Autoria de Alexandra Carvalho
Já não sou marinheira de primeira viagem, nem aqui no Vírus da Arte, nem nesta “dança” da depressão e dos transtornos de ansiedade/pânico.
Há pouco menos de três anos tive o meu primeiro e aterrador episódio de ansiedade generalizada e pânico, uma coisa que me deitou completamente abaixo, tanto a mente como o corpo, e que insistia em não passar. Na sequência, recomendaram-me um óptimo psiquiatra e um óptimo gastroenterologista que começaram a acompanhar o meu caso. O diagnóstico: quadro de depressão prolongada que se manifestou em ansiedade e pânico e, para complicar as coisas, síndrome do intestino irritável, que se manifestava, sobretudo, com diarreia e/ou aumento da frequência das evacuações e gases. Na época, comecei a fazer uso de escitalopram que rapidamente fez efeito (uma semana), mas também rapidamente voltei a ter uma recaída.
O psiquiatra recomendou-me aumentar a dosagem do antidepressivo, e assim fiz. Passado mais algum tempo, estava muito melhor (fiz também uma colonoscopia, cuja limpeza intestinal de preparação ajudou muito a restabelecer os ritmos intestinais). As recaídas (ataques de pânico) eram cada vez menos frequentes, até que desapareceram por completo. Estava bem! Sentia-me cheia de força, estava cheia de projectos, até ingressei num ginásio e comecei a consultar um psicólogo para me ajudar a lidar com as contrariedades do dia a dia. A vida corria-me bem a nível pessoal e começou também a correr melhor a nível profissional! Voltei aos 10 mg do antidepressivo, cerca de ano e meio, talvez menos, e depois de uma relação feliz com o amado escitalopram, estava eu a fazer o desmame. Tudo corria bem!
Com as melhorias notórias a variadíssimos níveis, veio o excesso de confiança, uma espécie de fase maníaca (pelo menos, é assim que eu a classifico na minha perspectiva de leiga). Os excessos nas saídas com os amigos, os excessos de trabalho, o achar que era capaz de tudo e que tudo podia, achando-me quase uma supermulher. Mas claro que isto era apenas uma ilusão, pois depois da mania vem a inevitável depressão. Comecei a incorrer nos velhos erros, voltei com os maus hábitos, tive algumas contrariedades em nível pessoal e profissional, tive um desentendimento com o meu psicólogo e abandonei a psicoterapia (admito que reagi demasiado a quente a algo que me desagradou e não ponderei com justeza tudo aquilo que ele já tinha feito por mim). Voltei novamente a levar uma vida mais reclusa, com hábitos muito noturnos e descurei muitos aspectos do meu bem-estar (deixei de ir ao ginásio…), tudo enquanto me convencia que iria correr tudo bem e que ia conseguir ultrapassar sozinha aquilo que seria apenas uma pedra no caminho, mas acabava sempre por deixar muita coisa para “fazer no dia seguinte”.
O trabalhar a partir de casa, ter tido uma lesão no joelho e o medonho inverno que se vive aqui por Portugal também não ajudaram… A verdade é que entrei novamente numa espiral descendente, talvez ainda mais grave que anteriormente. Há quase três semanas, com o estresse acumulado do trabalho e do segundo mestrado que estou a tirar, voltei à ansiedade e, passados alguns dias ao temível pânico… O frio no estômago, o nó na garganta, a falta de apetite, as náuseas, a vontade de evacuar quase constante durante o dia, os gases, a tensão muscular abdominal, os suores, os tremores, o frio/calor, o terror, a angústia, “o medo do medo”, voltou tudo. Felizmente, não guardo grandes memórias do meu primeiro episódio há quase três anos (a mente humana tem esta capacidade maravilhosa de ‘apagar’ as experiências desagradáveis), mas este novo capítulo está a ser particularmente aterrador e paralisante.
