Autoria de Lu Dias Carvalho
O pintor espanhol Frei Juan Andrés Ricci, também conhecido como Frey Juan Rizi (1600 – 1682), era filho do pintor italiano Antonio Ricci de Ancona que se mudou para a Espanha, juntamente com Zuccaro em 1585, e irmão de Francisco Rizi. Seu pai foi provavelmente seu primeiro professor. Rizi, pintor do período do Barroco, destaca-se entre os pintores mais conservadores e comoventes da Idade do Ouro espanhola no que diz respeito às suas obras religiosas, tidas como excepcionais. Sofreu influência dos trabalhos de Carducho. Grande devoto da Virgem Maria, o pintor, aos 17 anos de idade, escreveu um livro sobre ela, o que o levou a ingressar no mosteiro beneditino de Montserrat, onde foi professor. Em Madri ele trabalhou como mestre de desenho do príncipe Baltasar Carlos. Escreveu um tratado sobre a arquitetura e a geometria da pintura, intitulado “Pintura Sábia”. Veio a morar na Itália, onde faleceu.
A composição intitulada São Francisco recebendo os Estigmas, e também São Francisco e o Anjo, é obra do artista. Foi pintada para o coro da catedral de Burgos. A pintura, carregada de rara imaginação e intensidade, é dotada de um vocabulário formal simples – peculiar ao pintor – em que as figuras fazem uso de uma vestimenta pesada e são colocadas num espaço sem profundidade, iluminadas por uma réstia da luz da lua, vista no céu à esquerda, num misterioso pedaço de céu azul.
A cena acontece na escuridão da noite, ao ar livre, sendo iluminada apenas por um pedaço da lua crescente. São Francisco encontra-se de pé em meio ao cenário, quando, surpreso, recebe a visita de um anjo que, ao abraçá-lo, com o toque de suas mãos vai imprimindo nele os mesmos estigmas recebidos por Jesus Cristo durante sua crucificação. Observem que o anjo possui seis asas (duas nas costas, duas na cabeça e duas nas pernas). Um irmão franciscano encontra-se à frente do santo, na parte inferior direita da tela, com os braços cruzados no peito. Atrás estão seus objetos de oração.
A pintura baseia-se na história do santo:
“São Francisco amou tanto a Deus que não só no espírito, mas também no corpo, assemelhou-se a Nosso Senhor Jesus Cristo. Cerca de dois anos antes de sua morte foi agraciado com as marcas da Paixão de Cristo, passando a ter nas mãos e nos pés as feridas correspondentes à crucifixão. Na mesma ocasião também foi dotado de uma chaga correspondente à que foi feita pelo soldado que, com a lança, transpassara o coração de Jesus. Os estigmas da Paixão foram concedidos a São Francisco em seguida a um momento de profunda oração contemplativa no Monte Alverne, quando o Crucificado lhe apareceu sob a forma inicial de um Serafim com seis asas. Registrou-se que suas mãos e pés pareciam atravessados bem no meio pelos cravos, aparecendo as cabeças no interior das mãos e em cima dos pés, com as ponta saindo do outro lado. Os sinais eram redondos no interior das mãos e longos no lado de fora, deixando ver um pedaço de carne, como se fossem pontas de cravos entortados e rebatidas, saindo para fora da carne. Também nos pés estavam marcados os sinais dos cravos, sobressaindo da carne. O lado direito parecia atravessado por uma lança, com uma cicatriz fechada que muitas vezes soltava sangue, de maneira que sua túnica e suas calças estavam muitas vezes banhadas no sagrado sangue. Ele tinha muito cuidado em esconder os estigmas dos estranhos e ocultava-os mesmo dos mais chegados. Até os irmãos que eram seus companheiros e seguidores mais devotados não souberam delas por muito tempo”.
Ficha técnica
Ano: 1656/59
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: x
Localização: Catedral, Burgos, Espanha
Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
(http://www.fatima.org.br/blog/sao-francisco-de-assis-e-os-estigmas-da-paixao/)
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