Autoria de Lu Dias Carvalho
Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que foi preparado para vocês desde a criação do mundo. E dirá aos que estiverem à sua esquerda: Malditos, apartem-se de mim para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos. (Mateus 25:34,41)
Em nenhuma época da humanidade o Juízo Final teve tanta força quanto na Idade Média. A Igreja apregoava que, em razão do pecado original cometido por Adão e Eva, que resultou na expulsão do casal do Paraíso, haveria o dia em que Cristo retornaria à Terra, os mortos levantar-se-iam de suas sepulturas, e todos os homens seriam julgados de acordo com as suas obras e merecimentos. Ao final, os bons seriam encaminhados ao Paraíso e os maus ao Inferno. E assim, o tempo conhecido pelos homens teria fim, dando início à eternidade. E, embora os místicos dissessem que o maior castigo seria o afastamento do pecador dos olhos de Deus, as pessoas viam o Inferno como um lugar de padecimento físico, com agruras terríveis. Um sermão medieval rezava que, diante dos sofrimentos impingidos pelo Inferno, o sofrimento da vida terrena não passava de um mero unguento. Segundo a crença medieval, os horrores vividos no Inferno não passavam nunca, sendo a dor física em ordem ascendente. E mesmo as almas, que perdiam parte do corpo, mutiladas pelos castigos, tinham-nas recompostas, para que passassem por um sofrimento mais atroz, ainda.
A Igreja Medieval orientava toda a vida do cristão de acordo com sua visão do Juízo Final. Prepará-lo para a vinda de Cristo era o seu objetivo primordial. Estimulava os fieis a abrirem mão dos prazeres mundanos, aceitando com júbilo o sofrimento, de modo a ganharem a salvação eterna. Aos pecadores e àqueles que não seguiam os ensinamentos da Igreja, era feito o alerta de que seriam mortificados por toda a eternidade, passando pelos mais cruéis flagelos, se não se arrependessem a tempo. Os livros, os sermões, as pinturas e tudo o mais eram voltados para os relatos, que descreviam os horrores, que passariam os indiferentes e descrentes no Inferno.
Embora em épocas anteriores, profetas pregassem o fim do mundo, esses não eram tão levados em conta pela população da época, como aconteceu no final do século XV, quando a humanidade viveu uma histeria generalizada. Diziam os pregadores, que o Juízo Final havia sido antecipado, em razão da pecaminosidade humana, que crescia cada vez mais, exortando o povo a aguardar a concretização das profecias do Apocalipse. E, para fortalecer o pavor das pessoas, aquela foi uma época de muitas epidemias, inundações e outras catástrofes naturais, tomadas como presságios da ira divina contra os pecadores. Até mesmo nos acontecimentos políticos do dia a dia, o povo, em estado de grande amedrontamento, tentavam encontrar os sinais que identificassem o Anticristo.
O pintor Hieronymus Bosch (c. 1450- 1516) é um exemplo dessa época. Achava que a maior parte da humanidade já estava condenada aos horrores do Inferno, onde os sofrimentos seriam, principalmente, físicos. Conhecer a sua obra é fundamental para se ter uma melhor compreensão daqueles tempos, principalmente a representação denominada Juízo Final, presente neste blog.
Fonte de pesquisa
Bosch/ Taschen
Nota: Os Cavaleiros do Apocalipse, pintura de Albrecht Dürer
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Lu, muito legal o texto. Ajudou-me de verdade. Pretendo navegar mais neste site.
Sebastião Oliveira
Fico contente ao saber que eu o ajudei em seu trabalho. Assim como foi um grande prazer receber sua visita e comentário. Volte sempre e fale de nosso site para seus colegas.
Amiguinho, seu e-mail está incorreto.
Abraços,
Lu