Os dois últimos dias em particular foram 48 horas de pânico constante, apenas aliviado pelo alprazolam (o malfadado Xanax), ao qual estava a tentar fugir, mas sem sucesso. Voltei ao psiquiatra e ao escitalopram, ainda sem resultados, para além de alguns efeitos secundários (não sei se este agravamento não será um efeito paradoxal de algum destes medicamentos), e vou voltar também à psicoterapia e ao gastro. Mas sigo persistente e com esperança, tentando, sempre que possível, não me deixar dominar pelo medo. Já derrotei isto uma vez, hei de derrotar uma segunda e todas as que forem necessárias! Poderá demorar mais tempo que da outra ocasião e poderão ser necessários ajustes à medicação, mas hei de lá chegar! E, desta feita, aprendi muito com os erros do passado, que conto não voltar a repetir, pois agora já sei ao que eles, inevitavelmente, conduzem.
Forte abraço a todos os companheiros nesta travessia de mares turbulentos.
Nota: Mulher com Pombas, obra do pintor Di Cavalcanti
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Lu
Olha quem está aqui de novo, eu mesma, Livia, após pouco mais de 5 anos. Estava bem esses 5 anos com escitalopram de 20 mg. Mas infelizmente, após alguns problemas gastrointestinais (dores fortes ao ir ao banheiro e desmaios por causa disso), ele apareceu novamente, o pânico. Inclusive de evacuar. Enfim, foi retirado o escitalopram e agora estou fazendo a venlafaxina. Tem sido difícil, não vou negar. A depressão, ansiedade e o pânico gritam na minha cabeça que não vou melhorar nunca, que não vou voltar a ficar funcional novamente. Enfim, voltei aqui pois esse blog sempre me ajudou TANTO! Obrigada e espero que você me responda!
Lívia
Nós, portadores de doenças mentais, vivemos em altos e baixos. Isso já faz parte da normalidade de nosso quadro. Ainda bem que existem os antidepressivos, nossos aliados, que sempre voltam a nos equilibrar. Como já sabe, através da leitura de outros textos meus, nosso organismo, depois de um tempo de uso de determinado antidepressivo, acaba se acostumando. O médico terá, então, que aumentar a dosagem ou passar para um outro mais moderno no mercado. Nem dou conta de enumerar de quantos diferentes já fiz uso.
A venlafaxina vem sendo um dos mais usados atualmente. Assim que o seu organismo se acostumar com tal medicamento, seu equilíbrio emocional irá voltando à normalidade. Fique tranquila. Não dê espaço para os pensamentos negativos. Sempre mude seu pensamento para coisas agradáveis. Seja POP! Quanto aos problemas gastrointestinais, imagino que possam ser de origem neurovegetativa. Se fez a colonoscopia e não encontrou nada, toque a vida para frente. Um caso parecido com o seu já aconteceu comigo faz cerca de sete anos, tudo fruto da minha mente. Somente após a colonoscopia é que as dores desapareceram, ou seja, o meu cérebro aceitou que eu não tinha nada. O nosso sistema digestivo é muito suscetível às nossas emoções. É por isso que se usa a expressão “cagar de medo”. Fique tranquila e continue dando-me notícias.
Beijos,
Lu
Hoje tinha marcado uma aula de Pilates para o início da noite, mas durante o dia tive alguns pequenos ataques de pânico, que já não tinha há alguns dias, e o meu SII também agravou um pouco. Desmarquei a aula e acabei por tomar um Xanax há umas quatro horas, e até agora não senti grandes efeitos adversos (felizmente!). Creio que o melhor será começar pelas caminhadas, ou por breves sessões livres de ginásio sem o compromisso de uma aula.
Um dia de cada vez!
Abraço a todos!
Alexandra
As caminhadas são o ideal para começar e muito indicadas pelos médicos, embora o Pilates também seja fantástico para a saúde física e mental. O SII é uma consequência de seus transtornos. Assim que conseguir eliminar os ataques de pânico, tal síndrome também desaparecerá. O sistema que mais recebe o impacto de nossa ansiedade é o digestivo. Daí a expressão (pelo menos existe aqui no Brasil) “Cagar de medo”.
Abraços,
Lu
Sem dúvida, Lu.
