A LÍNGUA FEMININA TEM SETE METROS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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É comum encontrar em quase todas as culturas provérbios que criticam a capacidade de falar que possui a mulher, como se isso representasse um perigo para o homem. Vejamos alguns: “A língua da mulher é mais comprida do que seus braços” (Reino Unido), “As mulheres nascem tagarelas” (Japão), “Onde há mulheres, há barulho” (Quênia), “A mulher calada é uma bênção de Deus” (Israel), “O silêncio é o mais belo adorno de uma mulher” (Europa), “Mulher e cadela, calada é que é bom” (Espanha), “Não há vestido mais resplandecente na mulher do que o silêncio” (Rússia). Pelo visto, melhor seria, para o macho, que a fêmea nascesse muda, pois quanto mais resignada, mais “perfeita” ela se torna a seus olhos. Mas isso é coisa do passado, pois a mulher hoje comanda.

Apesar de os provérbios alertarem para o fato de que a boa mulher é aquela que é submissa ao homem, também reconhecem que ela é muito perigosa, capaz de pôr o varão em risco, usando apenas o olhar, pois, se cheio de ódio ou inveja, pode levar a vítima à morte, como prega o provérbio alemão que reza que “A mulher pede, toma, engana e mata com os olhos”. No fundo eles sabem que ela é poderosa!

O nariz da fêmea lembra sempre a sua arrogância, principalmente quando é arrebitado, porque mostra o quão caprichosa ela é. Mas mesmo o seu nariz sendo assim ou assado, ela continua ignorante, pois “Os pensamentos da mulher chegam-lhe à porta do nariz”, ou seja, sua capacidade intelectual é praticamente zero. Quanto medo da capacidade da mulher em todas as áreas em que se encontra.

A mulher também não sabe fazer bom uso dos ouvidos, ao contrário do homem, pois, “Quando se fala com um homem, entra-lhe por um ouvido e lhe sai pelo outro; em contrapartida, à mulher entra-lhe pelos dois ouvidos e lhe sai pela boca”, uma vez que ela fala pelos cotovelos. A fêmea humana precisa não se esquecer de que “Uma mulher só deve abrir a boca para comer”  Não lhe cabe o papel de falar em público, tarefa exclusiva do homem. Bem, era isso que o macho queria, mas os tempos são outros.

A moça ideal para se casar é aquela que “Tem uma boca que come, mas não fala”, porque “Nenhuma galinha tem o direito de cantar diante do galo”, sem falar que, diante de sua insignificância, a mulher precisa reconhecer o seu lugar. “Quando um homem fala, a mulher deve manter a boca fechada” em sinal de respeito e também pelo fato de não haver significância naquilo que diz. Segundo um provérbio romeno, “A mulher ganha dente de juízo (siso) só depois que morre” Se nunca tem razão, melhor mesmo é que se mantenha de boca fechada. Assim deseja o machismo que morre a cada dia.

Diferentemente do órgão masculino, “A língua da mulher mede sete metros”, o que traz muito sofrimento para seu companheiro, pois, se “A língua da mulher fosse mais curta, a vida do marido seria mais comprida”. Ele luta para colocá-la no seu lugar, mas acaba reconhecendo a inutilidade de seus esforços, porque “Quem pode ter a última palavra com sua mulher, se a língua dela dá voltas no pescoço?”. Coitadinho do macho!

O homem precisa ter muita inteligência para lidar com sua ardilosa fêmea. É preciso trazê-la no cabresto, pois ela é um poço de enganação e ardilezas (embora seja considerada sem inteligência). “Antes de se casar a jovem tem sete braços e uma boca; depois de se casar tem sete bocas e um braço”. Trocando em miúdos, a espertalhona, para pegar o passarinho, trabalha como se tivesse sete braços, usando a boca apenas para comer, mas, quando se casa, tudo se reverte porque “Quem quer pegar passarinho não fala xô”. Portanto, “Quem cai nas mãos de uma mulher, cai no fogo”. Que peninha deles! A mulher se empodera cada vez mais.

Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

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Magritte – O IMPÉRIO DAS LUZES

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O desenhista, ilustrador e pintor belga René François Ghislain Magritte (1898-1967) era filho de Léopold Magritte – alfaiate e comerciante têxtil – e Régina. Ingressou ainda muito novo na Académie Royale des Beaux-Arts/Bruxelas (1916 a 1918), ali permanecendo apenas dois anos, pois achava as aulas improdutivas e pouco inspiradoras. Começou a pintar aos 12 anos de idade. Suas primeiras pinturas, datadas de cerca de 1915, eram de estilo impressionista. Já as que ele criou durante os anos de 1918 a 1924 receberam influência do Futurismo e do Cubismo figurativo de Metzinger. Era um homem agnóstico, taciturno e aparentemente tímido que cultivava opiniões políticas de esquerda. 

O artista fez, entre 1949 e 1954, uma série de pinturas a óleo, usando o título de O Império das Luzes, todas ligeiramente diferentes umas das outras. Na série ele apresenta a imagem de uma rua noturna, iluminada apenas por uma fonte de luz artificial. Completa a tela um belo céu diurno de fundo azul com nuvens brancas esvoaçantes.

A composição acima intitulada O Império das Luzes – possivelmente a obra mais conhecida de René Magritte, apresenta uma cena noturna, mas tendo a cobri-la um céu diurno. Embora à primeira vista possa parecer comum, dentro de um padrão extremamente realista, uma observação mais aguçada mostra que se trata de algo surreal. Como uma paisagem noturna poderia apresentar um céu azul com nuvens brancas? Dia e noite se completam nesta indagadora composição. A justaposição fundindo dia e noite é o único elemento de fantasia presente.

Não é detectado na pintura qualquer tipo de emoção humana. Tudo é retratado impessoalmente. A casa encontra-se na escuridão, tendo uma pequena fração dela iluminada pela luz que vem da lâmpada da rua que divide a composição ao meio. Duas janelas estão iluminadas por uma luz que vem de dentro da residência aparentemente vazia.

O céu, embora luminoso e belo, mostra-se frio e indiferente, apresentando uma luz inquietante. Por sua vez, a escuridão apresentada abaixo dele parece amedrontadora. A pintura não repassa nenhum sentimento, mostrando-se totalmente impessoal, estando em sintonia com o movimento artístico surrealista da época.

Nota: esta pintura figura como uma imagem do filme “O Exorcista” (1973). No filme o padre Merrin aparece debaixo da lâmpada solitária, fora da casa da família MacNeil.

Ficha técnica
Ano: 1954
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 195,4 x 131,2
Localização: Coleção Peggy Guggenheim, Veneza, Itália

Fontes de pesquisa
Magritte/ Editora Taschen
https://www.guggenheim.org/artwork/2594
http://www.rene-magritte.com/empire-of-light/

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Zurbarán – A ADORAÇÃO DOS MAGOS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Francisco de Zurbarán (1598-1664), pintor barroco, desenhista e gravador espanhol,  foi aluno de Pedro Diaz de Villanueva na cidade de Sevilha. Ele fez inúmeras obras para o Convento de Sevilha. Sua fama levou-o a receber o título de pintor honorário dessa cidade. Trabalhou para a corte de Madri no governo de Filipe IV. É tido como um dos mais importantes pintores espanhóis do século XVII, ao lado de Velázquez, Ribera e Murillo. Tornou-se conhecido sobretudo por suas obras religiosas que descrevem monges e mártires, e também pelas suas maravilhosas naturezas-mortas. A maioria de suas pinturas era destinada às ordens religiosas espanholas, tendo criado muitas pinturas religiosas durante a era barroca.

A composição intitulada A Adoração dos Magos é uma obra do artista, criada sob a encomenda dos Cartuxos de Jerez, com a finalidade de adornar a igreja da ordem. Fazia parte das quatro principais pinturas de um retábulo que descreviam a infância de Jesus, sendo vistas como inigualáveis tanto na opulência da cor quanto no espetáculo apresentado. A pintura aqui apresentada é uma suntuosa versão da composição com o mesmo título feita por Velázquez, uma variante que foi usada também por Pablo Legot.

