Autoria de Lu Dias Carvalho
Ele escolhe pessoas notoriamente vulgares: salões de bailes com decorações miseráveis, corpos de mulheres cansadas ou sem nenhuma graciosidade – não para mostrar-lhes a feiura, mas para descobrir-lhes o frescor que outro olho qualquer não perceberia. Em resumo, Lautrec mostra o contrário daquilo que representa. E é exatamente essa procura pela pureza, essa sua necessidade do absoluto que o levam a buscar uma inspiração cada vez mais distante da sociedade aristocrática e culta, na qual ele nasceu. (Geneviève Dortu)
Henri-Mari-Raimond de Toulouse-Lautrec (1864-1901) foi o primeiro filho do conde Alphonse de Toulouse-Lautrec e da condessa Adèle Tapié de Celeyran, primos em primeiro grau, família abastada e ilustre. Henri cresceu num ambiente requintado. Desde pequeno mostrava interesse pelo desenho, trazendo os primeiros indícios do que se tornaria no futuro. Quando tinha nove anos de idade sua família mudou-se para Paris, onde foi matriculado numa das mais importantes instituições europeias.
Apesar de vir de uma família importante, Lautrec passou a detestar a vida burguesa com suas pompas e preconceitos. Adorava os bordéis, onde retratava prostitutas, das quais se tornava amigo, o teatro e o circo. Passou a ser convidado para desenhar o programa de inúmeros espetáculos do mundo teatral, onde se tornou uma figura conhecida e amada. Publicou um álbum de litografias. Ele foi grandemente influenciado pela arte de Edgar Degas. Tornou-se alcoólatra, perdendo aos poucos a firmeza de seu traço.
A composição intitulada Rue des Moulins é uma obra do artista francês que, além de boêmio e de ter grande fascinação pelas prostitutas, gostava de retratar a vida dos bordéis parisienses de Montmartre. O artista era um aristocrata excêntrico e inconformado com a hipocrisia moralista. Tornou-se um frequentador contumaz do Moulin de la Gallete, retratando seus frequentadores e posteriormente do Moulin Rouge, casa luxuosa de espetáculos, inaugurada em 1889, onde se reuniam pessoas das mais diferentes classes.
A cena acima, criada pelo artista, retrata a vida de duas prostitutas num bordel de Paris, na Rue des Moulins, local em que o artista viveu durante certo tempo. Ele não as mostra com sensualidade, deboche ou preconceito, mas com total imparcialidade, meramente como seres humanos. As duas mulheres ocupam o centro da tela, perfiladas – uma atrás da outra.
As duas personagens assim se encontram – despidas da cintura para baixo –, porque irão fazer o exame médico obrigatório, que tem por finalidade detectar doenças sexualmente transmissíveis. Naquela época, os bordéis parisienses passavam por inspeções policiais e tais exames eram rotineiros. Tinham como objetivo proteger a clientela sobretudo contra a sífilis, doença infecciosa e contagiosa, transmitida principalmente através do contato sexual. O próprio artista foi vitimado por essa doença.
As duas meretrizes encontram-se seminuas, segurando a vestimenta recolhida na parte superior. Elas usam grandes meias pretas que descem a partir dos joelhos. A primeira, à direita, tem os cabelos ruivos, tendo sido muitas vezes retratada pelo artista em várias de suas obras. A segunda, um pouco mais alta, tem os cabelos loiros. À esquerda são vistos o vulto de um homem, usando um casaco escuro, de costas para o observador, e a cabeça de uma mulher, postada de frente, entre o vulto e a meretriz de cabelos ruivos, misturando-se com seus cabelos.
A memória de Lautrec somente foi reabilitada 21 anos depois de sua morte, quando sua arte recebeu o devido respeito, após a abertura do museu Toulouse-Lautrec, em 1922, na cidade de Albi, onde nasceu. A obra do artista, exercida apenas durante 20 anos, corresponde a 737 telas, 275 aquarelas, 369 litografias (incluindo cartazes) e cerca de 5.000 desenhos.
Curiosidade:
Seu papel é interpretado por John Leguizamo no filme Moulin Rouge.
Ficha técnica
Ano: 1894
Técnica: papelão montado sobre madeira
Dimensões: 83 x 61 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA
Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.sartle.com/artwork/the-medical-inspection-henri-de-toulouse-lautrec
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Lu
Rue des Moulins, obra de Toulouse-Lautrec, mostra como ele era irreverente e muito observador. Registrou muitas coisas do que fazia a sociedade daquele tempo em Paris. Mudou a estética, inovou, captou coisas que outros não viram. Usou a luz do ambiente onde pintava. O que lhe importava era o que queria registrar. Suas obras são sensacionais, passam para o observador exatamente o que queria: a realidade nua e crua em trabalhos onde se vê a valorização de cada um.
Marinalva
Toulouse-Lautrec abriu mão do ambiente rico em que nasceu, para viver com pessoas simples, as quais retratou em suas obras. Gostava de expor a realidade. Foi um grande artista francês.
Lu
O artista Toulouse-Lautrec, apesar de pertencer à aristocracia, inspirava-se nas pessoas simples, sem nenhum glamour. Tinha afinidade com a vida noturna. Foi um pintor gráfico, como podemos averiguar na obra Rue des Molins, onde os riscos para definir seus personagens não eram cobertos totalmente, dando um aspecto gráfico. Gostava de usar o vermelho, verificado no cabelo de uma das mulheres. Era acometido por uma doença genética,responsável pela sua aparência franzina, com baixa estatura. Esse problema do artista pode tê-lo inspirado a pintar pessoas simples e fora do padrão estabelecido pela aristocracia da época.
Hernando
É realmente muito interessante o fato de Toulouse-Lautrec ter abandonado a aristocracia para viver entre prostitutas, bêbados e pobres de um modo geral. Sentia nojo da hipocrisia dos ricos. Ainda bem que seu trabalho tornou-se respeitado com o passar dos tempos.
Abraços,
Lu
Lu
Interessante e importante essa obra de Toulouse-Lautrec sobre os bordéis de Paris, muito celebrado na pintura e também no cinema. O filme Moulin Rouge é fantástico, dirigido com maestria pelo australiano Baz Luhrmann. O filme gira em torno do intenso caso de amor entre Christian, um pobre escritor e Satine, a mais bela cortesã do Moulin Rouge, célebre cabaré francês que marcou época graças ao ecletismo de sua clientela, que incluía membros das mais diferentes classes sociais e culturais. No filme, depois de se conhecer, graças à intervenção do extravagante pintor Toulouse-Lautrec, o casal entrega-se a uma paixão proibida, pois Satine estava prometida a um duque. Recomendo.
É impressionante a quantidade obras deixadas por Toulouse-Lautrec: 737 telas, 275 aquarelas, 369 litografias e cerca de 5.000 desenhos, apesar de só ter vivido 36 anos.
Adevaldo
Também fiquei impressionada com a quantidade de trabalhos deixados por Toulouse-Lautrec, uma vez que teve um tempo tão curto de vida. Aqui mesmo no site você encontrará mais informações sobre a vida do artista francês e a descrição de algumas de suas obras.
Também assisti ao filme “Moulin Rouge”. É realmente muito bonito. A fotografia é belíssima. Estou pensando em revê-lo.
Abraços,
Lu