BELA, RECATADA E DO LAR…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

bela

Segundo o filósofo, historiador e escritor estadunidense William James Durant (1885-1981), conhecido mundialmente, sobretudo pela obra “A História da Civilização”, em coautoria com sua incansável e batalhadora esposa Ariel Durant (1898-1981), a mulher foi a responsável por despertar no homem o instinto de agregar-se e fixar-se à terra, após ter dado início à agricultura, ainda que de forma bem rudimentar, nos locais em que se detinham temporariamente. Ela foi tão importante nas sociedades primitivas, que o progresso econômico foi muito mais fruto da mulher do que do homem. Foi responsável não apenas pela agricultura, iniciada ao redor dos acampamentos, mas também pelas artes caseiras e pela transformação dessas em indústria e pela domesticação de animais. A mulher preparou os alicerces para a civilização. E nem mesmo é possível mensurar seu papel na criação dos filhos.

No estágio da caça, todo o trabalho restante era de responsabilidade das mulheres. Quando os caçadores chegavam, extenuados pelo cansaço, limitavam-se a descansar, enquanto a elas cabia a tarefa de limpar, cozer ou moquear as presas, e ainda tratar os ferimentos que os seus homens tivessem. Durante as guerras, cabia às mulheres, seguindo atrás de seus homens, carregar todo o equipamento de sobrevida, exceto as armas (para que os guerreiros não fossem pegos de emboscada), a fim de que esses não ficassem cansados na hora do ataque. Além disso, durante os intervalos da luta, deles cuidavam, tanto no que diz respeito à alimentação quanto aos ferimentos do corpo, e ainda lhes proporcionavam prazer através do coito. E, mesmo naquela época, casos excepcionais mostram mulheres na chefia de algumas tribos, enquanto em algumas outras havia até um conselho de mulheres mais velhas.

Não há um único período na história da humanidade em que a mulher (ainda que em menor número) não tenha saído de casa para ir à luta, em diferentes lugares do mundo. E assim vem atravessando os tempos, seja aqui ou acolá. Mas tomando como exemplo o Brasil, mesmo nos tempos do coronelismo “às claras”, é bom que se diga, muitas mulheres protestaram pelos seus direitos e pelos direitos de outras mulheres. E nem mesmo a “ditadura brasileira” proibiu que mulheres trabalhassem fora de casa.

Todo este prólogo, começando pelo período em que o homem era caçador/coletor até chegar aos dias de hoje, deve-se à minha repugnância diante da falácia de certa revista de âmbito nacional, ao tentar asseverar, ainda que entrelinhas, que a mulher que é “bela”, “recatada” e “do lar” é a ideal, o exemplo a ser seguido pela “corte”. As demais, aquelas que estão trabalhando nas fábricas, nas escolas, nos hospitais, nas lavanderias, nas casas de famílias, nos escritórios, nas lojas, nas construções, nas ruas, ocupando cargos públicos (quaisquer que sejam eles) e tantos outros ofícios, não são merecedoras  de elogios, principalmente se forem “feias” e “impudicas”. Engana-se quem vê aí apenas uma ofensa “direta” a outrem. Esta declaração atinge todas nós, mulheres, que lutamos por dignidade, por um espaço na sociedade e, sobretudo, por respeito, indiferentemente da cor de nossa pele, cabelos, tipo físico, idade, opções sexuais, etc., quer fiquemos em casa ou não.

A declaração infeliz de que a senhora “X” ou “Y” é “bela, recatada e do lar”, além de botar à vista um doentio e malcheiroso “puxa-saquismo”,  é também perversa com aquelas trabalhadoras que não podem ter mãos lisas, corpos massageados, treinadores pessoais, unhas porcelanizadas, cabelos embelezados por salões famosos (que cobrariam mais do que um mês de trabalho de muitas brasileiras, por uma única visita), sapatos e roupas finos e importados, joias ímpares, e tudo isso que tanto faz pela “beleza” das celebridades. Trata-se realmente de uma afirmativa leviana. Mas fazendo uso de um pouquinho do cerebelo de quem escreveu tamanha asneira, gostaria de saber: 1- Em que o substantivo “beleza” pesa no quesito “capacidade”? 2- Em que o adjetivo “recatada” exerce influência no requisito “competência”? Observe bem, caro leitor, não estou me referindo a certos empregos adquiridos por outros vieses tão conhecidos neste país. Estou na defesa de todas as mulheres que saem de casa para trabalhar e ajudar suas famílias e que não são  apenas “do lar”. Também nada tenho contra aquelas que podem se dar ao luxo de ficar em casa, dirigindo seu “staff” de empregados ou que, por motivos diversos, não podem trabalhar fora.