Convivo com o SII há 20 anos, e a única ocasião em que este me causa realmente transtornos é quando a crise é desencadeada por factores psicológicos. Aí, não só a ansiedade e o pânico agravam o SII, como, em momentos mais calmos, o próprio funcionamento intestinal é causa de ansiedade, numa espécie de círculo vicioso. Há que estabilizar o transtorno ansioso para estabilizar o SII, e vice-versa. Aqui em Portugal usamos muito o “borrado de medo”. No meu caso, como costumo dizer, “sinto a ansiedade mais na barriga do que na cabeça”. 🙂
Abraço!
Alexandra
Realmente o SII e o Transtorno Mental acabam se transformando num potente elo em que um não se desgruda do outro, farinha do mesmo saco, lé com cré… risos. Contudo, assim que seu quadro de ansiedade for sendo superado, o SII, quer queira ou não, terá que dar o fora. Pobre aparelho digestivo que vive a trancos e barrancos em razão de nossas emoções. Ao final, tudo se ajeita. Fique tranquila!
Abraços,
Lu
Olá, gente!
Com absoluta certeza vou sair dessa e vou recobrar o controle sobre minha própria vida. Minha psicóloga tem sido um anjo na minha vida e não menos minha psiquiatra, por isso tamanha confiança. Estas drogas farão parte de um passado triste, mas por ora estas têm sido de grande valia a minha retomada por uma vida normal. Confesso medo, mas afinal quem não o tem?
Força a todos!
Alessandro
Penso que estas drogas devam ser vistas como um avanço para nossa vida. Imagine se nós, portadores de transtornos mentais, não as tivéssemos. Você nem tem ideia de como era a vida daqueles que viveram antes delas. Portanto, apesar dos efeitos adversos, benditas sejam! Você disse algo bem significativo:
“… mas por ora estas têm sido de grande valia a minha retomada por uma vida normal.”
Abraços,
Lu
Lu
Voltei com Escitalopram ontem… Parei sozinha faz uns 8 meses, a médica sempre mandando voltar e eu postergando pois não queria começar tomar em período de ocasiões especiais e sempre tinha alguma coisa, final do ano, natal, ano novo, etc… Não queria porque sinto o triplo de ansiedade na primeira semana. Então resolvi voltar ontem porque terei fortes emoções esse ano rsrs, e ele controla as emoções, controla até demais, a ponto de você se sentir anestesiada para os acontecimentos da vida, dependendo da dosagem.
Faço uso de Alprazolam também há mais de um ano, quando comecei o tratamento. Quero muito caminhar para o desmame, mas precisarei de um suporte pra isso. Terei que voltar à terapia, fazer exercícios físicos, acertar meu relógio biológico que está todo errado… Mas como estou desempregada e tudo demanda dinheiro, fico esperando me empregar de novo pra fazer essas coisas. Não penso em parar por conta própria, mas o desmame é meu sonho, este medicamento prejudica muita coisa, memória, libido, estou com alteração hormonal também, por conta deles. Tenho a síndrome de intestino irritável, creio eu, mas isso nem mencionei com minha médica, nem sei como tratar… Mas o ansiolítico me ajuda nisso também.
Força a todos!
Pah
Não vou bater na tecla de que não se deve parar por conta própria o tratamento, pois vejo que você é uma pessoa bem informada. Quanto ao alprazolam, já o deveria ter largado há muito tempo, pois esse só deve ser tomado no período inicial, na fase aguda do tratamento. Converse seriamente com sua médica sobre o assunto. Essa muleta poderá trazer sérios riscos à sua saúde, inclusive à sua memória.
Não me sinto anestesiada com o escitalopram e nem é essa a função dele… risos. Ao contrário, ele apenas me dá mais equilíbrio para lidar com o dia a dia. O anestesiamento de que fala deve-se ao alprazolam, medicamento do qual já se tornou dependente. Vou lançar no blogue uma série de textos contemplando tais assuntos, que irão ajudar muito os leitores deste cantinho.
Amanhã postarei um texto sobre “intestino irritável”. Não deixe de ver.
Abraços,
Lu
Olá, Pah!
