O HOMEM E A FINITUDE DA VIDA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Heitor 78

A ética consiste em pôr nossa liberdade a serviço da camaradagem vital que nos aparenta como semelhantes em desespero e alegria. […] A morte pode apagar o que somos, porém não o fato de que fomos e ainda estamos sendo. […] Afirmar alegremente a vida é dá-la por boa, embora isso não equivalha a considerar bom cada um dos episódios e fatores que incidentalmente participem dela. (Fernando Savater)

Ainda em tenra idade, a criança trava relacionamento com a morte. Mas essa ainda se mostra tão irreal e ficcionista como se fosse parte de suas histórias infantis, onde todos os personagens “maus”, seres humanos ou animais, morrem em razão de suas maldades. Como ela julga a si mesma, sua família e coleguinhas são pessoas do “bem”, portanto, a morte nunca irá rondá-los. É fato que vez ou outra a criança quer que alguém morra, mas apenas no sentido de “desaparecer” de perto de si e de deixá-la em paz durante algum tempo. Entretanto, o ser humano adulto vê a morte como uma realidade cada vez mais próxima, em cada ente familiar, colega, amigo ou conhecido que vai embora para sempre.

Ninguém tem a compreensão real do que é morrer, ainda que as religiões apregoem isso ou aquilo. Todo indivíduo sabe que vai morrer, contudo, nada conhece sobre a morte. E é esse paradoxo que envolve todos nós, acostumados que estamos com a Ciência que vem desvendando as mais complexas indagações. Excetuando a morte. Nossa caminhada ao encontro dela é inexorável. O caminhar diário em direção a ela, ciente de que nada interromperá esse destino, joga as pessoas numa desesperança latente. Algumas delas não aceitam a finitude como regra geral. Querem se conservar a todo custo, viver eternamente, criar exceções como sempre o fizeram ao longo da vida, ávidas por riqueza e poder, sem jamais se importar com os que estão nos degraus inferiores da pirâmide social.

Os indivíduos ganciosos pensam que encontram no acúmulo de bens um escudo contra a transitoriedade da vida. E passam a querer sempre mais, de modo que a “santa muerte” passe longe deles. Pensam que haverão de amedrontá-la. Negam para si que a aniquilação final não diz respeito a eles e aos seus. Ledo engano! O fim é o mesmo para todos: pó. Sempre o pó! Eles não sabem que não há nada como a ética para assegurar a nossa “imortalidade”, pois ela impede que nos transformemos em prisioneiros da morte, mas “semelhantes em desespero e alegria”, como argumenta o filósofo Fernando Savater.

Quanto mais prepotentes, avaras e torpes forem as pessoas, mais dificuldades terão em aceitar a morte, porque sempre se julgaram invulneráveisa tudo. Morrer sem desfrutar de tanta fortuna acumulada é uma injustiça – pensam elas. E esbravejam como se a morte fosse um de seus asseclas, partidários ou sequazes. A única maneira de contrapor a esta certeza latente de que se vai morrer um dia é viver da melhor maneira possível, a cada dia, apesar de todos os contratempos que possamos encontrar pelo caminho.

Viver mal é morrer duas vezes. Ainda que sejamos perseguidos pela nossa finitude, devemos procurar viver com satisfação, valorizando a nossa passagem por este planeta chamado Terra. Somente assim somos capazes de aliviar a nossa condição humana de seres finitos. Enquanto estamos vivos temos mais é que celebrar a vida, mas com a maior dignidade possível.

Nota: A Família Enferma, obra de Lasar Segall

Sugestão de leitura:
Desperta e Lê/ Fernando Savater

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GLOBALIZAÇÃO E TERCEIRIZAÇÃO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Muito se tem falado sobre a globalização, mas uma indagação permanece no ar:  Como tem sido a vida do trabalhador neste novo mundo globalizado? Quem está ganhando e quem está perdendo? Ou o placar encontra-se empatado?

Não resta a menor dúvida de que a globalização trouxe mais riqueza para quem já tinha e deu oportunidades de crescimento para muitos outros. No entanto, um grande contingente de indivíduos despreparados para a nova era ficou fora da locomotiva do progresso. Enquanto muitas pessoas estão vivendo melhor do que antes, outras tantas vivem cada vez pior, subsistindo com dois dólares diários ou menos. Concluímos, portanto, que a globalização ampliou a defasagem entre ricos e pobres.