Vou ficar aqui “conversando com os meus botões”, refletindo em como é possível, em pleno século XXI, alguém dizer que uma mulher é “do lar” (Aurélio: de prendas domésticas)? Isso soa como se a pessoa estivesse fossilizada e, repentinamente, emergisse do tempo do rococó, bem antes do final do século XIX, época em que teve início a Revolução Industrial em nosso país, que já exista na Europa desde meados do século XVIII. Essa expressão é tão antediluviana, antiquada, pré-histórica, matusalêmica e bolorenta que até minha bisavó teria vergonha em usá-la, se viva fosse.

Nota: imagens copiadas de   www.em.com.br;construtoramodulo.com.br e portaldoprofessor.mec.gov.br

16 comentaram em “BELA, RECATADA E DO LAR…

  1. Matê

    É o tipo do assunto que, de tão ultrapassado, nem dá para comentar… Querem causar polêmica? Passo. Se a gente comentar, entra no jogo deles.

    Abraços

    Matê

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  2. Celina Telma Hohmann

    Seu texto, perfeito como sempre, foi direto e objetivo. Ontem, numa troca de comentários num determinado site, expus o que penso sobre o tal comentário,que na verdade só acompanhei pelas redes sociais. Mas convenhamos, infeliz que só!

    O retrocesso ao tempo das rainhas que imperavam, mas que “do lar e recatadas, além de belas – nem todas o eram-) há muito a se questionar. Recato? Particularmente, fui bem mais feliz, quando, em plena juventude, estudando seriamente, trabalhando feito louca por receber pelo serviço prestado, considerando que me sentia confortável em dar o meu melhor, tanto pela obrigação, quanto pelo prazer, e ambicionando sair do primeiro plano e subir ao segundo, terceiro, e, se possível, ao topo! Não nasci para prender-me ao “assim está bom”! Sempre quis mais e isso era imperativo, e não necessariamente passar por cima de outros, ou chegar ao topo por caminhos não tão louváveis. Fora disso! Nesse grupo não me enquadro! E aí,o quesito capacidade era o mais sobressalente, como até hoje procuro mantê-lo.

    A revista que publicou a matéria, deixou o texto ao cargo de alguém não tão preparado para a nossa atualidade. Ou,como me falta o bom senso,demonstrou o claro puxa-saquismo. Sim, a nobre senhora é bela,talvez não tanto quando acorde, mas com tantos adjetivos não passa de uma boneca,talvez dessas que se guardam encaixotadas e às escondidas são infladas e usadas. Lembrei-me de que essas a que me referi – as infláveis – são feias de dar dó, mas com um bom dinheiro consegue-se uma de carne e osso para o mesmo fim. Ao menos ficou quase explícito,considerando que na evolução da história, o papel da mulher sobressai-se imensamente. Podemos ser belas, ou não, mas seremos felizes se pudermos, como eu pude, deixar o tal recato de lado e exibir belos decotes, olhares comilões, e pernocas à mostra, quando interessava fazer isso. E fazendo uso do meu direito de deixar o recato de lado, nem assim, meu valor ficou à deriva. Mostrei o que quis, dando-me o direito de mostrar,sem que isso implicasse em vulgarização do que fui e sou: mulher!

    Recato nem sempre sugere o real significado. Pode substituir a conveniência, não? E beleza é tão subjetiva! Uma gordinha, com um belo sorriso e olhos pidões sempre viram o pescoço de muitos por aí afora. E, convenhamos, a beleza plástica, a que representa o não poder sorrir para não estragar o efeito do último “retoque”, não é nada confortável. Concordo que a “suposta” futura primeira dama do Brasil é mesmo bonita, mas elevada a tantos atributos, foi, contrariamente ao que se quis, exposta ao nosso furor enquanto mulheres. Não é a nossa inveja.É a nossa não aceitação de que tais “atributos” se sobreponham aos que tanto foi conquistado para chegarmos onde chegamos, e, infelizmente, está aquém do que merecemos como elogio.

