Magritte – O JÓQUEI PERDIDO (1940)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A mente ama o desconhecido. Ela adora imagens cujo significado é desconhecido. (René Magritte)

O desenhista, ilustrador e pintor belga René François Ghislain Magritte (1898–1967) era filho de Léopold Magritte – alfaiate e comerciante têxtil – e Régina. Ingressou ainda muito novo na Académie Royale des Beaux-Arts/Bruxelas (1916 a 1918), ali permanecendo apenas dois anos, pois achava as aulas improdutivas e pouco inspiradoras. Começou a pintar aos 12 anos de idade. Suas primeiras pinturas – datadas de cerca de 1915 – eram de estilo impressionista. Já as que criou durante os anos de 1918 a 1924 receberam influência do Futurismo e do Cubismo figurativo de Metzinger. Era um homem agnóstico, taciturno e aparentemente tímido que cultivava opiniões políticas de esquerda. 

A composição intitulada O Jóquei Perdido é uma obra do artista. Trata-se de sua primeira obra à qual permitiu receber o rótulo de “surrealista”, embora obras anteriores já mostrassem características do estilo que viria a torná-lo reconhecido. Magritte tinha a corrida de cavalo, com o cavaleiro perdido numa paisagem ilógica, como um de seus temas prediletos. Fez muitas pinturas com essa mesma temática, apenas mudando ligeiramente suas versões.

A pintura apresenta um jóquei montado em seu cavalo, perdido num mundo totalmente irreal em que o tronco das cinco árvores (em formato de bilboquê) é feito de pauta musical. Seus galhos despidos de folhas parecem os chifres de um veado-galheiro. Ele se encontra num palco coberto de madeira, tendo como piso um pano branco riscado com finas linhas geométricas, e enquadrado por cortinas escuras – cenário de teatro comum às primeiras criações do artista. Imaginam alguns que a presença de pautas musicais é uma homenagem ao pianista e compositor Mesens e a seu irmão Paul – músico que estudou com Mesens.  

A árvore bilboquê à direita, próxima à cortina, encontra-se numa posição surreal, pois ao mesmo tempo em que se mostra atrás da cortina, também se apresenta à sua frente.

Ficha técnica
Ano: 1926
Técnica: colagem
Dimensões: não encontradas
Localização: coleção privada

Fontes de pesquisa
Magritte/ Editora Taschen
https://www.renemagritte.org/the-lost-jockey.jsp

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OS DITOS POPULARES E O TEMPO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Se o tempo é o senhor da razão, como se diz popularmente, é bom saber que ele às vezes passa a perna na humanidade. Esquece-se tal sábio senhor que ninguém é Matusalém – personagem bíblico que dizem ter vivido 969 anos. Se dificilmente a grande maioria dos pobres humanos, não passam dos míseros 100 anos, como irá se lembrar de coisas do arco da velha? Para que o meu leitor não ache que estou a enfiar pum na linha, eu enxoto a cobra e mostro o rastro, mostrando-lhe mudanças que ocorreram com os ditos populares através dos anos:

1.“Batatinha, quando nasce, esparrama-se pelo chão…”.

Minha mãe declamava esses versinhos para mim, assim que comecei a dar os primeiros passos. Eu me levantava e abaixava, pegando as supostas batatinhas. E do mesmo jeito eu os ensinei a todas as criancinhas com quem brinquei (e continuo brincando). Mas que mundo atroz, não mais querem que a batatinha esparrame-se pelo chão, mas que apenas espalhe suas ramas. Um menininho me disse que dói a língua dizer: “Batatinha quando nasce, espalha as ramas pelo chão…”.

2.“Hoje é domingo, pé de cachimbo!”.

Confesso que desde menininha achei meio estranho esse tipo de árvore que dava cachimbo. Com o tempo, passei a imaginar que o pé do cachimbo fosse o tubo, aquela parte ligada ao fornilho, e através da qual se aspira o fumo. Meu avô sempre pedia aos netos para não pegarem na parte onde ficava o fumo, pois podiam queimar a mão, mas somente no pé do cachimbo.  Eis que, já adulta, descubro que o correto seria falar: “Hoje é domingo, pede cachimbo!”, ou seja, no dia de descanso as pessoas podiam fumar tranquilamente. Certamente não tinham conhecimento dos males nefastos causados.

