CONHEÇA A SÍNDROME DO BOLSO VAZIO

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

Em tempos de alta inadimplência, crise por todo o país e grande dificuldade das pessoas em honrar suas finanças, é importante esclarecer que nossa saúde financeira está diretamente ligada com nossa saúde física e mental. Em outras palavras, caso você esteja com dívidas e nome negativado, sua saúde certamente estará pior do que a de alguém com as finanças em dia. O que podemos fazer para acertar os ponteiros da saúde com os ponteiros das contas a pagar, e não ser infectado pela Síndrome do Bolso Vazio (SBV)?

O número de pessoas inadimplentes apresentou um crescimento expressivo no primeiro trimestre deste ano. No final de março, já chegava a 60 milhões de consumidores brasileiros nas listas de devedores. Os dados são do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)  mostram que, em termos percentuais, 40% da população adulta, entre 18 e 95 anos, está com o nome sujo.

Uma pesquisa publicada no periódico “Social Science and Medicine” mostra o impacto na saúde das pessoas endividadas. São vários os problemas clínicos decorrentes da SBV. O primeiro da lista tem o estresse como principal culpado. Para exemplificar: o telefone toca e trata-se de um credor questionando sobre o pagamento de uma dívida. Oh! De repente, você se lembra que está devendo alguém. Essa lembrança gera ansiedade, que é interpretada pelo cérebro como uma ameaça, e que aciona as glândulas suprarrenais que, por sua vez, produzem cortisol e adrenalina, hormônios associados ao estresse. Esses hormônios despejados na corrente sanguínea desencadeiam diversas alterações importantes no organismo, processo que, se repetido com frequência, passa a provocar graves problemas de saúde, como úlceras gástricas, compulsão alimentar com ganho de peso, insônia, elevação da pressão arterial, etc.

A persistência do estresse pode levar à depressão. Não é difícil compreender o efeito que as dívidas podem ter no indivíduo depressivo. A angústia das cobranças, a ansiedade de não achar uma saída para o problema associada ao desarranjo financeiro, afetam o humor, tiram a motivação, geram medo, insegurança e aumentam o pessimismo. Tais mudanças são um convite para a depressão. Dando prosseguimento aos sintomas da SBV, vem o pior. São os problemas de relacionamento. Retirar da esposa e filhos o que já estão acostumados a ter é uma aflição. Começam a ocorrer ofensas mútuas. Um passa a culpar o outro pela situação. A cumplicidade fica fragmentada e caminha para o “fundo do poço”.

Para agravar a situação, a queda na produtividade e concentração no trabalho vira uma rotina. Funcionários que enfrentam problemas financeiros utilizam tempo de trabalho para cuidar de questões pessoais. Segundo pesquisa feita nos EUA pela PricewaterhouseCoopers em 2012, 97% dos funcionários utilizam horas de trabalho para cuidar de questões financeiras pessoais, sendo que 22% despendem pelo menos cinco horas por semana. Para tratar a síndrome do bolso vazio, só tem dois remédios no mercado: ou saber fazer economia ou ganhar mais.

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Chardin – O CASTELO DE CARTAS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intutulada O Castelo de Cartas, também conhecida como A Casa de Cartas, é uma obra do pintor francês Jean-Baptiste-Siméon Chardin que, usando temas realistas da vida cotidiana, tão a gosto do estilo rococó, apresentava coisas simples, mas graciosas, sem apelar para os assuntos galantes e frívolos. Antes de introduzir a figura humana em seu trabalho, o artista era conhecido por suas naturezas-mortas. Ele pintou quatro versões com tal temática, sendo esta a última delas. A caracterização física e psicológica do menino lembra-nos as conhecidas pinturas de Paul Cézanne, intituladas “Jogadores de Cartas”.

A cena em questão, uma pintura de gênero, é tranquila e de grande intensidade poética. Um garoto de bochechas rosadas, sentado de perfil, encontra-se diante de uma mesa de madeira, com os olhos voltados para baixo, colocando cartas de baralho em pé, depois de dobrá-las ao meio. Ele se mostra absorto e calmo. Apesar de próximo, não tem nenhum contato com o observador, como se não quisesse ser interrompido em seu jogo ou brincadeira. Já colocou nove cartas de pé, trazendo na mão esquerda outas três já dobradas. Está vestido de acordo com sua época.

A mesa de fundo verde traz uma gaveta semiaberta, com puxador em formato de bola na ponta, onde se vê um valete de copas e outra carta desconhecida, pois se encontra de costas para o observador. Sobre a mesa são vistas três moedas e dois outros objetos indecifráveis. A assinatura caprichosa do pintor encontra-se no corpo da mesa, à esquerda.

