CARL SAGAN – A CAÇA ÀS BRUXAS (VI)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Tem chegado a nossos ouvidos que membros de ambos os sexos não evitam manter relações com anjos, íncubos e súcubos malignos. Por meio de feitiçarias, palavras mágicas, amuletos e conjuros eles sufocam, extinguem e abortam os filhos das mulheres. (Inocêncio VIII)

O papa Inocêncio VIII incentivou a loucura em relação aos demônios, ao editar uma bula em 1484 a respeito desses. Através dessa fatídica bula, mulheres inteligentes – tidas como bruxas – passaram a ser perseguidas em toda a Europa da época. Embora homens também fossem acusados de ter relações com súcubos, meninas e mulheres foram as principais perseguidas pela Inquisição – período assombroso da humanidade. Os protestantes do século seguinte, ao invés de condenar os desmandos da Igreja Católica, endossaram as suas práticas escabrosas. Até mesmo os humanistas Erasmo de Roterdã e Thomas More acreditavam na existência das bruxas. O famoso teólogo da Igreja Católica – Agostinho de Hipona – acreditava que as bruxas eram o resultado da relação entre demônios, também conhecidos como “anjos caídos”, e mulheres.

Os demônios, que a Igreja Cristã alegava seduzir as mulheres, recebiam o nome de íncubos e aqueles, cuja sedução era direcionada aos homens eram conhecidos como súcubos. Segundo os cânones da época, a relação acontecia quando a suposta vítima encontrava-se adormecida, vitimada por sonhos atormentadores. Supostamente hipnotizada, a coitada sentia apenas um peso sobre o peito.

A bula de Inocêncio VIII foi responsável pela acusação, tortura e execução de incontáveis mulheres e meninas, tidas como bruxas em toda a Europa. A acusação usada pela Igreja era a de que elas “buliam com o mundo invisível” e, portanto, tinham que ser eliminadas para salvar a alma das pessoas e derrotar os demônios, quando, na verdade, o demônio encontrava-se dentro de seus perseguidores que buscavam a obediência ao culto religioso a qualquer preço, prática doentia que vemos até hoje, não aos moldes da Inquisição, mas com outra asquerosa metodologia.

O livro Malleus Maleficarum (Martelo das Bruxas), escrito pelos inquisidores Henry Kramer e James Sprenger, que dizia respeito ao trato com as bruxas, é reconhecido como um dos mais horrendos da história da humanidade, sendo que, para Thomas Ady (1606-1704) – médico e humanista inglês, autor de dois livros céticos sobre bruxaria e caça às bruxas – tudo não passava de uma mistura de doutrinas e invenções infames.

A palavra dos inquisidores não podia ser contestada, ficando os réus sem nenhum direito. Muitas vezes as acusações eram motivadas por vingança, inveja ou ganância, uma vez que todos os bens das vítimas eram confiscados pelos inquisidores e posteriormente divididos entre Igreja e Estado. A  vítima e sua família pagavam todos os custos da investigação, julgamento e execução. Tais custos iam do vinho para os guardas até os feixes de lenha e a corda usada pelo carrasco. Havia toda uma burocracia institucionalizada a serviço da perversa caça às bruxas. Por que eram queimadas? Como a Igreja Cristã era contrária ao “derramamento de sangue” foi instituída a cremação, como se isso fizesse muita diferença.

Ilustração: O Voo das Bruxas, 1798, obra de Francisco Goya

Fonte de pesquisa
O mundo assombrado pelos demônios/ Companhia de Bolso

Indicação: Site “Além da Fé” no You Tube.

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Guardi – UM MILAGRE DE SÃO JACINTO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Francesco Guardi (1712-1793) é considerado um dos mais renomados pintores de vista (vedute) venezianos, arte que aprendeu com Giovanni Antonio, seu irmão. No início de sua carreira, o artista tinha os retábulos como principal trabalho, depois passou a pintar cenas atmosféricas de sua cidade, tendo como influência o trabalho de Canaletto e Michele Marieschi. A pintura de paisagem tornou-se preferencial. Também criou pinturas ilustrativas das grandes festas venezianas.

