TUDO VALE A PENA QUANDO…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

perga

 “Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena.” (Fernando Pessoa)

Apenas alguns poucos botam para fora os sentimentos através das palavras, enquanto outros os guardam em compartimentos estanques, trancados a sete chaves. O que é a poesia senão a nossa outra voz que se insurge contra as injustiças do mundo, e bota a boca no trombone, ainda que poeticamente? Ou que se encanta com as coisas belas da vida e as espalha aos quatro ventos? A poesia é a chave com que abrimos a caixa de nossos sentimentos.

É triste constatar que neste nosso mundo globalizado, onde se canta louvores ao capital financeiro, temos nos tornado cada vez mais servil ao consumismo, de modo que o lirismo vem se tornando cada vez mais démodé. Ao perdermos contato com a expressão poética, acabamos nos desumanizando, embora, paradoxalmente, orgulhemo-nos de viver numa sociedade tecnicamente avançada, em que se tecem loas à indústria cultural, para não dizer ao entretenimento meramente rentável. A continuar assim, apesar de nossa sofisticada tecnologia, logo estaremos subindo de novo nas árvores, só que dessa vez, em elevadores panorâmicos, em vez de usarmos pés e mãos.

A palavra poética é também histórica, pois o poeta é um retratista do seu tempo, quer para se contrapor a ele, louvá-lo ou transformá-lo. É o porta-voz de uma época, o espelho de um tempo. Projetando-se e fazendo a sua história e a da humanidade. No século XIX (1885), Victor Hugo, o maior poeta lírico francês, levou mais de um milhão de pessoas a seu cortejo fúnebre, em Paris, enquanto em outras terras, grande parte da humanidade chorava a sua perda. A prosa e o verso sentiram-se como se fosse “Os Miseráveis”, obra do autor.

É preciso que os mestres do Ensino Fundamental recuperem o amor à literatura, através das crianças, levando-as a tomarem gosto pela prosa e pela poesia, quer na leitura dessas, quer na sua criação, de modo a formar, para o futuro, a cabeça e o coração de cidadãos humanizados, capazes de dar sentido à própria existência e, em consequência, humanizar o planeta em que vivem. É preciso mirar na figura do poeta português, Fernando Pessoa, que com um único livro, “Mensagens, e com a publicação de alguns poemas esparsos, em revistas literárias, levou gerações e gerações a ler e a criar poemas, revigorando a língua portuguesa.

Nota: Imagem retirada de http://iaef.com.br/?p=1819

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