Gauguin – SUA RELAÇÃO COM VAN GOGH

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

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Sentia-se, de certa forma, a iminência de uma colisão entre as nossas duas naturezas: uma vulcânica, outra inquieta, intimista. Achava em tudo e em todos os lugares uma desordem que me incomodava. A caixa de tintas continha tubos mal espremidos e, apesar do caos e da confusão, uma harmonia fluía de suas telas. (Gauguin sobre Van Gogh)

Devo algo a Vincent. Com a certeza de tê-lo ajudado na confirmação das minhas ideias de pintura e nos momentos difíceis, a lembrança dele me diz que há alguém mais infeliz do que qualquer um de nós. (Gauguin)

Theo van Gogh foi o primeiro comerciante de arte a se interessar realmente pelo trabalho de Gauguin. Comercializava suas obras de cerâmica e suas telas, o que lhe permitia sobreviver. Também o incentivou a ir para Arles, onde se encontrava seu solitário irmão Vincent van Gogh, prometendo-lhe comprar o que ele produzisse. Ali, os dois pintores planejaram formar uma comunidade de artistas. Mas Gauguin adiava sempre a sua ida para o lugar, deixando Van Gogh cada vez mais impaciente. Somente quando as dívidas ficaram cada vez maiores é que ele resolveu ir ao encontro do pintor holandês.

 Embora tivesse ficado pouco mais de dois meses em Arles, o encontro entre Gauguin e Van Gogh foi ao mesmo tempo desgastante e rico, trazendo um novo impulso para a pintura dos dois. A situação piorou, quando os sonhos de Van Gogh, em manter uma colaboração duradoura com o pintor francês, vieram por terra, com a partida desse. A participação de Gauguin no episódio em que diz que o pintor holandês tentou agredi-lo com uma lâmina de barbear, posteriormente se automutilando, ainda é obscura. O fato é que ele ficou tão horrorizado com a atitude de Vincent, que regressou imediatamente a Paris, atitude que já estava prestes a ser tomada, e nunca mais voltou a vê-lo, embora viessem a trocar correspondência depois.

O encontro entre os dois gênios não foi fácil, pois cada um queria fazer valer a sua superioridade na pintura, o que tornava as discussões intermináveis, e acirrava o conflito. Eles se utilizavam de obras um do outro, para mesurar a capacidade artística de cada um. Van Gogh tinha grande admiração pelo amigo e sobre ele comentou: “Tudo o que faz tem algo de suave, enternecedor, surpreendente. As pessoas não o compreendem ainda, e ele sofre com o fato de não vender nada – como outros verdadeiros espíritos poéticos.”.

O fato é que Van Gogh e Gauguin tinham almas diferentes. O primeiro, introspectivo, era dotado de uma emoção à flor da pele e sua paixão refletia com intensidade em sua arte, enquanto o segundo distanciava-se da condição humana em sua arte, procurando fora de si a harmonia e a felicidade. Assim, quando Gauguin resolveu abandonar o projeto que envolvia os sonhos de Van Gogh de trabalhar com colegas sob o sol de Arles, o pintor holandês entrou num profundo estado depressivo.

O temperamento artístico de Gauguin era caracterizado pela artificialidade e pela megalomania, além da ânsia pelo sucesso. Ele estava sempre em busca de algo que valorizasse a sua arte. Por isso, não se fixava em lugar algum, sempre se sentido desprestigiado.  Enquanto Van Gogh conseguiu transformar a vida e a arte numa só unidade, ele não atingiu tal objetivo. Tampouco considerou valioso o tempo, que passou com o pintor holandês, considerando-o “uma má experiência” e uma “concessão” ao negociante de suas obras: Theo van Gogh, irmão de Vincent.

Muitos estudiosos da pintura atestam que Van Gogh foi responsável pela mudança no uso da cor por parte de Gauguin. E esse, que não gostava de pintar ao ar livre, incentivou o colega holandês a pintar, apoiando-se nas sensações, na memória e no olhar.

Nota: Vincent van Gogh Pinta Girassóis – Gauguin

Fontes de pesquisa
Gauguin/ Coleção Folha
Gauguin/ Abril Coleções
Gauguin/ Art Book
Gauguin/ Taschen

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