A composição denominada Um Milagre de São Jacinto e também conhecida como Milagre de um Santo Dominicano é uma obra do pintor, tendo sido executada para a igreja de São Pedro Mártir, situada em Murano. A tela mostra São Jacinto salvando um grupo de monges, prestes a afogar-se, após terem caído de uma ponte sobre o rio Dnieper, destruída pela enchente. Destroços são vistos por todos os lados.

São Jacinto aparece levitando sobre as águas, trazendo na mão esquerda um crucifixo e com a direita segura um dos monges pelo pulso. Seis outros monges clamam por socorro, enquanto três outros estão a despencar-se do que restou da ponte. Na margem, em primeiro plano, um grupo de pessoas, dentro as quais se encontra um monge, acompanha aflitivamente o salvamento.

O local da cena encontra-se devastado. Restos da madeira da ponte atravessam a tela horizontalmente, dividindo-a ao meio. Chapéus e cajados são vistos flutuando ou boiando sobre as águas revoltas. Os personagens, ao contrário de outros trabalhos de Guardi, são aqui apresentados com mais vigor.

Ficha técnica
Ano: c.1763
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 122 x 172 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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CARL SAGAN – DEMÔNIOS DE ONTEM E DE HOJE (V)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Só confie numa testemunha quando ela fala de questões em que não se acham envolvidos nem o seu interesse próprio, nem as paixões, nem os seus preconceitos. (Thomas Henry Huxley)

Os seres humanos sempre tiveram necessidade de acreditar em algo. Tem sido assim durante toda a história da humanidade. Para preencher as lacunas daquilo que desconhecem, criam entidades sobrenaturais para preenchê-las. Culturas antigas, como a egípcia e a greco-romana, tinham uma grande variedade de deuses, cujo objetivo era explicar tudo aquilo que desconheciam, satisfazendo-lhes as necessidades e a curiosidade. Assim, elas se sentiam mais tranquilas em relação à vida cheia de indagações não respondidas e de acontecimentos imprevisíveis. Quanto maior o desconhecimento num certo campo, mais “atuavam” tais divindades.

Segundo o cientista Carl Sagan em seu livro O Mundo Assombrado pelos Demônios, a crença em demônios era totalmente aceita no mundo antigo, só que, diferentemente dos tempos de hoje, eles eram tidos como seres naturais e não como sobrenaturais. O filósofo Sócrates explicava que sua inspiração filosófica advinha de um demônio pessoal que era muito bom. O filósofo Platão também tinha a mesma visão de seu mestre. Para ambos os demônios eram entidades do bem. Platão afirmava que “Deus, por amor à humanidade, colocou acima de nós os demônios, que são uma raça superior, e eles, de forma fácil e prazerosa para si mesmos, e não menos prazerosa para nós, tornam as tribos dos homens felizes e unidas, ao cuidar de nós e nos dar paz, reverência, ordem e justiça que nunca falham”.

Toda essa visão sobre demônios mudou com os platônicos que se seguiram, sendo que os neoplatônicos contaram com grande influência da filosofia cristã. Passaram, então, a afirmar que existiam demônios do bem e demônios do mal, contrariando a visão anterior dos filósofos que afirmavam que tais seres eram do bem. Os primeiros dirigentes cristãos, contudo, na ânsia para se desvincular totalmente das crenças pagãs (existentes antes da vinda de Cristo), passaram a alegar que todos os demônios eram maléficos, não havendo, portanto, demônios do bem. Era de seu interesse apenas manter os demônios do mal, a fim de amedrontar e sujeitar seus adeptos ao novo credo. E assim, desapareceram os demônios benfazejos, ainda que esses estivessem ligados apenas à crendice.

