Autoria do Dr. Telmo Diniz
Uma pessoa que tem um medo intenso de ficar sozinha; uma tendência em assumir riscos sem pensar nas consequências; que provoca automutilação ou tem pensamentos suicidas frequentes e tem sentimentos paranoicos, acreditando em coisas que não existem e se sentem perseguidas o tempo todo pelos outros pode ser portadora do chamado Transtorno Borderline (TB) de personalidade.
As pessoas a sua volta a veem como desagradável, exagerada e agressiva, entretanto, ela é vítima de um distúrbio psiquiátrico. É uma pessoa “limítrofe” ou “fronteiriça” por apresentar sintomas que se situam entre as neuroses e as psicoses. É um mal que atinge quase 2% da população adulta, respondendo por 10% dos pacientes psiquiátricos ambulatoriais e que é responsável por nada menos do que 20% das internações psiquiátricas. Cerca de 10% dos portadores deste transtorno de personalidade concretizam o suicídio. Por isso, necessitam de uma ajuda rápida.
O Transtorno Borderline está inserido em uma categoria da psiquiatria que inclui os esquizoides, os paranoicos e os antissociais. É uma enfermidade relacionada à própria constituição da pessoa, ou seja, é seu “jeito de ser” – como se fosse uma assinatura pessoal pela qual ela passa a ser conhecida. Entre as características básicas de um paciente com TB está a dificuldade de controlar impulsos e emoções. Como resultado disso, ele desenvolve relacionamentos extremamente tumultuados. É uma doença das relações. O paciente tem uma relação muito conturbada com as pessoas no geral, seja na esfera familiar, amorosa ou profissional. Os problemas de convivência são uma constante na vida dos portadores desse transtorno.
Várias pessoas com Transtorno Borderline ficam sem diagnóstico e, portanto, sem tratamento. Isso leva um grande sofrimento ao indivíduo e aos seus familiares. Então, quais seriam as principais características de transtorno? Como podemos enxergar alguém portador do TB?
- geralmente elas têm grande medo de ficar sozinhas;
- as relações interpessoais são intensas;
- são extremamente impulsivas, têm gastos extremados, sexualidade promíscua, abuso de drogas, direção irresponsável e crises de anorexia ou bulimia;
- de igual forma elas se automutilam com frequência e fazem repetidas vezes ameaças de suicídio associado a sentimentos crônicos de um vazio inexplicável;
- apresentam constantes crises de raiva, gerando explosões – o que leva a brigas públicas com agressões físicas e verbais;
- por fim, é muito comum a ideia de delírios de perseguição.
O Transtorno Borderline é uma doença de difícil diagnóstico e tratamento. Por isso, deve ser avaliada e acompanhada por profissionais da área de saúde mental. O tratamento contempla, geralmente, a combinação de médico psiquiatra com psicoterapia comportamental. A medicação ajuda a controlar alguns dos sintomas, diminuindo a impulsividade e a agressividade. Entretanto, necessita, em paralelo, de uma abordagem psicoterápica do tipo comportamental. São tratamentos de longo prazo, mas que, se seguidos corretamente pelo paciente e com apoio da família, tem bons resultados.
Nota: obra de Pablo Picasso
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