DEPRESSÃO E PRECONCEITO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que nos próximos 08 anos a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas.

Quanto mais culturalmente atrasado é um país, mais preconceituoso é seu povo em relação às doenças mentais, e maior é o descaso dos órgãos públicos em relação às mesmas. Os tempos de hoje têm sido propícios para o desenvolvimento dos transtornos mentais, principalmente com a facilidade com que são diagnosticadas. Estatísticas mostram que essas doenças atingirão o topo da pirâmide até o ano de 2030. E para complicar, os países pobres são os que mais sofrem com o problema, sendo registrados mais casos de depressão em tais lugares do que em países desenvolvidos. Trago abaixo sábios comentário dos leitores deste blogue relativos ao tema e a minha resposta logo a seguir.

“Não é fácil lidar e viver com esta doença, pois o preconceito ainda é muito grande por parte daqueles que não têm depressão. Geralmente, evito falar para os conhecidos que tenho isso, até mesmo é uma forma de me livrar de comentários idiotas ou inválidos. Vamos aprendendo a viver com o problema. Os órgãos sociais e jurídicos deveriam fazer alguma coisa a respeito, até mesmo penalizar como preconceito brincadeiras de mau gosto, pois considero tais piadas como se fossem racismo. Muitos dos que tiram um “barato” são viciados em álcool e drogas.

No trabalho ainda existe muito preconceito quanto ao diagnóstico da depressão, pois após descobrirem, somos considerados indivíduos inválidos ou até mesmo loucos. Apresentar um atestado psiquiátrico ainda gera muito desconforto ao paciente, pois o preconceito toma conta. Muitas vezes o preconceito vem do próprio paciente. Temos que enfrentar isso de cabeça erguida, pois a vida de ninguém é um mar de rosas. Agora, quando um famoso sofre com esta doença mental, todos se comovem. O mundo VIRTUAL é uma das GRANDES mentiras que inventaram.

Viver com depressão não é fácil. Os altos e baixos, às vezes o remédio perde o efeito, noutra hora temos que aumentar a dose, etc. Graças a Deus existem os remédios e na maioria dos casos as pessoas voltam a ter uma vida normal. É lógico que temos que ter força de vontade e viver um dia de cada vez. O remédio blindou a minha depressão e, por enquanto, vou vivendo a vida normalmente e fazendo todas a minhas atividades.” (Well)

Resposta a Well

É muito bom saber que você se encontra cada vez melhor, o que prova que o uso do antidepressivo foi fundamental para que voltasse a ter uma vida com qualidade. Realmente o preconceito existe, mesmo com o aumento do transtorno depressivo em todo o mundo. Muitas vezes aqueles que fazem chacota estão tentando esconder o próprio transtorno. Trata-se de uma negação. Quanto ao mundo virtual, ele possui coisas boas e ruins. A escolha de cada um é que faz a diferença. Veja uma coisa boa: nós nos encontramos através da web. Você confirma uma grande verdade pois o preconceito vem, muitas vezes do próprio paciente.

“Realmente vivemos num mundo hostil e cruel em que as pessoas lutam para sobreviver a qualquer preço. Quando eu estava no pior momento da síndrome do pânico e da depressão, comentei com as colegas do meu setor sobre meu problema e falei alto, porque eu mal conseguia me manter sentada. Um colega (homem, nada contra o sexo e só para realçar o preconceito com a doença) ouviu-me reclamar da depressão, do mal-estar horrível e do sofrimento pelos quais passava. Ele falou alto para outro colega (homem) que era falta de “porra”, assim mesmo. Eu fiquei pasma, mas não entrei em bate-boca, até por que não estava em condições de discutir com ninguém. Eu me calei e continuei a sofrer calada.