Consulte um gastroenterologista ou fale com a sua médica, não tenha receio. O SII não é uma doença grave e é perfeitamente gerível. Só temos de levar uma vida um pouco mais regrada que os demais e descobrir aquilo que nos faz bem ou nos prejudica. Eu, por exemplo, não faço medicação específica para o SII e levo uma vida perfeitamente normal… bom, tirando quando tenho estes episódios de depressão/ansiedade/pânico. 😉 Para o diagnóstico, possivelmente terá que fazer uma colonoscopia. E se tiver realmente SII, verá que a própria preparação para o exame ajudará não só a estabilizar ritmos intestinais, como também a restabelecer a própria flora.
Abraço e força!
Olá, Alexandra!
Estou por aqui há relativamente pouco tempo, quando comecei meu tratamento para ansiedade com o oxalato de escitalopram. Tudo era novidade pra mim e este cantinho aqui me ajudou – e ainda ajuda – bastante a compreender tudo melhor e a ter um pouco mais de tranquilidade no dia a dia.
Hoje completei 37 dias tomando meu medicamento. Estou muito melhor, ainda com poucos efeitos adversos. Ontem, depois de muito tempo sem ter crises, tive uma moderada, à noite. Nessas horas, lembro de tudo que aprendi aqui com os comentários da Lu e do pessoal, dos textos e de outras experiências. Estamos todos juntos nesta caminhada com muitos altos e baixos, mas que sem dúvida nos leva a uma vida melhor. Tenho certeza de que seu tratamento já começou a dar certo pelo simples fato de você está colocando a energia positiva necessária para que tudo corra da melhor forma possível. O seu depoimento é muito importante pra mim, que ainda estou no princípio do meu tratamento.
Muito obrigado pelo seu comentário e desejo de coração que se sinta melhor a cada momento e cada vez mais. Já está a vencer!
Um grande abraço!
Olá, Rene!
Tive a sorte de me ter cruzado com este pequeno farol no meio de tanta falsa informação e negativismo que abunda por este mundo virtual que é a internet na altura da minha primeira crise. Também a mim, as palavras da Lu e do resto do pessoal foram e continuam a ser um bálsamo e uma fonte de sabedoria e conhecimento nesta altura mais sofrida. Conhecer os testemunhos de quem, como nós, já passou por tanto, mas que conseguiu ultrapassar e até vencer, mantendo sempre uma centelha de esperança e uma atitude positiva, ainda que face às maiores adversidades – no fundo, aquelas que nos são impostas pela nossa própria mente; não há combate tão duro e desgastante como aquele que travamos com nós mesmos.
O meu tratamento com o escitalopram começa devagarinho a fazer o seu efeito, mas ainda há muito a fazer. É todo um processo, é demorado e é multidisciplinar, e, desta vez, não o tenciono abandonar. Pelo meu próprio bem estar. Não é fácil, mas, no fim, cada pequena ou grande vitória será ainda mais saborosa. Para já, o meu desafio é reduzir cada vez mais a frequência das tomas do Xanax – tenho tomado 0,5 mg por dia na última semana, dois dias tive de tomar 1 mg, mas o objectivo é tentar ficar no zero sempre que possível. 🙂
Muito obrigada pelas palavras de apoio. Estamos juntos nesta luta e não duvide que sairemos vencedores!
Forte abraço!
Alexandra
Lendo seu depoimento dá uma vontade de pegá-la no colo, acariciar seu cabelo, e como faço com minha filha, fazê-la dormir, abraçando-a até que sinta que está protegida, ao menos nesse instante de carinho, que é o que podemos oferecer a vocês e a nós próprios que também passamos pelo mesmo caminho. Não podendo abraçá-la, mas entendendo tudo o que você tão bem coloca, quero deixar claro que meu carinho por você é o de uma mãe que vive o seu problema com a própria filha que, como eu, passa por esses episódios terríveis desses transtornos que nos dão uma bela e grande derrubada.
Vivemos uma nova era. Temos hoje o câncer dos transtornos afetivos, mentais, esse emaranhado de tristes episódios de não saber o que fazer, para onde ir, o que buscar que nos dê o alívio imediato, necessário e merecido… O que traz uma sensação de alívio é saber que não somos doentes mentais, mas percorremos um caminho difícil em dominar emoções que explodem e implodem num vaivém assustador e que não temos a chave para o “liga/desliga” que seria a nossa maior conquista. Essa seria uma solução, mas não a realidade, então, convivemos com os dias mais ou menos bons e alguns realmente bons, entremeados pelos dias nublados de estar-se muito mal. Funciona assim, infelizmente!
