A Flagelação de Cristo, obra do pintor Piero della Francesca, é tida como uma das mais importantes obras-primas da pintura italiana do século XV em razão da delicadeza com que foi feita, do uso da perspectiva linear e do ar de tranquilidade visto na pintura. O pintor retrata a distância entre a cena da flagelação e os três personagens — vistos no primeiro plano — de forma realista através da perspectiva. O tema da composição é a flagelação de Cristo, executada pelos romanos durante sua Paixão.
A composição retrata as duas cenas separadas, o que torna mais difícil a compreensão da obra. Em primeiro plano, à direita do observador, encontram-se três personagens, muito bem vestidos, de pé, possivelmente numa praça, enquanto que, à direita, num pátio ladrilhado do palácio de Pôncio Pilatos em Jerusalém, Cristo é flagelado por dois algozes.
A sala de julgamentos situada à esquerda está separada do local onde Cristo é flagelado por uma coluna. Dali Pôncio Pilatos, assentado em seu trono, assiste à flagelação de Jesus, executada por dois soldados que cumprem as ordens do poderoso líder. Um personagem não identificado, usando um turbante — tido como um turco — e de costas para o observador, também assiste à cena. Cristo tem os braços amarrados a uma coluna e o olhar direcionado ao soldado que se encontra à sua direita, empunhando um chicote em posição de ataque.
Na parte direita da composição em primeiro plano, três personagens conversam entre si, sem prestar atenção ao que acontece às suas costas, como se a cena não tivesse nenhuma importância para eles. Não se trata de pessoas ligadas ao Novo Testamento, ainda que o personagem flagelado tenha sido associado ao longo do tempo a Jesus Cristo, ao apóstolo Pedro e ao próprio Judas arrependido.
Vários estudiosos acreditam que a figura da direita é um retrato do Marquês de Mântua e a da esquerda o de seu astrólogo Ottaviano Ubaldini. A identificação da figura do meio — um jovem loiro que tem a cabeça emoldurada por um laurel — ainda é um enigma. Poderia se tratar da perda de um filho, tendo aí reproduzido o seu retrato, ou de uma figura alegórica ou de um símbolo de significação mais universal. Porém, segundo a interpretação tradicional, os três homens seriam o Duque de Urbino, patrono de Piero e seus dois assessores. De acordo com o ponto de vista de outros mais conservadores, a figura no meio representaria um anjo, ladeado pelas Igrejas latina e ortodoxa, cuja divisão criou conflitos em toda a cristandade.
Ficha técnica:
Autor: Piero della Francesca
Data: c. 1455-1460
Técnica: Óleo e têmpera sobre tela
Dimensões: 58,4 cm × 81,5 cm
Localização: Galleria Nazionale delle Marche, Urbino
Fontes de pesquisa:
A arte romântica e gótica/ Folio
Os pintores mais influentes do mundo/ Girassol
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
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