    No caso da bela em questão, o recato pode ser um jeito próprio que em nada interfere, mas, por vias das dúvidas, me dou o direito de pensar em conveniência, ou tolice própria das moçoilas do passado, que do mundo nada sabiam, limitadas aos dias de sonhos com príncipes que as mantivessem, e, credo! Príncipes do passado não tomavam banho! Mas difícil pensar que a bela vivia, em sua juventude, sonhando com o príncipe e seu cavalo. Aposto de que pensava no senhor de meia idade, bon vivant, um tanto malandro e seu cargo que favorece tudo,inclusive à qualquer jovem mulher, a possibilidade do sustento para vaguear do nada a fazer ao tudo a fazer, como embonecar-se, cuidar da aparência, que à algumas é de extrema necessidade, o narcisismo extremo! Há interesse e não acredito na sujeição servil da bela.Aposto mais no interesse próprio, e, claro, útil aos dois lados! Mas, enfim, abro mão das qualidades elevadas à categoria das ideais à qualquer mulher. Não temos mais tempo ou espaço para tal, mas penso em como o “recato” fez com que uma jovem de 19 anos caísse nos braços de um senhor tão experiente? E, ao que se sabe, acompanhada no primeiro encontro, pela doce mãe. Sei não…

    Mas, houve o brado da mulherada. Oba! Isso provou o quanto nos indignamos com adjetivos que não mais nos satisfazem, e nem podemos retroceder.Podemos não estar plenamente felizes, mas somos parte de um universo conquistado com esforço próprio e isso faz com que nós mulheres, tenhamos orgulho em sermos do lar, nem tão belas, nem tão recatadas, mas donas do próprio caminho e, melhor, não mais necessitando de um braço masculino que nos ampare (isso acontece?), tampouco precisamos, hoje, de um homem que nos mantenha. Conquistamos nosso próprio sustento, e de nossos filhos, agregados e da grana para as bolsas que gostamos, sim, mas pagamos por elas com nosso próprio dinheiro e as mostramos às amigas com prazer, quando tomamos o nosso chopp, ou uísque, pagos por nós mesmas, da mesma forma que trocamos o pneu do nosso carro, comprado com nosso próprio dinheiro, pois afinal, trabalhamos!

    Repugnante a matéria que se quis elogiar por antecipação ou sugerir o que é ideal numa “possível” primeira dama, o fez demonstrando um machismo já extinto,retrógrado e mal visto.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Miss Celi

      Seu comentário todo é um tesouro de sabedoria, bom-senso e coragem. Nada a acrescentar, ainda mais levando em conta o seu fechamento:
      “Repugnante a matéria que se quis elogiar por antecipação ou sugerir o que é ideal numa “possível” primeira dama, o fez demonstrando um machismo já extinto,retrógrado e mal visto.”

      Abraços,

      Lu

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  3. Terezinha Pereira

    Pois é, né Lu?
    Ainda bem que temos as palavras. As leituras.

    Como alguém citou Marcela, uma pastora personagem de D.Quixote, como mulher de discurso feminista (1605!) fui atrás. Achei. Aproveitei e reli trechos do livro que havia lido em 2005, no seu quatrocentos anos. Nobreza de caráter, justiça, não preconceito. Um verdadeiro tesouro. (quem governa, não lê.) Veja o trechinho:

    “Eu nasci livre e, para poder viver livre, escolhi as soledades dos campos; as árvores desta montanha são minha companhia; as águas claras destes arroios, meus espelhos; com as árvores e as águas comunico meus pensamentos e formosura. Sou fogo, mas apartado; espada, mas posta longe. Aos que tenho namorado com a vista, tenho-os com palavras desenganado; e, se os desejos se mantêm com as esperanças, não tendo eu dado nenhuma a Crisóstomo, bem se pode dizer que o matou a sua teima, e não a minha crueldade; e se me objeta que eram honestos os seus pensamentos, e que por isso estava obrigada a corresponder-lhes, digo que, quando, neste mesmo lugar onde agora se cava a sua sepultura, me descobriu a bondade dos seus intentos, eu lhe respondi e declarei que os meus eram viver em perpétua soledade, e que só a terra gozasse o fruto de meu recolhimento, e os despojos de minha formosura; e se ele, com todo este desengano, quis aporfiar contra a esperança, e navegar contra o vento, que muito que se afogasse no meio do gólfão do seu desatino? Se eu o entretivera, seria falsa; se o contentara, desmentiria a melhor intenção e propósito. Desenganado, teimou, desesperou sem ser aborrecido. Vede agora se é razão que da sua culpa se me lance a mim a pena. Queixe-se o enganado, desespere-se aquele a quem faltaram esperanças que tanto lhe prometiam. O que eu chamar, confie-se: o que eu admitir, ufane-se; porém não me chame de cruel nem homicida aquele a quem eu não prometo, nem engano, nem chamo, nem admito.”

    Miguel de Cervantes ( 29/09/1547 – 23/04/1616). O Engenhoso Fidalgo D.Quixote de la Mancha. Porto Alegre: Pradense, 2003. p.118

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      TT

      Maravilha! Miguel de Cervantes continua sempre moderno.