As telas de Velázquez, Legot e Zurbarán são bem semelhantes no que diz respeito ao uso de enormes figuras, na eliminação do espaço ilusionista e no clima de grande solenidade. Contudo, os personagens de Zurbarán fazem uso de vestimentas luxuosas e coloridas, enquanto os dos outros dois pintores usam roupas grosseiras. Estão presentes na cena a Virgem com seu Menino ao colo, São José, os três Reis Magos e sua comitiva. O pequeno Jesus fixa o olhar no Mago à sua frente.

Ficha técnica
Ano: 1639/40
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 264 x 176 cm
Localização: Museu de Pintura e Escultura, Grenoble, França

Fonte de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições

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Hamen – NATUREZA-MORTA COM FRUTAS…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor espanhol Juan van de Hamen (1596–1631) teve uma boa educação, juntamente com seus dois irmãos, pois era filho de um nobre flamengo. Ele escolheu a pintura como arte. Não tardou muito para que viesse a criar naturezas-mortas, tendo estudado tal gênero tanto no que diz respeito aos artistas espanhóis quanto aos flamengos. Logo cedo começou a produzir naturezas-mortas para a corte espanhola. Suas pinturas apresentavam suntuosos objetos, o que o tornava muito admirado pelas classes mais altas. Suas naturezas-mortas, com o passar dos tempos, iam se tornando cada vez mais complexas, pois além de mostrar os objetos em níveis diferentes, o pintor brincava com contrastes e harmonias de formas, texturas e cores. Hamen, que morreu muito cedo, tornou-se conhecido, sobretudo por seus retratos e naturezas-mortas que se encontram entre as mais apuradas até então criadas.

A composição intitulada Natureza-morta com Frutas e Objetos de Cristal é uma obra do artista em que dispõe os objetos em composições assimétricas e em três diferentes níveis, representando-os magistralmente. Ele se concentra na reprodução de cada coisa em particular, aumentando a sensação de corporalidade e textura. Uma cesta com romãs está posicionada no patamar mais alto. Abaixo estão dois recipientes de cristal, um prato com cachos de uvas e um galho de ameixa. No patamar inferior encontra-se um melão e duas romãs. Os objetos estão colocados diante de um fundo escuro e capturados por uma luz poderosa. Uma das características da pintura de natureza-morta pela qual Hamen era mais conhecido encontra-se na representação de artigos de vidro caros e luxuosos, como as duas peças vistas aqui.

O observador deve sempre se lembrar de que a habilidade do artista em pintar naturezas-mortas, à época, não lhe conferia status, uma vez que tal gênero, embora interessante, era tido como uma arte menor.

Ficha técnica
Ano: 1626
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 84 x 111 cm
Localização: Museum of Fine Arts, Houston, EUA

Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
https://en.m.wikipedia.org/wiki/Juan_van_der_Hamen

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MULHER BONITA NÃO TEM INTELIGÊNCIA

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Autoria de Lu Dias Carvalhomulher feia

Como já vimos nos textos anteriores, os provérbios não são nada condescendentes com a mulher, nem mesmo quando dotada de beleza física, uma vez que, mesmo bela, ela jamais superará o homem, segundo eles. Quanto mais beleza tiver, menos inteligência terá, pois beleza e inteligência não podem coabitar na mesma pessoa, já que “Deus não uniu o cérebro à beleza.”, como reza um provérbio polonês. E se ela tem o cabelo comprido, a burrice ainda é maior, pois “Cabelo comprido, cérebro curto”.

Ao valorizar a beleza, a mulher mostra o quanto é artificial, dizem os provérbios. Ela nem se dá conta de que “Os encantos apagam-se, o dinheiro dissipa-se e a fealdade perdura na cama”, pois “A forma bela logo se esvai”, já que “Não há sapato bonito que não se transforme em chinelo”. E um provérbio indonésio ainda é mais ácido no ataque: “Quando o sabor desaparece, cospe-se o chiclete fora.”, enquanto um brasileiro vem em socorro da mulher, quando diz que “Não importa se ela é coroa, panela velha é que faz comida boa”. O fato é que a beleza do homem não o afeta em nada. Haja escárnio!

