Autoria de Alexandre Nunes
Eu tive a minha primeira crise de pânico aos 24 anos, mas durante a adolescência tinha um pouco de fobia social, que apesar de não me impedir levar uma vida normal, atrapalhava. À época da primeira crise de TP (Transtorno de Pânico) fiz tratamento com fluoxetina e bromazepam e fiquei bem. Um pouco depois tive algumas crises esporádicas e experimentei três sessões de hipnoterapia com um psicólogo, e pasmem, fiquei sem nenhum mísero sintoma por três anos! Porém, após três anos, um primo próximo teve crise de TP e eu o auxiliei, imaginando que aquilo não me afetaria. À mesma época meu pai adoeceu gravemente e veio a falecer. Uma semana depois voltei a ter intensas crises de pânico.
Consultei um psiquiatra e passei a usar oxalato de escitalopram. Foi excelente! Tive algumas reações iniciais, mas logo tudo voltou ao normal. Porém após poucos meses, devido à melhora completa que julguei completa, parei o tratamento. E após um mês a ansiedade voltou. Retornei pela segunda vez ao médico e, como esperado, tudo ficou bem. Então cometi o segundo erro de parar outra vez. Passei dois meses bem e recaída na ansiedade aconteceu também em razão de uma fase atípica de somatório de problemas.
Atualmente estou retornando ao oxalato de escitalopram pela terceira vez e decidido a fazer tratamento em longo prazo. Neste começo, porém, parece que os sintomas iniciais estão mais fortes e persistentes, oscilando muito. Alguns dias são bem ruins e outros excelentes. Na segunda semana tive tremores em um dia, seguido de outro pleno de tranquilidade. Ainda sinto alguns momentos de ansiedade, dor de cabeça, sensação de febre, aceleração e sono intercalado, porém isso vem diminuindo. Penso que tudo seja motivado pelas paradas e retomadas.
O mais difícil no tratamento, creio eu, é aprendermos a diferenciar o que é reação natural do corpo e o que é causado pela doença. No caso do pânico, durante uma crise ou durante a ansiedade antecipatória, tendemos a ter o julgamento embaçado pela desregulação emocional. A emoção perturba a razão. Percebi isso com o tempo, pois nas primeiras crises era um Deus nos acuda, sensação de fundo do poço, mas depois de idas e vindas, as reações já não me assustam mais. Trato porque é um desequilíbrio químico que precisa ser reajustado, além de ser desagradável. Mas não deixo mais me colocar pra baixo, acredito que a razão passou a assumir o controle.
Sobre a hipnoterapia, adiciono mais alguns dados que poderiam justificar essa questão de ter origem em trauma. Realmente, no meu caso, creio que seja de origem traumática, pois tive uma mãe superprotetora e também com problemas psicológicos não tratados, que geravam muitas brigas dela com meu pai. Na sequência disso, ela faleceu quando eu ainda tinha 5 anos, de câncer. Então analisando, tive superproteção seguida de perda brusca.
Após isso, tive boa criação da parte de meu pai e de tias, cresci muito bem, fui um excelente aluno e tive sucesso profissional. Entretanto, como falei, tinha fobia social, não incapacitante, mas que incomodava. Quando fiz as sessões com o psicólogo hipnoterapeuta, ele revisitou estas questões de infância, conduzindo uma reavaliação das mesmas. Em nenhum momento me senti inconsciente, parecia mais algo como análise, só que com algumas técnicas adicionais de relaxamento.
Tenho vontade de consultar-me novamente com o psicólogo hipnoterapeuta, já que fiz as três sessões e saí do consultório sem acreditar que funcionaria, mas acabei fiquei três anos sem sintoma algum realmente. Contudo não esperava a recaída, ainda que tivesse havido pressão e influência externas. Para quem tiver interesse, o nome do psicólogo é Reinaldo Momo, atende em Porto Alegre. Busque informações no Google.
Nota: Desespero, obra de Edvard Munch.
Views: 3
Caros amigos e amigas
Tem sido muito comum algumas pessoas não se darem bem com um determinado antidepressivo, mudando para outro. Muitas vezes ficam com o medicamento numa gaveta, sem saber o que fazer com ele. Resolvi pedir-lhes que, quando tiverem uma caixa de antidepressivo em casa e do qual não mais farão uso, falem comigo sobre isso (via e-mail), pois temos muitas pessoas com reais necessidades desses, pois ora elas se encontram desempregadas. Como sabemos, esses remédios são bem caros. Conto com a ajuda de todos, quando possível for.
Abraços,
Lu
Oi, Alexandre!
Tive síndrome do pânico aos 18 anos. Eu me livrei dela com Lexotan e muita terapia. Hoje tomo escitalopran e quetiapina, devido a uma depressão e TAG, que olhando pra trás, acredito que tenha desencadeado a síndrome do pânico, pois sofri com ansiedade desde adolescência.