      São pouquíssimos os homens da política que leem. Muitos ainda acham que a leitura é coisa de mulher. São os analfabetos políticos. E se viva fosse, principalmente morando em nosso país, a pastora nem mesmo poderia dizer: “Eu nasci livre e, para poder viver livre, escolhi as soledades dos campos; as árvores desta montanha são minha companhia; as águas claras destes arroios, meus espelhos; com as árvores e as águas comunico meus pensamentos e formosura.”. Os grandes latifundiários estão destruindo tudo, para “plantar” boi.

      Beijos,

      Lu

      Responder
  4. Adevaldo Souza

    Lu,

    Pior do que esse artigo da revista X, que não merece ser citada, pois dá até nojo, foi o discurso de Jair Bolsonaro que disse: “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto é sim”, que é estarrecedor, execrável, e deprimente.
    Completo: Viva a Mulher de ontem, de hoje e de amanhã.

    Abraço,

    Devas

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Devas
      Isso é deveras tão repugnante, a ponto de estar hoje nos principais jornais do mundo, e sendo questionada a sanidade desse senhor como deputado federal. Mas, como disse um amigo meu que é policial, ele é o exemplo maior da gangue que assaltou o Congresso. Sinto-me envergonhada, como a absoluta maioria dos brasileiros também se encontra. Esperamos que haja uma penalidade para tal desequilíbrio.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  5. Luiz Cruz

    Querida Lu,
    É importante que no meio de tantas posições adversas, que presenciamos e tenhamos o seu texto com fundamentos, claro e objetivo. “Bela, recatada e do lar” revela não apenas o olhar machista e debochado da revista “X” sobre a mulher. Vai muito além, reflete o desfocamento do tempo e do espaço descompromissado com a cidadã brasileira.

    Outras expressões utilizadas no dia 17 de abril de 2016 no Congresso Brasileiro revelam o quanto estamos atrasados em termos de representação parlamentar. É de doer os ossos e a alma tantas improbidades, inclusive contra nossa bela língua portuguesa. O despreparo vai muito além dos princípios éticos e legais. Isso mostra que o Brasil necessita de reforma política e sem ela se torna mais difícil desenhar um futuro para este país. Porém, há algo que pode ser considerado positivo: a única solução é lutarmos pela Democracia, lutarmos para que o Povo Brasileiro tenha representantes dignos, com compromissos compartilhados. Aqueles que se expressaram daquela forma não representam o Povo Brasileiro e sim interesses escudos agenciados em negociatas. O cidadão brasileiro precisa reagir a este bando de parlamentares fajutos, oportunistas e despreparados, que só trabalham em interesse próprio.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Luiz

      O seu comentário expõe as vísceras do poder. Venho acompanhando jornais em várias partes do mundo. Que espetáculo grotesco teve palco em nosso país, envergonhando todos nós! Amigos estrangeiros escrevem-me penalizados! Que vexame! Pobres de nós, brasileiros! Pobre Brasil!

      Faço minhas as suas palavras: “O cidadão brasileiro precisa reagir a este bando de parlamentares fajutos, oportunistas e despreparados, que só trabalham em interesse próprio.”.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  6. Mário Mendonça

    Lu Dias

    Homens, não servem para nada. E a clonagem veio para comprovar essa teoria. Seria esse o motivo de proibi-la? CLARO!

    Vivemos ainda num mundo controlado pelo macho. Mas com prazo de validade! Pois a FÊMEA já percebeu que não servimos para nada!
    Somos descartáveis, que força não é ASTÚCIA. Quem tem valor e astúcia é o ÓVULO! E a FÊMEA é responsável por nossa existência.

    Macho, espermatozóide
    NÃO gera VIDA!

    VIVA o ÓVULO!
    VIVA a FÊMEA!
    Viva a MULHER!

    Somos descartáveis!
    Não servimos para nada!

    Mário Mendonça

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Mário

      Você fez uma homenagem à mulher. Agradeço em nome de todas elas. Porém, quero afirmar que existem homens e homens maravilhosos construindo um mundo melhor, e você faz parte deste exemplo. Entendo a sua indignação.

      Um grande beijo,

      Lu

      Responder
  7. Leila Gomes

    A esposa do Temer exerce seu papel de mulher rica e que não precisa ou não quer trabalhar. Existem muitas belas, recatadas que além de serem do lar, batalham pela sobrevivência, constroem, contribuem e fazem a roda girar.
    Abraço Lu, saudade.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Leila

      Quem pode, pode! Mas quem faz este país de fato somos nós, mulheres corajosas, sem mordomias, que tanto somos da rua (no trabalho) quanto do lar (não temos quem faça por nós os serviços de casa). Somos nós que fazemos este país girar!

      Beijos,

      Lu

      Responder

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