Depois de muito tempo passando mal e pedindo pra ser dispensada, a minha chefe perguntou o que eu tinha e eu disse que era ansiedade. Foi muito difícil falar do meu diagnóstico pra ela, porque nós nunca sabemos se seremos compreendidos. Ela não me dispensou, até por que, com as medicações, eu melhorei. A depressão é uma dura realidade que infelizmente os governos e a sociedade ainda não levaram a sério, não entendem, nem ajudam adequadamente.” (Rosa)

Resposta a Rosa

O seu comentário deixa claro o quanto o preconceito contra as doenças mentais ainda é forte no Brasil. O sujeito que disse tal insanidade assim agiu por total desconhecimento do problema, por ignorância. Ele replicou o que ouve por aí. A sua chefe, que deveria entender melhor sobre o assunto, até pelo cargo que ocupa, também estava alheia ao mesmo. A nossa raiva deve ser creditada aos governantes e ao descomprometimento dos meios de comunicação em abordar o assunto com seriedade. É um absurdo o espaço dado ao futebol, enquanto questões seríssimas de saúde não são abordadas. Como vê, não vivemos num país sério, comprometido com o bem-estar de seu povo.  A depressão é realmente uma dura realidade que infelizmente os governantes e a sociedade não levam a sério.

“Como é bom saber que existem profissionais que enxergam a depressão, como nós, pacientes, vivenciamos. Você relatou a realidade. E quando se fala em termos trabalhistas, ainda existe um tabu quanto a isso. As empresas não dão a devida importância, e quando existe um afastamento do trabalho por problemas ligados à ansiedade ou depressão, no retorno do afastamento o trabalhador é muito hostilizado pela chefia. Muitas vezes pelos próprios colegas de trabalho. Talvez isso aconteça justamente porque os órgãos responsáveis pela difusão dos sintomas da doença e do tratamento, não fazem o seu trabalho corretamente. (Rodrigo)

Resposta a Rodrigo

Eu também faço parte do grupo das pessoas com problemas mentais, daí a facilidade com que discorro sobre o assunto, usando uma linguagem bem acessível a todos. Tenho depressão desde a minha fase de adolescente e uso antidepressivo ininterruptamente. Esta doença é hereditária na minha família materna e já causou muitos danos. Você tem toda a razão no modo como relata o comportamento da maioria dos chefes e colegas no trabalho, quando o assunto é uma doença mental. Isso acontece por falta de informação por parte da mídia e pelo descompromisso das autoridades responsáveis pela saúde da população. Nós não devemos esconder a nossa doença, ainda que contemos com ambientes hostis, pois é a única maneira de contribuir para que ela seja vista com seriedade. Precisamos continuar cobrando nossos direitos.

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INSÔNIA, ESTRESSE E DEPRESSÃO

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Autoria de Edward Chaddad

O estresse, a ansiedade e as preocupações exageradas levam a pessoa a não dormir, a ficar acordada, excitada pelos problemas da vida, resultando na insônia. Para o adulto é importante dormir pelo menos sete a oito horas por dia. E se não o fizer durante muito tempo, este quadro de insônia certamente levará às doenças físicas e ou mentais, principalmente à depressão. Há um liame entre eles. Assim, o estresse e a ansiedade produzem a insônia. E a insônia pode causar mais ansiedade e estresse, círculo que tem que ser detido, pois cada vez mais alimenta a depressão.

Dormir é importante, é um descanso que refaz a condição física e mental do dia anterior. E isto não acontece, quando a insônia toma conta de quase toda a noite, atrapalhando todas as fases do sono, de forma que sequer se chega à fase REM, quando se tem a mais profunda fase do sono e quando o raciocínio, mesmo dormindo, trabalha como se a pessoa estivesse acordada. A fim de chegar ao sono REM, há um caminho, sendo necessário tomar certas medidas antes de dormir.

É preciso evitar ficar acordado, pensando nos problemas de trabalho e na vida. É preciso escapar dos pensamentos ruins, assistindo à TV, usando celular com a luz forte acesa, bebendo bebidas ricas em cafeína, álcool e chocolate, que mudam a serotonina do corpo, afetando os neurotransmissores. Tudo isto leva à ansiedade que alimenta a insônia.

