UMA PEDRA NO MEIO DA FELICIDADE

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Autoria do Dr. Ivan Large

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Há mais ou menos três anos que esse casal de jovens vem regularmente me visitar de seis em seis meses. Antes disso, estudavam juntos na mesma escola. Ambos, com quinze anos de idade, Francisco e Bianca passavam a maior parte do tempo juntos, trocando às vezes, beijos apaixonados, sob o olhar invejoso de seus colegas. A ideia que temos da felicidade era a que passava a imagem dos dois andando de mãos dadas, olhando sorridentes para um futuro sem nuvens. Mas um dia tudo mudou. Um acontecimento inesperado iria provocar um verdadeiro terremoto na vida deles e na de suas famílias:

Uma amiga de Francisco, com quem ele teria mantido, no passado, relações um pouco mais que amigáveis, apresentou os sinais de uma doença que foi logo diagnosticada como “Síndrome de imunodeficiência adquirida” (SIDA). Francisco e Bianca foram levados pelos pais a um médico, que pediu alguns exames laboratoriais. Esses revelaram que, apesar de não apresentar a doença, ambos eram portadores do vírus responsável pela sua transmissão. Desde então, submetem-se periodicamente a rigorosos exames médicos incluindo o dos olhos.

Com o consentimento das duas famílias, resolveram casar-se sem mais esperar, como se quisessem juntar as suas mãos a fim de segurar com mais força uma felicidade que ameaçava escapar-lhes. Como de costume, entram juntos no meu consultório, de mãos dadas, com um pequeno sorriso nos lábios. Examino um de cada vez enquanto o outro assiste em silêncio. Durante o exame, fico dividido entre minha preocupação ditada pelo dever profissional de procurar implacavelmente o menor sinal revelador da aparição da doença e um imenso desejo, fruto de um sentimento de amizade escondido no fundo do meu coração, de não encontrá-lo.

O exame já acabou e, mais uma vez, eu posso ser o mensageiro da melhor das noticias. Naquele momento, o mais importante, o presente, eles não têm nada nos olhos que lhes impeça de serem felizes.

O jovem casal vai embora, de mãos dadas, um pequeno sorriso nos lábios e nossas vidas continuam.

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