Autoria de Lu Dias Carvalho
Uma amiga procurou-me para dizer que a filha chegara chorando em razão de uma nota ruim que recebera numa prova, considerando-a abaixo do valor merecido. Contudo, ela como mãe não estava certa da posição a tomar. E como é do meu feitio jamais adotar o comportamento de leoa para proteger os filhotes, pois acredito que isso seja danoso à adaptação dos filhos ao mundo, pedi-lhe que sugerisse à filha que conversasse com o professor, demonstrando serenidade, capacidade de dialogar e de aceitar suas explicações, pois todo ser humano, por maior que seja a sua carga intelectual, está fadado a cometer erros. Para fechar o preâmbulo, tudo saiu a contento. Realmente o professor havia se enganado. A garota que antes se encontrava na posição de vítima, voltou do encontro alegre e segura de si.
É preciso muito cuidado para não vestirmos o uniforme de vítima e nem reforçarmos tal atitude naqueles com os quais convivemos. Há pessoas que vivem em total estado de vitimização, como se mortas estivessem, numa resistência danosa ao mundo em derredor, achando que todos são culpados pela vida que levam, exceto elas próprias.
É fato que viver confrontando os problemas que a família, a sociedade e o mundo trazem não é fácil. Ainda assim, é muito melhor partir para o enfrentamento das dificuldades do que vestir a roupagem de derrotado com os aborrecimentos da própria existência. Culpabilizar os outros pelas próprias falhas é muito mais fácil do que enfrentá-las de frente, com raça e coragem, analisando o que é necessário mudar na própria vida para torná-la melhor.
Pessoas há que se sentem muito bem acomodadas no casulo da vitimização. Conviver com elas se torna insuportável, pois sugam de quem vive em seu derredor toda a energia amealhada com muita esforço e coragem. Tais vítimas possuem uma ferramenta que trazem sempre às mãos: a chantagem emocional. Elas, como sanguessugas, tiram a última gota de sangue dos desavisados que as levam a sério. Fingem entregar aos outros a chave de seu destino, de modo que o planejem e o executem, pois estão “fragilizadas” em demasia para enfrentar os contratempos acarretados pela existência humana. Mentira! É tudo uma farsa!
Na verdade, é bom que se saiba que são pessoas com tais atitudes que trazem nas mãos a saúde física e emocional daqueles que consigo convivem, se esses assim o permitirem. Querem encarcerá-los no mesmo casulo de indiferença e egocentrismo em que estão escondidas. Tratam-se de seres sadomasoquistas, de pessoas que são extremamente egóicas, sem nenhum comprometimento com a humanidade, voltadas apenas para o próprio umbigo. Não me refiro aqui às pessoas acometidas pelo transtorno mental da depressão, doença que precisa ser tratada.
Quando carregamos uma boa imagem daquilo que somos, e acreditamos estar dando o melhor de nós naquilo que fazemos, estamos caminhando para alcançar uma meta em que somos os maiores beneficiados. Nós nos tornamos fortes e inabaláveis diante das hostilidades que se encontram no nosso caminho, jogando-as à margem da estrada e passando adiante. Caminhar em frente é preciso, sempre!
Todos nós, mesmo que chateados por uma causa ou outra, não podemos aceitar o estado vicioso de vítima, pois seria como passar o ouro ao bandido, ou seja, ao sujeito de nossa mágoa, ao nos entregamos à autocomiseração e ao masoquismo. Quanto mais difícil o caminho, mais firmes devem ser as passadas. E nada melhor para nos defendermos daqueles que querem nos fazer menores, do que lhes mostrar o quanto estamos de bem com a vida e o quanto somos capazes de trilhar com sabedoria nossa própria estrada. Eis a melhor resposta!
A hostilidade costuma alimentar a ilusão da autoimportância e do orgulho. Muitas pessoas se sentiriam ludibriadas se, de repente, fossem privadas da definição do ego que seu sofrimento lhes dá. (Howard Thurman)
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Lu
Trilhar nosso caminho neste mundo não é fácil. São tantas as vítimas e sanguessugas que usam deste artifício para viver mendigando… A cada queda e tropeço no caminhar, pegamos fôlego para amanhã levantarmos e, mesmos fracos, buscarmos ser fortes emocionalmente para ninguém nos vitimizar.
Lu Dias
Será que temos que ser resilientes?
Mário Mendonça
Mário
Ponha resiliência nisso. Nós até nos curvamos, mas sem jamais nos quebrarmos, para o desprazer daqueles que nos querem diminuir.
Abraços,
Lu
A autopiedade é um mal que, além de deteriorar, de flagelar a alma, é um hermafrodita, pai e mãe do comodismo que, aliás, estão fortemente ligados ao orgulho e ao egoísmo, que também são chagas “quase” incuráveis da humanidade.
“QUANTO MAIS EU ANDO, MAIS VEJO ESTRADA. MAS SE NÃO CAMINHO, NÃO SOU É NADA.” (Geraldo Vandré)
Julmar
Você tocou no ponto chave da autopiedade: orgulho ferido. A pessoa acha que todos podem passar por isso e aquilo, mas ela não, pois se encontra no rol dos eleitos. Nosso Vandré era muito sábio!
O melhor mesmo é saltar as pedras do caminho, quando não dermos conta de tirá-las do meio da estrada para que outros não se machuquem, e dar uma banana para aqueles que pensam nos fazer sentir inferiores.
Grande abraço,
Lu