Em suas pesquisas o cientista Carl Sagan encontrou um caso em que certo padre do deserto sugere que os demônios encontram-se dentro do próprio homem, algo inusitado para a época, ao afirmar que “Os nossos próprios desejos tornam-se demônios, e são eles que nos atacam”. Tal visão está em concordância com o pensamento de muitas pessoas nos dias de hoje, contrariando a cantilena dos credos religiosos, pois, para eles, o “demônio de chifres” doa-lhes um grande número de fiéis e rende-lhes mais benefícios financeiros.

Vivemos no século XXI e não mais na Antiguidade Clássica ou Idade Média. Vivemos numa época em que a imensa maioria dos credos religiosos vivificam a presença do demônio com prazer, pois é ele quem enche os templos e seus cofres. É, sem dúvida, o mais comprometido e promissor sócio. Deus não passa de um garoto propaganda, enquanto o suposto demônio é o fiel cobrador do propalado dízimo. Pobre humanidade, não aprende nunca! Enquanto colocar de escanteio a Ciência, será sempre uma presa fácil dos espertalhões religiosos, presentes em cada quarteirão.

Ilustração: O Pesadelo, 1781, obra de Johann Heinrich Füssli

Fonte de pesquisa
O mundo assombrado pelos demônios/ Companhia de Bolso

Indicação: Site “Além da Fé” no You Tube.

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Adam Elsheimer – A FUGA PARA O EGITO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Adam Elsheimer (1578-1610) é considerado um dos mais importantes artistas alemães do Barroco primitivo. Seu primeiro professor foi o alemão Philipp Uffenbach. Veio a trabalhar mais tarde no estúdio do paisagista holandês Gillis van Coninxloo, responsável por introduzi-lo na conhecida Escola de Danúbio (nome dado a um grupo de pintores do começo do século XVI, na Baviera e Áustria, e ao longo do vale do Danúbio, e que se encontravam entre os primeiros artistas a trabalharem com a pintura de paisagens e figuras). Em Veneza, aprendeu as técnicas da pintura veneziana com Hans Rottenhammer. Em Roma trocou influências com Paul Bril. O artista era um grande admirador do estilo figurativo de Caravaggio, tendo se encontrado com ele e seus discípulos em Roma, e também das paisagens idealizadas de Annibale Caracci. Ele acabou unindo os dois estilos e criando um próprio.

A composição A Fuga para o Egito é uma das obras-primas de Elsheimer, responsável por trazer-lhe uma enorme fama. Trata-se de uma encantadora e poética pintura noturna em que o artista une, liricamente, paisagem e figuras humanas. Esta pintura, ao apresentar um fantástico tratamento de luz e composição equilibrada, trouxe influências profundas à pintura paisagística do norte europeu no século XVII. Foi feita quando o artista encontrava-se em Roma. O quadro era tão querido ao pintor que, por ocasião de sua morte, ele se encontrava pendurado em seu quarto. O artista morreu um ano depois de concluí-la, tendo morrido muito jovem, deixando uma produção pequena, porém muito significativa.

Faz-se noite, conforme descreve a passagem bíblica em relação à fuga de Maria, seu Menino e José. A Sagrada Família ainda se encontra em marcha, a caminho do Egito, fugindo de Herodes e seus perseguidores. A Virgem Mãe, montada no burrinho, leva nos braços, enrolado em seu manto, o Menino Jesus. São José segue ao lado de olho na preciosa carga. Sua mão direita está erguida em direção a Jesus, talvez para consertar o manto e protegê-lo do frio da noite, enquanto a esquerda segura uma tocha de luz para alumiá-los.

O burro segue pacificamente, tendo a perna dianteira esquerda dobrada, indicativo de que se encontra caminhando. A família aproxima-se de três vaqueiros que se encontram em volta de uma fogueira faiscante. Um deles está de pé, o segundo atiça o fogo e o terceiro está deitado, mas vira-se para ver os visitantes que se aproximam.  Próximo a eles está o pequeno rebanho.