Para fugir das armadilhas de uma mulher bonita, o homem precisa ter em mente que “A fealdade é a guardiã da mulher e de sua castidade”, sem falar que “A mulher feia é a melhor dona de casa”, e sem se esquecer de que “Quem ama o feio, bonito lhe parece”, como ensina um provérbio brasileiro. Homem algum aguenta a chatice de uma mulher bonita, pois “É melhor uma feia divertida do que uma bonita maçante”. Que absurdo!

O homem sábio, ao escolher uma esposa, não se deixa levar pelas aparências, pois ele não leva vantagem ao se casar com uma mulher bonita. A feia, além de exigir um dote mínimo, é mais trabalhadora e não lhe traz nenhum perigo, pois “Um porco-espinho que oferece paz é melhor do que uma gazela que mata”.

O homem, por sua vez, não tem nenhum problema em ser feio ou bonito, pois o que conta é a sua inteligência, coisa que mulher não tem. “Até mesmo um homem feio como o demônio persegue as jovens belas” e, além do mais, “Homem e urso, quanto mais feios, melhores são.”. Quem mandou nascer fêmea? Agora aguente o tranco do machismo.

Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

Nota: Imagem copiada de insaltoalto.blogspot.com

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Zurbarán – A TENTAÇÃO DE SÃO JERÔNIMO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor barroco, desenhista e gravador espanhol Francisco de Zurbarán (1598-1664) foi aluno de Pedro Diaz de Villanueva em Sevilha. Ele fez inúmeras obras para o Convento de Sevilha. Sua fama levou-o a receber o título de pintor honorário dessa cidade. Trabalhou para a corte de Madri no governo de Filipe IV. É tido como um dos mais importantes pintores espanhóis do século XVII, ao lado de Velázquez, Ribera e Murillo. Ele se tornou conhecido sobretudo por suas obras religiosas que descrevem monges e mártires e também pelas suas maravilhosas naturezas-mortas. A maioria de suas pinturas era destinada às ordens religiosas espanholas, tendo criado muitas pinturas religiosas durante a era barroca.

A composição intitulada A Tentação de São Jerônimo é uma obra do artista que faz parte de um grupo de pinturas feitas para a ordem dos hieronimitas com a finalidade de ornamentar a capela dedica a São Jerônimo em Guadalupe. Trata-se de um trabalho magnífico do pintor e um dos mais famosos. Apresenta São Jerônimo, já bem velho, com grande intensidade de sentimento, sendo posto à prova em sua fé.

Na obra em estudo é empregada a técnica tenebrista, sendo que a escuridão da boca da caverna cria um pano de fundo para que as figuras e a natureza-morta no centro – uma espécie de “Vanitas” – sobressaíam. A magistral interação entre luz e sombra faz com que as áreas iluminadas que mais o interessam ao artista destaquem-se com grande força (o corpo magro do santo, as páginas amareladas dos livros e a pele das mulheres, bem como suas roupas e instrumentos, sendo que estes últimos são tradicionalmente associados à luxúria).

A cena acontece no deserto, diante da caverna onde o santo havia se isolado para fazer penitência e meditar, depois de abandonar os prazeres mundanos. Ele se encontra ajoelhado, com o tronco nu, coberto da cintura para baixo com um manto vermelho, parte de suas vestes de cardeal. Seu corpo é magérrimo e suas feições francas. À sua frente encontra-se um grupo de mulheres, carregando instrumentos musicais, que ali se encontram para tentá-lo. Ele faz um largo gesto de repulsa diante da insinuação das visitantes. Na pedra à sua frente estão os seus objetos de oração e penitência, os livros simbolizando o conhecimento e o crânio como símbolo da morte.

Ficha técnica
Ano: c.1640
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 235 x 290 cm
Localização: Mosteiro de Guadalupe, Espanha

Fonte de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições

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