A modernidade trouxe a luz que afeta o sono. Os seres humanos, durante milhares e milhares de anos, tinham a escuridão da noite obrigatoriamente, quando então adormeciam. A melatonina era produzida diante da escuridão pela glândula pineal do cérebro. “Ao escurecer, a substância passa a ser produzida na glândula pineal do cérebro. Esse processo auxilia o organismo em seu preparo para o sono. Ele reduz a pressão arterial, os níveis de glicose e a temperatura do corpo”, diz Shigueo Yonekura, neurologista do Instituto de Medicina do Sono de Campinas e Piracicaba e especialista em sono pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP)

Antes de dormir é preciso manter um ambiente escuro, para ativar a produção pelo cérebro da melatonina, que é o hormônio produzido pelo corpo com a função de regular o sono. Mesmo a manutenção do brilho da TV em um quarto escuro pode produzir efeitos no cérebro que legam transtornos de humor, incluindo a depressão. “A luz à noite pode alterar os ciclos biológicos e a produção de hormônios, como a melatonina e cortisol. No caso da melatonina, ela para de ser secretada e o sono fica superficial, fazendo com que a pessoa acorde facilmente” e “o ideal é um ambiente escuro e sem ruído para ter um descanso reparador, sem interrupções e acordar disposto no dia seguinte” (Shigueo Yonekura, neurologista do Instituto de Medicina do Sono de Campinas e Piracicaba e especialista em sono pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP)

Dormir mal ou pouco, no dia seguinte traz irritação, dificuldades cognitivas, até dores de cabeça e no corpo, sonolência e alterações no metabolismo que deixam as pessoas suscetíveis a outras doenças físicas (hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, etc) e nervosas, perda e alteração da memória, estresse crônico e a depressão. É importante buscar um médico (neurologista ou especialista em terapia do sono) que irá examinar e ensinar a melhorar a capacidade de dormir, que é a solução. “É importante tratar o estresse, a ansiedade e o excesso de preocupações. Tudo isto já pode fazer parte e mesmo gerar diversos transtornos em nossa mente, como a depressão. Há também o auxílio de uma alimentação correta.

Ilustração: O Urutu, 1928, Tarsila do Amaral

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COMO EVITAR A DEPRESSÃO

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Autoria de Edward Chaddad

Sempre que buscamos olhar para o nosso entorno, evitamos que o cérebro seja preenchido pelas preocupações que semeiam os maus pensamentos e que nos levam à depressão. Realmente, não somos uma ilha! Temos muitos problemas em nossa vida, os quais devemos enfrentar com coragem, pois tudo passa muito rápido. Não podemos perder noites de sono para pensar em como agir diante de nossos desafios. Temos que viver o “dia de hoje” sempre. Nos afazeres da vida, cansados, certamente iremos dormir sem pensamentos que nos ofusquem o descanso noturno.

Devemos sempre pensar, dialogar e refletir sobre como iremos enfrentar o agora. É importante resolver as questões imediatas. Buscar preparar nosso futuro, economizando e construindo outros degraus de nossa escada vindoura, mas o importante mesmo é solucionar os problemas e situações presentes que nos trazem o nascer do sol. Nosso cérebro, desta forma, estará preocupado com o entorno, como o trabalho, a busca de solução profissional, a lida diária com afazeres domésticos, a saúde de toda a família, a educação dos filhos. Somente em caso de doenças deve haver preocupação, enfrentadas sem ficar ruminando pensamentos ruins, principalmente no descanso noturno. Temos que agir, buscando médicos, escutando-os, tomando medicamentos, etc.

A vida é uma travessia. Muitas vezes iremos sentir medo e tomar sustos, não entendendo os fatos que estão acontecendo. Porém, mesmo diante do quadro cinzento que em alguns momentos vislumbramos, temos que ter esperança. Temos que sonhar. As palavras amigas ajudam sempre, é claro. Mas a reflexão é muito importante para nos levar à razão. Mesmo que o caminho seja espinhoso, com muitas pedras a serem removidas, devemos caminhar, contemplando o nosso entorno, seguindo o exemplo do povo mais humilde e trabalhador, que enfrenta diariamente graves problemas.