Já somos um time e o bom é que lutamos, suamos a camisa, literalmente, para compreender e ganhar esse jogo. É um jogo e bons jogadores o terminam num cansaço terrível, mas com a sensação da vitória por ter conseguido, mais uma vez, fazer parte do jogo e isso nos mostra que mesmo esfarrapados, com a alma na mão, somos lutadores!
Ninguém quer fazer parte desse time. Não por ser um time de perdedores, mas um time dos que lutam à exaustão para livrarem-se de um mal que não se explica, não foi buscado e, quando deu sinal que sairia a campo, já estava, sem que percebêssemos, fazendo o gol. Perdemos para a percepção, quando tratamos desses sintomas em nossas vidas. É a armadilha que já montada, estava oculta, e nós, incautamente, caímos nela, porque sempre nos julgamos atentos. Não somos! Nada se manifesta de um dia para outro, nem mesmo uma doença física. Há sinais que tentam o alerta e os ignoramos.Pela pressa, pelo excesso de segurança, pela não valorização de que algo ligou o alerta, mas não o vimos… Ao nos dar conta, estamos absolutamente dentro do furacão. Um lampejo que vira um assustador mundo novo e nesse mundo a luta é árdua.
Passará! Tenho essa experiência e essa confiança e mais que tudo, acredito sinceramente que passará! Um dia – pode ser amanhã ou depois, não sabemos – estamos novamente no domínio do que nos faz bem e estar em desordem com sentimentos e assustados com a avalanche dos sustos, do pânico dos medicamentos, tudo isso será lembrado como uma fase ruim, só. Deixará sua marca, mas é a marca de que o alerta está ali, à disposição, pronto para ser acionado se algo já se manifesta. Sejamos atentos e jamais nos julguemos acima dessa traiçoeira nova onda dos distúrbios psicológicos. Mostra-nos que exigimos demais de nós próprios e por deixar que as exigências de uma nova e desenfreada necessidade de fazer tudo ao mesmo tempo poderá, sem dó ou piedade, nos pôr na lona. É o início do martírio, mas pode ser o fim do nosso maluco desejo de sermos todos, sempre prontos, sempre à disposição, sempre perfeitos! Não somos! Somos humanos e na sobrecarga das exigências nos deparamos com o sinal do STOP que não significa pare totalmente, somente, exigimos demais de nós mesmos!
O mal passa. A lição ficará e os amigos, verdadeiros, compreenderão essa fase e seguirão conosco até onde a vida permitir. Siga! Ame-se! Dê-se o necessário carinho e verá que tudo, lá na frente, será somente a lembrança ruim de dias complicados, mas que mostraram que devemos respeitar nossos limites. Eles existem para que não soframos, não para que sejamos paralisados por covardia. Não é covarde quem passa por um sofrimento que não tem cor, forma, tamanho ou peso. Só quem o sente sabe sua dimensão que varia e isso também assusta. Num dia, muito grande; noutro, menor, até que num repente, descobrimos que passou…
Passará, menina! Passará! Deixa sequelas, sim, mas nos alerta e aí, já com a experiência, tomaremos mais precauções e tiramos dez no quesito superação! Siga! E acredite que amanhã verá novamente o brilho lindo de um maravilhoso dia!
Abraços, compreensão e muito carinho!
Querida Celina,
As suas gentis palavras tocaram bem fundo no meu coração. Revejo-me em tudo o que disse, pelo que já ultrapassei e tornarei com certeza a ultrapassar, e o seu carinho é inestimável. Porque, afinal, são as pequenas/grandes palavras, seja daqueles que nos são mais próximos ou de um desconhecido solidário, que nos dão alento para continuar.
Mil obrigadas pela força! Passará sim! 🙂
Forte abraço!