O escitalopran no início fez maravilhas, hoje, confesso que tenho dias bons e dias não tão bons. Talvez sejam os altos e baixos da vida, mas tenho me sentido um pouco desanimada, mesmo com terapia e medicação. Eu nunca parei por conta própria, tenho muito receio do efeito rebote. Na verdade me agarro à medicação, à terapia, à meditação, às pequenas coisas do dia a dia, que me fazem bem, com unhas e dentes. Sei que sem tudo isso eu estaria pior, chorando, tendo crises absurdas de ansiedade e passando mal.
Por mais q eu me sinta desanimada no momento, e eu sei que estou, procuro olhar o antes, quando cheguei no fundo do poço e parecia não haver saída. Sei que estou melhor agora, por isso não paro a medicação, nem terapia, nem nada que me faça bem.
Adorei seu texto! Siga com a medicação, que tenho certeza de que lhe fará muito bem. Achei muito interessante as sessões de hipnose. Sempre tive vontade de fazer, mas não tenho indicação aqui no Rio.Parabéns pelo texto!
Abraços!
Maria Cláudia
O mais difícil, creio eu, é aprendermos a diferenciar o que é reação natural do corpo e o que é causado pela doença. No caso do pânico, durante uma crise ou durante a ansiedade antecipatória tendemos a ter o julgamento embaçado pela desregulação emocional. A emoção perturba a razão. Percebi isso com o tempo, pois nas primeiras crises era um Deus nos acuda, sensação de fundo do poço, como você disse. Mas depois de idas e vindas, as reações já não me assustam mais. Trato porque é um desequilíbrio químico que precisa ser reajustado, além de ser desagradável. Mas não deixo mais me colocar pra baixo, acredito que a razão passou a assumir o controle.
No meu caso, por incrível que pareça, o que fez com que eu abandonasse o tratamento algumas vezes foi justamente a boa melhora efetiva. Agora estou ciente que por mais que fique bem, é um tratamento longo, como se fosse um antibiótico, por exemplo. Embora os sintomas passem, o causador ainda não foi eliminado, então é necessário continuar com medicação e/ou terapia até que aja um prazo seguro pra evitar risco de recaídas.
Quanto ao hipnoterapeuta, como já tinha mencionado, é um psicólogo, e a parte de hipnose na verdade pra mim foram mais como técnicas de relaxamento e acesso facilitado ao inconsciente talvez. Recomendo, pois não difere muito de um psicoterapia tradicional e não tem efeitos colaterais. O psicólogo que me atendeu é bem conhecido e aparece muito na mídia local, fazendo demonstrações e conversando sobre os problemas mentais comuns da atualidade. Pessoa extremamente profissional e que realmente transmite a impressão de gostar de ajudar pessoas. Além de que não achei o custo das sessões tão alto, haja vista que não é um tratamento crônico ou de longa duração. No meu caso, à época, três sessões valeram por três anos!
Alexandre
Este texto parece que foi pra mim. Cada dia estou mais louca! Já perdi as contas de quantas vezes fiz isso, ou seja, parar e voltar. Agora estou aqui no vale das sombras outra vez! Estou me sentindo sem nenhuma esperança. Não acreditando em mais nada!
Josi,
Embora você tenha parado diversas vezes como eu, não fique achando que tem algo errado com você enquanto pessoa, pois esse tipo de comportamento geralmente está relacionado com a ansiedade da própria doença. E como já é sabido, cada parada e retomada pode aumentar o desconforto na adaptação. É normal, embora desagradável.
Eu tive dias terríveis, mas percebi que o efeito BOM está aumentando. O problema, creio eu, é se conscientizar que após o remédio fazer efeito pleno, será necessário mais um longo período de estabilização, onde a gente precisa seguir tomando mesmo parecendo que não precisa. E se não está fazendo efeito, talvez deva tentar outro medicamento, pois existem muitas opções. Eu me tratei com fluoxetina e agora com escitalopram. Esse ultimou foi muito melhor.
Não se desespere, pois isso tem a ver com a própria doença, ela que deixa a gente assim. Siga tratando direitinho e verá que tudo isso irá passar.
Um abraço!
Alexandre!
Obrigada pela força! Eu acabei de chegar de uma clínica psquiátrica nesse momento. Fui em busca de orientação para a bagunça que fiz e estou fazendo. Mas lá não me atenderam. Comprei sertralina 50 mg por minha conta e estou tomando há 3 dias. Continuo perdida aqui.:(
Josi
Acho que você não deveria se automedicar, pois assim como na psicoterapia, na terapia com medicamentos a gente precisa de um profissional com experiência pra nos dar uma direção segura. E funciona, já que eles geralmente conhecem dezenas de casos semelhantes aos nossos.
