Autoria do Dr. Telmo Diniz
Segundo o levantamento mais recente do IBGE, cerca de 4 milhões de brasileiros estão morando sozinhos. Essa fatia da população já ocupa quase 10% dos domicílios no país. Em algumas capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Porto Alegre, uma em cada oito casas tem apenas um morador, e metade dos apartamentos ou “flats” estão ocupados por uma única pessoa. Viver só é bom ou ruim? Tem algum impacto na saúde de quem toma esta decisão?
A tendência de viver sozinho não ocorre só no Brasil. É um novo arranjo social que está acontecendo em vários países ao redor do mundo. As famílias estão cada vez menores, tendo menos filhos, com as pessoas se divorciando e vivendo mais. Tudo isso culmina com este novo cenário. Técnicos do Ipea afirmam que, somente nos últimos 20 anos, a taxa de pessoas que moram sozinhas cresceu acima dos 40%. Essas pessoas fazem afirmações do tipo: “um sujeito pode passar a maior parte do tempo só e sentir-se bem, ser boa companhia para si próprio. Outro pode estar cercado de um monte de gente e sentir-se completamente solitário – o que pode ser fruto das circunstâncias, como um casamento infeliz, um namoro sem motivação etc.”. Mas uma pesquisa, já citada nesta coluna, procurando a resposta sobre a felicidade, dá conta de que para estar bem e feliz o relacionamento interpessoal é de fundamental importância. Foi observado que pessoas que mantêm boas relações sociais vivem mais e por mais tempo. Ter alguém para compartilhar tristezas, alegrias e segredos ajuda a espantar a ansiedade, o estresse e outros sentimentos negativos que abalam o organismo como um todo.
Viver sozinho está se tornando uma nova modalidade para os arranjos entre as famílias da atualidade. Não vejo nenhum problema nisso, desde que a pessoa esteja bem e em paz com ela própria, cercada dos familiares e amigos. Porém, existem pessoas que moram sozinhas, não se cuidam, estão claramente angustiadas e depressivas, não têm contato com amigos, etc. Esse grupo merece atenção, especialmente as pessoas idosas que, em algum momento de suas vidas, poderão necessitar da ajuda para alguma atividade na vida diária, como se vestir, tomar banho, fazer as refeições, dificuldades para caminhar ou enxergar, etc. É um grupo muito vulnerável, com alto risco de acidentes domésticos. E o que é pior, o idoso pode necessitar de auxílio durante uma emergência e, como está sozinho, um desfecho sombrio pode ocorrer. Para esta parcela da população, a ajuda especializada em residenciais geriátricos poderá ser de grande valia. Lá, a pessoa passa a ter a necessária segurança e atividades que podem fazer a diferença entre a depressão e um novo estilo de viver.
Nota: obra de Van Gogh
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