  1. “Esse menino não para quieto, parece que tem bicho carpinteiro!”

Maneco sempre foi o mais desassossegado dos meus priminhos. Minha pobre tia Dudu não tinha um minuto de sossego. O menino era levado à breca. A todo momento ela bradava a expressão acima. E eu, na minha santa ingenuidade, achava que se referia ao bicho parecido com o cupim, que assolava os incautos carpinteiros no trato com a madeira. Mas já nos primeiros anos de estudo da língua portuguesa disseram-me que o correto seria dizer: “Esse menino não para quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro!”. Assim, não existe o tal bicho carpinteiro.

4. “Cor de burro quando foge”.

Dias desses ganhei uma blusa com uma cor para lá de estrambótica, mas, como a cavalo dado não se olha os dentes, vesti-a uma vez, para que o doador visse, e deixei-a a dormitar no fundo da gaveta. Ao ser indagada sobre a cor da dita, veio-me à boca a expressão acima. E é claro que ninguém teve a menor noção de qual seria a sua tonalidade, ficando o dito por não dito. Mas não é que agora acabaram com essa cor fantasmal! O correto é dizer: “Corro do burro, quando foge!”.

  1. “Quem tem boca vai a Roma!”.

Eis aqui um dito que dá ao buscador uma grande dose de estímulo, quando procura obter uma informação. É até mais seguro do que o GPS, pois a instrução obtida é através do olho no olho. Já fui impulsionada por esse dizer vezes sem conta e jamais me dei mal. Mas, se algum inconformado achar que tudo deve ser “ipsis litteris”, mesmo que nunca tenha botado os pés na capital italiana, e seja chegado a vaias, que diga: “Quem tem boca, vaia Roma!”.

  1. “Cuspido e escarrado”

Sempre achei nojenta essa comparação. Se o fato de lançar saliva, onde quer que seja, já demonstra falta de educação, imagine expelir catarro. Nunca me aprouve comparar duas pessoas usando tais palavras, que para mim não passavam de um dito chulo, um xingamento mesmo. Já fiquei até mesmo sem falar com uma comadre de minha mãe,  quando essa assim me comparou à minha querida prima Zazá. Nós não merecíamos tal afronta, pois éramos menininhas muito gentis. Mas vale a pena ser: “Esculpido em Carrara!” que tem tudo a ver com arte.

  1. “Quem não tem cão, caça com gato!”.

Em minha casa sempre houve, pelo menos, dois gatinhos. Meu pai nutria um grande amor pelos bichanos, amor esse que também herdei. Embora sempre reprovasse o fato de ele e seus amigos caçarem, tirando a vida dos animaizinhos indefensos, ficava mais furiosa ainda quando mencionava tal ditado (abomino caçadores).  A verdade é que o tal ditado significa, na verdade, “Quem não tem cão, caça como gato!”.

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Magritte – A CHAVE DE VIDRO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Acho que o melhor título para um quadro é um título poético. (René Magritte)

A mente ama o desconhecido. Ela adora imagens cujo significado é desconhecido. (René Magritte)

O desenhista, ilustrador e pintor belga René François Ghislain Magritte (1898–1967) era filho de Léopold Magritte – alfaiate e comerciante têxtil – e Régina. Ingressou ainda muito novo na Académie Royale des Beaux-Arts/Bruxelas (1916 a 1918), ali permanecendo apenas dois anos, pois achava as aulas improdutivas e pouco inspiradoras. Começou a pintar aos 12 anos de idade. Suas primeiras pinturas – datadas de cerca de 1915 – eram de estilo impressionista. Já as que ele criou durante os anos de 1918 a 1924 receberam influência do Futurismo e do Cubismo figurativo de Metzinger. Era um homem agnóstico, taciturno e aparentemente tímido que cultivava opiniões políticas de esquerda. 

A composição intitulada A Chave de Vidro é uma obra do artista. Uma grande rocha de formato oval parece pairar imóvel no ar. Sua estranha posição leva o observador a repensar as propriedades das coisas ao seu redor. O artista achava que o pensamento poético era capaz de modificar a realidade cotidiana. Por essa razão, criou imagens monumentais, usando, muitas vezes objetos solitários, sem nenhum conteúdo simbólico.

