Autoria de Lu Dias Carvalho
Lento, triste e majestoso, segue o corajoso velho barco, com a morte, por assim dizer, escrita nele. (William Makepiece Thackeray)
O Temeraire era um navio inglês de guerra que ajudou o navio Victory, de Lord Nelson, quando estava sendo atacado pelos franceses e espanhóis na Espanha. Foi aposentado 33 anos após a Batalha de Trafalgar, uma das mais conhecidas batalhas navais da história britânica. Ele tinha três deques, três mastros e 98 armas de fogo.
Na composição A Última Viagem do Temeraire Turner não mostrou o navio em sua glória. Ao contrário, apresentou-o sendo rebocado de Sherness para o estaleiro de Rotherhithe, onde seria desmontado. Já sem os três mastros e o cordame e com a pintura toda descascando. Turner optou por pintar o velho navio romanticamente: branco e dourado e com seus três mastros, e não como ele se encontrava no momento da pintura.
O rebocador a vapor, feio e encardido, segue à frente, ostentando uma bandeira branca que simboliza a rendição daquele que foi um heroico guerreiro. Atrás do Temeraire dourado um pôr de sol exuberante parece se despedir dele com pompas. Um barco à vela fantasma surge no horizonte, à direita do rebocador. Seria ele uma lembrança do Temeraire em toda a sua glória ou seu fantasma? Ou ainda a lembrança do fim dos barcos a vela? Não se sabe o motivo real de sua presença na pintura.
É possível ver um pequeno pedaço de lua no céu, à direita do barco a vapor. Sua luz reflete-se sobre as águas próximas ao barco, fazendo cintilar suas velas enroladas e a espuma que sai das duas laterais das pás do rebocador, num contraste magnífico entre os tons afogueados do pôr do sol e a luz prateada. No lado direito do quadro, ao fundo, perto de um campo azul acinzentado, é possível visualizar a silhueta de uma pessoa num barco.
A presença do sol poente tem uma simbologia muito especial: o fim do Temeraire e dos barcos a vela. O tema fundamental da composição é o barco, contudo ele não se encontra no centro da composição, mas mais à esquerda na tela. Turner, entretanto, usou o exuberante pôr do sol para contrabalançar o peso visual. Sobre o sol e em torno dele fez uso do empaste, uma técnica que usa a tinta mais grossa.
A pintura foi entusiasticamente aplaudida pelos críticos da época. Turner recusou a venda dela que recentemente foi eleita a pintura mais popular da Grã-Bretanha. O cenário divinal, a harmonia da composição, a luz deslumbrante que dela emana e a representação simbólica do Temeraire fazem deste quadro uma obra tocante e inesquecível.
Curiosidades:
- Como ao artista são concedidas inúmeras licenças, Turner apresenta o navio indo para o leste, quando na verdade dirigia-se para o oeste, pois o estaleiro de Rotherhithe fica a oeste de Sherness. Só assim ele poderia acrescentar um magnifico pôr do sol à sua passagem.
- Segundo o leitor Humberto Baião, “sabe-se hoje, mas não se sabia à época, o céu vermelho se deve ao efeito das explosões no vulcão Tambora que afetaram o clima por todo o mundo”.
Ficha técnica
Ano:1839
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 90,7 x 112,6 cm
Localização: National Gallery, Londres, Reino Unido
Fonte de pesquisa
Grandes pinturas/ Publifolha
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Lu
Relmente é uma das obras de Turner que mais admiro, contudo devo acrescentar que, e sabe-se hoje mas não se sabia à época, o céu vermelho se deve ao efeito das explosões no vulcão Tambora e que afectaram o clima por todo o mundo. Não me excedo, mas vale a pena saber o que então se passou com o Tambora e o planeta. Obrigada.
Humberto
Farei este acréscimo ao texto.
Agradeço a sua visita e comentário.
Volte sempre!
Abraços,
Lu
Lu
Um contexto perfeito para uma pintura exuberante.
Beijos
Se fosse eu o autor também não venderia tamanho esplendor .
Nada faltou à esta obra. Nada faltou à sua análise, como sempre.
Ju
Eu também não o venderia, pois é maravilhoso.
E sua história é inesquecível.
Estava sentido sua falta.
Abraços,
Lu
Bonita a história do navio inglês. Foi também um herói de guerra e lutou bravamente.
Parabéns!
Abraços,
Geraldo Magela
Magela
E o quadro é maravilhoso!
Abraços,
Lu