OS PERIGOS DE NOSSO SÉCULO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Os século XXI deu início a sua permanência no tempo com conquistas científicas e tecnológicas, que trouxeram grandes benefícios à espécie humana. No entanto, a humanidade paga um ônus por isso, pois nada vem de graça. Ela se tornou muito perigosa para si mesma e para os outros seres, seus companheiros de planeta. Apesar de sua modernidade e de cada vez mais se parecer com deuses, nossa espécie vem negligenciando tanto as suas próprias necessidades, como as dos outros seres com quem partilha a vida terrena. Tem sido incapaz de trabalhar com suas forças e fraquezas, questionando-se sobre o mau uso que faz de sua presença poderosa neste planeta. Não tem se preocupado com a sua capacidade de destruição e o poder do ódio que carrega direcionado a si, a seus semelhantes e à Terra.

As religiões continuam com a velha cantilena sobre o pecado, que nunca leva a lugar algum. Aquilo, que elas chamam de “pecado”, nada é mais do que um misto de ressentimento, avareza, inveja, indiferença, arrogância e maldade, que campeia sem freio pelo mundo. Portanto, a evolução espiritual é o único caminho a ser buscado, de modo que o homem possa preservar o seu futuro e o do planeta, pois ambos são indissociáveis. Esta evolução não compreende apenas o avanço espiritual, mas também a percepção das forças maléficas tão comuns aos dias de hoje, onde se aninham os mais diferentes tipos de preconceitos, que devem ser combatidos em benefício da vida.

Foi-se o tempo em que as ameaças mais nefastas, relativas à destruição da vida, estavam ligadas à natureza externa, com suas forças indomáveis. Hoje, as principais desgraças encontram-se revigoradas no coração humano, grande hospedeiro dos vermes da hostilidade, do descaso, do egoísmo, do orgulho e da ignorância deliberada. Na verdade, o homem é o mal maior da Terra. Ainda há saída, mas que seja urgente a tomada de atitude. Faz-se necessário que o ser humano solidifique a sua capacidade de ação para fazer o bem. Só assim poderá reconhecer a capacidade, que traz em si, para gerar o mal.

Os chamados sete pecados capitais (soberba, ira, inveja, avareza, gula, luxúria e acídia), sempre estiveram ligados à existência humana, mas nunca estiveram tão presentes como nos dias de hoje. Ser “humano” induz ao entendimento de que as ações sejam humanitárias. Assim elas deveriam ser, segundo os critérios racionais. Mas não o são, já que o homem tem abdicado de sua humanidade ao recusar suas responsabilidades para com a vida no planeta. Riqueza e poder têm sido sua principal meta de vida, como se na Terra fosse permanecer por mais de 500 anos. Tolo e cego que é.

Tenho restrição à palavra “pecado” que no século XXI vem perdendo, cada vez mais, a sua força. Primeiro porque não é levada a sério por quem não pratica uma crença qualquer, e até mesmo por quem diz praticar. Segundo porque aparece ligada, apenas, às coisas do profano. Terceiro porque não abrange a humanidade como um todo, em suas preocupações. O sentido de “pecado” deveria evoluir com as mudanças ocorridas no mundo. É preciso uma abordagem totalmente nova, cheia de significados condizentes com a época atual. A palavra “omissão” está mais afeita aos nossos tempos, pois abrange um sentido amplo, atingindo a humanidade e as várias formas de vida no planeta como um todo.

 De nada adianta a busca pela salvação individual sem que se pense na vida como um conjunto. Sem que haja uma firme conscientização de que a nossa Terra está morrendo a passos largos, esfacelada pelas transgressões humanas.  É preciso modernizar o sentido de pecado, saindo das partes para agregar o todo. A salvação tem que deixar de ser individual para se transformar em coletiva. Os tementes do pecado professam um servilismo doentio a seus chefes religiosos, sem racionalidade alguma. São direcionados a focos pessoais, sem nenhuma abrangência. Até porque o “pecado” é essencialmente individualista, egocêntrico. Luta apenas pela busca da própria salvação e não pela salvação de todas as espécies de vida. É o salvar a própria pele, sem se importar com o incêndio na casa do vizinho ou na floresta.

Até mesmo, a visão de espiritualidade ficou ligada às religiões. O que não está correto. Um homem pode ser espiritualista sem, contudo, devotar sua vida à religião. Espiritualidade é um modo específico de viver e sentir a vida, independentemente de dogmas ou crenças. É a certeza de que corpo e espírito são irmãos siameses. O primeiro é o templo onde habita o segundo. Poderia o coração ter vida, se não fosse incrustado, feito um diamante, no corpo humano?

Muitos dos males de nossa era estão ligados ao desprezo para com a carne (corpo), como se fora ela a raiz de todo o mal. Esquecemo-nos de que todos os seres, mesmo as estrelas e galáxias possuem o seu corpo, pois nascem, vivem, morrem e voltam à vida de uma forma ou de outra. Todas as coisas estão interligadas, sejam elas animadas ou inanimadas. A carne desses seres é a matéria que lhes agrega a vida ou as várias formas de vida. Portanto, não é mais possível separar corpo e alma em compartimentos estanques. Tal doutrina em nada beneficia a vida, como um todo. Falar sobre o sagrado exige que se inclua o profano.

Nota:  Imagem copiada de http://omundodenicacio.blogspot.com.br

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