A pedra aqui retratada – sugerindo que se encontra no cume de uma montanha – repassa uma sensação de leveza e equilíbrio, apesar de seu peso. O artista mais uma vez se distancia do conceito do objeto, dando-lhe outra realidade, ainda que se oponha à lei da física. O que lhe importava era divergir da realidade, ainda que isso só pudesse acontecer dentro da arte.

Ficha técnica
Ano: 1959
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 162 x 129,5
Localização: Menil Collection, Houston, Texas, EUA

Fontes de pesquisa
Magritte/ Editora Taschen
https://gerryco23.wordpress.com/2011/08/26/magritte-pleasure-or-not/

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Lucas Cranach, o Velho – SÃO JERÔNIMO PENITENTE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O xilogravurista e pintor renascentista alemão Lucas Cranach, o Velho (1472-1553), possivelmente teve o pai como professor. Em Viena participou dos círculos humanistas. Trabalhou como pintor na corte de Wittenberg com Frederico, o Sábio. Ali comandou uma grande oficina. Sua posição tinha tanto destaque na cidade que alguns anos depois ele se tornou conselheiro e, posteriormente, seu presidente, tornando-se um dos homens mais ricos do lugar. Contribuiu enormemente para o desenvolvimento da pintura no sul da Alemanha, sendo considerado fundador da Escola do Danúbio. Durante uma das viagens à Holanda, recebeu inspiração das pinturas italianas e holandesas.

A composição intitulada São Jerônimo Penitente é uma obra do artista. Ela demonstra a influência da pintura da região alpina e das obras de Albrecht Dürer sobre o pintor que criou um estilo especial para sua obra, unindo a paisagem à cena narrativa, resultando num todo romântico, onde predominam a sensibilidade e o gosto decorativo.

São Jerônimo encontra-se ajoelhado, à esquerda, numa paisagem arborizada, onde se vê algumas edificações ao fundo, à direita. Está ajoelhado diante do crucifixo de Cristo, fixo sobre uma rocha. Apenas um pano branco vibrante cobre a parte posterior de seu corpo. Traz na mão esquerda uma pedra, objeto de sua flagelação, enquanto a esquerda segura a longa barba que tem a mesma cor do lençol prateado, com uma grande amarração na parte frontal. Tem a barriga protuberante, embora apresente braços musculosos.

À esquerda do santo encontra-se seu manto vermelho cardinalício e o chapéu à direita. O leão deitado à sua frente faz parte de sua simbologia e diz respeito ao fato de São Jerônimo ter curado sua pata. Também representa o próprio Cristo, chamado de “Leão da Tribo de Judá”. Na árvore atrás do santo são vistos dois animais: uma coruja e um papagaio, símbolos do planeta Saturno e do Sol. Representam a melancolia e o temperamento sanguíneo. A presença das duas aves indica que a pintura foi encomendada pelo historiador Johannes Cuspinian , reitor da Universidade de Viena, e esposa. Estes dois animais estão presentes num retrato do reitor, feito por Cranach.

Ficha técnica
Ano: entre 1502
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 55,2 x 41,3 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Nicolo dell’Abbate – RAPTO DE PERSÉFONE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

raptperse                                                 (Clique na imagem para ampliá-la.)

O pintor maneirista italiano Nicolo dell’Abbate (1509/1512-1571) estudou escultura com o mestre Antonio Begarelli. Foi influenciado pelas obras de Dosso Dossi, Parmigianino e possivelmente pelas de Correggio. Foi pintor de retratos, de temas mitológicos e criou projetos para edifícios, ourivesaria e tapeçarias. Foi um dos grandes nomes da Escola de Fontainebleau.

A composição denominada Rapto de Perséfone é uma obra do artista que retrata um acontecimento da mitologia grega.

Perséfone, a deusa das ervas, flores, frutos e perfumes, era filha de Zeus (Júpiter) e Deméter. Enquanto a jovem encontrava-se brincando com as ninfas, o seu tio Hades, deus do mundo inferior, raptou-a, para que ela se casasse com ele no reino dos mortos.

A pintura de Nicolo apresenta o momento em que Hade, com seu manto vermelho, tira Perséfone do meio de suas amigas que gesticulam, como a pedir-lhe que não cometa tal ação. É possível perceber a luta da deusa para se desvencilhar de seus braços.