Lembre-se, a ansiedade, desesperança, confusão, medo, fazem parte da por própria doença. Eu estou agora no 25º dia de retomada do tratamento e a evolução é visível pra mim. Embora as idas e vindas tornem a retomada mais estressante, também aprendemos a lidar melhor com esse estresse. Sensações que antes me fariam correr para o pronto-atendimento em busca de um bromazepam, agora apenas causam desconforto e acabam passando. Nietzsche tinha razão ao dizer que o que não nos mata, nos fortalece. E ansiedade não mata ninguém, embora seja muito desagradável mesmo.
Quando for no médico da próxima vez, relate exatamente o que se passou, não esconda nada. Ele saberá o que causou e poderá indicar o medicamento ideal pra ajudar a estabilizar esse desequilíbrio químico de seu cérebro.
Um abraço!
Alexandre!
Obrigada pelo apoio.
Voltei hoje com escitalopram. Não consegui uma orientação médica, mas isso já está a caminho. Eu só quero minha vontade e prazer em viver de volta. Disposição para encarar a vida como sempre tive. Estarei postando aqui a quantas andam o tratamento.
Obrigada, amigo, pela sua atenção.
Alexandre
Muitas pessoas param o tratamento antes de receberem um parecer médico, mas depois de um tempo as crises tendem a voltar ainda mais severas. E se existem outros problemas o transtorno fica ainda mais agressivo. Agora, pela terceira vez, você deve seguir com firmeza seu tratamento, jamais parando por conta própria. Quanto ao psicólogo hipnoterapeuta assim que retornar ao mesmo, passe para nós o seu parecer. Confesso que não conheço ninguém que tenha passado pela hipnoterapia e tenha se livrado de um transtorno, quando esse não é resultante de um trauma.
Abraços,
Lu
Lu
Obrigado pela resposta e pela postagem, nem imaginei que pudesse ser um relato tão significativo! Quanto ao meu tratamento, de fato acredito que houve um somatório de idas e vindas e situações de vida atipicamente estressantes. Estou melhorando, mas mais lentamente que nas outras vezes.
Sobre a hipnoterapia, adiciono mais alguns dados que poderiam justificar essa questão de ter origem em trauma. Realmente, no meu caso, creio que seja de origem traumática, pois tive uma mãe superprotetora e também com problemas psicológicos não tratados, que geravam muitas brigas dela com meu pai. Na sequência disso, ela faleceu quando eu ainda tinha 5 anos, de câncer. Então analisando, tive superproteção seguida de perda brusca.
Após isso, tive boa criação da parte de meu pai e de tias, cresci muito bem, fui um excelente aluno e tive sucesso profissional. Entretanto, como falei, tinha fobia social, não incapacitante, mas que incomodava. Quando fiz as sessões com o psicólogo hipnoterapeuta, ele revisitou estas questões de infância, conduzindo uma reavaliação das mesmas. Em nenhum momento me senti inconsciente, parecia mais algo como análise, só que com algumas técnicas adicionais de relaxamento.
Depois disso como relatei, me senti curado por 3 anos, já que as crises se foram sem auxílio de remédio. Só voltaram com um novo fato traumático (perda do meu pai pela mesma doença, além de uma pessoa próxima diagnosticada com TP). Penso que isso “rememorou” o estado anterior e o trouxe de volta, porque não havia sido completamente curado de fato. Mas achei válido pois funcionou, mesmo que por um tempo. Talvez funcione novamente, assim como no caso dos medicamentos.
Alexandre
Você realmente tem um histórico que leva a crer que seus transtornos mentais sejam traumáticos. Sei que não foi fácil conviver com os problemas de sua mãe ainda numa idade em que a mente capta tudo e com muita intensidade. Além do mais, perder o seu pãe (pai e mãe ao mesmo tempo) também foi extremamente doloroso. As grandes perdas mexem muito com a nossa estrutura emocional, contudo, o fato de sua mãe ter sido portadora de problemas psicológicos também pode contribuir para que seja portador dos mesmos, como aconteceu comigo. Venho de uma família, pelo lado materno, com tais problemas, sendo que eu também os herdei. Quando perdi a minha mãe, fiquei extremamente mal, pois a sua ausência foi um choque muito grande para mim. Para que você obtenha mais conhecimento a respeito de seus transtornos mentais, faça um levantamento, pelo lado materno, de parentes que possam tê-los desenvolvido. Na minha família, pelo lado materno, somos um batalhão.
Quanto ao seu relato, ele é altamente significativo, pois traz mais informações para os que batalham no campo dos transtornos mentais. Criei esta categoria no blog justamente para colocar em evidência comentários dos próprios leitores. Gostaria muito que continuasse conosco.
Abraços,
Lu