O ócio permanente vira tédio, bem como o trabalho ininterrupto vira escravidão. (Dr. Telmo Diniz)
Somos criados em uma sociedade consumista e, em tempos de gastanças, o trabalho é o antídoto para as contas que não param de chegar. Estudos demonstram que longas jornadas de trabalho acarretam sérios problemas de saúde no médio e longo prazo. Mas qual seria o limite para o trabalho? Quando devemos descansar? É disso que vamos tratar neste texto.
A aparente crença no equilíbrio entre trabalho duro e “il dolce far niente” (a doçura de não se fazer nada, em tradução livre do italiano) não deixa de ser intrigante. Até porque não fazer nada soa como o oposto de ser produtivo. E a produtividade, seja criativa, intelectual ou braçal, é a principal forma de se usar o tempo a nosso favor. Entretanto, à medida que preenchemos nossos dias com mais e mais afazeres, muitos de nós estamos descobrindo que a atividade ininterrupta não é o ápice da produtividade. Pelo contrário, é sua adversária.
Pesquisadores estão notando que o trabalho após uma jornada de 14 horas não é apenas de pior qualidade, mas que esse padrão está prejudicando a criatividade e a memória. Ao longo do tempo, isso pode nos deixar fisicamente doentes, fazendo-nos sentir que a vida não tem propósito algum. A ideia de que conseguimos estender indefinidamente nosso trabalho, com foco e produtividade, é um erro imenso. Como tudo na vida, o trabalho também tem limites.
- Uma grande pesquisa descobriu que trabalhar por muitas horas aumenta o risco de doença cardíaca em 40% – quase tanto quanto fumar, 50%.
- Outro estudo mostrou que pessoas que trabalhavam muito tinham um risco bem maior de hipertensão arterial, infarto e derrame.
- Outra pesquisa apontou que os que trabalhavam mais de 11 horas por dia tinham 2,5 vezes mais chances de episódios depressivos do que os que trabalhavam sete ou oito.
- Um estudo com empresários de Helsinque, capital da Finlândia, mostrou que, ao longo de 26 anos, executivos e empresários que tiravam menos férias na meia idade tinham mais chances de morrer mais cedo ou ter piores condições de saúde na velhice.
- Outra pesquisa com mais de 5.000 trabalhadores norte-americanos descobriu que pessoas que tiram menos de dez dias de férias por ano têm três vezes menos chances de receber um aumento ou bônus em três anos.
- Já existem relatos de pessoas que literalmente morrem ou morreram de tanto trabalhar, como é o caso do Japão, onde a morte por excesso de trabalho é conhecida pelo termo “karoshi”.
Como uma forma de reflexão, enxergamos o trabalho apenas do ponto de vista econômico. E, dessa forma, nós nos esquecemos de que o descanso e o ócio, assim como o trabalho, são atos humanos. Ambos devem conviver em harmonia. Temos de trabalhar, sim, entretanto, também precisamos do tempo de descanso, que é igualmente importante.
Domenico De Masi, sociólogo e escritor italiano, que elaborou a obra “O Ócio Criativo”, disse: “O ócio pode transformar-se em violência, neurose, vício e preguiça, mas pode também elevar-se para a arte, a criatividade e a liberdade”. Particularmente, penso que ócio permanente vira tédio, bem como o trabalho ininterrupto vira escravidão.
Nota: A Sexta, obra de Vincent van Gogh
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Lu
O trabalho decente certamente edifica o homem, porque permite certa dignidade no sentido de proporcionar a manutenção da sustentação financeira para as suas necessidades de sobrevivência.
É importante salientar que as necessidades que a vida moderna exige pressiona as pessoas a trabalharem cada vez mais para honrar suas contas.
Antes, a vida era mais simples e havia menos exigências para se viver, as pessoas tinham menos tecnologia, mas em compensação tinham menos despesas. O desenvolvimento tecnológico trouxe muitas facilidades para a vida moderna, porém o importante é saber usar os recursos oferecidos pela modernidade, não ficando refém da tecnologia.
O desemprego tem aumentado em progressões aritméticas. Nos últimos anos a informalidade no país chegou próximo aos 40 milhões e o desempregados em torno de 14 milhões. Isso é perigoso, porque todo esse ambiente de desequilíbrio exacerbado pode provocar um caos social e complicar mais ainda a crise generalizada que hoje vivemos.
Devemos buscar nessa vida nada mais nada menos que a felicidade. Uma alternativa razoável é simplificar a vida de modo a precisa de menos dinheiro para nos mantermos. Teremos que trabalhar menos e fazer aquilo de que gostamos, evitando o estresse – grande inimigo da saúde física e mental. Não esquecendo que o dinheiro a gente pode ganhar e perder, mas a saúde não. Por isso devemos viver o hoje como se não fosse existir o amanhã.
Hernando
O desemprego no país atinge níveis alarmantes. Os dirigentes parecem não estar nem aí. Vivemos numa nação de riquezas imensas, mas seu povo operário delas não usufrui. Estamos realmente caminhando para o caos social. Segundo informações, este será o pior Natal para o comércio. Quem compra no país é a classe média que hoje vive endividada. Não resta dúvida de que teremos de simplificar nossa vida, tanto pela dificuldade de obter dinheiro, como pelo aumento exorbitante do preço das despesas necessárias (água, luz, impostos…)
Abraços,
Lu