Ficha técnica
Ano: c. 1522-70
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 196 x 216 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fonte de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch

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PROVÉRBIOS MUNDO AFORA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

globo

Os provérbios estão presentes em todas as culturas. Embora escritos com termos diferentes, ao final, a maioria deles parece originária da mesma fonte. Em relação aos provérbios populares, o mundo sempre foi uma aldeia global. Vejam alguns e de onde vieram:

  1. A arte de agradar é a arte de enganar. (França)
  2. A ausência dele é uma boa companhia. (Escócia)
  3. A justiça anda a pé e o crime a cavalo. (Brasil)
  4. Agarre a oportunidade pelas barbas, porque  suas costas são calvas. (Bulgária)
  5. Aquele que não sabe e não sabe que não sabe é um tolo; afaste-se dele. (Ásia)
  6. As botas do diabo não chiam. (Escócia)
  7. As más ações são como o perfume – é difícil escondê-las. (África do Norte)
  8. As pessoas superiores são governadas pela ética; as demais, pela lei. (China)
  9. Bate em tua mulher todas as noites, se não sabes o porquê, ela o sabe. (Irã)
  10. Cada qual deve remar com os remos de que dispões. (Inglaterra)
  11. Cada um sabe onde lhe aperta o sapato. (Francês)
  12.  Confia em Alá, mas amarra o teu camelo. (Arábia Saudita)
  13. Corte o pano conforme a roupa. (China)
  14. Dois passos no abismo são fatais. (China)
  15. É melhor ser um ratinho na boca de um gato, que um homem nas mãos de um advogado. (Espanha)
  16. Em casa de saci, uma calça serve para dois. (Brasil)
  17. Em Roma, sê romano. (Itália)
  18. Empreste dinheiro a um mau pagador e ele o odiará. (China)
  19. Encontre uma atividade que lhe dê prazer e nunca terá que trabalhar. (EUA)
  20. Estupidez e soberba crescem sobre a mesma tora. (Alemão)
  21. Mais vale um mau acordo que uma boa demanda. (França)
  22. Não insulte a mãe do jacaré, antes de ter atravessado o rio. (Haiti)
  23. Não use uma machadinha para remover uma borboleta da testa de seu amigo. (China)
  24. Noiva mais rica casa mais cedo. (EUA)
  25. Nunca se sente na cadeira de um homem que pode lhe dizer “levante” (Arábia Saudita)
  26. Nunca tente apanhar duas rãs com uma só mão. (China)
  27. O advogado e a roda de trem devem ser sempre engraxados. (Alemanha)
  28. O homem explora o homem; sob o comunismo é o contrário. (Russo)
  29. O ladrão não vai para a cadeia porque roubou, mas porque foi pego. (Rússia)
  30. Onde está o lucro é que o prejuízo se esconde. (Japonês)
  31. Ore para Deus, mas continue remando para a praia. (Rússia)
  32. Para fazer inimigos, fale; para fazer amigos, ouça. (EUA)
  33. Qual é a importância de correr, se você não estiver no caminho certo. (Alemanha)
  34. Quando a cama quebra, temos o chão para dormir. (Índia)
  35. Quem é rico não precisa economizar, e quem economiza não precisa ser rico. (EUA)
  36. Quem mente a favor de uma pessoa, será capaz de mentir contra ela. (Bósnia)
  37. Quem não pode suportar o mal, não viverá para ver o bem. (Israel)
  38. Se há vontade, há caminho. (EUA)
  39. Se vai executar sua vingança, cave duas sepulturas. (China)
  40. Terminada a partida, o rei e o pião voltam para a mesma caixa. (Itália)
  41.  Trabalhe como se tudo dependesse de você; reze como se tudo dependesse de Deus. (EUA)
  42. Um galo canta melhor no seu próprio esterco. (Inglaterra)
  43. Um hóspede vê mais em uma hora que o anfitrião em um ano. (Polonês)
  44.  Um mar tranquilo jamais produziu um hábil marinheiro. (Inglaterra)
  45. Vá e desperte a sorte. (Irã)

Fontes de pesquisa:
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Range
Entre palavras/ Nereu Cesar de Moraes
A sabedoria condensada dos provérbios/ Nelson Carlos  Teixeira

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