Uma das coisas que combatem a depressão é agir em busca de efetivar nossos ideais de vida. Temos que agir muito em nossa vida, tanto na parte social, como na educacional, para auxiliar os mais necessitados. Além disso, devemos ter um grande amor pelos animais, sempre os socorrendo. Tudo isso preenche a nossa mente, eliminando os espaços vazios que poderiam ser preenchidos pela tristeza que não cede, pelo desencanto e pela depressão, tão comuns aos dias de hoje. Uma atividade altruísta nos auxilia a nunca ficarmos deprimidos. Quando conseguimos auxiliar alguém, isso nos lega um sentimento de felicidade e bem-estar. Este é um remédio importante que todos nós devemos buscar, pois nos afasta da depressão que, assim, não encontra lugar em nosso cérebro.

 Muitas vezes, chegamos a beirar à depressão, o que é humano. Mas dias após os fatos, estamos lá, trabalhando e desenvolvendo nossas atividades diárias, sem tempo para nos arruinarmos emocionalmente, pois sempre é preciso tocar a vida para frente. O egoísmo nunca terá condições de instalar-se em nós. Temos que pensar em nossa família e na vida em nosso entorno. Há muito o que fazer. Podemos nos livrar de pensamentos e sentimentos ruins, quando atuamos externamente, sem deixarmos espaço vazio, gerado pela ociosidade.

Ilustração: A Lua, 1928, Tarsila do Amaral

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A DEPRESSÃO NÃO ACEITA OU DÁ AMOR

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Autoria de Lu Dias Carvalho

nuasof

Numa depressão severa, as mãos que se estendem para você estão fora de seu alcance. (Andrew Salomon)

Tudo passa – sofrimento, dor, sangue, fome, peste. A espada também passará, mas as estrelas ainda permanecerão quando as sombras de nossa presença e nossos feitos se tiverem desvanecido da Terra. Não há homem que não saiba disso. Por que então não voltamos nossos olhos para as estrelas? Por quê? (Mikhail Bulgakov em O Exército Branco)

Muitos podem achar que a afirmativa de que “a depressão é a imperfeição do amor” é uma tremenda invencionice, mas o escritor Andrew Solomon, ele mesmo uma vítima da doença, argumenta com muita propriedade sobre o assunto. Segundo ele, quando a depressão se faz presente, ela degrada o eu da vítima e acaba por lhe roubar a capacidade de dar e receber amor, pois a solidão avoluma-se e destrói as vias de contato com o outro e a capacidade de a pessoa sentir-se bem consigo mesma. Como para amar o outro é preciso que amemos primeiro a nós mesmos, o sentimento de afeição torna-se totalmente inviável. E sendo o amor o manto que protege a mente contra si mesma, é preciso buscar medicamentos e psicoterapias que restaurem a capacidade de receber e dar amor.

Por muito tempo acreditou-se que as doenças psicossomáticas não eram reais. Por isso, a queixa dos deprimidos não era levada a sério, sendo elas tidas como coisas de pessoas fantasiosas, chantagistas e que queriam chamar a atenção para si. Hoje sabe-se que além de reais, elas podem trazer severos impactos para o corpo. Assim, quando o cérebro funciona mal, deve ser tratado adequadamente, como se faz com os rins, fígado, coração e outras partes do corpo humano.

É fato que a depressão atinge pessoas diferentes e de maneiras diferentes, de acordo com a predisposição de cada uma, pois ela interage com a personalidade do indivíduo, daí as diversas maneiras de reação à doença e aos medicamentos. Alguns indivíduos conseguem passar por uma depressão leve sem o uso de remédios, enquanto outros são mais frágeis e precisam desses. Não há uma regra comum.

O fato é que ninguém passa pelos caminhos da vida sem travar contato com a tristeza e a dor, não importando a classe social, etnia, idade ou gênero. Nada existe que possa invalidar a angústia que se apodera do ser humano em vários momentos de sua vida. Talvez ela tenha as suas raízes fincadas na própria finitude humana, quando o homem se confronta com a sua própria insignificância diante do existir finito. A crença pode abrandar essa angústia, mas não a erradica. O próprio Jesus, segundo falam os Evangelhos, na sua passagem terrena vivenciou o sofrimento. E quanto maior for a consciência do eu e a interação com o planeta, maior é a angústia ante a impotência de que quase nada pode ser feito para mudar as coisas que se considera inaceitáveis.

