Autoria de Lu Dias Carvalho
A arte de seduzir não é tão fácil como muita gente pensa. Nada tem a ver com o tamanho do dote e tampouco com a profundidade das fendas e, menos ainda, com aquela velha lábia já démodé. O buraco é bem mais embaixo, diria minha avó, na sua ingênua filosofia, tentando nos ensinar que as coisas não eram como nós, netos, pensávamos.
Atrair, ou encantar exige técnicas bem elaboradas, rosetas de filigranas montadas por finos ourives com suas mãos delicadas, acompanhadas de voz de rouxinol. Nada de toma lá, dá cá. Não se robotiza o amor, em qualquer que seja a sua forma.
O corpo é o ímã principal. Precisa ser bem cuidado e limpo. A pele deve ter a textura de um pêssego maduro no jardim de Nabucodonosor. Para isso, ela deve ser banhada em óleos e hidratada todos os dias para nutrir o amor, de modo que as mãos (de outrem) possam deslizar sem obstáculos.
Antes de chegar a colocar a mão na massa, é preciso, primeiro, deduzir que tipo de semelhança física e de pessoalidade existe entre os dois enamorados. Caso contrário, poderá cair nas mãos de alguém com personalidade duvidosa. A necessidade de semelhança física dá-se em função do encaixe. A chave do porão não cabe no orifício da porta de entrada. Não é verdade?
Seja você mesmo na ação do dar e receber. Não tente incorporar o personagem de outrem. Agora, um óleo perfumando nas máquinas, faz os motores funcionarem a contento. Sugiro que seja com essência de canela ou erva doce, que dão um sabor especial ao prato. E ainda fazem bem à digestão.
A mulher, em especial, tem uma forte atração pelo abraço, como se quisesse se sentir protegida pelo macho. Ela tem necessidade, através de gestos, de dizer: “eu sou sua”. Portanto, não pule a casa do abraço. O apressado morre sempre na praia ou come cru. O casal deve encher a relação de abraços, nos mais variados graus, do mais suave ao mais sensual, com rima e tudo.
Nós, brasileiros, somos beijoqueiros por natureza. E a boca é o cálice, onde todo o devotamento que um dedica ao outro jorra. Comecem pelos cabelos, depois olhos, mordisquem os lábios e adentrem no mundo da paixão, onde tudo é possível e nada pode ser negado, para não magoar os deuses.
Já que todos trazem uma criança em si, está na hora dos joguinhos, das brincadeiras, supostamente infantis, mas cheias de magia. O corpo possui muitos caminhos, por isso, detenham-se um pouco em cada margem, para admirar a paisagem com mais intensidade, usando todos os sentidos. Ignore o tempo, já que ele não existe de verdade, a menos que você esteja no lugar errado e com a pessoa errada.
Até aqui falamos apenas das preliminares. O jogo ainda está longe de receber o apito final. Estamos no reconhecimento do campo, sem pressa, certos de que a vitória será total. Sem a ansiedade dos times de terceira divisão, que acabam por dar com a bola na trave. Só chutem quando tiverem a certeza de que o gol vai dar certo. Caso contrário é preciso recomeçar a jogada com a maior paciência, refazendo, com carinho, todos os lances.
Quem disse que beleza põe mesa na arte de amar? Quem disse que alguém tem que estar dentro dos padrões definidos pela Vogue para receber e dar prazer? O que conta é a capacidade de seduzir, a habilidade em se tornar especial para o outro, tornando aquele momento inesquecível, indescritível, insuperável, EXTRAORDINÁRIO.
E se alguém não possui imaginação suficiente, o Kama Sutra ensina 60 manejos corporais. Mas, antes, o casal precisa avaliar o seu grau de elasticidade e a força de sua musculatura.
Caros leitores, vocês notaram que esse tal nobre indiano Mallanaga Vatsyayana vê a fêmea apenas como a porção superior, alargada do pedicelo floral, sobre a qual se inserem os verticilos do líquido já nosso conhecido, constituído por espermatozóide e por plasma seminal do macho? Portanto, não deem ouvidos a ele.
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