Alexandra
Os transtorno mentais costumam ser recorrentes, por isso, nós, seus portadores, devemos procurar ter uma vida o mais equilibrada possível, principalmente no que diz respeito ao sono e a uma alimentação equilibrada. Outro ponto importante é procurar viver apenas um dia de cada vez, da melhor maneira possível, pois não temos estrutura física e psicológica para carregar pesadas cargas nos ombros. Sempre que um problema nos acontece, devemos procurar resolvê-lo da melhor maneira possível, sem guardá-lo ou ficar a remoê-lo. Se nos habituamos a viver apenas o presente, certamente lidaremos com os problemas com mais leveza. Outro ponto importante é ter em mente que cada obstáculo traz a dimensão que damos a ele. E o que hoje nos faz chorar hoje, amanhã será visto sob um prisma bem diferente.
Amiguinha, não se angustie com o seu embate com o seu psicólogo (ou com quem quer que seja), pois quando estamos acometidos por um transtorno mental, nossas emoções ficam afloradas e ele, mais do que ninguém, deve estar preparado para lidar com isso. Quanto às últimas crises, você terá que ter paciência e aguardar que o antidepressivo faça efeito, pois cada recomeço traz os mesmos transtornos adversos, como se estivesse a fazer o tratamento pela primeira vez.
O seu último parágrafo deixa bem claro que você é uma pessoa POP (paciente, otimista e persistente) e que tem muito a nos ensinar:
“Mas sigo persistente e com esperança, tentando, sempre que possível, não me deixar dominar pelo medo. Já derrotei isto uma vez, hei de derrotar uma segunda e todas as que forem necessárias! Poderá demorar mais tempo que da outra ocasião e poderão ser necessários ajustes à medicação, mas hei de lá chegar! E, desta feita, aprendi muito com os erros do passado, que conto não voltar a repetir, pois agora já sei ao que eles, inevitavelmente, conduzem.”.
Conte sempre com este cantinho com esta família encantadora.
Abraços,
Lu
Lu
Os três últimos dias têm sido de uma grata tranquilidade. Estou há quase 48 horas sem a muleta do alprazolam e é um alívio não sentir a confusão mental que se instalava quando o efeito começava a passar. Apenas o SII continua pregar-me algumas partidas, o que, por si, causa também alguma ansiedade. Há que serenar não só a mente como também o corpo.
Na quinta-feira retomei a psicoterapia (foi um verdadeiro prazer retomar a relação terapêutica com o meu psicólogo) e tenho de remarcar consulta com o gastro, à qual faltei à conta de um ataque de pânico no início da crise. Esta semana conto também voltar a fazer algumas aulas de Yoga e pilates. É um grande passo, e vai requerer alguma força de vontade, pois tenho andado tão parada e com tão pouco ânimo. Vamos ver como corre!
Abraço!
Adendo ao alprazolam: esta noite dormi 2 horas e, não conseguindo voltar a pregar olho (a minha insônia agrava muito nestes períodos), tomei 0,5 mg. Assim que acordei, quando o efeito do medicamento passou, senti-me de imediato ansiosa, o que já não acontecia há alguns dias, bem como tensão muscular abdominal. Estou em crer que, ainda que alivie rapidamente os ataques de pânico, o meu organismo não reage bem ao alprazolam. Terei de falar com o meu psiquiatra acerca disto e evitar sempre voltar a tomá-lo, seja na eminência de um ataque de pânico ou para ‘ajudar’ com o sono.
Alexandra
Peça ao seu psiquiatra para lhe receitar um ansiolítico mais leve. Eu, quando necessário, tomo bromazepam.
Abraços,
Lu
Alexandra
É bom saber que a tranquilidade está a bater a sua porta. É a luz iluminando o final do túmulo. Logo tudo isso terá passado. O retorno ao seu terapeuta também foi fundamental, sobretudo, para apaziguar sua mente. A volta à Yoga e ao Pilates também irão ajudá-la muito. Sinto-me feliz ao ver a sua interação com os companheiros de jornada. Você é muito fofa e tem um coração muito generoso.
Grande abraço, amiguinha.
