Autoria de Lu Dias Carvalho
Geralmente os sentimentos negativos são percebidos de modo mais intenso do que os positivos. (Stefan Klein)
Os sentimentos positivos indicam-nos o que devemos fazer, enquanto os negativos advertem-nos sobre o que precisamos evitar. (Stefan Klein)
Em cada aspecto de nossa vida, por mais simples que ela seja, lá se encontra a natureza – força ativa que estabeleceu e conserva a ordem natural de tudo quanto existe, força criadora universal – a educar-nos. Basta que paremos para pensar que tudo que contribui para manter a nossa vida é tido como algo bom: beber, comer, fazer sexo, dormir, sociabilizar, etc. E quanto maior for a nossa carência em relação a uma dessas ações, mais prazeroso será o nosso bem-estar ao executá-las. Existe comida mais gostosa do que aquela que consumimos quando nos encontramos famintos? Há sono mais profundo e reparador do que o que nos acomete quando nos encontramos exauridos pelo cansaço? E que deliciosa é a água sorvida quando nos encontramos sedentos! Por que isso acontece? A natureza, no intuito de proteger-nos, leva-nos a escolher o que faz bem ao nosso corpo, usando o prazer como chamariz.
Embora a dor – qualquer que seja a sua causa – tire qualquer um do sério, pois tamanho é o desprazer que oferece, não passa de uma mensageira valiosa da natureza, avisando que algo não está em conformidade com o esperado no que diz respeito ao funcionamento do nosso corpo. E quanto menor for a atenção que tal emissária vier a receber, mais ela se avolumará e atormentará, até que o dono do corpo busque ajuda para refreá-la, até que a causa seja descoberta e tratada. Os paliativos possuem um tempo, pois se não buscada a origem da dor, ela retornará ainda mais severa, raivosa e cruel.
Muitas vezes nós nos perguntamos sobre o porquê de lembrarmo-nos mais daquilo que nos fez sofrer, enquanto nos esquecemos facilmente do que nos tornou felizes. Os sentimentos negativos são quase sempre mais imperiosos, veementes e impetuosos. As tragédias comovem bem mais do que as comédias fazem rir. Os humoristas alegam que fazer humor é extremamente difícil. Então, o que leva a humanidade a preferir a tragédia? A resposta está na biologia humana. Os sentimentos negativos – responsáveis por fazerem nossos ancestrais viver em permanente vigilância frente ao perigo constante – permaneceram ao longo da evolução humana, chegando aos nossos dias. Vivemos muito mais tempo temendo o perigo do que buscando a felicidade. Existe até um conselho que era muito conhecido pelos mais antigos: “Devemos sempre pensar no mal, pois o bem a qualquer hora que chegar será bem-vindo”. Eis a prova de como preferimos a tragédia.
O prazer só existe porque há o conhecimento do desprazer. Um não ganha vida sem o conhecimento do outro. E é exatamente este contraste que garante a vitalidade do organismo, possibilitando-o a funcionar da melhor maneira possível, apesar dos percalços inerentes à vida de todos os humanos. Ainda que empiricamente, todos nós temos conhecimento sobre aquilo que nos faz mal ou que nos faz bem. A natureza é sábia. Se tomarmos outro caminho é por conta e risco nosso, mas lá na frente pagaremos o preço devido. A Lei da Causa e efeito age em nossa vida com toda intensidade.
Obs.: não confundir “sentimentos negativos” com “pensamentos negativos”.
Fonte de pesquisa
A Fórmula da Felicidade/ Stefan Klein/ Editora Sextante
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