UM NOVO ESTILO – ROCOCÓ (Aula nº 76)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O Rococó teve como origem a França, no século XVIII, onde surgiu como um estilo meramente decorativo e um desdobramento do Barroco. O termo é tido como uma combinação bem-humorada da palavra “rocaille” (palavra francesa que pode ser traduzida como “concha”) e “barroco”. Segundo alguns estudiosos do assunto, foi atribuído a um aluno do pintor Jacques-Louis David, logo após a Revolução Francesa, no intuito de zombar do rebuscamento do estilo burguês. Artistas da época achavam que tal estilo não passava de uma diminuição cômica do Barroco, objetivando apenas expressar sentimentos aprazíveis. Esse sentido pejorativo prosseguiu até metade do século XIX, perdendo toda a conotação negativa daí para a frente. O Rococó — estilo decorativo surgido na França no reinado de Luís XV — foi o último estilo da Idade Moderna.

Dentre as principais características da arte do Rococó podem ser citadas: o nivelamento e a falta de tridimensionalidade na decoração; o excesso de elementos curvos de rocaille, enroscando-se em anéis assimétricos de curvatura oposta; desenhos assimétricos; e a representação da vida profana e da futilidade da aristocracia que buscava na arte apenas o prazer. Além disso, muitas de suas formas foram influenciadas pelas características arquitetônicas do Barroco francês, porém niveladas e de proporções menores, sem a monumentalidade desse.

O período de dominância do Rococó foi responsável pelo aparecimento de uma grande atividade no campo da decoração, com a predominância de objetos pequenos, feitos de prata ou de porcelana. É dessa fase o conhecido “estilo Luís XV”, datado de 1730 a 1760, visto em mobiliários e decorações durante o reinado do monarca que lhe deu tal nome. As cenas pastorais também se encontravam presentes. Nelas as figuras aristocráticas cediam lugar a pastoras e pastores em jogos de sedução. Nos temas narrativos, os putti (anjos ou cupidos) reforçavam a história. Nas artes uma profusão de arabescos, motivos de conchas, linhas curvas e desenhos assimétricos davam destaque à decoração.

O Rococó foi de certa forma uma reação ao estilo Barroco. Dominou a arte europeia durante a maior parte do século XVIII, dando destaque à elegância, à futilidade e à beleza decorativa. Contudo, não se desenvolveu da mesma maneira nos países europeus, para onde foi levado por artistas expatriados e também através de gravuras. Na Inglaterra esteve mais ligado ao desenho mobiliário. No sul da Alemanha tornou-se um aperfeiçoamento do estilo Barroco e na Itália foi um avanço decorativo do Barroco italiano. A partir da década de 1770 foi, aos poucos, cedendo lugar ao Neoclassicismo.

Muitos temas encontrados na arte barroca estiveram presentes no Rococó, a exemplo de temas simbólicos e mitológicos, mas que não mais detinham um conteúdo de seriedade. Muitas das vezes não passavam de pretexto para as apresentações eróticas do nu feminino. A temática sobre o amor era, sem dúvida, a mais popularizada. O fête galante — tema que aludia a jovens casais ricos e elegantes, passeando alegremente por parques idílicos — teve em Jean-Antoine Watteau seu pioneiro, sendo a composição intitulada O Embarque para Citera, concluída em 1717, sua obra-prima.

O estilo Rococó teve grande influência sobre a arquitetura, a pintura e a decoração de interiores. Era ao mesmo tempo uma reação ao Barroco e um aprimoramento deste. A diferença fundamental estava na rejeição ao excesso de pompa e na grandiosidade apresentadas pelo estilo anterior. A arte do Rococó pecava, sobretudo, pela ausência de um conteúdo sério, uma vez que as obras carregavam um estilo excessivamente decorativo. Dentre os grandes nomes desta arte estão Jean-Antoine Watteau, François Boucher, Jean-Honoré Fragonard e Canaletto pintando cenas de Veneza. Na escultura o estilo Rococó eliminou o vigor das linhas retorcidas do Barroco, tendo como principal nome o escultor francês Jean-Antoine Houdon.

Ilustração: 1. O Baloiço, 1767, Jean- Honoré-Fragonard

6 comentaram em “UM NOVO ESTILO – ROCOCÓ (Aula nº 76)

  1. Marinalva Autor do post

    Lu
    Os artistas sempre estão procurando inovações, de acordo com as mudanças que surgem com o tempo, a maneira de apresentar coisas novas e diferentes de acordo com seus valores. A arte é assim e assim surge o estilo Rococó.

    Opõem-se ao forte tema religioso do Barroco, representa temas da vida cotidiana de personagens elegantes e profanos da época: cenas eróticas da vida cortesã, festas galantes e também seres mitológicos. Ambientes mundanos e luxuosos e parques são muito valorizados. É aristocrático, muita ornamentação, dá privilégio às cores claras em tom pastel , muitas curvas, muita leveza. Elegância requintada e aristocrática.

    Esse estilo refletia os valores de uma sociedade que via na futilidade a maneira de fugir dos problemas da vida real, buscando nas obras de arte um modo de ser feliz, esquecendo as coisas ruins que a afligia. O estilo Rococó realiza a transição para o Neoclacissismo. Como vimos, a arte está sempre mudando, aperfeiçoando, como a vida, pois a arte é a vida da humanidade, contada e retratada tal como ela é em cada época e em cada lugar.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      Você descreveu brilhantemente o estilo Rococó, agregando mais informações ao texto.

      Abraços,

      Lu

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  2. Adevaldo R. de Souza

    Lu
    Interessante o paralelo entre os fatos históricos e os estilos de artes. O nascimento do “Rococó” na França refletiu os valores de uma sociedade fútil que buscava nas artes alguma coisa que lhe desse prazer e esquecesse os problemas reais à época. Para isso basta verificar o reinado de Luís XIV entre 1643 a 1715, que tinha um governo centralizador e autoritário e que deu às artes uma feição clássica. Após sua morte e a mudança da sede do governo de Versalhes para Paris, o novo monarca Luís XV, procurou os bens sucedidos homens de negócio para financiar as obras da nova tendência artística, que destacava a elegância, a futilidade e a beleza decorativa, como diz o texto.

    Penso que à época do “Rococó” o ambiente na França já estava irrigado para mudança de estilo nas artes: aumento do desnível social, redução do poder do clero, desprestígio da monarquia e crescimento da burguesia (os endinheirados), entre outros fatores que resultaram, posteriormente, na mudança política (Revolução Francesa).

    Abraço,

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Adevaldo

      Esse foi um estilo que foi bem passageiro. E, como bem o diz, há sempre um paralelo entre os fatos históricos e os estilos da arte. O que nos prova que essa é sempre uma reação ao seu tempo. Todos os estilos nasceram em consequência de fatores históricos, sobretudo. Destaco a sua afirmação de que “… basta verificar o reinado de Luís XIV entre 1643 a 1715, que tinha um governo centralizador e autoritário e que deu às artes uma feição clássica. Após sua morte e a mudança da sede do governo de Versalhes para Paris, o novo monarca Luís XV, procurou os bens sucedidos homens de negócio para financiar as obras da nova tendência artística, que destacava a elegância, a futilidade e a beleza decorativa”.

      Abraços,

      Lu

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      Ao analisar algumas pinturas, verá como realmente se tratou de um estilo frívolo que serviu de elo entre entre o Barroco e o Neoclassicismo. Não tinha como perdurar por muito tempo.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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