Acredito que a dor e a tristeza são fundamentais para a nossa humanidade, de modo que eliminá-las do mundo seria um desserviço ao homem. Mas, quando elas ceifam a vontade de viver, algo precisa ser feito, pois, enquanto para os não depressivos o sofrimento não compromete a caminhada, para os depressivos ele se torna desproporcional às circunstâncias, adubando a depressão. O melhor caminho para tratá-la é não se acostumar com a sua presença. Não esperando chegar ao fundo do poço. É preciso buscar ajuda, quando se é incapaz de domá-la sozinho.

Para o escritor Andrew Solomon a depressão está presente na história da humanidade desde que o homem tomou consciência de seu próprio eu, e vem aumentando muito nos dias de hoje em consequência de motivos como:

  • o ritmo acelerado de nossa época;
  • o caos tecnológico;
  • a alienação das pessoas;
  • o colapso da estrutura familiar;
  • a solidão endêmica;
  • a devastação do planeta;
  • o fracasso do sistema de crenças (moral, político, religioso, social…);
  • a falta de significado para a vida.

Portanto, é preciso que encontremos soluções para os problemas gritantes que vêm acompanhando a modernidade, pois eles são uma clara mensagem à vulnerabilidade humana e a de todo o nosso planeta cada vez mais desprotegido e em perigo.

Solomon enumera algumas necessidades:

  • baixar o nível de poluição socioemocional;
  • buscar fé e estrutura (no seu Deus, no eu, em outras pessoas, ou em qualquer outra coisa);
  • ajudar os que são privados de seus direitos civis;
  • praticar e ensinar o amor;
  • melhorar as circunstâncias que conduzem a níveis aterradores de estresse;
  • manifestar-se contra a violência e suas representações;
  • preservar o planeta Terra;
  • praticar algum tipo de voluntariado, etc

Na maturidade deste novo milênio, espero que salvemos as florestas tropicais desta nossa Terra, a camada de ozônio, os rios e correntes, os oceanos, e salvaremos, também espero, as mentes e os corações das pessoas que vivem aqui. Então controlaremos nosso crescente medo do demônio do meio-dia – nossa ansiedade e depressão. (A. Salomon)

Nota: A Mulher em Depressão, quadro do psicanalista e pintor pernambucano Lúcio Escobar, feito em 2004.

Fonte de Pesquisa:
O Diabo do Meio-Dia/ Andrew Solomon

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EXERCÍCIOS FÍSICOS X DEPRESSÃO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

 A depressão aparece por conta própria. Em vez de se colocarem a serviço do organismo, as emoções voltam-se contra ele, iniciando o movimento descendente da depressão. (Stefan Klein)

 O ânimo para viver depende tanto da realidade de uma situação quanto da avaliação que fazemos dela. (Stefan Klein)

Existem dois tipos de depressão: a psicogênica (ocorre como reação a experiências ruins e a conflitos íntimos) e endógena (causada pelo próprio organismo). O famoso primeiro-ministro britânico Winston Churchill foi vitimado por inúmeras crises de depressão. Ele chamava sua doença mental de “meu cão negro”. Poderia tê-la minimizado com a prática de esportes, mas não era afeito a isso e sempre dizia: “Nada de esportes, só uísque e charutos!”, o que tornou sua doença mental ainda mais profunda.

Segundo o biofísico Stefan Klein, “Quando uma pessoa que tem um temperamento triste por predisposição genética sofre uma grande decepção, é bem provável que ela caia em depressão”. Ainda que essa doença mental – hoje quase uma epidemia global – seja, na imensa maioria das vezes, de origem genética (endógena), numerosas pesquisas mostram que pode ser aliviada com a prática de exercícios físicos, pois esses melhoram a condição física, aumentam a autoconfiança, diminuem a angústia e, em consequência, evitam sua incidência constante.

