Autoria do Dr. Telmo Diniz
Conceitualmente, corrupção é o ato de oferecer algo para obter vantagem em negociata, onde se favorece uma pessoa e se prejudica outra. Corrupção vem do latim “corruptus”, que significa “quebrado em pedaços”, e do verbo corromper, que significa “tornar-se podre”. Veja que fica bem distante do significado de “malfeito” (muito utilizado nos dias atuais), que remete a algo defeituoso ou imperfeito, feito sem cuidado. São completamente diferentes! Todos nós temos noção do significado de corrupção. Entretanto, poderia a mesma ser considerada uma doença?
Para alguns profissionais da área de saúde mental, os corruptos sofrem de transtornos de personalidade, onde o “doente” se encaixaria em uma das três subclassificações deste transtorno, que são:
• transtorno de personalidade antissocial,
• transtorno narcísico e o
• transtorno borderline de personalidade.
O “corrupto antissocial” é aquele que transgride a lei sem se importar com o prejuízo que está causando ao outro, e sem culpa alguma (mais conhecido por sociopata). Ele quer levar vantagem em tudo. É o indivíduo que fura fila, para em fila dupla, suborna o guarda, etc.
O “corrupto borderline” é impulsivo e facilmente se descontrola. É instável. Passa do amor ao ódio em segundos.
E, finalmente, o “corrupto narcísico” tem mania de grandeza e uma enorme necessidade de ser admirado o tempo todo. É facilmente encontrado na política e na religião. Fala aos quatro cantos que tem uma missão salvadora.
Entretanto, outros (e eu estou inserido nesta classe) acreditam que a corrupção é uma “doença cultural”. A corrupção na política brasileira, por exemplo, é o reflexo de uma cultura já enraizada de pequenos e permissivos deslizes. No Brasil, para a maioria das pessoas seria normal dar propina ao guarda que te para na estrada. Mas para um finlandês, por exemplo, é impensável tal atitude. Os corruptos e corruptores não são doentes. São pessoas que percebem o mal que causam e não se importam com as consequências. Os grandes crimes de corrupção são feitos, na sua maioria, por pessoas saudáveis, com compra de votos e/ou desvios de verba.
O tratamento da corrupção deve ser muito mais amplo do que medidas jurídicas punitivas. Claro que acabar com a eterna impunidade que reina no Brasil deve fazer parte do protocolo terapêutico. Mas, por ser uma “doença” epidêmica em nosso país, várias medidas devem ser tomadas no médio e longo prazo.
O combate à corrupção passa por uma melhora da educação dos jovens (que apura os valores); melhora no campo social com intuito de reduzir o analfabetismo, o desemprego, melhorar as condições de saúde e moradia, além de uma maior participação da sociedade civil organizada.
Na medicina, queremos exterminar a doença, sem matar o doente. De forma semelhante, temos o dever de debelar a corrupção sem matar a democracia.
Nota: imagem copiada de blogs.diariodepernambuco.com.br
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Dr. Telmo
Considero oportunas suas definições sobre a corrupção nesse momento que estamos vivendo. Também acredito que a corrupção é uma doença cultural, portanto, deve ser tratada na base, isto é, na infância, através de ações no convívio familiar e na escola.
Abraço,
Adevaldo