A paisagem é magnífica, mostrando a silhueta abobada das árvores escuras que conduzem ao reflexo no lago. Um céu azulado salpicado de estrelas, com uma lua magnífica, à esquerda, que se duplica dentro das águas calmas de um lago, toma quase a metade da pintura. As árvores escurecidas pela noite agem como um muro de proteção e segurança para a Sagrada Família. O artista fundiu em sua obra elementos religiosos e paisagísticos, assim como luz e escuridão. A Via Láctea forma uma diagonal, que parte do canto superior esquerdo em direção ao inferior direito, dividindo a obra em dois triângulos, praticamente separando céu e terra. Quatro fontes de luz irradiam luz sobre a paisagem. São elas:

  • a lua no céu;
  • o reflexo da lua na água;
  • a tocha na mão de José e
  • a fogueira dos pastores.

Adam Elsheimer exerceu influência sobre seus contemporâneos Peter Paul Rubens e Claude Lorrain. Há também a probabilidade de que “A Fuga para o Egito”, de Rembrandt, de 1627, com sua iluminação fantástica, tenha sido inspirada no trabalho de Elsheimer, que também foi motivo de inspiração para o pintor romântico alemão Caspar David Friedrich.

Ficha técnica
Ano: 1609
Técnica: óleo sobre cobre
Dimensões: 31 x 41 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/
Könemannhttps://en.wikipedia.org/wiki/The_Flight_into_Egypt_(Elsheimer)
http://www.wga.hu/html_m/e/elsheime/egypt-e.html

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Bellotto – VISTA DE VIENA, DO BELVEDERE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Bernardo Bellotto (1721-1780), também conhecido como Canaletto por causa de seu tio e mestre famoso Antonio Canal, é tido como um dos mais notáveis artistas venezianos do século XVIII. Foi muito influenciado pelas obras do tio. Foi pintor da corte do rei Estanislau II, na Polônia. Seu estilo tem como características a precisão topológica, a perspectiva arquitetural precisa e o uso de cores pálidas e frias. O artista pintou inúmeras vedute (vistas detalhadas de uma cidade ou de uma paisagem) e caprici (combinações fictícias de edifícios e paisagens), assim como cenas históricas e de gênero.

A composição denominada Vista de Viena, do Belveder é obra do artista. Foi pintada quando ele se encontrava em Viena. O pintor foi encarregado pela Casa Imperial para pintar uma série de treze vistas, sendo esta a mais famosa dentre todas elas. Retrata magistralmente a cidade vienense, vista do balcão do Palácio Superior do Belvedere, no topo da colina. Apesar da aparente fidelidade à vista captada, o pintor usou algumas estratégias na sua elaboração, como o fato de ter comprimido o plano da cidade, de modo que pudesse incluir nela um número maior de elementos arquitetônicos.

A cidade de Viena é retratada sob a luz do crepúsculo. Os bosques e colinas verdejantes servem como pano de fundo. Há uma infinidade de variados elementos na composição, como fachadas, telhados, campanários, árvores, pessoas, etc., formando maravilhosas áreas de cor. À esquerda e à direita são vistas as cúpulas arredondas da Igreja de São Carlos e do convento das salesianas.

Bellotto usou a técnica de baixar o primeiro plano para frente, dando destaque a dois interessantes motivos, separados por uma cerca de árvores: o Jardim Schwarzenta, à esquerda, e o canteiro do Jardim Belvedere, à direita, animado por inúmeras figuras.

Ficha técnica
Ano: 1759-60
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 136,5 x 212,5 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.clarkart.edu/exhibitions/klimt/bellotto/view.cfm

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OS PROVÉRBIOS E O AMOR

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Reza um provérbio russo que “O amor é um anel e um anel não tem fim”, no que está coberto de razão, pois o amor, se não é, deveria ser a mola que move a vida no planeta Terra. Sem ele a existência humana não terá nenhum sentido, ainda que alguns tolos pensem que o ato de viver concentre-se na acumulação de poder e riqueza, pois só “Onde semeia amor nasce alegria”, diz um provérbio conhecido em todo o mundo. Os tolos acabam partindo bem mais pobres do que chegaram ao mundo. Quando os provérbios referem-se ao amor, eles o fazem em três sentidos: o amor a Deus, o amor entre todos os homens e o amor entre duas pessoas, que deveriam se completar em todos os sentidos. Neste texto, daremos maior relevância ao último sentido.