Ficha técnica
Ano: c.1735

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 82 x 66 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.wga.hu/html_m/c/chardin/1/09h_card.html

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VIDEIRAS E A GUERRA CIVIL ESPANHOLA

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Autoria do Prof. Rodolpho Caniato

Nossas quadras de videiras, como em quase toda a região, eram das variedades “barbera” e “izabel”, que produziam uvas de menor valor no mercado. A quadra de uvas “niagara” branca, a mais valorizada era de videiras muito velhas e pouco produtivas.  Era preciso renovar e ampliar nossa produção. Os “cavalos” ou porta-enxertos já haviam sido plantados. Agora, um ano depois, era preciso fazer a enxertia de todo o talhão.

O “cavalo” ou porta-enxerto é feito de uma videira selvagem que não produz frutos, mas que tem um sistema radicular mais forte e eficiente como também é mais resistente a pragas. Depois de um ano, quando atinge aproximadamente a espessura de um dedo adulto, essa videira “brava” é cortada dez centímetros acima do solo, e aplica-lhe uma ou duas cunhas feitas com galhos ou “bacelos” da uva que se deseja produzir. Embora a ideia seja simples, há alguns aspectos que são delicados e podem comprometer o êxito do enxerto. As duas cunhas devem ter uma perfeita concordância ou ajuste no tronco cortado e rachado.

Nessa época, fim da década de trinta, estava ocorrendo uma mutação genética da uva “niagara” branca. Apareceram, espontaneamente em alguns lugares, galhos que produziam uma uva semelhante em todas as propriedades da niagara branca, mas diferente na cor: aparecia a uva  “niagara”   rosada.  Já no ano seguinte se dispunha de muitos “bacelos” (fragmentos de ramos produtivos) para serem enxertados da nova variedade. Eu e meu pai fizemos uma longa viagem de carroça para trazer galhos para a enxertia da nova variedade em nossas videiras. Agora era preciso enxertá-los sem perda de tempo. Era preciso enxertar milhares de videiras em poucos dias.

Meu pai contratou vários enxertadores entre os vizinhos e mais um espanhol que andava pela região a procura desse tipo de serviço. Esse senhor, que todos chamavam de “Paco”, havia fugido da Espanha ao final da guerra civil daquele país, que havia culminado com a vitória de Francisco Franco e a derrota de todas as forças da esquerda republicana. Seu “Paco” não morava na região e por isso teve que ficar por uns dias hospedado em nossa casa. Durante todo o dia, enquanto enxertava videiras, ele ia contando episódios em que tomara parte naquele sangrento conflito da guerra civil espanhola.

Eu o acompanhava em cada enxerto. Cada videira, logo depois de feita a enxertia tinha que ter um pequeno acabamento especial. O primeiro era amarrar firmemente o enxerto com uma fibra natural, a embira que colhíamos em nosso mato. Isto ainda era feito pelo enxertador profissional. Depois era preciso isolar o enxerto com barro, uma argila (barro) bem amassada, macia e úmida, bem lisa para se tornar impermeável. Isso se fazia para evitar a exposição e desidratação no corte da videira. Depois disso, a fase final era a cobertura completa com terra: um cone de uns trinta centímetros de altura. Essas duas últimas fases estavam por minha conta junto ao seu “Paco”.

As histórias que ele contava eram do horror da guerra civil espanhola. A matança entre as facções civis e o refúgio, às vezes inútil, mesmo nas igrejas, que eram saqueadas. Esse conflito acabou por tornar-se internacional, com republicanos vindos de outros países e a primeira grande aplicação da aviação de guerra de Hitler a favor de Franco: o bombardeio e a destruição do povoado de Guernica, inspiração para Picasso. Mas nosso “Paco” contava especialmente os detalhes em que seu grupo de guerrilheiros conseguiu vencer uma batalha de rua. Todo um grupo de franquistas foi cercado e morto a tiros, contava ele. Mesmo estando do lado derrotado na guerra, em vários dos relatos que nos fez sobre o episódio em que seu grupo esteve envolvido, arrematava com orgulho: “El comandante lo matê Yo!”. (O comandante, eu o matei!)

Nota: Extraído do livro “Corrupira”, ainda inédito, do autor.

Imagem: Guernica, obra de Pablo Picasso

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Modigliani – CIGANA COM FILHO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Amedeo Modigliani (1884 – 1920) teve que conviver com o pouco caso da crítica e do mercado por sua pintura. E o fato de ser obrigado a abandonar a escultura, em razão de seu péssimo estado de saúde, arte que ele elevava acima da pintura, tornou sua vida ainda mais atribulada. O mais paradoxal é que, logo após sua morte, os colecionadores arrebataram suas obras, dando-lhe a atenção que não lhe dispensaram em vida. Sua pintura, dona de formas sinuosas e estilizadas, possuía uma elegância ímpar. Embora o pintor tivesse tido uma existência dramática, sua obra repassa pureza formal, perfeição e calma.

