pois poderia ser jogado na água com o balanço do barco. O pintor quis lhe dar uma pose de herói.

O artista é livre para fazer sua obra de acordo com o que imagina.

Ficha técnica
Nome: Washington Cruzando o Delawere
Autor: Emanuel Leutze
Ano: 1851
Dimensões: 378,5 x 647,7 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Museu Metropolitan, Nova York, EUA

Views: 10

OS BENEFÍCIOS DO SEXO

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria do Dr. Telmo Diniz

Trago hoje uma notícia bem agradável – quem faz mais sexo pode ter uma cognição melhor, ou seja, fazer sexo pode melhorar a memória. Seria uma forma prazerosa e profilática para tratar as demências? Segundo um novo estudo publicado no periódico científico “Journals of Gerontology”, fazer sexo pode fazer bem ao cérebro. Os pesquisadores descobriram que quanto maior a frequência das relações sexuais, “melhor é a fluência verbal e a consciência visual de pessoas com mais de 50 anos”.

Nós, de uma forma geral, não cogitamos pensar que uma pessoa de mais idade tenha relações sexuais frequentes. Temos de superar este preconceito e ver que sexo na terceira idade pode ser melhor do que na juventude, inclusive com claros impactos na saúde – e na memória. Equipes de pesquisa das Universidades de Oxford e Universidade Coventry, no Reino Unido, analisaram a vida sexual e a cognição de 28 homens e 45 mulheres, com idade entre 50 e 83 anos.

Os participantes completaram questionários sobre suas atividades sexuais do ano anterior. Além disso, participaram de testes para avaliar o funcionamento do cérebro. Para isso, eles precisaram dar nomes ao maior número de animais possível, dentro do prazo de um minuto. Para avaliar a capacidade visual, eles precisaram observar um desenho complexo e a face de um relógio, memorizá-los e copiá-los em um papel. Ao final do estudo, os resultados revelaram que aqueles que faziam mais sexo se saíram bem melhor nos testes de fluência verbal, como também foram melhores em lembrar-se dos objetos e do espaço entre eles. Neste estudo, em específico, os cientistas não chegaram a uma conclusão sobre o motivo para a melhora da memória.

Outra pesquisa, esta realizada em uma Universidade do Canadá, pediu a 78 mulheres, entre 18 e 29 anos, para fazer um teste de memória. O desafio delas era tentar se lembrar de rostos e palavras que apareciam na tela do computador. E qual foi a resposta? As mulheres que transavam com mais frequência pontuaram mais do que as outras. Elas se saíram melhor nos testes com as palavras. No sexo, como nas atividades físicas, se detecta uma formação de novos neurônios (“neurogênese”) o que pode, por consequência, proporcionar um melhor desempenho nos testes de memória. Esta poderia ser uma das explicações possíveis para a melhora da cognição.

Enfim, ter relações sexuais pode reduzir a depressão, estresse e ansiedade, além de melhorar a memória, pois os processos químicos (serotonina, dopamina, endorfinas etc) envolvidos durante a relação parecem ter efeito direto nos centros das lembranças. Independentemente das reações químicas que ocorrem no organismo durante o ato sexual, parece que transar faz bem. Então, o que você está esperando?

Views: 3

Goya – A NEVADA

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada A Nevada, ou A Nevasca, é uma obra do pintor e gravador espanhol Francisco José de Goya y Lucientes. Este desenho foi feito para uma das tapeçarias destinadas à ornamentação da sala de jantar do Príncipe das Astúrias, no Palácio de El Pardo, na Espanha. Trata-se de uma cena do cotidiano e pode estar representando a estação invernal.

A cena apresenta cinco camponeses, um cão e um burro carregando um porco. O grupo atravessa um vale durante uma nevasca. Os homens estão encolhidos, deixando apenas o rosto de fora, em razão do excessivo frio. Também parecem famintos e cansados. O que segue à frente carrega uma espingarda. O cãozinho, com o rabo entre as pernas, visivelmente cansado, deixa as marcas de seus pés pelo caminho, e também parece faminto.

O burro é o único que parece não se sentir atingido pelo mau tempo, mas, sim, pelo peso excessivo do barrão, que faz vergar suas pernas traseiras. Está sendo puxado, através de uma corda, pelo camponês que se encontra num plano inferior. O vento, que sopra da esquerda para a direita, faz vergar uma árvore desfolhada à esquerda e outras menores à direita. O céu está tingido de cinza e a neve cai ao fundo,  espalhando-se por todo lado.

Ficha técnica
Ano: 1786

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 275 x 293,5 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/the-snowstorm-or-

Views: 4