Os provérbios são muito criativos ao abordar este tipo de amor. Eles estão presentes em todas as culturas e em todos os tempos, desde que o homem aprendeu a expressar seus sentimentos. Ora abordam sua brandura, companheirismo e generosidade, ora mencionam sua irracionalidade, engano, ciúme, desacertos e decepções. Talvez seja por isso que um provérbio húngaro ironiza: “Em sonhos e no amor nada é impossível”. É interessante também notar que em todas as culturas o primeiro amor parece deixar marcas indeléveis. Um provérbio árabe diz que “O primeiro amor é o único verdadeiro”, enquanto um português confirma que “Não há amor como o primeiro”. Um provérbio polonês, talvez querendo expressar a força dos sentimentos contida no primeiro amor, afirma: “O primeiro amor é como uma serpente: se não destrói, paralisa”.

Os provérbios confirmam que não é fácil a vida dos enamorados, pois muitas desventuras aguardam-nos. Um provérbio indiano avisa: “Há mil desditas num único amor”, portanto, não digamos que não fomos avisados. A paixão é responsável por um sofrimento ainda maior, uma vez que “Quem depressa se apaixona, depressa se separa”, vindo a sofrer grandes mágoas, já que “Um amor ardente e uma razão fria raras vezes andam juntos”. Um provérbio senegalês vai fundo na ferida: “Se as punhaladas de amor fossem uma doença das pernas, muitos coxeariam”, no que está coberto de razão.

O bom mesmo é levar a sério o provérbio romano que afirma: “Não há doença pior que o amor”, e tentar não cair em qualquer esparrela. Primeiro é necessário não ir com muita sede ao pote, e olhar com mais calma o que se esconde dentro dele. Muitas vezes, ao invés de água limpa, pode estar escondido um escorpião. O melhor a fazer é se afastar, pois “O que os olhos não veem o coração não sente”, reza um provérbio brasileiro. Sem se esquecer de que “O amor é cego, mas os vizinhos não”, como adverte o provérbio mexicano. Todo cuidado é pouco, para que não aconteça o que é apregoado pelo provérbio surinamês: “O amor cega os olhos e só a dor os abre

Quem pensa que os provérbios não diminuem a mulher, quando se trata do amor, pegou o bonde errado, enquanto o homem passa como vítima. Ela jamais poderá tomar a dianteira, pois “Se um homem persegue uma mulher, acaba em casamento; se uma mulher persegue um homem, acaba em ruína”, já que “A galinha não deve cacarejar”, ou “O cavalo não pode vender a si próprio”. Mas ela é também muito poderosa, pois, “Nem mesmo Deus pode segurar uma mulher apaixonada” e “Quando uma mulher quer uma coisa, pode enganar mais de cem homens”, pois “A mulher encontra o amante mesmo que ele esteja fechado num baú”. A vítima deve estar ciente de que “O coração feminino é tão instável como a água que escorre numa pétala de lótus“.

A mulher também é vista como interesseira, ao contrário do homem. Ela não se preocupa com o amor, mas com o dinheiro e a vida boa que o enamorado pode lhe proporcionar. Sendo assim “Mostra o dinheiro e a mulher aparece“, diz um provérbio árabe, enquanto um espanhol afirma que “Na guerra e no amor o dinheiro é o vencedor“. E um indiano, muito filosófico, afirma: “Se lhes deres comida, belos presentes e amor, as mulheres ficam mansas“. Mas um provérbio russo afirma que “Sem a mulher, as flores não florescem e os botões não desabrocham“.

Nos dias de hoje, o amor romântico anda cada vez mais escasso. A mulher já não tem como objetivo o casamento, e não mais se contenta em ser apenas dona de casa. Ela estuda, sai, trabalha fora e contribui com o rendimento familiar. Os laços mais fortes do amor passaram a ser o companheirismo e o respeito às diferenças.

Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

Nota: Imagem copiada de gartic.uol.com.br

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