Não importa o tipo de exercício feito (andar, correr, dançar…), todas as atividades são benéficas, desde que não resvalem para o exagero. O filósofo francês Jean-Jacques Rousseau dizia que era preciso “exercitar o corpo em benefício da alma”. E não há mesmo alma que não se sinta mais leve depois de uma atividade física, pois, segundo Klein, “Quando os músculos se movem, o cérebro libera hormônios como a serotonina e provavelmente também endorfinas, as quais produzem uma leve euforia. […] Depois de um pequeno esforço os membros se aquecem, os músculos relaxam, o pulso acelera. Isso espelha exatamente a imagem do bem-estar corporal. É assim que a atividade física nos permite manipular sutilmente os neurônios”.

As pessoas depressivas normalmente sentem grande dificuldade em sair de casa para frequentar uma academia. É bom que saibam, no entanto, que o exercício físico, qualquer que seja a atividade, é benéfico, não importando que esteja ligado a uma academia, como muitos pensam. A internet traz aulas que podem ser acompanhadas em casa, ainda que em inglês, bastando apenas executar os exercícios vistos. Busquem pelo link (e outros mais):
 https://www.youtube.com/watch?v=enYITYwvPAQ

Fonte de pesquisa:
A Fórmula da Felicidade – Stefan Klein – Editora Sextante

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NÃO SEI! SÓ SEI QUE FOI ASSIM… (Parte IV)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

   As idas e vindas dos dois amigos ao Bosque do Silêncio continuaram por uma semana. Eles se escondiam em frente ao portão, amoitados detrás de uma touceira de espinhosos cactos. Mas nada acontecia. Celestina, no entanto, além de insensível ao toque do marido, tornara-se também insolente, irritadiça e rabugenta. Tudo para ela era motivo de agastamento. Brigava até mesmo por “dá cá aquela palha”. Além do mais, passou a não ligar com o esposo e a casa, ficando só a suspirar pelos cantos da morada, como se algo lhe faltasse.

     A dupla, formada pelos supostos detetives, resolveu dar duas semanas de trégua ao casal de enrabichados. Talvez o sujeito houvesse descoberto a presença do marido ali por perto e também se escondera, esperando um tempo propício para um novo encontro com a afogueada Celestina. O fato é que muitas noites transcorreram sem quaisquer novidades para o pobre marido, já cansado de tanto pelejar para pegar o tórrido casal de amantes em ação.

    Passado o tempo aguardado, marido e ex amante puseram-se de novo a vigiar Celestina. Eis que, já no segundo dia, avistaram a cena que tanto desejavam. A mulher era jogada de um lado para o outro, enquanto seus uivos de prazer faziam tudo em derredor estremecer, amedrontando, até mesmo, as almas penadas. Somente as corujas-de-igreja e os urutaus, com seus pios aterrorizantes, ousavam dar sinal de vida.

    Os dois homens correram para cima dos supostos amantes, mas foram vigorosamente seguros pelas pernas, sem compreender quem ou o que os prendia. Tomados pelo medo, tentavam correr a qualquer custo, mas em vão. Não havia força capaz de soltá-los. Debalde lutavam contra o que não viam.

    Os dois valentões – marido e antigo amante – acordaram esparramados no chão, extremamente cansados, praticamente sem energia vital, corpo e mente totalmente abilolados, mas com uma expressão de êxtase no rosto, como se tomados por um grande aprazimento. Nem mais se lembravam do que ali foram fazer. Não tinham ideia de que seus corpos foram tomados por dois súcubos.

   E por isso ou aquilo, para o bem ou para o mal, Celestina foi deixada literalmente de lado na cama. Assim como se deitava, ela amanhecia, sem que houvesse queixas por parte do casal em relação ao pavio seco e a cacimba vazia.

     O marido de Celestina, dizendo-se achacado por severas dores nas costas, o que o impedia de trabalhar na lavoura, pediu-lhe que arranjasse para si um serviço no Bosque do Silêncio – o que ela prazerosamente o fez. Os dois ali passaram a trabalhar desde o cair da noite ao amanhecer do dia naquele lugar.

  Os gemidos libidinosos acabaram? Não! Após a meia noite, uivos e suspiros langorosos entrelaçavam-se, agora com maior possança, ribombando pelos ares, de modo que nem as corujas-de-igreja e os urutaus por ali mais passavam.

  E o ex amante de Celestina, o que lhe aconteceu? Não sei! Só sei que foi assim…

 

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