Lu
Prezada Lu,
estou de volta aqui neste aprazível ambiente do blog. Estive aqui em 2013, quando tive uma recaída na depressão após ter parado com a medicação por conta própria, por achar que já estava bom. Cometi o mesmo erro mais uma vez em maio de 2017 e em outubro tive mais uma recaída terrível, que ainda estou tentando vencer com Lexapro, Frontal, Aripiprazol e Patz. Confio totalmente na minha psiquiatra e estou seguindo rigorosamente as prescrições dela e agora já sei que devo manter minha medicação pela vida toda. Ainda não estou bem, está demorando pra sair dessa situação, mas hei de vencer.
Obrigado pela força que este blog nos dá para continuar nessa luta.
Fernando
Não se preocupe com os erros cometidos, pois já ficaram no passado, devendo servir apenas de experiência. Muitas pessoas fazem o mesmo. O importante é o presente, como está conduzindo sua vida agora. Não resta dúvida de que, ao levar o tratamento doravante com seriedade, logo estará bem. Tudo será questão de tempo. A depressão, quando não é motivada por um trauma, é recorrente. Algumas vezes demora um bom tempo para mostrar a cara, noutras, leva poucos meses. O importante é buscar ajuda médica. É muito importante contar com um profissional de confiança. Somente ela deverá lhe dizer o que deve fazer. Continue sendo POP (paciente, otimista e persistente). E volte sempre neste cantinho para nos dizer como anda o seu tratamento.
Abraços,
Lu
Olá, Alexandra!
Estou desde julho de 2017 vivendo uma montanha russa com relação ao meu quadro de TEPT. Vi que você citou o uso do Alprazolam (Frontal).
Estou com a venlafaxina e o alprazolam há mais de 4 meses e sexta feira passada comecei a retirada desse último com acompanhamento da minha psiquiatra. Conforme orientação, trocamos o benzodizepinico pelo zolpidem e com isto me veio um fortíssimo quadro de abstinente à droga. Estou afastado do trabalho desde ontem por conta dos fortíssimos efeitos colaterais (miastenia, náuseas, dor de cabeça e espasmos musculares). Retiramos ontem o zolpidem e voltamos ao benzo por mais duas semanas. Usei esta medicação por muito tempo apesar da dosagem não tão alta. Mas aí vem meu organismo que reage de forma muito sensível às medicações psiquiátricas.
por ora vai ser aguentar esta situação e aguardar a estabilização.
Eu me solidarizo a você e desejo melhoras breves a sua situação. Abraços e conte conosco.
Alessandro
O Alprazolam é um dos que causam mais dependência, se fico uns três dias sem tomar já começa uma crise forte de abstinência também. Por isso, muito médicos são contra o uso continuado dele, uso constante… Ele, na verdade, deve ser um medicamento de SOS, de emergência para uma crise repentina, para agorafobia por exemplo. Inclusive acho que pra mim não deveria ter sido prescrito por tanto tempo, mas minha médica se recusa a fazer desmame. O Alprazolam tem muitos efeitos colaterais e um deles é a forte dependência que causa.
Boa sorte, vai conseguir!
Olá, Alessandro!
Tal como a Pah referiu, o alprazolam é das ‘piores’ benzodiazepinas no mercado, se bem que, por vezes, necessária, dado o seu efeito rápido e potente. Creio que já todos teremos ouvido histórias do Frontal/Xanax ou do Valium (diazepam, uma outra benzodiazepina bastante ‘popular’) sendo usados como drogas de abuso.
A recomendação do meu psiquiatra foi exactamente que só tomasse em caso de SOS, pois os efeitos a longo termo são muito nocivos. Mesmo só o tendo tomado durante duas semanas (regularmente, 0,5 ou 1 mg por dia durante apenas uma) no primeiro embate com esta nova crise de ansiedade/pânico, e, actualmente, só o tomando em caso de estrita necessidade, a confusão mental que se instalava assim que passava o efeito (quatro ou cinco horas depois de cada toma) e os ataques de pânico, que vinham com força redobrada, eram muito desagradáveis e angustiantes.
Coragem para o seu desmame, é só mais um obstáculo no caminho que irá ultrapassar com sucesso!
Grande abraço!