A composição intitulada Cigana com Filho, ou ainda Cigana com um Bebê, é uma obra do pintor, dono de um estilo muito peculiar. Trata-se uma composição simplificada na linguagem das formas, cor e traço. Presume-se que haja um protesto social em seu conteúdo, apesar do lirismo que o tema traz em si.

O artista apresenta em sua pintura uma jovem mulher, de frente para o observador, sentada numa cadeira, tendo ao colo um bebê. Sua expressão fisionômica é séria, sendo que seus olhos azuis transmitem uma grande tristeza. Ela veste uma blusa branca com gola de marinheiro vermelha e traz no pescoço um lenço em forma de gravata. Sua saia de um verde-acinzentado vai até a base inferior da tela, não permitindo que se veja o restante de seu corpo.

A cigana traz as mãos cruzadas em torno do corpo de sua criança de bochecha rosada, e envolto numa manta azul-escuro, e também usa um gigantesco gorro cor-de-rosa, com listras nas extremidades, e com o formato de um cone.

Ficha técnica
Ano: 1918

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 116 x 73 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Louis Le Nain – PAISAGEM COM CAMPONESES

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Louis Le Nain (1593 – 1648), também conhecido por o Romano, ao chegar a Paris, vindo de Lyon, juntamente com dois irmãos Antoine e Mathieu, ali abriu uma oficina de pintura. Anteriormente a isso nada se sabe sobre sua formação artística, assim como é difícil, muitas vezes, saber qual foi a obra pintada por esse ou aquele, pois os três costumavam trabalhar numa mesma tela. Mas é certo que Louis foi o mais criativo dos três. Através do apelido recebido é provável que tenha ido a Roma. Fez parte da Academia Real de Pintura e Escultura, em Paris. Os irmãos deixaram uma pequena série de pinturas históricas, mas preferiram as cenas de vida no campo, uma vez que vieram de uma família do meio rural.

A composição Paisagem com Camponeses, obra do artista, mostra uma cena doméstica, em que uma camponesa já idosa, sentada com as mãos no colo, à esquerda, próxima a um imenso muro, observa algumas crianças a brincar, possivelmente seus netos. Três garotos, sendo dois meninos e uma menina, encontram-se em primeiro plano, dois deles olhando para o observador, enquanto o do meio traz os olhos voltados para o que parece ser uma flauta.

Na estrada, em direção contrária à das crianças, passa um jovem com um chapéu na mão. Mais distante vê-se uma imensa paisagem, com céu e terra encontrando-se no horizonte, ambos ocupando, praticamente, o mesmo tamanho na tela. Pessoas tangem o gado, ovelhas ainda se encontram a pastar e um homem anda a cavalo. Uma pequena casa, com uma matinha na frente, situa-se na parte central da composição. Mais distante, em direção ao horizonte, várias edificações são vistas num terreno mais inclinado. As sombras espalhadas pela paisagem mostram que o sol não tarda a esconder-se.

Ficha técnica
Ano: c.1640

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 46 x 57 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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MOLEQUES DA CIDADE E DO MEIO RURAL

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Autoria do Prof. Rodolpho Caniato

Meus novos amigos eram garotos das famílias vizinhas, quase todos sitiantes de origem italiana.  Mudei dos cariocas de Copacabana para os moleques que nunca haviam estado em uma cidade. De Copacabana eu levara para o sítio um baú com os brinquedos acumulados em todos os natais.  Isso era um forte atrativo para meus amigos que nunca haviam visto nada igual: ficavam encantados.  Aos domingos, um dos programas era bater longos papos, sentados no pomar dos Ceolin. Primeiro colhíamos um monte de laranja-lima e laranja-cravo. Depois chupávamos laranja até não aguentar mais. Essa era a hora de grandes conversas. Hoje eu diria que foi um grato e útil encontro de diferentes culturas. Eu ainda não sabia nada das coisas familiares para eles: fazer e usar estilingues, arapucas, alçapões, bolas de meia e tantas outras coisas.

Eu nunca havia descascado uma laranja. Ali todos tinham seu canivete marca “Corneta” para isso.   Fazer as “necessidades” era sempre no “exterior”. Só havia uma privada em casa e ninguém voltava para casa para isso. Era só buscar um lugar um pouco mais discreto e “soltar o barro”. No lugar de papel higiênico sempre se usava algumas folhas. Quase todos, menos eu, tinham fezes secas e duras e nem folhas usavam. No começo, eu ainda levava do Rio a minha “amebiana” que sem qualquer medicação desapareceu. Por outro lado, eu tinha muito que contar e eles estavam ávidos por saber. Eu vinha da capital do Brasil: conhecia o mar, vira navios, aviões, autogiro, o futuro helicóptero e, sobretudo, vira várias vezes o “Zeppelin”. Era muito assunto. Todos nós aprendemos algo de novo, uns dos outros.

Nota: Extraído do livro “Corrupira”, ainda inédito, do autor.

Imagem: Jogo de Futebol em Brodósqui, obra de Portinari

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