Dentre os mais variados problemas criados para os trabalhadores dos países desenvolvidos, nada tem sido pior do que a chamada terceirização. Tais países estão transferindo suas fábricas para as nações em desenvolvimento, não porque as querem ajudar, mas para usufruírem das benesses que tais nações lhes oferecem. De modo que perdem os trabalhadores dos países desenvolvidos e são explorados os trabalhadores dos países em desenvolvimento, assim como os próprios países onde as fábricas são instaladas, pois as nações ricas passam a fazer uso de suas riquezas em troca de migalhas. China e Índia estão no topo da lista dos países transformados numa gigantesca oficina de “made in …”.

Como dizia meu pai: “Quando a esmola é muito grande o santo desconfia”. E é este sentimento de desconfiança na “generosidade” das grandes nações é que vem turvando a esperança dos pequenos na cantada e decantada globalização. Onde o capitalismo impera, nada vem de graça. O que leva uma grande potência a transferir suas fábricas para os países em desenvolvimento? Vejamos:

  • Mão de obra extremamente barata.
  • Os benefícios dispensados aos novos funcionários são pouquíssimos.
  • Não precisa se preocupar com greves e sindicatos.
  • O gasto com padrões de segurança é mínimo.
  • A proteção ambiental (quando existe) é muito menos obrigatória.
  • Toda a poluição das fábricas é transferida para os novos países.
  • São as riquezas naturais desses novos países a serem usadas.
  • Os lucros são extremamente altos para os empresários.

Enquanto os trabalhadores dos países em desenvolvimento estão contentes e cheios de esperança numa vida melhor, mesmo com os salários escravos pagos pelos novos patrões, pois antes viviam desempregados, as classes trabalhadoras do mundo desenvolvido são uma espécie em extinção. O que nos leva a deduzir que, de uma forma ou de outra, os trabalhadores continuam sendo explorados, num lugar ou em outro. Eles enriquecem os patrões e mal ganham para sustentar suas famílias. Embora as classes trabalhadoras sejam as responsáveis para que a engrenagem de um país funcione, são também as que mais sofrem com os reveses da economia.

Em vão pensam os poderosos que a globalização pode ter futuro, ignorando a pobreza que se alastra, convivendo com uma distribuição de renda mesquinha, em que 10% das pessoas possuem 90% das riquezas da Terra, numa matemática cruel. Eles se esquecem de que para cada criança que nasce no mundo dos aquinhoados, nascem nove no dos desafortunados. Ou seja, enquanto a população dos países ricos diminui, a dos miseráveis aumenta. O que acontecerá com o nosso planeta lá pelo ano de 2050, se esta matemática não for equilibrada? Ninguém pensa nela, mas trata-se de uma questão gravíssima.

Nota: Imagem copiada de http://www.geograficamentecorreto.com

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1º DE MAIO – DIA MUNDIAL DO TRABALHO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889, Paris/França, por um Congresso Socialista. A data escolhida foi para homenagear a greve geral, acontecida em primeiro de maio de 1886, em Chicago, na época o principal centro industrial dos EUA, quando milhares de trabalhadores protestaram nas ruas contra as condições desumanas de trabalho e contra a jornada diária de 13 horas. A cidade foi tomada por passeatas, manifestações, piquetes e discursos inflamados. Por sua vez, a repressão ao movimento foi brutal. O confronto entre os operários e a polícia ocasionou muitas prisões, deixando muitos feridos e mortos.

Os operários de Chicago serviram de exemplo para os trabalhadores em todo o mundo, até os dias de hoje, mostrando-lhes que precisam lutar pela própria dignidade e pela valorização de seu trabalho, pois nada lhes vem de graça. Numa sociedade injusta, com valores corrompidos, como acontece na maioria dos países, inclusive no nosso, a luta ainda é grande e árdua, pois vivemos num planeta com mais de 7 bilhões de pessoas, onde a imensa maioria dos trabalhadores encontra-se nas classes baixa e média baixa. Vejam os dados:

  • A maior parte do crescimento demográfico futuro vai ocorrer nos países menos desenvolvidos, em que a taxa de natalidade continua elevada.
  • A melhoria dos cuidados médicos e a melhoria da nutrição aumentaram a expectativa de tempo de vida: a média global de 52 anos em 1960 passou a ser de 69 atualmente. Quanto mais baixa é a classe, menor é a expectativa de vida.
  • Desde 1960, o número de crianças que morrem antes dos 5 anos caiu a menos da metade. Contudo, nas classes baixa e média, o número ainda é alto.
  • De acordo com a ONU, o acesso ao saneamento melhorado é de 35% nas classes de renda baixa e de 50% na de renda média baixa.
  • As cinco principais causas de morte ocasionadas por doenças infecciosas são: doenças respiratórias agudas (como a pneumonia), HIV, diarreia, tuberculose e malária.
  • A alfabetização atinge 82% das pessoas no mundo, mas, para aqueles que vivem onde o material impresso, mesmo em placas ou embalagens, é raro, a leitura corre o risco de se perder. Nas classes de rende baixa ainda existem 34% de analfabetos e na de renda média baixa 20%.
  • As melhorias na educação afetam não só o desenvolvimento econômico, mas a população: quanto mais escolarizada é uma mulher menos filhos ela provavelmente terá.
  • O crescimento demográfico natural de um país é obtido subtraindo os óbitos da quantidade de nascimentos. Ele não leva em conta a imigração e nem a emigração. A taxa cresce mais nas faixas de renda baixa e na de renda média baixa.
  • A taxa de fecundidade vem caindo devido ao declínio da mortalidade infantil, melhora da situação econômica e escolarização das mulheres. Na classe baixa são 4 filhos por mulher e na media baixa são três.
  • Mais de 200 milhões (3% da população mundial) de pessoas vivem fora do país em que nasceram.
  • Em 2008 mais da metade da população já vivia em zonas urbanas (51%). A maioria dessas pessoas mora em cidades com menos de 500 mil habitantes.
  • A maioria da população mundial acessa a internet por meio de computadores instalados em bibliotecas, locais de trabalho ou “lan houses”.
  • Os computadores ainda são um luxo para a maioria, devido ao custo e à falta de infraestrutura para o fornecimento de eletricidade e de conexão à rede mundial.
  • O automóvel é o maior símbolo de ascensão social e econômica. Os carros são uma das principais fontes de gás carbônico.
  • A demanda por energia só aumenta as emissões de dióxido de carbono. A China já ultrapassou os EUA na emissão total, mas na emissão per capita, as emissões americanas são quatro vezes maiores.
  • 40% dos trabalhadores estão no setor de serviços; 38% na agricultura e 22% na indústria.
  • A China é a nação mais populosa, mas até 2030 ela perderá tal ranking para a Índia.

Obs.: Os dados foram retirados da revista National Geographic de março/ 2011

Nota: obra ilustrativa, Operários, de Tarsila do Amaral

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Courbet – OS QUEBRADORES DE PEDRA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

           (Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

A composição Os Quebradores de Pedra é uma das obras mais polêmicas do pintor francês Gustave Courbet em que ele expõe o empobrecimento e a vida miserável dos camponeses de seu país à época, sem nenhuma esperança de melhoria de vida.

A composição apresenta duas figuras masculinas: uma bem mais jovem e outra mais velha, ambas subjugadas pelo interminável trabalho braçal — quebrar pedras para a construção de uma estrada. A presença do garoto e do homem mais velho deixa claro o ciclo infindável em que se começa a trabalhar ainda muito moço e se envelhece fazendo a mesma coisa nas classes pobres. Ambos vestem roupas velhas e rasgadas, atestando a pobreza em que vivem.

O garoto está de costas para o observador, segurando uma vasilha com pedras, enquanto o homem mais velho — possivelmente seu pai — está de perfil, ajoelhado numa perna, tendo a outra dobrada. Ele traz as duas mãos na marreta erguida para quebrar as pedras no monte espalhado à sua frente. O chapéu encobre grande parte do rosto, deixando apenas o queixo visível. Ao fundo vê-se um velho caldeirão e um recipiente, possivelmente com água. Uma picareta descansa à frente do garoto, enquanto ele carrega pedras, numa alusão de que assim será sua vida, até se tornar velho como o homem que acompanha no árduo trabalho.

O quadro Os Quebradores de Pedra trata-se de um manifesto nu e cruento sobre o trabalho braçal a que estavam submetidos os camponeses franceses à época, mas que poderia, ainda hoje, simbolizar a vida de muitos trabalhadores espalhados pelo mundo, inclusive em nosso país, onde os serviços pesados cabem sempre aos pobres.

