Van Eyck – A VIRGEM DO CHANCELER ROLIN

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Rolin

Nicolas Rolin nasceu de origem humilde, mas sua inteligência, habilidade, crueldade e ganância fizeram com que chegasse ao cargo de chanceler do Grão-Ducado da Borgonha, que ele transformou numa grande potência europeia, ali permanecendo por quase 40 anos. Mas ciente da carga de maldades que levava às costas, tratou de garantir a salvação de sua alma, revelando-se um fidelíssimo devoto da Virgem Maria, aliando a isso a dedicação às obras de caridade, numa luta inglória entre a humildade e o orgulho.

Na composição A Virgem do Chanceler Rolin, Jan van Eyck pintou o chanceler como um homem de meia-idade, ajoelhado sobre um genuflexório diante da Virgem Maria e seu Menino, com as mãos em atitude de preces. Um livro de horas encontra-se aberto sobre o genuflexório. É possível ver que o texto inicia-se com a letra D.

A cena acontece numa imponente sala de um palácio, ao alto, cuja janela descerra-se para uma bela paisagem montanhosa, sendo possível ver um rio dividindo a cidade com suas imponentes construções e incontáveis torres. Estão presentes na paisagem mais de 2000 figuras. É possível ver desde as planícies da Holanda até os Alpes nevados. No jardim encontram-se rosas, lírios e pavões reais. Possivelmente, os dois personagens encostados ao muro, são Van Eyck e seu irmão Hubert.

A Virgem Maria está modestamente assentada numa almofada, diante do chanceler, com o seu Menino no colo, coberta por um manto de púrpura vermelho. Acima de sua cabeça, um anjo segura uma coroa de ouro e pedras preciosas, como se fosse cingi-la. Ela não fixa o pecador, numa atitude de piedosa modéstia. Seus cabelos, repartidos ao meio, são dourados e longos, espalhando-se por suas costas e ombros, com uma fina fita a cingi-los.

O Menino Jesus, nu, está seguro apenas pelas mãos de Maria, cujo corpo serve-lhe de trono. Na mãozinha esquerda, ele traz uma esfera de vidro imperial com uma cruz, que simboliza seu poder, e com a direita abençoa o chanceler, ajoelhado à sua frente. A cena é iluminada pela luz do sol.

Esta obra, encomendada para a catedral de Autun, foge à regra dos quadros de doadores medievais, que traziam um santo ao lado, como intermediário. Ainda que quisesse parecer humilde, está presente na pintura toda a arrogância do chanceler, que se encontra sozinho, sendo do mesmo tamanho da Virgem. Também está ajoelhado no mesmo nível de Maria. Ele toma conta de toda a metade esquerda da pintura, e usa um manto de brocado de ouro, enfeitado com vison, bem mais ostensivo do que o da Virgem. Fica claro que o mundo terreno era muito mais importante para ele do que o espiritual.

Ficha técnica
Ano: 1435/37
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 66 x 62 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fonte de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
100 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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