Autoria de Lu Dias Carvalho
É muito comum a omissão do dígrafo “lh” em relação à língua portuguesa no falar das gentes mais simples (moia, foia, muié, moio, paia, toaia, etc.). Assim sendo, para decifrar o provérbio sertanejo em questão faz-se necessário trocar “buia” por “bulha” que dentre os muitos sinônimos pode significar “barulho”, “gritaria”, “altercação”, “ruído” e “azáfama”. Enquanto a palavra “cuia” diz respeito ao fruto da cuieira que, depois de maduro, tem o seu miolo esvaziado, transformando-se numa grande variedade de recipientes – até mesmo em instrumentos musicais – usados principalmente na zona rural e nas cidades interioranas.
A cuia é também conhecida em algumas regiões brasileiras pelo nome de cuitê ou cuité, cabaça-amargosa, cabeça-de-romeiro, cabaça-purunga, cabaço-amargoso, cocombro e taquera. Por ser um objeto leve e sonoro, muitas cuias juntas – umas batendo contra as outras – produzem uma confusão de sons. E se alguém não gosta de barulho, deve evitar ajuntar tais objetos, pois são capazes de fazer doer os ouvidos.
Tal provérbio ensina-nos que somos muitas vezes responsáveis por aquilo que nos acontece de ruim, porque não evitamos os caminhos que nos levam ao agente provocativo de nossos problemas. Sendo os nossos aborrecimentos frutos de nossos atos inconsequentes. Aquele que não age de acordo com o bom senso, estará, portanto, buscando sarna para coçar. É sabido que quem não quer buia, não deve ajuntar cuia! Não quer confusão, permaneça no seu quadrado.
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