Autoria do Dr. Telmo Diniz
Antes de sair em busca de vingança, cave duas covas. (Confúcio, filósofo chinês)
A vingança conceitualmente consiste na retaliação contra uma pessoa ou grupo em resposta a algo que foi sentido como prejudicial. Embora muitos de seus possam lembrar o conceito de igualar as coisas, na verdade a vingança em geral tem um objetivo mais destrutivo do que construtivo. Quem busca por ela deseja forçar o outro lado a passar pelo que passou e garantir que não seja capaz de repetir a ação novamente. Pergunta: a vingança traz bem-estar para a pessoa ou traz prejuízos?
A vingança é um dos comportamentos mais primitivos exibidos pelo homem. E, vale dizer, não precisamos de muito esforço para encontrar relatos de vingança ao longo de toda a história da humanidade. Na Idade Média, por exemplo, famílias feudais se envolviam em guerras sangrentas para “lavar a honra”.
Gandhi dizia que com a aplicação desenfreada do “olho por olho, o mundo acabará cego”. A vingança é uma tentativa falida de equilibrar a balança, pois, por mais ajustes que se façam, ela sempre ficará desequilibrada. A primeira emoção que costuma aparecer quando nos vingamos é de satisfação e o sentimento de que tudo recuperou o seu equilíbrio. Mas é uma falsa sensação, pois no médio e longo prazo, a vingança não traz boas sensações.
Uma pesquisa realizada na Suíça foi atrás de respostas para saber o que ocorre no cérebro de pessoas que acabaram de se vingar de algo ou alguém. O resultado final mostrou que a parte acionada nessas circunstâncias é o núcleo caudado, uma região do cérebro associada ao processo de recompensas. Entretanto, passado algum tempo, outro problema tomava lugar. Descobriu-se também que o gesto vingativo deixava de ser satisfatório no curto prazo. Após se concretizar uma vingança, parece que velhas feridas são reabertas, dando vazão a sentimentos de culpa, vergonha e mal-estar.
Em sentido oposto, foi demonstrado também que os indivíduos que escolheram não se vingar apresentavam uma maior satisfação com a vida, um humor mais positivo e menos sintomas psicossomáticos. Portanto, a revanche carrega um efeito paradoxal que, no início, traz alívio e satisfação e, no momento seguinte, suscita sentimentos mais acentuados e prolongados de aborrecimento e irritabilidade.
O que podemos fazer para deixar de lado uma vingança:
- canalize toda sua energia de situações que geram raiva e injustiça para gerar ações positivas para seu desenvolvimento;
- saia do papel de vítima e assuma responsabilidades na condução da sua vida;
perdoe, pois perdoar é a melhor coisa que você pode fazer por si mesmo. Por mais que você tenha sido machucado e por pior que tenha sido essa decepção, o perdão pode te libertar do rancor e da amargura;
- deixe o que aconteceu no passado e leve essa experiência como aprendizado, pois esta é a melhor maneira de seguir em frente e focar no que realmente importa: você.
- e, por fim, desenvolva sua inteligência emocional, que é a habilidade de saber lidar bem com as angústias da vida.
Nota: Jovem Adormecida, obra de Pablo Picasso.
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