Autoria de Lu Dias Carvalho
A composição Enterro na Rede, do artista brasileiro Candido Portinari, faz parte da “Série Retirantes”, e se trata de uma denúncia social, com influências expressionistas, composta por Emigrantes, Retirantes e Criança Morta. Em 1944, o pintor demonstrou preocupação em representar a situação social do trabalhador brasileiro.
A tela apresenta, em destaque, quatro figuras, sendo duas masculinas e duas femininas. Dois gigantescos homens carregam a rede com o morto, enquanto uma mulher, de costas para o observador, ajoelhada, ergue os braços para os céus, em visível desespero, sendo possivelmente a esposa do morto. Ela ocupa a parte central da composição. Um pouco à frente do cortejo, ajoelhada e com as mãos em forma de preces, encontra-se uma segunda mulher. A rede, por sua vez, não mostra o volume de um corpo normal, levando a crer que se trata daquilo que dele sobrou, em razão da miséria vivida.
Os personagens são visivelmente pobres, com suas roupas esfrangalhadas e mal ajambradas. Os dois homens, embora gigantescos, apresentam cabeças miúdas, desproporcionais ao tamanho do corpo, o que leva o observador a deduzir que se trata de trabalhadores rurais, munidos de muita força, mas de pouca sabedoria. Enquanto o primeiro deles segura o fardo com as duas mãos, o segundo retém a rede no ombro, deixando a mão direita cair sobre o corpo, em sinal de cansaço, e, com a esquerda, segura no meio o pau que a sustém, marcando o meio exato da composição. Os homens mostram uma ossatura descarnada.
O mais interessante na composição, que é composta por linhas retas e curvas, sendo possível encontrar várias figuras geométricas, é que a forma triangular está muito presente:
• na rede carregada pelos dois homens;
• nos braços abertos da mulher (de costas para o observador) e no espaço formado entre os seus pés;
• nos espaços formados pelas pernas dos dois carregadores;
• no espaço formado pelo braço direito da mulher em atitude de prece, etc.
Ficha técnica
Ano: 1944
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 180 x 220 cm
Localização: Museu de Arte de São Paulo – MASP – São Paulo, Brasil
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Lu Dias
Não dá a impressão que é uma escultura?
Gênio!
Abração
Mário Mendonça
Mário
É incrível como o trabalho de Portinari, com suas figuras agigantadas, parecia com esculturas.
Realmente é uma obra divina!
Abraços,
Lu