Infelizmente esta pintura, conhecida em todo o mundo, e uma das mais procuradas deste site, foi perdida no bombardeio de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial. Ainda bem que podemos apreciar a sua cópia.

Ficha técnica
Ano: 1849
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 159 x 259 cm
Estilo: realismo
Localização:  Dresden, Alemanha (antes de ser destruída)

Fontes de pesquisa
Courbet/ Abril Coleções
Courbet/ Coleção Folha
Courbet/ Taschen

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Giotto – CRISTO NO LIMBO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Cristo no Limbo, também conhecida como Descendo ao Limbo, é uma obra do arquiteto e pintor italiano Giotto de Bondone. Trata-se de um pequeno painel relativo à fase mais madura da carreira do artista. Faz parte da época em que Giotto dirigia um dinâmico estúdio em Florença, na Itália. Ainda existem peritos que atribuem esta obra a seus auxiliares, embora a maioria veja nela a mão do mestre, que contribuiu para o Renascimento italiano.

O limbo, ou lugar do esquecimento, é representado por uma rocha marrom, multifacetada, que ocupa quase toda a tela. De suas entranhas saem labaredas de fogo.  Sobre ela, os demônios torturam os condenados e jogam-nos ao fogo. Na entrada da rocha encontra-se Jesus Cristo arrebanhando as almas boas, ainda que não tenham sido batizadas. Dimas, o Bom Ladrão, com uma bandeira branca com uma cruz vermelha, está à direita do Salvador. Dentre os justos não batizados encontram-se Adão, Eva, Abraão, Davi, Salomão, etc.

Jesus, com suas vestes douradas e uma grande auréola em volta da cabeça, simbolizando a sua divindade, segura a mão de Adão para que ele se levante. À direita, no canto inferior da rocha, um diabo prende um condenado sob seus pés. Os sentenciados encontram-se nus, enquanto os justos estão todos vestidos, o que nos mostra que a nudez era vista como um grande pecado e, portanto, sujeita ao castigo eterno. Outros diabos são vistos judiando de suas atormentadas vítimas.

Ficha técnica
Ano: entre 1302 a 1306
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 45 x 44 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Jacob van Ruisdael – PAISAGEM COM COLINAS E…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor holandês Jacob van Ruisdael (1628/29 – 1682) era filho do também pintor Isaack van Ruysdael. Presume-se que seus primeiros ensinamentos artísticos tenham lhe sido repassados pelo seu  tio Salomon van Ruisdael, em sua oficina. Tornou-se membro da Guilda de São Lucas, em Harlem. Além de pintor, ganhou também o diploma de Doutor em Medicina. Sua predileção era pelas paisagens, tendo sido um dos mais renomados pintores deste estilo, à sua época.

A composição denominada Paisagem com Colinas e Árvores é uma vista de uma colina rochosa, com o vento balançando as plantas. Embora possa aparentar ser de fácil execução, trata-se de uma obra bem complexa, ou seja, uma construção muito bem organizada, o que era específico do artista em suas obras.  A superfície ocupada pelo céu na tela é praticamente a mesma representada pela parte terrestre. Uma linha sinuosa separa o céu do solo. Ela vai subindo, começando da direita, até atingir o ponto máximo, que é a parte mais elevada do morro, onde se encontram duas figuras humanas, para depois descambar ligeiramente para a esquerda. As nuvens nubladas e mais pesadas à direita contrabalançam com a parte mais alta do morro.

A paisagem prima pela ondulação: a estrada que leva ao topo, ou desce dele; os contornos das árvores; os ramos; os troncos; o capim; e atém mesmo as pedras. As curvas apresentam-se ora contrárias ora em conformidade. A luz também é espalhada ora harmoniosa e ora contrastante. Uma grande massa de árvores tomba para a direita, possivelmente pela inclinação do terreno, enquanto as demais se voltam para a esquerda, o que nos leva a concluir que o vento está vindo da direita para a esquerda. Um riacho nasce à direita, dobrando-se no meio do caminho, até atingir a base da tela. Um arbusto com flores brancas debruça-se sobre ele-se

As duas figuras humanas, no alto do morro, parecem-se com um homem com uma vara na mão  e um garoto, possivelmente seu filho. A pouca distância deles está uma carroça. Num pequeno descampado à direita, ovelhas (ou seriam vacas?) pastam. O caminho esbranquiçado e árido mostra que a passagem por ele é constante.

Ficha técnica
Ano: ?
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 70,5 x 92 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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